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O GATO MALHADO E A ANDORINHA SINHÁ

Uma história de amor


RESUMO DO ARGUMENTO

Esta é a história de um gato


que se apaixona por uma
andorinha, causando
estranheza em todos os outros
animais que habitavam um
parque. A Andorinha está
prometida ao Rouxinol mas, ao
mesmo tempo, incentiva o
amor do Gato. Acontecem
juras, o Gato escreve poemas,
eles passeiam juntos, enquanto
as outras personagens
condenam o amor impossível.
A Capa
Nome do autor

Personagens principais

Assunto
nº de edição

Imagem: retrato
das personagens
principais

Editora
 Relação entre a ilustração da capa e título da obra:

 a ilustração é composta por uma andorinha, que está a


voar, e um gato listrado, que são as personagens principais
da obra e que constituem o título da mesma: O Gato
Malhado e a Andorinha Sinhá.

 Relação entre o título e as cores a que está grafado:


 As letras do nome do gato estão grafadas em duas cores
pois trata-se dum gato malhado, i.e., um gato que tem o
pelo de duas cores.
 O nome da andorinha está grafado apenas em azul pois
trata-se de uma ave. Ora as aves voam no céu, que é azul.
 O subtítulo, Uma História de Amor, está grafado a
vermelho, pois as duas personagens centrais vão viver um
grande amor. A cor que se utiliza para representar o amor
é o vermelho.
A Contracapa
 Quando, onde, porquê e para que foi escrita a obra
 A história foi escrita em Paris, em 1948, onde Jorge
Amado residia com a sua mulher e o seu filho João
Jorge. O livro era um presente de aniversário para o
filho que completava uma ano de idade para que um
dia a lesse. Esse dia chegou muito depois, já em
1976, quando João Jorge remexia nas suas coisas e
encontrou o livro.

 Razões da sua publicação:


 Embora o autor não pensasse em publicá-la, sentiu-
se na obrigação de o fazer para dar a conhecer as
belas ilustrações que o seu amigo Carybé, mestre
baiano, fizera quando o seu filho lhe deu o livro a
ler.
Páginas antecedentes
 Dedicatória

“ Esta história é um presente para meu filho


João Jorge, em seu primeiro aniversário. Paris,
25 de Novembro de 1948.”

 O livro é, inicialmente, dedicado, a seu filho João Jorge.


Posteriormente, já em 1976, e uma vez que iria ser
publicado, Jorge Amado alargou a dedicatória à sua mulher
Zélia, ao afilhado Nicolas Bay, e aos netos Bruno, Mariana,
Maria João e Cecília. Dedica-o ainda a um leitor muito
especial que lhe envia álbuns de recortes e, ás vezes,
assina pelo nome de Jarbas Carvalhal. Este leitor simboliza
todos os leitores brasileiros e estrangeiros.
 Classificação da obra: Romance ou Fábula?
“ Ao concordar, em agosto de 1976, com a publicação
desta velha fábula…”

Na obra há uma mistura de géneros. Por um lado, o subtítulo


remete-nos para um romance, mas, por outro, o próprio autor
na sua dedicatória a classifica de “velha fábula”.

Características da fábula presentes na obra:


• Há um cariz moralizante muito forte;
• A acção desta história é imaginária;
• A história é protagonizada por animais.

 Moral veiculada pela história


* Há que desaprovar a intolerância e os preconceitos sociais e
culturais.
Trova Popular

“O mundo só vai prestar


Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um maltês casar 
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e Dona Andorinha”

(Trova e filosofia de Estêvão da Escuna, poeta popular


estabelecido no Mercado das Sete Portas, na Bahia.)

 Esta trova, escrita por Estêvão da Escuna, poeta popular, dá ao


livro um ambiente popular tão característico das obras do autor.
Nesta trova está presente o conceito de igualdade como
fundamento para a construção de um “ paraíso na terra “, onde
todos possam viver sem discriminação. O mundo só vai ser bom
quando o preconceito não separar duas pessoas tão diferentes que
se amam.
Esta trova é já um prenúncio de como vai terminar a história de
amor entre o Gato e a Andorinha.
 Localização da história no tempo:

“Era uma vez antigamente, mas muito antigamente, nas profundas


do passado quando os bichos falavam, os cachorros eram
amarrados com linguiça, alfaiates casavam com princesas e as
crianças chegavam no bico de cegonhas. Hoje meninos e meninas
já nascem sabendo tudo, aprendem no ventre materno, onde se
fazem psicanalisar para escolher cada qual o complexo preferido, a
angústia, a solidão, a violência. Aconteceu naquele então uma
história de amor.”

 O autor opõe, de forma irónica, dois tempos: o “muito


antigamente“ e o “hoje”. O tempo presente caracteriza-se pela
ausência de fantasia e maravilhoso, as pessoas vivem angustiadas
e sós num mundo de violência. As crianças perdem cedo a sua
ingenuidade e têm muito mais cedo acesso ao saber, o que não
lhes permite fantasiar.

 A história decorre “muito antigamente, nas profundezas do


passado”, um tempo mágico em que os bichos falavam e as
crianças chegavam no bico das cegonhas. Um tempo
marcadamente fantástico, veja-se a expressão “ Era uma vez ...”
que nos leva para o mundo da fantasia.
Os Capítulos
 Madrugada
 Parêntesis
 A estação da Primavera
 Novo parêntesis, para apresentar
 Continuação da primavera
 Capítulo inicial, atrasado e fora do lugar
 Fim da estação da Primavera
 A estação do Verão
 Parêntesis das murmurações
 A estação do Outono
 Parêntesis poético
 Parêntesis crítico
 Continuação da estação do Outono
 A estação do Inverno
 A noite sem estrelas
Lendo os títulos, podemos indicar:

 O espaço de tempo em que se desenrola a acção: desde a Primavera até ao


Inverno.

 A introdução de um recuo no tempo na narração dos acontecimentos:


Capítulo inicial, atrasado e fora do lugar, o que faz com que não haja uma
correspondência entre a ordem real e a ordem textual dos
acontecimentos.

 Os parêntesis, que por o serem surgem graficamente entre parêntesis e


em itálico; têm uma função informativa/explicativa:
 Parêntesis: o narrador diz qual a história que vai narrar e de quem a
ouviu.
 Novo parêntesis para apresentar: o narrador faz a apresentação /
caracterização da Andorinha, a heroína da história.
 Parêntesis das murmurações: o narrador dá-nos a conhecer o que corre
na “boca do povo” relativamente ao romance vivido pelas personagens
centrais.
 Parêntesis poético: o narrador dá a conhecer o soneto escrito por Gato
Malhado
 Parêntesis crítico: o narrador dá-nos a conhecer a opinião do crítico
literário Sapo Cururu sobre o soneto escrito pelo Gato.
ELEMENTOS DA NARRATIVA

 ACÇÃO

 NARRADOR

 TEMPO

 ESPAÇO

 PERSONAGENS
ACÇÃO
A acção principal da história é o desenrolar da
paixão entre o Gato e a Andorinha. As suas
sequências narrativas são traduzidas numa
linearidade, conciliando com o tempo cronológico
da história.

Ela começa com quem conhece a história – o


Vento – chegando ao ouvido do narrador. Este último
conta-nos como se desenrola essa paixão através da
intensidade das conversas e dos passeios entre as
personagens principais.
 
Tudo se passa à volta da história de amor entre os
dois: os comentários das outras personagens, o tempo,
a maneira como são tratados e como eles tratam os
apaixonados. O clímax está no fim da “Primavera”, onde
estes começam a se afastar, dado que a Andorinha
estava prometida para o Rouxinol.
O NARRADOR
O narrador não participa na acção que
narra, por isso é heterodiegético, mas
assume muitas vezes a posição de um
contador de histórias, sobre a qual nos
dá muitas vezes a sua perspectiva,
fazendo-nos sentir a sua presença e a
sua subjectividade de diferentes modos:

 Utilizando por vezes a 1ªpessoa;


 Tecendo considerações sobre variados
assuntos
 Dando a sua opinião sobre a atitude das
personagens
 Fazendo comentários à própria
construção da história
 Dirigindo-se directamente ao leitor
O TEMPO
A história principal é narrada de acordo com
um tempo cronológico: as estações do ano.
Simbolicamente, elas estão de acordo com os
sentimentos das personagens principais.

Na Primavera, o Gato e a Andorinha conhecem-se.

No Verão, o Gato apercebe-se que está apaixonado


pela Andorinha e fica com ciúmes por ela sair com o
Rouxinol. Corresponde a um tempo de felicidade.

No Outono, o Gato sofre com as outras


personagens, devido à má fama que o Gato tivera no
passado (mau, rabugento, perigoso, temido). Escrevia
poemas, para a amada, de modo apaixonado,
nostálgico. Corresponde a um período de nostalgia e
sofrimento com a partida da Andorinha.

O Inverno é caracterizado pela separação definitiva


dos amantes – a tristeza, de certo modo, acompanha-
-os.
O ESPAÇO
Falemos então dos três tipos de espaço:
físico, social e psicológico.
 O espaço físico da história é um parque,
onde as personagens se movem, visto com
muita clareza pelas personagens: é o lugar
onde eles vivem.
 Em termos de espaço social, diríamos que
o Gato é um vagabundo, que vive no
parque, livre de impedimentos porque
todos o temiam. A Andorinha já é uma
“flor de estufa”, muito bem protegida
pela sua classe social, a classe social alta.
Diria que seria um amor impossível
também devido às suas diferenças de
classes sociais
 Quanto ao nível psicológico, o Gato
Malhado sofre uma experiência que lhe
permite abrir as portas para as
recordações, a memória de uma paixão
idealizada, romântica e sofrida. Esse
sofrimento fá-lo crescer no seu interior e
encontrar novos recantos no parque.
PERSONAGENS
Gato Malhado - Personagem principal.
 olhos pardos e feios que reflectiam maldade,
 feio, corpanzil forte e ágil, de riscas amarelas e negras.
 tinha meia-idade, egoísta, mau humorado, convencido.
 Vivia como se fosse um vagabundo, carente de carinhos.
 A caracterização indirecta verifica-se pela maneira como
as personagens reagiam após o Gato ter conhecido a
Andorinha, porque, até então, ninguém lhe dava atenção e
afecto. Escrevia-lhe sonetos (plagiados), falava bem com
aqueles que ele tratava mal. Mesmo assim, a sua fama de
mau persegue-o até ao fim da narrativa.
ANDORINHA SINHÁ
Personagem principal

A Andorinha é risonha, alegre,


aventureira, bela, gentil, uma jovem que adora
conversar e mantinha boas relações com todos.
A sua vida era cristalina até que conheceu o
Gato Malhado. A Andorinha viu-o como um
desafio: ouvira falar muito mal dele, e até
fora proibida de chegar perto dele, mas essa
situação aguçou-lhe mais a vontade de
conhecê-lo melhor. O narrador acha-a
“louquinha” por esta querer falar com o
inimigo. 
Cobra Cascavel
Personagem secundária. É um animal que, por si só,
tem uma carga simbólica poderosa e importante.
É o animal mais temível de todos. Morava fora do
parque e foi afugentada pelo Gato.

Manhã e Tempo
A Manhã é vista como uma personagem secundária.
É uma funcionária relapsa, preguiçosa,
fanática por uma boa história, distraída, sonhadora.
Ela apaga as estrelas e acende o Sol. 
O Tempo, também é personagem secundária, é o
Mestre de tudo e de todos.
ROUXINOL

Personagem secundária. É belo, gentil, raça volátil.


É o professor de canto da Andorinha e pretendente.

É com ele que a Andorinha vai casar. Ele desperta


ciúmes no Gato, porque é uma ave.

CORUJA

Personagem secundária. Sabia a vida de todos no


parque e é com ela que o Gato falava mais.
Reverendo Papagaio
Personagem secundária.
Tinha passado algum tempo num seminário e dava
aulas de religião. Por debaixo da capa religiosa,
é um hipócrita, covarde e devasso, que fazia
propostas indecentes ao público feminino. É o único
que falava "a língua dos homens".

Galo Don Juan de Rhode Island


Personagem secundária. O Galo, polígamo,
“maometano”, devasso orgulhoso (nota-se até no
nome!).
Foi o juiz do casamento da Andorinha e do
Rouxinol.
Sapo Cururu
Personagem secundária. Companheiro do Vento, o Sapo é quem
conta a história da obra ao narrador.
Ele é visto como um ilustre, um intelectual, um académico, que
vai denunciar para o leitor que o Gato plagiou sonetos.

Cães
Figurantes. Serviam para ajudar a compor o ambiente do parque.

Pata Pepita e o Pato Pernóstico


São figurantes. Ajudam a compor o ambiente no que diz respeito à
vida social do parque. Uma das frases importantes para ilustrar a
condenação do amor do Gato e da Andorinha vista pelas personagens
é dita pela Pata: “pata com pato, [...] andorinha com ave, gata com gato”.

Pombo-Correio
Personagem secundária. Fazia longas viagens, levando as
correspondências do parque. Tinha boa índole, mas era visto
como um tolo, porque a Pomba-Correio o traía com o Papagaio.
Vaca Mocha
Personagem secundária. É vista como uma figura com
muito prestígio, respeitada por todos, pois era
descendente de um touro argentino.
É tranquila, circunspecta, um pouco solene e irónica.
No entanto, possuía um temperamento vingativo e um
humor variável.
A Sua língua é uma mistura de português com espanhol
para dar um certo prestígio, mas a sua língua é o
português.

O VENTO
Não posso deixar de referir quem originou a história
do Gato Malhado e da Andorinha Sinhá: o Vento.
É uma personagem secundária na história.
o vento é um velho atrevido, ousado, aventureiro
alegre, dançarino de fama.
Ele soube desta história de amor através de suas aventuras
e resolve contar a Manhã para cortejá-la.

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