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FISIOTERAPIA NA

ESCLEROSE MÚLTIPLA

Ft. Esp. Allen Suzane de França


ROTEIRO DA AULA

 Definição
 Epidemiologia
 Etiologia
 Fisiopatologia
 Manifestações Clínicas
 Avaliação Fisioterapêutica
 Objetivos
 Tratamento Fisioterapêutico

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CONCEITO

O que é Esclerose Múltipla?

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DEFINIÇÃO

 Doença desmielinizante inflamatória crônica que


causa degeneração difusa do Sistema Nervoso
Central (SNC).

 Gradualmente resulta em déficits neurológicos


graves.

 A evolução é extremamente variável, mas,


normalmente, seu início é de recidivas com
recuperação completa ou praticamente
completa, intercaladas por períodos de remissão
clínica.
(CARR;SHEPHERD, 2008)
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EPIDEMIOLOGIA

 Importante causa de incapacidade não traumática em adultos jovens


 Início dos sintomas: 18 – 55 anos
 Prevalência no Brasil ( Região sudeste) 15 casos por 100.000 habitantes
 Sexo: feminino, 2-4:1/ exceto na primária progressiva – 5:1 homens

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ETIOLOGIA

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FISIOPATOLOGIA

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FISIOPATOLOGIA

 Estágios iniciais
- Oligodendrócitos remanescentes - remielinização

 Estágio crônico
- Sem preservação dos Oligodendrócitos - sem remielinização
- Substituição por astrócitos fibrosos - Gliose

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CLASSIFICAÇÃO
De acordo com a evolução do quadro clínico:

Surto-Remissão (A) Primária Progressiva (B)

 Sintomas aparecerem subitamente  Evolui sem surtos, mas com


com posterior recuperação parcial sintomas progressivos acumulados
ou total ao longo do tempo

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CLASSIFICAÇÃO
De acordo com a evolução do quadro clínico:

Progressiva Secundária (C) Progressiva com Surtos (D)

 Evolução da forma remitente-  Começa com a forma progressiva


recorrente seguido pela progressão primária e posteriormente aparecem
lenta dos sintomas os surtos, que podem melhorar ou
não

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Alterações Sensoriais

 Parestesias – sensações em agulhadas  Dor (80%)

 Entorpecimento  Sinal de Lhermitte

 Alteração da propriocepção  Hipersensibilidade

 Alteração da sensibilidade vibratória  Neuralgia do trigêmeo


(MMII)
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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Alterações Visuais

 Neurite óptica – visão embaçada ou


escurecida

 Escotoma – mancha escura no campo


visual

 Nistagmo

 Diplopia

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Alterações Motoras

 Síndrome do Neurônio Motor Superior:  Movimentos

- Paresia - Lentos
- Hipertonia - Rígidos
- Hiperreflexia - Fracos
- Clônus
- Sinal de Babinsk

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Alterações Motoras
 FADIGA
 Espasticidade
- Sintoma mais frequente e incapacitante
- MMII > MMSS - 75% a 96%
- Piora a tarde e noite
- Dor
- Redução dos níveis de atividade geral e na
- Contraturas auto percepção de saúde
- Fadiga - avanço da doença
- Posturas anormais
- Piora: calor, exercícios vigorosos,
depressão
- Melhora: repouso, relaxamento,
exercícios moderados, água fria.
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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Alterações Motoras

 Sintomas Cerebelares
 Disartria

- Ataxia - Tronco e MMII


- Tremores posturais - Sustentação do  Disfagia
corpo contra a gravidade - Complicações: Pneumonia,
- Tremores intencionais (de ação) desnutrição
- Hipotonia e fraqueza de tronco
- Tontura, desequilíbrio, vertigem,
náuseas
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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Alterações Cognitivas e Comportamentais

 Déficit de memória  Depressão

 Déficit de atenção e concentração  Ansiedade

 Déficit na função executiva (planejar,


sequenciar, auto-correção)

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Alterações Vesicais e Intestinais Alterações Sexuais

 Disfunção vesical (80% ):  Disfunção sexual (91% H – 72% M)


- Urgência urinária - Alteração da sensação e secura
- Noctúria Vaginal
- Gotejamento e Incontinência - Dificuldade para orgasmo e libido
- Impotência e inabilidade para
 Disfunção intestinal:
ejacular
- Constipação
- Incontinência

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FATORES EXACERBADORES

INFECÇÕES VIRAIS

DOENÇAS DE ÓRGÃOS SISTÊMICOS

ESTRESSE

CALOR (FENÔMENO DE UHTHOFF)

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DIAGNÓSTICO CLÍNICO

2 surtos separados + 24hrs


Quadro Clínico
2 lesões distintas

Ressonância Nuclear Magnética

Exame do Líquido Cefalorraquidiano

Potencial Evocado Visual

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PROGNÓSTICO

 Suptipo da EM/ RR - favorável


 Idade
 Sintomas iniciais
 Grau de incapacidade
 Início do tratamento
 Complicações – menor tempo de vida

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ANAMNESE

 Queixa Principal: O que o(a) levou a procurar ajuda?

 HDA: Como surgiu? Quando? Quais os sintomas?

 História Pregressa: Surtos anteriores?


AVALIAÇÃO
 História familiar: Algum parente diagnosticado com
EM?

 Comorbidades: Diabetes, HAS.

 Hábitos de vida: Tabagismo, Alcoolismo.

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 Determinar a extensão do envolvimento
neurológico

 Reexame em intervalos específicos:


- Distinguir mudanças no estado clínico
AVALIAÇÃO - Efeitos do tratamento

 Fadiga e fatores exacerbadores devem ser levados


em conta

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COGNIÇÃO Mini Exame do Estado Mental (MEEM)

Superficial
SENSIBILIDADE Profunda
Sensações combinadas

AVALIAÇÃO
FISIOTERAPÊUTICA Escala Visual Analógica – EVA
DOR Início
Tipo

ADM Goniometria

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FORÇA Resistência manual
MUSCULAR

ESPASTICIDADE Escala de Ashworth modificada

AVALIAÇÃO
FISIOTERAPÊUTICA Superficiais – Sinal de Babinsk
REFLEXOS Profundos - Hiperreflexia

Frequência, duração e gravidade da fadiga


FADIGA Fatores precipitadores e associados a melhora
Escala Modificada de Impacto da Fadiga (MFIS)

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Estático, Dinâmico, Reativo –
EQUILÍBRIO E Equiscala
COORDENAÇÃO Testes de coordenação

INTEGRIDADE Coloração
Úlceras de decúbito
DA PELE
AVALIAÇÃO
FISIOTERAPÊUTICA Características
MARCHA Estabilidade postural

Alinhamento e ajustes
DISPOSITIVOS Segurança e praticidade
ORTÓTICOS (conservação de energia)

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Medida de Independência Funcional
CAPACIDADE (MIF)
FUNCIONAL Expanded Disability Status Scale
(EDSS)

CADEIRA DE Mobilidade funcional, segurança


RODAS Transferências

AVALIAÇÃO
FISIOTERAPÊUTICA Espaço físico quanto a segurança,
AMBIENTE barreiras, acesso

QUALIDADE The 36-item Short Form Health Survey


Questionnaire (SF-36)
DE VIDA

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TRATAMENTO

 EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

Médico
Enfermeiro
Fisioterapeuta
Nutricionista
Fonoaudiólogo
Psicólogo
Terapeuta Ocupacional
Assistente Social

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO
OBJETIVOS
 Prevenir contraturas, deformidades e úlceras de decúbito

 Preservar capacidade aeróbica

 Inibir espasticidade

 Fortalecer musculatura

 Tratar a fadiga

 Estimular propriocepção e sensibilidade

 Treinar marcha funcional

 Melhorar as AVD’s
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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Alongamentos:

- Ativo-assistido
- Ativo

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Fortalecimento muscular:

- Exercício Ativo-assistido;
- Exercício Ativo livre;
- Exercício Resistido.

 Exercícios aeróbicos

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 Investigar o efeito do exercício padronizado
para a EM.
 Randomização dos grupos ergometria de
braço, remo, bicicleta ergométrica e grupo
controle
 O exercício induziu melhorias significativas
na aptidão aeróbica.

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Treino de transferências:

- Rolar (mudanças de decúbito)


- Sentar na beira da cama
- Transferência de peso sentado
- De sentado para de pé
- Da cama para a cadeira ou cadeira de rodas

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Método Bobath: inibir padrões anormais e estimular padrões


normais

 Exercício de Ponte

 Tapping

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Kabat:
- Cintura escapular (póstero-depressão/póstero-elevação)
- MS – primitiva - D2 (flexão-abdução-rotação externa)

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Kabat:
- MI – funcional – D1 (flexão-adução-rotação externa)
- MI – primitiva – D2 (flexão-abdução-rotação interna)

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Treino de equilíbrio e controle postural:

- Sentado
- Transferência de peso
- Reação de equilíbrio
- Pequenos deslocamentos – grandes deslocamentos

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Treinamento funcional:

- Sentar – ficar de quatro – engatinhar – ficar de joelhos – ficar de pé


- Deslocar-se, agarrar, manusear, mover, soltar
- Coordenação motora fina

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Treinamento de AVD’s:  Orientar paciente e familiares

- Higienização  Prescrever órteses


- Alimentação
- Vestimenta  Dispositivos auxiliares

 Fazer adaptações
domiciliares

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Treino de marcha:

- Barra paralela
- Escada de canto
- Obstáculos
- Suporte parcial de peso

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Auxílio na marcha:

- Estimulação elétrica funcional


(FES)

 As evidências apresentadas nesta


revisão corroboram o conceito de que a
FES é um dispositivo ortótico eficaz
para a marcha na EM.

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Assoalho pélvico:

- Exercícios de Kegel
- Biofeedback eletromiográfico

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Gameterapia

- Controle motor
- Propriocepção
- Cognição
- Equilíbrio
- Coordenação
- Ludicidade
- Feedback visual

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 Grupo Nintendo Wii versus Grupo Reabilitação Tradicional para
melhorar o equilíbrio

 Resultados: Melhora significativa do equilíbrio no grupo intervenção.

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TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 Pilates

- Mat Pilates
- Studio

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 45 ensaios, estudando 69 intervenções com exercícios, incluindo 2250
pessoas com EM.
 Ao considerar os diferentes tipos de terapia com exercício, foi encontrado
efeito significativo sobre a fadiga em favor da terapia com exercícios em
comparação com nenhum exercício.
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RESUMO DA AULA

 Doença neurodegenerativa progressiva complexa e incapacitante


 Manifestações clínicas dependem da área afetada
 Avaliação: curso dos sintomas, comprometimentos, as limitações
funcionais para estabelecimento do prognóstico e intervenção
adequada.
 Tratamento: adequar conduta para o que foi encontrado na
avaliação– melhorar a função

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REFERÊNCIAS
 CARR, J. H; SHEPHERD, R. B. Reabilitação neurológica: otimizando o desempenho
motor. São Paulo: Manole, 2008.
 UMPHRED, D. A. Reabilitação neurológica. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

 ROWLAND, L. P; PEDLEY, T. A. Merrit – Tratado de Neurologia. 12. ed. São Paulo:


Guanabara Koogan, 2011.
 FRAGOSO, Y. D; PERES, M. Prevalence of multiple sclerosis in the city of Santos, SP. Rev.
Bras. Epidemiol. 10(4): 479-82, 2007.
 ALMEIDA, S. R. M.; LOUREIRO, A. B.; MAKI, T. Equiscala: versão brasileira e estudo de
confiabilidade e validade da Equiscale. Fisioterapia e Pesquisa, v.15, n.3, p.266-72, jul./set.
2008.
 PAVAN, K.; et. al. Adaptação transcultural e validação da escala modificada de impacto de
fadiga. Arq Neuropsiquiatr 65(3-A):669-673, 2007.

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REFERÊNCIAS

 BRIKEN, S.; et. al. Effects of exercise on fitness and cognition in progressive MS: a
randomized, controlled pilot trial. Multiple Sclerosis Journal 0(0), p: 1-9, 2013.
 SPRINGER, S.; KHAMIS, S. Effects of functional electrical stimulation on gait in people with
multiple sclerosis – A systematic review Multiple Sclerosis and Related Disorders. 13,
p:4–12, 2017.
 BRICHETTO, G.; SPALLAROSSA, P.; CARVALHO, M. L. L.; BATTAGLIA, M. A. The effect
of Nintendo® Wii® on balance in people with multiple sclerosis:a pilot randomized control
study Multiple Sclerosis Journal 19(9), p:1219–1221, 2013.
 HEINE, M.; et. al. Exercise
therapy for fatigue in multiple sclerosis. Cochrane
Database of Systematic Reviews. (9), p: 1-128, 2015.

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Estudo de caso

 Paciente M. A. F., sexo feminino, 31 anos, consultora de vendas, procurou atendimento


na Clínica de Fisioterapia na UEPB. Na anamnese, relatou surto de neurite óptica há 6
anos, o médico na época, suspeitou de infecção viral, sem causa definida, decorridos 2
anos houve novo surto com fraqueza generalizada, perda de equilíbrio e lapsos de
memória. O diagnóstico só foi confirmado há 1 ano com RM. Atualmente a paciente
apresenta alteração na marcha, no equilíbrio, ataxia, dormência e fraqueza de MMII,
hipotrofia muscular, encurtamentos, depressão e déficit de coordenação motora. Diante
deste caso, qual o diagnóstico cinético-funcional e o tratamento fisioterapêutico
adequado para esta paciente?

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