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 Fundamentos do Direito Internacional
   Direito Constitucional Internacional

Prof. Leonardo Andrade Macedo


lam@adraf.com.br
Mestre em Direito Internacional pela UFMG
Professor de Direito Constitucional e Direito Internacional
Sócio da Advocacia Raul de Araujo Filho (www.adraf.com.br)
 
   
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a) Constitucionalização do Direito Internacional:
- Georges Scelle: ´normas constitucionais da vida
internacionalµ
b) Internacionalização do Direito Constitucional:
- B. Mirkine-Guetzévitch: ´regras constitucionais e regras de
direito interno que têm um alcance internacionalµ
- Celso Mello: ´normas constitucionais que regulam as relações
exteriores do Estadoµ

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m. A inserção do Direito Internacional


convencional no Direito Interno;
2. A relação entre o Direito Interno e o
Direito Internacional;
3. Princípios de regência das relações
internacionais;
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*+
- Noções gerais sobre as fontes do Direito Internacional
(art. 38 do Estatuto da CIJ)
- Definição de tratado internacional: ´um acordo
internacional celebrado entre Estados em forma escrita
e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um
único instrumento, quer de dois ou mais instrumentos
conexos, qualquer que seja sua denominação
particularµ (Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados de m  , art. m, a)
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(i) acordos em forma simplificada (ou acordos executivos):
- Fase internacional: negociação, assinatura (ou troca de
notas) e registro
- Fase interna: promulgação e publicação de Decreto (do
Executivo)
(ii) tratados em sua devida forma (processo solene e complexo):
- Fase internacional: negociação, assinatura, (... fase interna
...) , ratificação (ou adesão), depósito (se houver) e registro;
- Fase interna: mensagem ao Congresso, aprovação
parlamentar, promulgação e publicação de Decreto
Legislativo, promulgação e publicação de Decreto (do
Executivo).
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- Competência repartida com demais órgãos da Administração
Federal, especialmente o MRE (Decreto n .75 , de 2m23,
sobre a estrutura do MRE); credenciais ou carta de plenos
poderes.
- Negociação  Assinatura  (... fase interna ...)  Ratificação 
Depósito  Registro
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- Tratados sujeitos a aprovação do Congresso (âmbito material); o
problema dos acordos executivos e dos programas com o FMI
- Mensagem do Executivo ao Congresso  Câmara dos Deputados
(Comissões e Plenário)  Senado Federal (Comissões e Plenário) 
Promulgação e Publicação de Decreto Legislativo Promulgação
e Publicação de Decreto (pelo Presidente da República)
- Emendas  Reservas  %    &
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5    |  
Um tratado que é diretamente aplicável no âmbito do Direito
Internacional, não é necessariamente auto-executável no plano
do Direito Interno ² necessidade de inserção específica?
- SIM (o Decreto como ato de transformação):
João Grandino Rodas, João Hermes Araújo, Antônio Paulo
Cachapuz de Medeiros, Luiz Olavo Baptista, Flávia Piovesan
- NÃO (o Decreto como simples ato de publicação):
Celso Albuquerque Mello, Vicente Marotta Rangel, Mirtô Fraga,
José Francisco Rezek, Pedro Dallari, George Galindo

Carta rogatória n. 8.27 (STF) ² Necessidade de promulgação de


decreto executivo para validade dos tratados internacionais no
Brasil
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-
   o DI e o DIP como ordens jurídicas distintas e
independentes (Triepel e Anzilotti)

-     0.     o primado da soberania estatal


(Hegel)

-     0.    | a aspiração de uma ordem


jurídica universal (Hegel, Verdross, Scelle, Lauterpacht ²
Convenção de Viena de m  , art. 27  Prática Internacional)

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- (# (Constituição, art. VI):
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 -& ² após incorporados mediante aprovação do Senado, os tratados
internacionais encontram-se no mesmo nível hierárquico da legislação
federal (valendo a regra "       ), mas prevalecem
sobre a legislação estadual.
- - * (Constituição de m 58, art. 55):
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(#    /    2 -& ²
tratados internacionais prevalecem sobre legislação infraconstitucional,
mas sujeitam-se ao controle de constitucionalidade; havendo conflito,
exigem revisão constitucional
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- ( 8 (Constituição de m 78, art. ):
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   -& ² como na França, os tratados internacionais
prevalecem sobre a legislação infraconstitucional, mas se submetem
ao controle de constitucionalidade; havendo conflito, exigem, para
sua ratificação, a necessária revisão constitucional
- °+9: 8 (Common Law):
Adota o princípio segundo o qual %( )    (   
  )  (  -& ² normas de Direito Internacional encontram-
se no mesmo nível do Direito Interno.
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2 (Constituição de m 7, art. 8):
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     -
Direito Internacional integra e prevalece sobre o Direito Interno; os
tratados internacionais submetem-se somente a um controle de
constitucionalidade limitado (apenas em caso de violação de uma
disposição fundamental da Constituição)
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- #  8 (Constituição de m  , art. 25):
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)- '(, >     ( )  ,  (
    (  (   ( =   ,- -& ² O Direito
Internacional prevalece sobre o Direito Interno, mas os tratados
internacionais submetem-se ao controle de constitucionalidade.
- $  (Constituição de m 83): Prevalência total do DIP sobre o DI
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- Ausência de norma regulamentadora (i) da inserção do direito
internacional no direito interno e (ii) da hierarquia entre o DIP e o DI.
- Posição do DI geral (costumes, princípios, decisões de OI)
- Posição do DI convencional - O RE 8.-SE, de m 77 (STF) (RT 838 )
´Convenção de Genebra ² Lei Uniforme sobre Letras de Câmbio e Notas
Promissórias - Aval aposto à Nota Promissória não registrado no prazo legal ²
Impossibilidade de ser o avalista acionado, mesmo pelas vias ordinárias. Validade do
Decreto-lei n. 27, de 22.m.m  .
Embora a Convenção de Genebra que previu uma lei uniforme sobre letras de
câmbio e notas promissórias tenha aplicabilidade no direito interno brasileiro, não se
sobrepõe ela às leis do País, disso decorrendo a constitucionalidade e conseqüente
validade do Decreto-lei n. 27, de 22.m.m  , que instituiu o registro obrigatório da
Nota Promissória em Repartição Fazendária, sob pena de nulidade do título.
Sendo o aval um instituto de direito cambiário, inexistente será ele se
reconhecida a nulidade do título cambial a que foi aposto.Recurso extraordinário
conhecido e provido.µ
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(i) O poder de firmar tratados não prevalece sobre o de editar leis;
(ii) Caberia à CR estabelecer essa preferência, o que não acontece;
(iii) Tratado internacional está no mesmo grau hierárquico da lei federal;
(iv) Na solução de conflito com lei federal, aplica-se aos tratados
internacionais a regra "        (ao contrário da
posição minoritária do Min. Leitão de Abreu sobre ineficacia).
- !6    +  ( <)))3
(i) Imprecisão: a decisão não distingue se o tratado se equipara a lei
ordinária ou complementar
(ii) Em caso de revogação do tratado internacional pelo Direito Interno,
sem a correspondente denúncia, o Estado sujeita-se a
responsabilidade internacional pelo descumprimento do tratado
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.       - ADIMC n. m.37 (Rel. Min. Celso
Mello, DJ, mm2m 5), RE n. m .m73 (Rel. Min. Carlos Madeira, DJ
273m 87), RE n. m72.72 (Rel. Min. Marco Aurélio, DJ, 2m2m 7),
AGRAG n. m .37 (Rel. Min. Marco Aurélio, DJ, 2m 8); ADIn.
m.8 - DF (Rel. Min. Celso de Mello, DOERJ, m2m ). STJ: Resp
737, DJ 27mm 5, Resp 5873, DJ 2  .
- !     
         
(i) Controle difuso (CR m 88, art. m2, III, b)  Controle concentrado (CR
m 88, art. m2, I) ² neste último caso, declara-se a
inconstitucionalidade não do tratado, mas do Decreto Legislativo e
do Decreto do Presidente
(ii) Inconstitucionalidade extrínseca ou formal (ratificação imperfeitaart.
 da Convenção de Viena de m  )  inconstitucionalidade
intrínseca ou material (sujeição a responsabilidade internacional ²
possibilidades de controle do Decreto Legislativo anterior à ratificação
ou durante o processo de aprovação)
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CR m 88, art. 5 (...)
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CH  IJ-7:-:IICA
- Discussão sobre a hierarquia dos tratados de direitos humanos.
- Jurisprudência sobre a legalidade da prisão do depositário infiel
em face do Pacto de San Jose (art. 7) e da CR m 88, art. 5, LXVII
- STF, HC 5 7  MS, Rel. Min. Hellen Gracie, j. mmmm28.
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CTN, art. 8: %            
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- Tratados de livre comércio; direito da integração
- Divergências doutrinárias e jurisprudenciais sobre a
constitucionalidade desse dispositivo;
- Isenção autônoma (distinção entre tratados-lei e tratados-
contrato)
- Isenção heterônoma: divergências doutrinárias e
jurisprudenciais sobre a aplicação do art. m5m, III da CRm 88 @%ö
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j   E CH  IJ-7:-:IICA
- Discussão sobre a entrega de nacionais ao TPI.
- Discussão sobre a prisão perpétua prevista no Estatuto do TPI.
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´! m<< # 3C A República Federativa do Brasil rege-se nas 
relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade.
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina,
visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.µ
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1)  
*+
- o Estado como sujeito de Direito Internacional
- a competência da União para representação do Estado Federal
Brasileiro nas relações internacionais (CR m 88, art. 2m, I, II, III, IV)
- noções sobre princípios constitucionais
- a influência do Direito Internacional convencional e costumeiro

1m | 6    .     


- equiparação entre independência e soberania (CR m 88, art. m, inciso I)
-idéia clássica de soberania: ´poder originário, ilimitado e incondicionado
do Estado de determinar sua própria competênciaµ (Bodin, Jellinek,
Hegel)
- transformação da noção de soberania: ´poder limitado pelo Direitoµ
- soberania interna x soberania externa (princípio da igualdade)
- obrigações internacionais e a soberania estatal: voluntarismo x
objetivismo, outorga de competências (caso das OIs),
supranacionalidade
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1, |0.      $
 
- noção histórica, evolutiva (Bobbio)
- abrangência do termo ´Direitos Humanosµ
- proteção pelo Direito Internacional
- universalismo x relatividade: o problema da intervenção
humanitária.

11 | 6   
 *+  0
- direito do Estado de estabelecer livremente sua condição política
e determinar seu desenvolvimento econômico, social e cultural;
- independência dos povos coloniais na África e Ásia;
- soberania sobre recursos naturais (caso Bolívia);
- princípio reconhecido pelo Direito Internacional convencional e
costumeiro;
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13 | 6   +9 0 *+
- dever dos Estados estrangeiros e organismos internacionais de não
intervenção eou ingerência nos assuntos de competência
exclusiva do Estado Nacional, impondo sua vontade seja por força
armada ou outros meios (FMI, Venezuela);
- princípio contemplado em instrumentos internacionais: art. 2, Ü7
da Carta da ONU e art. m8 da Carta da OEA;
- dificuldade de definir quais os assuntos de competência exclusiva
do Estado e aqueles que envolvem um interesse universal
(relativização dos direitos humanos ² países mulçumanosHaiti; meio
ambiente ² Amazônia; produção de armamentos nucleares ² Irã 
Iraque).
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1> | 6   2
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- princípio decorrente da soberania estatal que assegura aos Estados
o direito de receber igual tratamento por seus pares e outros sujeitos
internacionais;
- geralmente observado na composição dos órgãos de organizações
internacionais; Carta da ONU, art. 2, § m;
- desvirtuamento do princípio como reflexo da realidade das relações
internacionais (doutrina do realismo) - Conselho de Segurança e
Assembléia Geral da ONU (fracasso da Liga das Nações); FMI
- igualdade como tratar desigualmente os desiguais (favorecimento
dos países em desenvolvimento nas normas da OMC ² caso das
salvaguardas ao aço norte-americano)
- princípio da reciprocidade (caso dos vistos e procedimentos de
ingresso no país para norte-americanos)
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1? $  5  
*+ 6$    $ 
- a manutenção da paz como razão maior de ser do Direito
Internacional;
- uso da força como exceção; Carta da ONU, art. 2, § 3;
- meios pacíficos de solução de controvérsias internacionais:
negociação, mediação, conciliação, arbitragem, jurisdicional.

1@ D          


- Direito Internacional Penal;
- repressão de crimes internacionais por diversos tratados
internacionais;
- dificuldade de definição do terrorismo: terrorismo, guerrilha,
guerra, insurgência (organização, finalidades, formas de atuação,
etc.)
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1< !*+    0   2  8
 
- colaboração realizada através de organizações e tratados internacionais
envolvendo assuntos de competência comum (meio ambiente, transporte,
espaço aéreo, redes de comunicação, doenças contagiosas)
- idéia de cooperação contraditória à noção tradicional de soberania
1 ! +    6 
- Ato de soberania estatal, de competência do Presidente da República,
para acolhimento, no Estado brasileiro, de estrangeiro, em virtude de
perseguição por ele sofrida, praticada no seu próprio país de origem
-Causas motivadoras da perseguição: dissidência política, livre
manifestação de pensamento, crimes relacionados à segurança do
Estado, entre outros (examinar caso Battisti);
1m)  2*+   0  # 4   
- integração regional; fenômeno dos blocos econômicos; direito
comunitário e da integração; necessidade de harmonização constitucional
- conflito com idéia clássica de soberania (instituições supranacionais)
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DINH, N. Q.; DAILLIER, P.; PELLET, A. 6    
 . Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, m , p. 8-8 ;
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público.
São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 27, p.  -73 e 27-323;
NEMER, Leonardo N. C., Comentário à Carta das Nações Unidas. Belo
Horizonte: CEDIN, 28, p. 55- 8, m23-m;
STF,  "    - JI-IICB+- m..m 77. (RT 838 );
STF, 8; 6        - 7-CJI- DOERJ, m2m ;
STF, HC 5 7  MS, Rel. Min. Hellen Gracie, j. mmmm28

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MELLO, Celso. 6 j       (Constituição de m 88
revista em m ). Rio de Janeiro: Renovar, 2.
____. j  6    
 - Rio de Janeiro: Renovar,
2.
REZEK, J. F. 6    
  curso elementar- São Paulo:
Saraiva, 2.

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