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SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SANTA CATARINA

SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE


AGROTÓXICOS
DIRETORIA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
GERÊNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

INTOXICAÇÕES POR
AGROTÓXICOS:
diagnóstico e tratamento

MARGARET GRANDO
Santa Catarina, setembro de 2007
INSETICIDAS
AGROTÓXICOS

 Organofosforados e Carbamatos
(inibidores das colinesterases)
 Organoclorados
 Piretros e piretróides
INIBIDORES DAS COLINESTERASES
AGROTÓXICOS

Organofosforados
Acefato (Orthene®) Fenitrotion (Sumition®, Sumigran®)
Coumafós Forate (Granutox®)
Clorpirifós (Lorsban®) Malation (Malatol®)
Diclorvós (DDVP®) Metamidofós (Tamaron®)
Diazinon Monocrotofós (Azodrin®, Nuvacron®)
Dimetoato Mevinfós
Dissulfoton (Solvirex®) Paration (Folidol®)
Fention (Lebaycid®) Triclorfon (Dipterex®)

Carbamatos
Aldicarb (Temik®) Carbosulfan (Marshal®)
Carbaril (Sevin®) Propoxur
Carbofuran (Furadan®)
INIBIDORES DAS COLINESTERASES
AGROTÓXICOS
Toxicidade
DL50 oral em ratos (mg/kg)
T.E.P.P.(OF) 1,1
PARATION METÍLICO (OF) 13,0
PARATION METÍLICO (OF) 14,0
DICLORVOS (OF) 80,0
PROPOXUR (CARB) 83,0
CARBARIL (CARB) 850,0
MALATION (OF) 1375,0
BROMOFOS (OF) 1600,0

Carcinogenicidade e teratogenicidade
• Em animais – não estabelecem relação entre dose e efeito
carcinogênico. Aumento do risco de morte pré e pós-natal do
concepto. Anormalidades congênitas: defeitos na coluna vertebral
e membros superiores, polidactilia, fenda palatina, hérnia intestinal
e hidroureter.
• Em humanos – abortamento no primeiro trimestre de gravidez
INIBIDORES DAS COLINESTERASES
AGROTÓXICOS

Toxicocinética

Absorção – oral, dérmica e inalatória


Distribuição – por todos os tecidos, > conc. em fígado,
rins
Biotransformação – hepática
 subprodutos inativos
 ativos: Paration  paraoxon  p-nitrofenol
Excreção – urinária
 80 – 90% dos compostos nas 1ªs 24 horas
 longos períodos de tempo – fention, fenitrotion
INIBIDORES DAS COLINESTERASES
AGROTÓXICOS
Mecanismos de Ação
Os OFs ligam-se ao centro esterásico da acetilcolinesterase
(AChe), responsável pela degradação da acetilcolina em colina e
ácido acético, promovendo um acúmulo desse neurotransmissor
nas fendas sinápticas e maior estimulação dos receptores
nicotínicos e muscarínicos.
 Ache  SNC, SNP, músculos esqueléticos e eritrócitos.

Os CARBs agem


de modo
semelhante, mas
formam um
complexo menos
estável com a
AChe permitindo a
recuperação da
enzima mais
rapidamente.
INIBIDORES DAS COLINESTERASES
AGROTÓXICOS

Mecanismos de Ação
INIBIDORES DAS COLINESTERASES
AGROTÓXICOS

Mecanismos de Ação
INCHE - MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
AGROTÓXICOS

Crise colinérgica aguda


– Manifestações muscarínicas
• Dor torácica, broncoespasmo, tosse,
dificuldade respiratória, aumento do
ritmo respiratório superficial,
secreção brônquica abundante,
cianose, edema pulmonar;
• Falta de apetite, náuseas, vômitos,
cólicas abdominais, diarréia,
incontinência fecal, tenesmo;
• Miose, visão borrada
• Lacrimejamento, salivação, rinorréia
• Sudorese profusa;
• Incontinência urinária;
• Bradicardia, hipotensão, fibrilação
atrial
INCHE - MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
AGROTÓXICOS

Crise colinérgica aguda


– Manifestações nicotínicas
• Mioclonias, fasciculações, cãimbras,
fraqueza muscular (incluindo
musculatura respiratória), paralisias
musculares, arreflexia;
• Hipertensão, taquicardia, palidez,
midríase, hiperglicemia

– Manifestações em sistema
nervoso central
• Inquietação, labilidade emocional,
cefaléia, tremores, sonolência,
confusão, linguagem chula, ataxia,
hipotonia, fraqueza generalizada, coma,
convulsões, depressão do centro
respiratório.
INCHE - MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
AGROTÓXICOS

Crise colinérgica aguda

• MECANISMOS ASSOCIADOS À
INSUFICIÊNCIA
RESPIRATÓRIA
• Bronconstricção;
• Hipersecreção pulmonar;
• Falência dos músculos respiratórios;
• Depressão do centro respiratório por
hipóxia severa e prolongada.
INIBIDORES DAS COLINESTERASES
AGROTÓXICOS

Síndrome intermediária
Após 24 a 96 h da exposição ao OF ou CARB pode surgir
fraqueza ou paralisia muscular proximal (membros superiores e
pescoço). Outros grupos musculares também podem ser afetados,
inclusive a musculatura respiratória, levando à parada respiratória.
A recuperação pode levar de 4 a 21 dias.

Organofosforados: monocrotofós, metamidofós,


paration, fention, dimetoato.

A ação excessiva da Ach na placa mioneural, levando a


um período prolongado de despolarização e conseqüente
alteração da permeabilidade da membrana juncional, parece ser a
causa do sofrimento muscular.
INIBIDORES DAS COLINESTERASES
AGROTÓXICOS

Polineuropatia tardia
A inativação da esterase neurotóxica leva a alterações
piramidais e extrapiramidais em SNC e desmielinização em SNP.
Esse quadro desenvolve-se 2 a 4 semanas após a
exposição aguda a INCHE. Caracteriza-se por sintomas sensoriais
(formigamento e queimadura), posterior debilidade e ataxia dos
membros inferiores podendo progredir para paralisia acentuada,
cãimbras musculares dolorosas e sinais de liberação
extrapiramidal (ataxia, espasticidade, hiperreflexia e tremores).
Casos graves comprometem os membros superiores.
A recuperação é variável e a neurotoxicidade independe
da ação anticolinesterásica (quadro colinérgico agudo).

INCHE: leptofos, tricloronato, triclorfon, metamidofós, malation,


clorpirifos, isofenfos, carbaril e m-tolil-metil-carbamato
AGROTÓXICOS DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Medida da atividade das colinesterases
Plasmática: os valores normais dependem do método e tipo
de Kit utilizado.
NR-7  indíviduos expostos ocupacionalmente, a depressão
da colinesterase não deve exceder 50% (plasmática) ou 30%
(eritrocitária) dos níveis pré-ocupacionais
Tabela de valores normais de ACHe plasmática

Temperaturas
Kits usados
25º C 30º C 37º C

GT laboratório 3.250 - 9.050 U/l 4.000 - 11.200 U/l --

Wiener lab. 3.200 - 9.000 U/l 3.962 - 11.142 U/l 4.970 - 13.977 U/l
INIBIDORES DAS COLINESTERASES
AGROTÓXICOS

Diagnóstico Laboratorial
Creatino-fosfo-quinase (CPK)
Eletromiografia
Outros exames complementares
• hemograma
• ionograma
• gasometria arterial
• uréia e creatinina
• transaminases
• coagulograma
• eletrocardiograma
• radiografia de tórax
Principais metabólitos urinários de alguns
AGROTÓXICOS
organofosforados e carbamatos

Metabólito Principais compostos originários

Monometilfosfato (MMP) Malation


Dimetilfosfato (DMP) Diclorvos, triclorfon, mevinfos, malaoxon, dimetoato, fenclorfos
Dietilfosfato (DEP) Traetilpirofosfato, paraoxon, demeton-oxon, diazinon-oxon

Dimetiltiofosfato (DMTP) Fenitrotion, fenclorfos, malation, dimetoato

Dietiltiofosfato (DETP) Diazinon, demeton, paration,fenclorfos


Dimetilditiofosfato (DMDTP) Malation, dimetoato, azinfos metílico
Dietilditiofosfato (DEDTP) Dissulfoton, forato

p-nitrofenol Paration, paration-metílico

1-naftol Carbaril

2-isopropoxifenol Propoxur

Ácido fenilfosfônico Leptofos

Fonte: Jeyaratnam e Maroni, 1994; Machemer e Pickel, 1994.


INIBIDORES DAS COLINESTERASES
AGROTÓXICOS

Diagnóstico diferencial

 Intoxicações por fungos de ação


muscarínica, barbitúricos,
medicamentos de ação colinérgica e
opióides;
 Traumatismo cranioencefálico, infecção
pulmonar e acidente vascular cerebral;
 Síndrome convulsiva e edema agudo
de pulmão.
INIBIDORES DAS COLINESTERASES
AGROTÓXICOS

Tratamento
 Medidas de descontaminação
 Carvão ativado e laxante
 Atropina
 Reativadores das colinesterases (Oximas)
 Bicarbonato de sódio EV - corrigir acidose
metabólica (pH sanguíneo aprox. 7,5)
 Diazepam - convulsões
 Medidas de suporte – tratar insuficiência
respiratória ou outras intercorrências clínicas se
houver com as medidas habituais (não usar
morfina ou aminofilina)
INIBIDORES DAS COLINESTERASES
AGROTÓXICOS

Tratamento - Descontaminação
 Esvaziamento gástrico, por indução de vômitos
em ambiente extra-hospitalar ou LG em sala de
emergência; limpeza da pele com água e sabão.
 Carvão ativado diluído em 200 a 400 mL de água
ou soro fisiológico, V.O. ou por SNG, a cada 4
horas.
Adultos: 50 a 100 g/dose (1g/kg de peso )
Crianças: 1,0 a 1,5 g/Kg de peso/dose
 Sulfato de sódio/magnésio (laxante) – V.O. ou por
SNG, a cada 12 ou 24 horas, associado ao carvão
ativado, apenas para evitar constipação intestinal.
Adultos: 15 a 30 g/dose
Crianças: 250 mg/Kg de peso/dose
INIBIDORES DAS COLINESTERASES
AGROTÓXICOS

Tratamento - Atropina
 Dose de ataque:
• adultos: 1 - 4 mg/dose EV
• crianças: 0,01 - 0,05 mg/Kg de peso/dose
Repetir a cada 10, 15 ou 30 min. até obter sinais
de atropinização.

 Dose de manutenção:
Não há esquema rígido. Depende:
• tipo de INCHE
• quadro clínico
• uso de oximas
INIBIDORES DAS COLINESTERASES
AGROTÓXICOS

Tratamento – Contration®
 Dose de ataque
• adultos: 1-2g em solução a 1% (1 g em 100 mL
de solução de cloreto de sódio 0,9%), EV em 5-10
min (máximo 200 mg/min)
• Crianças: 20 - 40 mg/Kg de peso (solução salina a
a 1%), EV em 5 a 10 minutos (máx 4 mg/Kg/min)
 Dose de manutenção
• adultos: 200-500 mg/h, diluídos a 1% em SF
• crianças: 5-10 mg/Kg/h, diluídos a 1% em SF
INTOXICAÇÃO AGUDA POR INSETICIDAS
AGROTÓXICOS
INIBIDORES DAS COLINESTERASES

CLASSIFICAÇÃO SINAIS E SINTOMAS TRATAMENTO

LEVE Tontura, malestar, náusea Descontaminação cutâneo-mucosa, CA se indicado.


fraqueza muscular discreta, Afastar o paciente da exposição até a atividade da ChE
cólicas abdominais, sem diarréia retornar a pelo menos 75% do basal.

MODERADA Síndrome muscarínica franca ATROPINA: EV, até desaparecer a secreção brônquica (*).
e/ou sinais de estimulação nicotínica: PRALIDOXIMA: (Contrathion)
tremores, fasciculações, dose de ataque: 1g EV
fraqueza muscular e/ou de dose de manutenção: 200-300 mg/h, por 24-48 h ou mais,
alterações do SNC: ansiedade, enquanto permanecerem os s/s de intoxicação.
confusão mental ou letargia e Descontaminação cutâneo-mucosa, CA se indicado.
sonolência.

GRAVE síndrome muscarínica franca Aspiração de secreções, intubação endotraqueal, oxigenação


e/ou ATROPINA: EV, até desaparecer a secreção brônquica (*).
insuficiência respiratória PRALIDOXIMA (Contrathion):
fraqueza muscular dose de ataque: 1-2 g EV
fasciculações, coma, dose de manutenção: 300-500 mg/h por 48 h ou mais
convulsões DIAZEPAM: para controlar crises convulsivas

(*) As doses de atropina variam conforme a intensidade dos sinais muscarínicos, o composto químico envolvido, a idade e o peso do paciente.
INSETICIDAS ORGANOCLORADOS
AGROTÓXICOS

Estruturas químicas
Hexaclorocicloexano (HCH ou BHC) e isômeros (alfa,
beta, gama – lindano, delta, épsilon, etc)

DDT e isômeros e análogos  DDT (pp´DDT,


op´DDT), metoxicloro, etilan, dicofol, clorobenzilato

Compostos ciclodienos  DDT, metoxicloro, dicofol


(Kheltane®), etilan (Perthane ®), clordano (Toxichlor ®)
e isômeros (heptacloro), aldrin, dieldrin, endrin,
endosulfan (Thiodan ®) e isômeros (alfa-endosulfan e
beta-endosulfan), toxafeno

Dodecacloro (Mirex ®) e clordecone


AGROTÓXICOS INSETICIDAS ORGANOCLORADOS

Estruturas Químicas

Lindano (-BHC) DDT


Cl CCl3
Cl Cl
Cl

Cl
Cl Cl Cl

Cl
Cl
Cl

Aldrin Cl

Cl
Cl
INSETICIDAS ORGANOCLORADOS
AGROTÓXICOS

Propriedades
São hidrocarbonetos clorados, de estrutura ciclíca

Altamente lipofílicos

Insolúveis em água, solúveis em solventes orgânicos

Longa permanência no meio ambiente, acumulam-se


em tecidos animais e na cadeia alimentar. Meia vida
varia de dias a dezenas de anos

Estáveis à ação da luz, do calor, da umidade e dos


ácidos fortes

Decompõem-se em meio alcalino  declorinação


AGROTÓXICOS INSETICIDAS ORGANOCLORADOS
Toxicocinética
Absorção – todas as vias
Dérmica  compostos como aldrin, dieldrin e endrin
apresentam DL50 dérmica próxima da DL50 oral
Distribuição – por todo o organismo e acumulam-se em
fígado, rins, cérebro e tecido adiposo, por tempo
indeterminado
Biotransformação – fígado por declorinação / oxidação
 compostos fenólicos
 conversão a epóxidos ou análogos correspondentes
(>toxicidade, ex: heptacloro, endrin)
Excreção - na forma conjugada pela urina, bile e leite
materno.
AGROTÓXICOS INSETICIDAS ORGANOCLORADOS
Mecanismos de ação
 Complexos e não totalmente esclarecidos
 De acordo com a estrutura química, estes agem por
mecanismos distintos, com o fluxo de cátions
através das membranas dos neurônios e em
diferentes regiões do SNC
 Ação tóxica no SNC  Estimulantes
Propostos para os OCl tipo DDT
 Redução do transporte de K+ através dos poros da
membrana e inativação do fechamento do canal de
sódio, interferindo com a repolarização da
membrana dos neurônios
 Inibição da atividade da enzima adenosina-
trifosfatase (ATP-ase) principalmente de Na+ - K+ e
Ca2+ - Mg2+ com acúmulo do íon Ca2+ livre
AGROTÓXICOS INSETICIDAS ORGANOCLORADOS
Mecanismos de ação

intracelular e consequente liberação de


neurotransmissores armazenados nas vesículas,
favorecendo a despolarização dos neurônios
adjacentes, aumentando a irritabilidade neuronal
Inibição da calmodulina (mediador de Ca2+), levando
também à liberação de neurotransmissores
Propostos para os OCl tipo ciclodienos e ciclohexano

Antagonismo do neurotransmissor inibitório ácido


-aminobutírico (GABA) em seus receptores, a nível
do canal de Cl-, resultando em repolarização parcial
do neurônio e um estado de excitação não controlada

Inibição das ATP-ases de Ca2+ - Mg2+ favorecendo a


liberação de neurotransmissores
AGROTÓXICOS INSETICIDAS ORGANOCLORADOS
Mecanismos de ação
Difícil de ser avaliado devido a inúmeros fatores
como: impurezas de fabricação, linhagens dos
animais, diferenças em protocolos
Provas em animais
Aumento de câncer em ovários
Aumento de tumores em fígado, tireóide e pulmões de
ratos e camundongos tratados com doses elevadas
Clordecone e dodecacloro têm sido implicados como
teratogênicos para animais e aves
Para o DDT  carcinogênico em fígado de roedores
Carcinogenicidade no homem
Poucos estudos epidemiológicos
Evidências de carcinogenicidade do mirex e toxafeno
AGROTÓXICOS INSETICIDAS ORGANOCLORADOS
Manifestações clínicas
Exposições ocupacionais
 mal estar geral, indisposição, cefaléia, tontura,
anorexia, fraqueza, dificuldade na fala e
aprendizagem, tremores nas mãos, sinais
polineuríticos, transtornos dos ritmos cardíacos,
lesões oftalmológicas, dermatites de contato são
freqüentes, desordens nervosas, anormalidades da
função hepática e tumores diversos.
 alterações cognitivas e emocionais, motoras e
visuais, perda grave da memória e incapacidade de
desenvolver atividades habituais têm sido descritas
em trabalhadores com mais de dois anos de
exposição ao endosulfan (Verdes et al., 1990)
AGROTÓXICOS INSETICIDAS ORGANOCLORADOS

Manifestações clínicas
Intoxicação aguda
 náusea, vômitos e diarréia
 cefaléia, entorpecimento em face e extremidades,
contrações palpebrais, tremores musculares e
convulsões, incoordenação motora, ansiedade e
confusão mental.
 casos mais graves - hiperexcitabilidade, espasmos
musculares, mioclonias, crises convulsivas tônico-
clônicas generalizadas (tipo grande mal), evoluindo
para estado de mal convulsivo, alterações cardíacas,
coma e depressão respiratória.
AGROTÓXICOS INSETICIDAS ORGANOCLORADOS

Monitorização biológica

OCL e subprodutos 
urina, sangue, tecido
adiposo e leite materno
por CG
Exs: DDT  DDA em
urina (ácido dicloro
difenil acético)

pp´- DDT e DDE em


sangue
Lindano  triclorofenol
(livre ou conjugado).
AGROTÓXICOS INSETICIDAS ORGANOCLORADOS

Tratamento
 Descontaminação gástrica e cutâneo-mucosa
 Controle das convulsões com diazepam nas crises isoladas,
fenitoína nos quadros moderados e barbitúricos nos estados
de mal convulsivo
 Controle das arritmias cardíacas e da hipotensão, preferir a
administração de fluidos por via parenteral às aminas
simpatomiméticas, pois podem precipitar arritmias
 Não existem antídotos específicos
PIRETRÓIDES
AGROTÓXICOS

Principais
compostos

Aletrina,
deltametrina
(Decis®, K-othrine),
decametrina,
cipermetrina,
fenvalerato,
lambdacyalothrina
(Fortis®, Karate®),
permetrina.
INSETICIDAS PIRETRÓIDES
AGROTÓXICOS

Toxicocinética

Absorção  via digestiva (rápida) e respiratória. A via


cutânea assume importância no uso ocupacional.

Biotransformação  complexa e não de todo


esclarecida, sendo geralmente metabolizados por
hidrólise-éster, oxidação e conjugação. Após absorção
são clivados na posição éster por carboxiesterases
microssômicas.

Excreção  os metabólitos são excretados via urinária,


na forma conjugada entre 48 e 72 horas. Piretróides do
grupo II são excretados lentamente.
INSETICIDAS PIRETRÓIDES
AGROTÓXICOS

Classificação de acordo com sintomas básicos


do envenenamento
em baratas em ratos PRTD
Tipo I ou síndrome T inquietação hiperexcitação aletrina
(Tremores) incoordenação sparring (*) fenotrina
PRTD do Grupo I prostração agressividade permetrina
paralisia  resposta de susto piretrina I
tremor generalizado tetrametrina
prostração

Tipo II ou síndrome CS hiperatividade burrowing (**) cipermetrina


(Coreoatetose e Salivação) incoordenação arrepios cyphenotrin
PRTD do Grupo II convulsões convulsões clônicas deltametrina
coreoatetose fenpropantrin
salivação profusa fenvalerato

* Movimenta-se conforme a movimentação da gaiola.


** Comportamento de cavar buracos, próprio de roedores.

Fonte: D.J. ECOBICHON, 1996.


INSETICIDAS PIRETRÓIDES
AGROTÓXICOS

Mecanismo de ação

 Apesar dos estudos não serem conclusivos ambos


os tipos promovem aumento de cálcio livre na
terminação nervosa, através da Inibição da Ca2+ ATP-
ase e da calmodulina, proteína responsável pelas
ligações intracelulares dos íons Ca2+.

Ao final tem-se o aumento na liberação de


neurotransmissores
Compostos do tipo II promovem despolarização
persistente na membrana do nervo pelo
prolongamento mais duradouro do influxo de íons Na+
com redução na amplitude do potencial de ação e
colapso na condução do axônio.
INSETICIDAS PIRETRÓIDES
AGROTÓXICOS
Manifestações clínicas
Exposições ocupacionais
 em 1 a 2 horas ou, várias horas após a exposição,
ocorrem ardência e sensações anormais em face,
descritas como queimor ou formigamento, irritação da
pele e do trato respiratório, vertigens, cefaléia, fadiga
muscular, anorexia, palpitações, sudorese e parestesias

 Multiple Chemical Sensitivities: múltiplas


manifestações em múltiplos sistemas após doses
subtóxicas de substâncias ou agressões ambientais,
especialmente por intolerância a odores, sem evidência
de lesão orgânica que explique os sintomas (Cullen, 1987;
Gots, 1993,1995; Staudenmayer e Kramer, 1999; Altenkirch, 2000;
Labarge, 2000; Woolf, 2000; Rowat, 2001)
INSETICIDAS PIRETRÓIDES
AGROTÓXICOS

Manifestações clínicas

Via aérea superior


tosse, espirros, edema de mucosa oral, orofaringe,
incluindo a laringe (dispnéia por obstrução alta)

Via aérea inferior


tosse, dispnéia, sibilos e dor torácica

Cutânea
dermatite de contato com prurido, eritema e vesículas
INSETICIDAS PIRETRÓIDES
AGROTÓXICOS
Manifestações clínicas (-cianocompostos)
Doses altas por via digestiva
gerais: mal estar, opressão torácica, palpitação

gastrintestinais: náuseas, vômitos, dor abdominal,


salivação

neurológicas: cefaléia, vertigem, confusão mental,


visão borrada, parestesias (lábio, língua e face),
hiperexcitação, fasciculações musculares (grandes
músculos de extremidades) e alterações de consciência

casos graves: convulsões (flexão de membros


superiores e extensão dos inferiores), opistótono e
depressão do SNC
INSETICIDAS PIRETRÓIDES
AGROTÓXICOS

Avaliação laboratorial
Não rotineira para uso clínico

Os metabólitos são detectados em urina por


cromatografia gasosa ou CG-espectrometria de massas

Cl2CA 3-(2,2-diclorovinil)-2,2'-dimetil-ciclopropano
ácido carboxílico  permetrina e cipermetrina

Br2CA  deltametrina

3PBA- ácido 3-fenoxibenzóico  permetrina


INSETICIDAS PIRETRÓIDES
AGROTÓXICOS

Tratamento
Medidas de descontaminação

Uso de antihistamínicos e corticosteróides nas


reações alérgicas

Uso de broncodilatadores SN

Diazepam para sedação e controle das convulsões

Medidas de suporte

Não há antídotos específicos.


HERBICIDAS E AFINS
AGROTÓXICOS

 Bipiridílicos Compostos triazínicos


• Paraquat • Atrazina
• Diquat
• Simazina

 Fenoxiácidos e derivados
• 2,4-D Compostos amídicos
• 2,4,5-T • Alaclor
• Propanil
 Derivados da glicina
• Glifosato Dintroanilinas
• Sulfosato • Trifluralina

 Derivados da uréia Reguladores do cresc.


• Diuron • n-decanol
• Linuron • Flumetralin
• Neburon
Distribuição dos casos envolvendo GLIFOSATO
AGROTÓXICOS
de acordo com o ano de atendimento (n = 396)
70

60

50

40
Casos

até
30 março

20

10

0
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Ano

Fonte: CIT/SC, abril de 1984 a março de 2000.


GLIFOSATO
AGROTÓXICOS

 Herbicida organofosforado não-inibidor da


colinesterase
 Produtos comerciais:
– ROUND UP ®
 “Inertes”:
– POEA: surfactante
polioxietilenoamina
3 vezes mais tóxico
que glifosato
(sinérgicos)
– nitrosaminas
Toxicocinética
GLIFOSATO
AGROTÓXICOS

 Absorção
• pele: 2% ou menos
• via digestiva: 15 a 36%
 Distribuição: VD = 0,28 L/Kg
 Metabolização: AMPA (ácido amino metil fosfônico)
 Eliminação
• 62 a 69% fecal sem absorção
• 14 a 29% renal
• 99% (eliminado em 7 dias)
Toxicodinâmica
 Plantas: inibe a enzima 5-enolpiruvilshiquimato-3-
fosfato sintetase (EPSPS)
Animais: mecanismo desconhecido
Efeitos clínicos nos casos de ingestão de glifosato de acordo
AGROTÓXICOS
com as séries publicadas na literatura (n=377)
1. Dor oral e da garganta 41% - 79%
2. Náuseas e/ou vômito 44% - 74%
3. Leucocitose 52% - 68%
4. Ulceração/erosão da mucosa oral 7% - 43%
5. Hipertermia 7% - 41%
6. Elevação de enzimas hepáticas 19% - 40%
7. Acidose Metabólica 14% - 38%
8. Estado mental alterado 11% - 21%
9. Diarréia 12% - 19%
10. Oligúria ou anúria 10% - 14%
11. Arritmias 11%
12. Choque 9% - 10%
13. Edema pulmonar 4% - 9%

Sawada et al, 1988; Tominack et al, 1991; Talbot et al, 1991; Lee et al, 2000
GLIFOSATO
AGROTÓXICOS

Exposições ocupacionais

• Irritação ocular,
dérmica ou do trato
respiratório
• Eritema, piloereção
• Pneumonias
aspirativas
• Dermatites de
contato que se
assemelham a
queimaduras de sol
AGROTÓXICOS
GLIFOSATO
AGROTÓXICOS

Manifestações clínicas
 Via oral - Caso leve
– irritação/lesões em mucosas e TGI
– náuseas, vômitos e diarréia em até 24h
– Sinais vitais estáveis
 Via oral - Caso moderado
– sintomas GI (náuseas, vômitos) por mais de 24 h
– ulceração mucosas e TGI
– hemorragia GI
– hipotensão responsiva a fluidos EV
– distúrbios ácido-básicos
– alterações renais/hepáticas transitórias
– disfunção pulmonar leve
GLIFOSATO
AGROTÓXICOS

Manifestações clínicas
 Via oral - Caso grave
• falência respiratória
• insuficiência renal  hemodiálise
• hipotensão  vasopressor
• falência cardíaca
• convulsões, hipertermia
• coma  choque irreversível  óbito
 A morte tem sido associada:
• Severa hipotensão
• Choque
• Falência renal e SARA
GLIFOSATO
Laboratório
AGROTÓXICOS

 Glifosato e AMPA  CG, CLAE, Espectrometria de


massas e espectrometria por RNM
 Hemograma  leucocitose, Hb, Ht (hemólise
intravascular
 Eletrólitos
 Gasometria
 CPK e frações
 Lactato desidrogenase
 Amilase
  TGP, TGO, FA, bilirrubinas
 Uréia e creatinina
 RX de tórax (infiltrado pulmonar difuso)
 Endoscopia
AGROTÓXICOS
GLIFOSATO
Tratamento
 Assegurar vias aéreas pérvias
 Assistência respiratória
 Oxigênio a 100% inicialmente
 Estabelecer acesso venoso
 LG até 4 h após ingestão
 CA 50 a 100 mg - dose única
 Monitorização cardiovascular e renal
 Hipotensão: fluidos, Trendelenburg, aminas
vasopressoras (NA, DA, Dobutamina)
 Avaliar necessidade de hemodiálise
 Endoscopia avalia lesões GI
 Suporte e manutenção
GLIFOSATO
AGROTÓXICOS

Prognóstico
 5 - 50 mL: assintomáticos ou leves
 5 - 150 mL: casos leves a moderados
 85 mL a 200 mL: casos fatais

 Paciente pode ser admitido consciente, com


hipotensão que responde inicialmente ao
tratamento com fluidos e vasopressores e,
posteriormente, desenvolver choque refratário
a essas medidas.
FENOXIÁCIDOS
AGROTÓXICOS

• 2,4-D
• Tordon®
• DMA®
• Bi-hedonal®
• Herbi®
• Aminol®

• 2,4,5-T
• MCPA
FENOXIÁCIDOS 2,4-D
AGROTÓXICOS

 Terceira causa de intoxicação por herbicidas em


Santa Catarina: 42 casos (16,8%) foram registrados
pelo CIT/SC, de 1994 a 1996

 Desse grupo, o agente mais importante em nosso


meio é o 2,4-D ou ácido 2,4-diclorofenoxiacético, que
geralmente vem associado ao picloram, um herbicida
heterocíclico – TORDON

 Baixa volatilidade

 Contaminantes de produção: TCDD (2,3,7,8-


tetraclorodibenzo-p-dioxina)
FENOXIÁCIDOS 2,4-D
AGROTÓXICOS
Propriedades
 Estudos em animais: embriotóxicos, carcinogênicos
e teratogênicos (2,4-D e TCDD)

 Estudos epidemiológicos em trabalhadores expostos:


ocorrência de certos tipos de câncer, especialmente
sarcomas de tecidos moles e desordens
mielolinfóides proliferativas

 IARC (1997)  TCDD  Grupo I  carcinogênica


para humanos

 Estudos em humanos: revisão de todos os estudos


epidemiológicos (Sweeney,1994) não foi possível
estabelecer este agente como teratogênico em
humanos, seja por exposição materna ou paterna
FENOXIÁCIDOS 2,4-D
AGROTÓXICOS

Toxicocinética

Absorção – inalatória e digestiva


Distribuição – por todos os tecidos, > conc. em fígado,
rins, cérebro, pâncreas, baço
Biotransformação – hepática
 metabólitos derivados da TCDD e outras dioxinas
Excreção – lenta
 inalterados
 conjugados
FENOXIÁCIDOS 2,4-D
AGROTÓXICOS
Mecanismo de ação
Estudos experimentais demonstram que o 2,4-D induz
miotonia nos animais com aumento passivo do influxo
de K+ e diminuição compensatória de Cl- na
condutância nervosa
Manifestações Clínicas
Altas doses produzem:
 efeitos irritantes (úlceras necróticas), vômitos,
hipotensão, letargia, sudorese profusa
 falência hepática, renal e respiratória
 hipertonia, contrações musculares, tremores e
raramente convulsões
 inconsciência seguida de depressão do SNC, estupor,
coma e morte
FENOXIÁCIDOS 2,4-D
AGROTÓXICOS

Manifestações Clínicas
Trabalhadores expostos
 irritação de pele, olhos e mucosas, erupções cutâneas,
alterações urinárias (oligúria, hematúria, albuminúria)
 cloracne, hiperpigmentação, hipomineralização,
hepatoxicidade transitória, aumento da fragilidade
cutânea, erupções vesiculares
 taquicardia/bradicardia, ECG com achatamento e
inversão de onda T
 rabdomiólise com mioglobinúria e IRA

Sinais severos de envenenamentos em mamíferos:


fraqueza muscular, espasmos e incoordenação motora até
paralisia, pp de membros inferiores
FENOXIÁCIDOS 2,4-D
AGROTÓXICOS

Alterações Laboratoriais
 acidose metabólica, com bicarbonato baixo

 aumento de CPK, uréia e creatinina, leucocitose

 enzimas hepáticas alteradas (dano hepatocelular)

Tratamento
 Medidas de descontaminação e CA
 Alcalinização urinária
 Controle e manutenção das condições vitais
 Prevenção de insuficiência renal e hepática
DERIVADOS DA URÉIA
AGROTÓXICOS
Principais Compostos
• Diuron
• Linuron (Afalon®)
• Neburon

Toxicocinética
Biotransformação: hepática com compostos da anilina
correspondentes

Contaminantes: mutagênicas e carcinogênicas


 TCAB (3,4,3´,4´tetracloroazobenzeno)
 TCAOB (3,4,3´,4´tetracloroazoxibenzeno)

Manifestações clínicas
Moderada irritação de pele, olhos e trato respiratório.
Metabólitos: irritação do trato urinário, metemoglobinemia
TCAB e TCAOB: dermatites acneiformes e hiperceratoses
COMPOSTOS TRIAZÍNICOS
AGROTÓXICOS
Principais compostos
 Atrazina
 Simazina
 Propazina

Manifestações Clínicas
Exposições ocupacionais intensas
 fadiga, tontura, náuseas, irritação de pele, olhos e
trato respiratório eczema alérgico e asma
 atrazina têm sido relacionada a caso de
polineuropatia sensomotora
Doses elevadas
 acidose metabólica, sangramentos gástricos,
necrose hepática, IRA, CIVD, coma, colapso
circulatório
INTOXICAÇÃO AGUDA POR PARAQUAT
AGROTÓXICOS

 Herbicida de contato
 Grupo dos bipiridílicos
 Produtos comerciais:
 GRAMOXONE ®
 GRAMOCIL®
 Morbi-mortalidade
 Tentativas de suicídio
 Exposições ocupacionais
 Lesões oculares severas,
cerato-conjuntivite
 Dermatites, rinofaringite, uveíte
AGROTÓXICOS
INTOXICAÇÃO AGUDA POR PARAQUAT
AGROTÓXICOS
Exposições ao PQ: distribuição por grupo etário e sexo. CIT/SC,
1984 a 2002.

1a4 5 2 Masculino
2 Feminino
5a9
10 a 14 21
15 a 19 11 12
Faixa etária

20 a 29 58 9
30 a 39 38 11
40 a 49 26 9
50 a 59 14 3
60 a 69 6
70 a 79 4
Ignorado 4

0 10 20 30 40 50 60 70
Nº de casos
Paraquat - toxicocinética
AGROTÓXICOS

 Absorção pobre
 pele: desprezível
 pulmões: desprezível
 via digestiva: 1 a 5% †
 Parâmetros toxicocinéticos:
 DL50 oral min  3 a 6 g (15 a 30 mL da sol. a 20%)
 Cmax  30 min a 2 horas
 Excreção  80 a 90% pelos rins nas primeiras 6 horas e quase
100% em 24 horas
 PQ  efeitos carcinogênicos (não existe associação direta)
Incidência  de carcinoma em ratos
 Possível carcinógeno humano
Paraquat: distribuição e órgãos-alvos
AGROTÓXICOS

PARAQUAT
absorvido

FÍGADO RINS
necrose centro-lobular necrose tubular
comprometimento comprometimento
transitório transitório

PULMÕES MÚSCULO
conc. max. 5-7 dias ESQUELÉTICO
fibrose difusa armazenamento
AGROTÓXICOS Mecanismo de ação do paraquat

Fonte: Goldfrank’s toxicologic emergencies, 1998.


Paraquat: manifestações clínicas
AGROTÓXICOS

• Forma típica
– 30-50 mg/Kg (10-20 mL)
– cursa com 3 fases
• Forma hiperaguda
– > 50 mg/Kg (> 20 mL)
– † falência múltiplos órgãos <24 h
– † choque cardiogênico < 4 dias
• Forma subaguda
– < 30 mg/Kg (< 10 mL)
– intoxicação benígna
AGROTÓXICOS
Paraquat - forma típica

• Fase inicial (imediato)


– dor em orofaringe e retrosternal
– vômitos intensos  desidratação
– lesões cáusticas (após 12- 24 h)
• Segunda fase (2 - 5 dias)
– Necrose tubular renal  IRA
– Necrose hepatocelular moderada
• Terceira fase (após 5 dias)
– Fibrose pulmonar
AGROTÓXICOS
Paraquat - diagnóstico

 Paciente jovem, de zona rural

 História de ingestão mata-mato

 Distúrbios GI intensos e
– dor, vômitos e desidratação (24 h)
– IRA oligúrica ou não (após 24 h)
– dispnéia progressiva (após 5 dias)
– óbito por insuficiência respiratória
– ingesta maçiça (mais que 20 mL a 20%)
Paraquat - análises laboratoriais
AGROTÓXICOS

 Endoscopia nas primeiras 24 horas

 Eletrólitos, uréia, creatinina, gasometria

 Transaminases, bilirrubinas e coagulograma

 RX tórax: cardiomegalia, pneumotórax, efusão pleural, edema e


fibrose do tipo difuso

 ECG: alterações de onda T, taqui ou bradicardia sinusal, distúrbios de


condução

 Teste qualitativo: com ditionito de sódio, em urina


 Testes quantitativos: RIA, CLAE, espectroscopia,
espectrosfotometria, em sangue e urina
AGROTÓXICOS
Paraquat - tratamento
• Indução de vômitos: não indicada
• Descontaminação cutânea e ocular
• Descontaminação gastrintestinal
– Lavagem gástrica: até 1 hora após
– Adsorventes:
• Terra Füller a 30% ou CA
– Catárticos:
• Manitol a 20% - 200 mL adultos
• Manitol a 20% - 5 mL/Kg/dose crianças
• Sulfato sódio/magnésio - 30g adultos
• Sulfato sódio/magnésio - 250 mg/Kg/dose crianças
Paraquat - tratamento
AGROTÓXICOS

• Hidratação parenteral
• Diurese forçada e diálise peritoneal
• Hemodiálise e hemoperfusão
• Prevenção da fibrose pulmonar:
– Oxigenioterapia: restringir uso. Fração inspirada de O2 > 21%
pressão parcial O2 arterial cair abaixo de < 40 a 50 mmHg
– propostas terapêuticas:
•Vitamina C e E: anti-oxidantes
• Imunosupressores (dexametasona e ciclofosfamida):  resposta
inflamatória e fibrose
•Superóxido dismutase:  radicais livres
•N-acetilcisteína:  síntese de glutationa

• Medidas de controle e suporte


AGROTÓXICOS HERBICIDAS
ACADEMIA NACIONAL DE CIÊNCIAS DOS EUA
 Há evidências suficientes da
associação estatística entre
exposição a herbicidas e
sarcomas de tecidos moles,
Doença de Hodgkin´s,
linfomas não Hodgkin´s,
cloracne e porfiria tardia
 Evidências sugestivas da associação entre exposição a
herbicida e cânceres respiratórios, de próstata e
mieloma múltiplo
 Evidências inadequadas para demonstrar a associação
para muitos outros cânceres e desordens
FUNGICIDAS
AGROTÓXICOS

 Ditiocabamatos  Metais orgânicos


Mancozeb  Mercúrio
(Manzate®, Dithane®)  Estanho
Maneb  Ftalimidas
Zineb, Tiram  Captan
Metais inorgânicos  Captafol
 Cobre Derivados fenólicos
 Estanho  Nitrofenóis
Manganês  Pentaclorofenol
Clorotalonil
DITIOCARBAMATOS
AGROTÓXICOS

 Não são inibidores das colinesterases

 irritantes moderados de pele e mucosas

 ingestão de grandes quantidades, ocorrem vômitos e


diarréia importante, com distúrbios hidreletrolíticos e
ácido-básicos

 a associação com álcool  reações tipo antabuse,


com opressão torácica, vômitos intensos, sinais de
vasodilatação periférica, hipotensão e choque

 exposições ocupacionais  quadro irritatório de


pele, olhos e mucosas, dermatites de contato, sinais de
vitiligo em face, pescoço, tronco, antebraços e genitália
DITIOCARBAMATOS
AGROTÓXICOS
 exposições ocupacionais  efeitos agudos
associados a convulsões (ação no SNC) dissulfeto de
carbono e sulfeto de hidrogênio

 Metabólitos: etilenouréia, 2-imidazolina,


etilenodiamina, dissulfeto de carbono, etilenotiouréia

 Etilenotiouréia (ETU)
 atividade carcinogênica, teratogênica e mutagênica
em animais
 tumores da tireóide e diferentes anomalias em SNC
e esquelético de ratos e hamsters
 exposições a longo prazo  ação antireoideana com
 dos níveis de T3 , T4 e PBI e  TSH

Tratamento
DERIVADOS FENÓLICOS – PCF, PCFNa
AGROTÓXICOS

Propriedades
 Lipossolúveis, PCFNa
(hidrossolúvel), persistentes no
ambiente
 Contaminantes indesejáveis:
dioxinas e furanos
 Dioxinas e furanos 
teratogênicos e carcinogênicos
 IARC sugere que o PCF é um
possível carcinógeno humano,
com risco aumentado de câncer
nasal e orofaríngeo
DERIVADOS FENÓLICOS – PCF, PCFNa
AGROTÓXICOS
Toxicocinética
• Absorção: dérmica, inalatória e gastrintestinal
• Distribuição: em todos os tecidos e acumulam-se em
tecidos gordurosos. Tendência a acumulação em
exposições repetidas.
• Biotransformação: hepática (livre ou conjugada com
ácido glicurônico ou ainda como metabólitos)
• Excreção: urinária

Toxicodinâmica
 aumento do metabolismo oxidativo celular que
resulta do desacoplamento da fosforilação oxidativa (os
nitrofenóis são mais ativos que os clorofenóis).
DERIVADOS FENÓLICOS – PCF, PCFNa
AGROTÓXICOS
Manifestações Clínicas
 Exposições ocupacionais: dermatites de contato,
cloracne, danos ao sistema respiratório, imunológico e
circulatório

Intoxicação aguda leve: irritação nasal, dos olhos e


garganta, coriza, lacrimejamento e tosse irritativa,
anorexia, mal estar geral, cefaléia, náuseas, vômitos,
transpiração excessiva

 Intoxicação grave: sede intensa, hipertermia,


taquicardia, desidratação, acidose metabólica;
dispnéia, dor torácica opressiva; dor abdominal e
vômitos; inquietação, excitação, confusão mental e
convulsões
DERIVADOS FENÓLICOS – PCF, PCFNa
AGROTÓXICOS

Alterações Laboratoriais
alterações de enzimas hepáticas
uréia e creatinina séricas aumentadas
albuminúria, hematúria e leucocitúria
Dosagens de PCF urinário ou metabólitos (CGL, CG-
detector de captura de eletrons, espectrofotometria)
Tratamento
Descontaminação cutâneo-mucosa, CA
Combate à hipertermia com medidas físicas
 Hidratação e correção dos distúrbios ácido-básico
Diazepam para sedação
Não há antídotos nem métodos de remoção
extracorpórea eficazes
AGROTÓXICOS FOSFETOS METÁLICOS
Toxicocinética e generalidades
• Envenenamentos
epidêmicos que
excedem a
tragédia de
Bhopal, India.
• Em presença de
umidade liberam
gás fosfina
• Absorção: inalatória e gastrintestinal
• Dose letal oral em adultos < 1,5 g
• Efeitos: em órgãos com alta demanda de oxigênio
(pulmões, cérebro, coração, fígado, etc)
AGROTÓXICOS FOSFETOS METÁLICOS
Sinais Clínicos
 Imediatos: fadiga, cefaléia, náuseas, vômitos,
diarréia, dor abdominal, sangramento gastrintestinal,
icterícia, dispnéia, edema pulmonar severo, choque,
oligúria e coma

marcada taquicardia, alterações sensoriais,


depressão do SNC, miocardite tóxica e colapso
circulatório

Sintomas menores em trabalhadores especializados


na fumigação de grãos: tosse, dispnéia, opressão
torácica, cefaléia, tontura, vertigens, letargia, anorexia,
dor epigástrica. Roncos difusos bilaterais à ausculta
pulmonar e diminuição dos reflexos motores
COMPOSTOS MERCURIAIS
AGROTÓXICOS

Metilmercúrio é
comprovadamente
teratogênico em
humanos e
exposições
perinatais têm
causado paralisia e
retardo mental.
Impurezas Ingredientes ativos Impurezas Químicas
Tolerância máxima
controladas no Produto Técnico
AGROTÓXICOS
Ametrina
pelo IBAMA Atrazina
Butralina
em ingrediente Cianazina
Flumetralina N-nitrosaminas 0,5 ppm
ativos Glifosato
Orizalina
Prodiamina
Simazina
Trifluralina

Daminozida
Oxifluorfen N-nitrosaminas 1 ppm
Pendimentalina

2,4 - D
Pentaclorofenol Dioxinas totais 0,1 ppm

Diuron Tetracloroazobenzeno (TCAB) 10 ppm


Linuron Tetracloroazoxybenzeno (TCAOB) (total)
Propanil

Hidrazida malêica Hidrazina 1,5 ppm

Dicofol DDT-R (DDT, DDE, DDD) e seus 1000 ppm


isômeros

Quitozeno (PCNB) Hexaclorobenzeno - HCB 1000 ppm

Picloram
Clorotalonil Hexaclorobenzeno - HCB 100 ppm
Clortal-dimetílico
(DCPA)

Carbendazin Aminohidroxifenazina (AHP) 3,5 ppm


Diaminofenazina (DAP) (total)
AGROTÓXICOS ESTÁGIO ATUAL
 Os agrotóxicos apresentam em alguns estudos um maior
risco para determinados tipos de anomalias congênitas
 Estes estudos devem ser ampliados inclusive em números
amostrais e controle de potenciais variáveis (fatores) de
confusão.
 Monitorização de
defeitos congênitos em
áreas de exposição
(estudos localizados),
durante períodos
longos de tempo.
 Necessidade de meta-
análises.
AGROTÓXICOS As intoxicações severas são mais
comuns nos países em desenvolvimento,
justamente onde a disponibilidade de exames
complementares e o estabelecimento da
relação dose-efeito é problemática.
(Bateman, 2000; Ray, 2000)

Obrigada

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