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Capítulo 2

MERCADO FINANCEIRO BRASILEIRO

2.1 Meios de pagamento


2.2 Sistema financeiro nacional
2.3 Mercado financeiro brasileiro
2.4 Sistema de pagamentos brasileiro
2.1

Meios de Pagamento
Meios de Pagamento
Entende-se por meios de pagamento como os ativos que podem ser
usados instantaneamente e sem restrições para pagamentos a terceiros, ou
seja ativos com perfeita liquidez (capacidade de converter rapidamente um
ativo em moeda sem que haja perda de valor, logo o dinheiro é o mais líquido
dos ativos).
A definição mais convencional de meios de pagamento (M1) é
representada pela soma do papel-moeda em poder público (PMP) com os
depósitos à vista nos bancos comerciais, públicos e privados, incluindo o BB
e a CEF (DBC).
M1 = PMP + DBC
O papel-moeda em poder público (PMP) é constituído das moedas
metálicas/cédulas em mãos da coletividade. Já os depósitos à vista são os
ativos mais líquido depois do dinheiro, pois é possível fazer retiradas dos
depósitos bastando assinar um cheque.

Em síntese, os meios de pagamento compreendem a moeda


manual em mãos da coletividade somado a quanto a coletividade tem
na conta corrente dos bancos.
Meios de Pagamento ampliados
Além do conceito de M1, existem outros conceitos mais abrangentes
de moedas, os chamados meios de pagamento ampliados, conforme abaixo:

M2 – é composto pelo M1 e pelos depósitos de poupança, depósitos especiais


remunerados mais as demais emissões de alta liquidez (depósito a prazo, letras
de câmbio, letras imobiliárias e letras hipotecárias) realizadas no mercado
interno.

M3 – é composto pelo M2 e pelas cotas dos fundos de renda fixa mais as
operações compromissadas com títulos federais do restante da economia.

M4 – inclui o M3 mais o sistema emissor representado pelos governos com


títulos públicos federais (Selic), estaduais e municipais. Logo o M4 envolve os
ativos monetários (M1) e não monetários (M2, M3), pelos quais o BC controla
a oferta total de moeda na economia.
Base Monetária
A Base monetária está ligada aos monetários líquidos em posse do
poder público e dos bancos, logo é composta pelo papel-moeda emitido e
pelas reservas bancárias. Tais reservas são compostas por: moeda corrente
guardada nos próprios bancos, visando cobrir o excesso de papel-moeda
retirado na “boca do caixa”; reservas voluntárias no BC, visando atender
os recebimentos de compensação de cheques; e reservas compulsórias ou
obrigatórias (legais), recolhidas pelo BC para garantir uma segurança
mínima ao Sistema Bancário.

Criação e Destruição de Moeda


A moeda escritural possui uma alta participação na composição do
meio circulante e isso pode ser explicado pela capacidade dos bancos em
multiplicar os depósitos à vista realizados pelos correntistas. Temos neste
caso um mecanismo de criação de moeda. Ao realizarmos um depósito em
um banco estamos protegendo nosso dinheiro contra perdas e roubos, além
de obtermos um conjunto de vantagens junto a esta instituição financeira
(talonário de cheques, cartão de créditos, empréstimos, etc).
Digamos que o BC resolva expandir a quantidade de dinheiro em
circulação na economia, ou seja a oferta de moeda, comprando no mercado de
títulos do Tesouro um montante de R$1.000.000. Logo o vendedor destes
títulos recebe o dinheiro e deposita em um Banco A, que é obrigado a manter
40% dos depósitos como depósitos compulsórios e encaixes (definido pelo
BC), com isso tal Banco pode emprestar R$600.000 e reter R$400.000 como
reserva.
Quem receber os R$600.000 como empréstimo vai depositá-lo no
Banco B que, por sua vez, terá condições de emprestar R$360.000 para outro
tomador que, por sua vez vai depositar em outro banco e assim
sucessivamente. Neste processo o total de moeda criado pode ser obtido por:
ΔM=1.000.000+600.000+360.000+...
Ou, ainda
ΔM=1.000.000(1+0,6+0,62+...)
ΔM=1.000.000 x _____1_____
1 – 0,6
ΔM=2.500.000
2.5 – Criação e Destruição de Moeda (cont.)
Logo podemos definir a variação na oferta de
moeda como:
ΔM= _1_ x ΔR
Z
Onde ΔR representa o aumento inicial de reservas,
ou seja o primeiro depósito à vista, e Z a fração de
depósitos à vista que é destinada aos depósitos
compulsórios e aos encaixes bancários. O termo
1/Z tb é conhecido como multiplicador dos
depósitos bancários.
Logo deve-se entender criação de moeda como sendo a criação
de meios de pagamento (M1), assim destruição de moeda é a destruição
de meios de pagamento. Como M1 (ativos de líquidez imediata)
encontra-se no setor não-bancário, conclui-se que a criação/destruição
de moeda envolve uma transação entre o setor não-bancário e o setor
bancário da economia.
Por exemplo um indivíduo efetua depósitos à vista em um banco
comercial (moeda ou cheque), logo não há criação ou destruição de
moeda, pois houve apenas trocas de parcelas de M1. Entretanto se este
indivíduo efetua depósitos a prazo fixo ou em uma caderneta de
poupança, logo houve uma destruição de moeda (aumento de M2 e
redução de M1).
Um banco comercial adquire divisas de um exportador, logo
houve uma criação de moeda, pois ocorreu um aumento nos depósitos
à vista que são uma componente de M1.
Depósito em cheque
Compensação de cheques
Reserva e ADM
Multiplicador bancário
Depósito compulsório

M1 = B x M ( equação 2.2 )

Onde :
M1 = meios de pagamento em seu sentido mais líquido;
B = base monetária (dinheiro emitido pelo Banco Central e
colocado no mercado);
M = multiplicador bancário.
2.2

Sistema Financeiro
Brasileiro
Sistema Financeiro
O sistema financeiro é composto por um conjunto de
instituições financeiras que operacionalizam as atividades do
sistema, transferindo recursos dos aplicadores (ou poupadores)
para aqueles que necessitam de recursos por uma razão qualquer,
além de serem responsáveis por criar condições para que títulos
financeiros tenham liquidez no mercado.
Denomina-se aplicadores (poupadores – ofertadores
últimos ou finais de recursos) os indivíduos que estão com
superávit financeiro (possuem volume de recursos). Já os
indivíduos que necessitam de recursos são denominados de
tomadores últimos ou finais, pois encontram-se em déficit
financeiro, sendo que normalmente o perfil de consumo destes
indivíduos é maior que a renda disponível.
Os ofertadores finais necessitam de intermediadores para
que possam investir seu superávit financeiro, assim surgem as
instituições financeiras que são as tomadoras e ofertadoras de
recursos, e que nunca trabalham com recursos próprios (somente
realizam repasses).
O desenvolvimento do mercado financeiro, juntamente
com o surgimento de instituições especializadas em determinados
tipos de operações ou produtos, tem trazido uma série de
vantagens à economia propiciando: redução de custos para a
captação das firmas; diversificação das alternativas de aplicações
e poupanças; diminuição nos riscos de custos das transações
financeiras, etc.
Instituições Financeiras
As instituições financeiras podem ser classificadas em dois
grupos distintos:
Instituições financeiras bancárias ou monetárias: Criam moedas
ou meios de pagamento (papel-moeda e depósitos à vista nos
bancos), através do efeito multiplicador.
Instituições financeiras não-bancárias ou não monetárias: Não
podem criar moedas, pois não tem autorização para acolher
depósitos à vista.
Instrumentos Financeiros
Os instrumentos financeiros são classificados em:
Ativos financeiros monetários que são o papel-moeda em poder
público e os depósitos à vista nos bancos comerciais e públicos;
Ativos financeiros não-monetários são todos os demais ativos
como depósito em poupança, letras de câmbio, certificados de
depósitos bancários, etc;
Sistema financeiro nacional
Sistema Financeiro Brasileiro - Composição Atual
O Sistema Financeiro atual apresenta a seguinte
composição:
Órgãos Normativos: CMN, CNSP e CGPC;
Entidades Supervisoras: BC, CVM, SUSEP, IRB e SPC;
Operadores: Instituições financeiras captadoras de depósitos à
vista (BM, BC, CC e CEF), demais instituições financeiras (AF,
APE, BD, BI, BNDES, CH, CCC, financeiras, sociedades de
créditos imobiliário, SCM), intermediários financeiros (AC,
Leasing, SCC, CCVM), bolsa de mercadorias e futuros, bolsa de
valores, sociedade seguradoras, sociedades de capitalização,
entidades abertas de previdência complementar e entidades
fechadas de previdência complementar (fundos de pensão).
Órgãos de Regulação e Instituições
Quadro 2.1 Sistema Fiscalização Categoria

Financeiro Nacional Instituições


Discriminação
(1/4) Financeiras que
das
captam Depósitos
Banco Central a Vista instituições
do Brasil financeiras nos
Demais sub-quadros
Órgãos de Regulação Instituições seguintes
e Fiscalização Financeiras

Comissão de

e Valores Outros
Mobiliários Intermediários
Conselho ou Auxiliares
(CVM)
Monetário Financeiros
Categorias das Nacional
(CMN)
Instituições Entidades
Financeiras Superintendência
de Seguros
Ligadas aos
Sistemas de
Privados Previdência e
(SUSEP) Seguros

Administração
de Recursos
Secretaria de de Terceiros
Previdência
Complementar
Sistemas de
Liquidação e
Instituições
Quadro 2.1 Sistema Supervisão
Financeiro Nacional Categoria Discriminação
Bancos Múltiplos com Carteira
(2/4) BCB
Instituições Comercial
Financeiras que Bancos Comerciais BCB
captam Depósitos Caixas Econômicas BCB
Instituições a Vista Cooperativas de Crédito BCB
Financeiras Bancos Múltiplos sem Carteira
BCB
Comercial
Bancos de Investimento BCB, CVM
Bancos de Desenvolvimento BCB
Demais Sociedades de Crédito,
BCB
Financiamento e Investimento
Instituições
Sociedades de Crédito
BCB
Financeiras Imobiliário
Companhias Hipotecárias BCB
Associações de Poupança e
BCB
Empréstimo
Agências de Fomento BCB
Sociedades de Crédito ao
BCB
Microempreendedor
Bolsas de Mercadorias e
Quadro 2.1 Sistema BCB, CVM
de Futuros
Financeiro Nacional
Bolsas de Valores CVM
(3/4)
Sociedades Corretoras de Títulos
BCB, CVM
e Valores Mobiliários
Outros Sociedades Distribuidoras de
BCB, CVM
Intermediários Títulos e Valores Mobiliários
Instituições ou Auxiliares Sociedades de Arrendamento
BCB
Financeiras Financeiros Mercantil
Sociedades Corretoras de
BCB
Câmbio
Representações de Instituições
BCB
Financeiras Estrangeiras
Agentes Autônomos de
BCB, CVM
Investimento
Entidades Fechadas de
SPC
Previdência Privada
Entidades Entidades Abertas de
SUSEP
Ligadas aos Previdência Privada
Sistemas de Sociedades Seguradoras SUSEP
Previdência e
Seguros Sociedades de Capitalização SUSEP
Sociedades Administradoras de
SUSEP
Seguro-Saúde
Quadro 2.1 Sistema Fundos Mútuos BCB, CVM
Financeiro Nacional Administração Clubes de Investimentos CVM
(4/4) de Recursos Carteiras de Investidores
BCB, CVM
de Terceiros Estrangeiros
Administradoras de Consórcio BCB
Sistema Especial de Liquidação e
BCB
Instituições de Custódia  SELIC
Financeiras Sistemas de Central de Custódia e de
Liquidação e Liquidação Financeira de BCB
Custódia Títulos  CETIP
Caixas de Liquidação e
CVM
Custódia
Autoridades monetárias
Instituições do sistema financeiro nacional
Instituições não financeiras

Existem instituições não financeiras que exercem


papel importante para o desenvolvimento da
economia.

EXEMPLOS:
2.3

Mercado Financeiro
Brasileiro
Mercado financeiro
Em uma economia, de um lado existem os que possuem
poupança financeira e, de outro, os que dela necessitam.
A intermediação entre os dois lados ocorre no
mercado financeiro. Inve stidor
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Para fins didáticos, o mercado financeiro pode ser
subdividido em quatro mercados:

a) Mercado de crédito
b) Mercado de capitais
c) Mercado monetário
d) Mercado de câmbio

Na prática, ocorre sobreposição entre os quatro mercados.


Segmentação dos Mercados Financeiros
As operações do mercado financeiro podem ser classificadas em:
Mercado de Crédito – Neste mercado estão todas as operações de
financiamento e empréstimos de curto e médio prazo, para aquisição de
bens de consumo corrente e bens duráveis, bem como para o capital de
giro das empresas. Os atuantes neste mercado são os bancos comerciais,
os bancos de investimentos e as financeiras (instituições especializadas no
fornecimento de crédito ao consumidor e no financiamento de bens
duráveis);

Mercado de Capitais – Neste mercado está concentrado toda a rede de


bolsa de valores e instituições financeiras que operam com a compra e
venda de ações e títulos de dívida, sempre a médio e longo prazo. Esse
mercado tem a função de canalizar as poupanças da sociedade para a
indústria, o comércio e até mesmo o governo;
Mercado de Monetário – Neste mercado são realizadas as
operações de curto e curtíssimo prazo, onde os órgãos financeiros
concedem empréstimos as firmas ou particulares com cobrança de
juros. Nele ocorrem as operações de mercado aberto, assim como
serve também para as intervenções do BC com as políticas
monetárias (controle da liquidez da economia);

Mercado Cambial – É onde se realizam as operações de compra


e venda de moedas estrangeiras cujas as transações são
determinadas pela cotação diária dessas moedas;
Mercado de crédito
É o mercado principal onde os tomadores de
recursos se relacionam com os intermediários
financeiros, para suprir as necessidades de capital
de giro e as necessidades de financiamento de bens
e serviços.
Mercado de capitais
Mercado monetário
Neste mercado são realizadas as operações de
curto e curtíssimo prazo, onde os órgãos financeiros
concedem empréstimos as firmas ou particulares com
cobrança de juros. Nele ocorrem as operações de
mercado aberto, assim como serve também para as
intervenções do BC com as políticas monetárias
(controle da liquidez da economia);

A política monetária do Governo é executada por meio


desse mercado, com a compra e venda de títulos
emitidos pelo Banco Central:

 BBC – Bônus do Banco Central


 NBC – Notas do Banco Central
Mercado de câmbio
2.4

Sistema de Pagamentos Brasileiro


Sistema de Pagamentos Brasileiro
Sistemas de liquidação
Fluxo de transferência de fundos

Empresa
Banco
Devedora 100
A
A

10
0
Central Empresa
100 Banco 100
de Credora
200 C 200
Liquidação
0 C
20

Empresa
Banco
Devedora 200
B
B
Fluxo de recursos no Sistema de Liquidação

Empresa
Banco
Devedora 100
A
A

10
0
Central 100 100 Empresa
de Banco
200 200 Credora
C
Liquidação 150 150
C

15
0

0
20

Empresa Empresa
Banco Banco
Devedora 200 150 Credora
B D
B D
Prazos de liquidação

 TED (transferência eletrônica disponível):


imediato

 DOC (documento de crédito): dia seguinte (ou


após, dependendo da praça do favorecido)

 Cheque (pagamento): no mesmo dia (ou após,


dependendo da praça de pagamento do cheque)

 Depósito em cheque: dia seguinte (ou após,


dependendo da praça de pagamento do cheque)

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