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Conceitos de Bakhtin

 Texto/ discurso/
enunciado

 Dialogismo

 Polifonia

 Intertextualidade

 Carnavalização

 Caráter ideológico do
signo
Texto / Discurso /Enunciado
Tecendo a manhã
Um galo sozinho não faz a manhã
Ele precisará de outros galos.
De um que apanhe este grito que ele
E o lance a outro; de um outro galo
Que apanhe o grito de um galo antes
E o lance a outros; e de outros galos
Que com muitos outros galos se
cruzem
Os fios de sol de seus gritos de galo,
Para que a manhã, desde uma teia
tênue,
se
Seencorpando
vá tecendo,em tela,
entre entre
todos ostodos,
galos.
e erguendo tenda, onde entrem todos,
e entretendendo para todos, no toldo
a manhã) que plana livre de armação.
manhã, toldo de um tecido tão aéreo
ue, tecido, se eleva por si: luz balão.
João Cabral de Mello Neto
Um galo sozinho não faz a manhã
Ele precisará de outros galos.
De um que apanhe este grito que ele
E o lance a outro; de um outro galo
Que apanhe o grito de um galo antes
E o lance a outros; e de outros galos
Que com muitos outros galos se
cruzem
Os fios de sol de seus gritos de galo,
Para que a manhã, desde uma teia
tênue,
E se encorpando em tela, entre
Se vá tecendo, entre todos os galos.
todos,
Se erguendo tenda, onde entrem
todos,
Se entretendendo para todos, no
toldo
(a manhã) que plana livre de
Texto - um tecido verbal

Texto - de um lado, um “tecido”


organizado e estruturado; de outro,
como objeto de comunicação ou
de uma cultura, já que o sentido
produzido depende do contexto
sócioistórico.

Esse contexto socioistórico, a


situação em que é produzido o
texto é chamada contexto
discursivo
A atividade comunicativa,isto é, o
texto e o contexto discursivo
reunidos formam o discurso.
O texto caracteriza-se
por duas instâncias:

• ENUNCIAÇÃO: o ato de falar,


o ato de pintar é uma enunciação.
Na enunciação está presente a
intenção do emissor.

b) ENUNCIADO: é o produto da
enunciação. A enunciação
desaparece e o que
temos é o enunciado.

O enunciado é a marca verbal


do acontecimento que é a
enunciação.
Para Bakthin o enunciado e não a
frase é o objeto dos estudos da
linguagem.
Dialogismo e Polifonia

“Tudo se reduz ao diálogo,


à contraposição dialógica
enquanto centro.Tudo é meio,
o diálogo é o fim. Uma só voz nada
termina, nada resolve. Duas vozes
são o mínimo de vida.”
Mikhail Bakthin

A concepção dialógica contém a


idéia de relatividade da autoria
individual e conseqüentemente o
destaque do caráter coletivo, social
da produção de idéias e textos. O
próprio humano é um intertexto, não
existe isolado, sua experiência de
vida se tece, entrecruza-se e
interpenetra com o outro.
Um galo sozinho não faz a manhã
Ele precisará de outros galos.
De um que apanhe este grito que ele
E o lance a outro; de um outro galo
Que apanhe o grito de um galo antes
E o lance a outros; e de outros galos
Que com muitos outros galos se
cruzem
Os fios de sol de seus gritos de galo,
Para que a manhã, desde uma teia
tênue,
Dialogismo e polifonia:
Se vá tecendo, cruzamento
entre todos de
os galos.
vozes. Texto tecido “polifonicamente” por
fios dialógicos de vozes que polemizam
entre si, se completam ou respondem
umas às outras.

Dialogismo é condição da linguagem


e do discurso, mas há textos
polifônicos e monológicos.
Texto polifônico:
cruzamento de vozes que se
mostram
(discurso poético)

Propaganda
Texto monofônico
(monológico): o diálogo é
mascarado e uma voz apenas se
faz ouvir
(discurso autoritário)
Dialogia e interação verbal

O dialogismo decorre da interação


verbal que se estabelece entre o
enunciador e o enunciatário,
no espaço do texto.

O sujeito perde o papel de centro


e é substituído por (ainda que
duas: eu – tu) vozes sociais,
que fazem dele um sujeito
histórico e ideológico.
Dialogia e intertextualidade

O termo “intertextualidade”,
que teve origem com Julia
Kristeva, refere-se ao modo
pelo qual se estabelecem o
diálogo e a interatividade
entre os textos

Paráfrase: mantém do texto


original a essência.
Carnavalização e Paródia:

O conceito de carnavalização
refere-se ao ritual sincrético no
qual “entram nos contatos e
combinações carnavalescas todos
os elementos antes fechados,
separados e distanciados uns dos
outros pela cosmovisão
hierárquica extracarnavalesca. O
carnaval aproxima, reúne, celebra
os esponsais e combina o sagrado
com o profano, o elevado com o
baixo, o grande com o
insignificante, o sábio com o tolo”.
Bakthin
Paródia:

A paródia é uma das formas de


carnavalização.

Carnavalizar, parodiar é recusar, é


esvaziar, é dessacralizar.

“a paródia pode ser considerada,


de alguma maneira, um tipo de
visão especular, em que a imagem
Original se apresenta invertida,
reduzida ou ampliada, de acordo
com a lente utilizada”. (Aragão, M. L.
1980:21)
O signo como arena
da luta de classes

Todo produto ideológico, segundo


Bakthin e Volochinov faz parte de uma
realidade natural ou social como todo
corpo físico, instrumento de produção
ou produto de consumo; mas, ao
contrário deles, ele também reflete e
refrata uma outra realidade, que lhe
é exterior.

Tudo o que é ideológico possui um


significado e remete a algo fora de si
mesmo. Em outras palavras tudo o
que é ideológico é um signo.
Sem signos não existe ideologia.
Um signo não existe apenas como
parte de uma realidade; ele
também reflete e refrata uma
outra. Ele pode distorcer essa
realidade, ser-lhe fiel, ou
apreendê-la de um ponto de vista
específico.

Todo signo está sujeito aos


critérios de avaliação ideológica –
se é verdadeiro, falso, correto,
justificado, bom... Ali onde o
signo se encontra, encontra-se
também o ideológico. Tudo o
que é o ideológico possui um
valor semiótico.
Bakthin e Peirce:
convergências

• A intertextualidade pode ser


considerada uma forma de
semiose, “caso limite ou ideal que
podemos simplesmente identificar
o objeto do signo com um
interpretante dele”. (Ransdell)

• Para ambos a linguagem é


sobretudo social.

• O dialogismo peirceano implica o


signo entendido como processo,
fluxo contínuo. O signo é
absolutamente inalienável do social.
12/08/1998

26/08/1998

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