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Cinquenta anos de pensamento na

CEPAL
Organização de Ricardo
Bielschowsky
VIII. À GUISA DE CONCLUSÃO: OS ANOS
1990 E AGENDA DA “TRANSFORMAÇÃO
PRODUTIVA COM EQUIDADE”
Acadêmico: Matheus Gobbato Leichtweis
ROTEIRO DA APRESENTAÇÃO

• INTRODUÇÃO;
• Contexto histórico;
• Neoestruturalismo cepalino;
• Transformação produtiva com equidade;
• À guisa de conclusão
INTRODUÇÃO
50 anos de pensamento na CEPAL
• ENFOQUE HISTÓRICO-ESTRUTURALISTA (relação centro-
periferia)
• Três planos analíticos:
1. INSERÇÃO INTERNACIONAL
2. CONDICIONANTES ESTRUTURAIS INTERNOS
(crescimento ,progresso técnico, emprego e distribuição
de renda)
3. NECESSIDADES E POSSIBILIDADES DE AÇÃO ESTATAL
• Continuidade e unidade: adaptação a novos contextos
históricos
Contexto Histórico
• Anos 1980: a “década perdida”.
– Asfixia financeira: problema do endividamento
externo;
– Ortodoxia liberal e consenso de Washington: ajuste
com crescimento;
– Ajustes recessivos + abertura comercial e financeira,
privatização e redução da intervenção estatal;
– Sensação de irreversibilidade histórica (“There is no
alternative”);
– clima hostil ao pensamento da CEPAL
(desenvolvimentismo relegado a um segundo plano)

Anos 1980
Contexto Histórico
– Financeirização do capital gera nova relação de
dependência;
– análise da subordinação do processo produtivo
aos interesses do sistema financeiro (1985,
CEPAL, texto 22) ;
• "a medida que se extremaban estos cambios
financieros el sistema productivo iba perdiendo parte
apreciable de su poder económico y político” .
• Vulnerabilidade externa devido à valorização
da taxa de câmbio

Anos 1980
Contexto Histórico
Fernando Fajnzylber, faz retomada do desenvolvimentismo. Transição
do estruturalismo ao neoestruturalismo.
• Em “La industrializacion trunca de America Latina (1983)”
– nova industrialização. Eficiência a partir de crescimento e
criatividade;
– criação de um núcleo endógeno de progresso técnico, como
condição necessária para penetrar e se manter no mercado
internacional.
• Em “industrialização na America Latina: da ‘caixa preta' ao 'conjunto
vazio” (1990, texto 23);
• Desenvolvimento econômico-social: crescimento e distribuição
de renda entre 1970 e 1984 na América Latina.

Anos 1980 Transição


Contexto Histórico
– Renegociação da dívida (plano Brady, 1989/1990);
– Radical redução das taxas de juros (1991);
– Novo contexto de financiamento internacional;
– Grandes fluxos de capital estrangeiro;
– Reversão do estrangulamento financeiro.

Anos 1980 Transição Anos 1990


Contexto Histórico
• No âmbito do desempenho e da politica economica
1. moderada recuperação econômica, acompanhada de
importante estabilização de preços;
• VULNERABILIDADE EXTERNA tão presente quanto sempre
(valorização da taxa de câmbio) => desestabilização
macroeconômica;
2. rápido processo de reformas (abertura comercial e
financeira, privatização e flexibilização laboral)
• Suscita novos modelos de comportamento dos agentes
produtivos e do Estado;
• debate ideológico polarizado;
– CEPAL subordina sua apreciação ao critério da existência de
uma “estratégia” reformista que pudesse maximizar seus
benefícios e minimizar suas deficiências a médio e longo prazos.

Anos 1980 Transição Anos 1990


NEOESTRUTURALISMO CEPALINO
• “Neo” = Adaptação aos novos tempos de abertura e globalização;
• Flexibilização do conceito de políticas de desenvolvimento que
havia acompanhado o estruturalismo clássico;
• alterações nas formas de intervenção do Estado na economia,
buscando-se ampliar sua eficiência;
– Admite-se a inevitabilidade de um novo marco regulatório;
– Novas estratégias e políticas alternativas às reformas ortodoxas;
– revisão seletiva e transformadora das reformas da ortodoxia;
• compromisso entre ampliação das funções de mercado e a defesa
da prática de intervenção governamental mais seletiva;
NEOESTRUTURALISMO CEPALINO
• Compromisso permite recuperação da agenda
desenvolvimentista e das pautas de progresso técnico e de
distribuição de renda
• Mantém-se o enfoque histórico-estruturalista (tradição
cepalina):
– foco no progresso técnico para eliminar a pobreza e
vulnerabilidade externa;
– a estrutura agrária condiciona a distribuição de renda que,
por sua vez, define o padrão de consumo que, por sua vez,
condiciona a capacidade de poupar e investir;
• maior equidade corresponde a padrões mais austeros e mais
capazes de dinamizar a economia
• maior austeridade pode influir favoravelmente na relação capital-
produto e na intensidade da utilização de divisas.
Transformação produtiva com
equidade
• “Transformaçao produtiva com equidade: a terefa prioritária
do desenvolvimento da America Latina e do Caribe” (CEPAL,
1990, texto 24) - Fernando Fajnzylber e Rosenthal
– Progresso técnico com melhorias distributivas
– Educação e conhecimento como eixos fundamentais
– crescimento a longo prazo + justiça social
– EQUIDADE + PROGRESSO TECNICO => elevação da
PRODUTIVIDADE E COMPETITIVIDADE (Autêntica e
sistêmica)
• Autêntica pois baseada no fortalecimento da capacidade produtiva
e da inovação (novas tecnologias, qualificação do capital humano e
da equidade) (em oposição à competitividade espúria)
Transformação produtiva com
equidade
• caráter sistêmico da competitividade
– rede de vinculações entre agentes produtivos e infra-estrutura física
e educacional; e entre aumento de produtividade e elevação
do padrão de vida da população como um todo;
– formação de recursos humanos como fórmula decisiva para
a transformação produtiva a longo prazo;
– políticas tecnológicas ativas que permitam o catching-up
tecnológico;
• Estratégia: competitividade internacional “autêntica”,
baseada em incorporação deliberada e sistemática do
progresso técnico ao processo produtivo.
• Prioridades: criação de infra-estrutura física; formação de
recursos humanos; políticas de inovação e de
progresso técnico para alcançar um "crescimento mais
elevado e uma inserção internacional exitosa”
Transformação produtiva com
equidade
• A indústria permance como eixo
da transformação produtiva, mas enfatizam-se
suas articulações com os demais setores (atividade
primária e de serviços) para favorecer os efeitos de
derrame (spillovers) e os encadeamentos produtivos.
• Alteração do papel do Estado: nem aumentar nem
diminuir, mas “aumentar seu impacto positivo sobre
a eficiência e eficácia do sistema econômico em seu
conjunto”.
ABERTURA COMERCIAL E ECONÔMICA
• posicionamento frente às reformas:
• maior abertura comercial, de forma gradual e produtiva,
e reforçada por um tipo de câmbio real elevado
• abertura tem que viabilizar, ao mesmo tempo, a expansão
das importações e das exportações
• Graduação deve se dar em função da disponibilidade de divisas
e deve haver harmonização da politica cambial com políticas
de proteção tarifaria e de promoção de exportações para
conferir neutralidade de incentivos entre produção para o
mercado interno e para exportações
• maior abertura econômica, gradual e seletiva,
como meio de introduzir o progresso técnico e o
aumento da produtividade
RELAÇÕES ENTRE CRESCIMENTO,
EMPREGO E EQUIDADE
• “Equidad y transformacion productiva, un enfoque integrado”
– Procura identificar complementariedades entre crescimento com
intenso progresso técnico e equidade;
– subemprego + efeitos perversos do progresso técnico e do baixo
crescimento têm sobre o volume de emprego formal e sobre as
desigualdades salariais geram apreensões e perplexidade;
• “Panorama Social”: desde 1992. acompanhamento de indicadores sociais
• “Fortalecer el Desarrollo” (CEPAL, 1996);
– para alcançar a meta da equidade através de simultâneo aumento de
produtividade e elevação salarial, há necessidade de aceleração do
crescimento para muito além do que está ocorrendo;
• “brecha de la equidad” (CEPAL 1997, texto 26)
– levantamento sobre a evolução do quadro social latino-americano em
matéria de pobreza, emprego e integração social. Descreve e avalia a
evolução das políticas sociais
QUESTÃO EDUCACIONAL E
REGIONALISMO
• “Educação e conhecimento: eixo da transformação
produtiva com equidade (CEPAL, 1992, texto 25) CEPAL e
UNESCO
– mensagem central: “la reforma del sistema de producción y
difusión del conocimiento es (…) un instrumento crucial para
enfrentar tanto el desafio en el plano interno, que es la
ciudadanía, como el desafio en el plano externo, que es la
competitividad (p. 17)"
• “Regionalismo aberto”, Rosenthal (CEPAL, 1994, texto 27)
– aborda processo de integração regional: virtudes da
simultaneidade entre a abertura comercial na AL para com o
resto do mundo e a intensificação do comercio intra-regional
Ameaças oriundas da globalização
financeira
• “America Latina e Caribe: políticas para melhorar a inserção na
economia mundial” (CEPAL, 1994b, texto 28)
– visão premonitória da crise mexicana 1994 e asiática 1998;
– Enfrentamento à ortodoxia liberalizante;
– advertências quanto à volatilidade dos capitais: efeitos perversos de
entradas de capital não acompanhadas de elevação correspondente
de investimento produtivo e da competitividade para exportação;
– destaca o perigo representado pelo recurso a entrada de capital como
elemento de estabilização de preços, quando levado a valorizações
cambiais não compatíveis com desempenho da balança
comercial, necessárias ao equilibrio das contas externas a médio e
longo prazos;
– advertências sobre a necessidade de implantar políticas de regulação
bancária prudencial, sobretudo em fases de liberalização financeira;
• “Control de las corrientes de capital extranjero de corto plazo y la
regulación estricta de las finanzas” (CEPAL, 1995)
À guisa de conclusão
• atualização da agenda do ciclo 1949-1980
– Retorno ao enfoque nas estruturas produtivas e distributivas;
– progresso técnico e distribuição de renda são retomados como eixos de
análise;
• Novo modelo de inserção internacional = novas exigências
– modernização dos desgastados aparelhos produtivos
– reestruturação da inadequada especialização das economias da região
na direção da construção de “competitividades sistêmicas”
• Contexto é novo, mas elementos da mesma agenda de investigação
permanecem
– VULNERABILIDADE EXTERNA acrescida também a vulnerabilidade financeira
– relações entre: PROGRESSO TÉCNICO E REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA;
EMPREGO E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA
– reaparecem espaços para preocupações estruturalistas com o subemprego e a
insuficiencia de um crescimento sustentado.
– não se avançou muito quanto à equidade
À guisa de conclusão
• analogia histórica entre o período inicial e os anos 1990:
– nos anos 50, estudou-se as transformações econômicas e sociais que
ocorreram durante as primeiras etapas de mudança do padrão
de acumulação, do modelo primario-exportador para o modelo urbano
industrial. Daí derivou-se uma agenda de políticas, inclusive pela via
de intervenção direta do estado, para corrigir os problemas estruturais de
uma “periferia” subdesenvolvida, que o mercado nao teria como fazer de
forma espontanea
– nos anos 90. estudo das transformações provocadas por outra mudança de
modelo de acumulação na região, ou seja, a que se dá pela reorientação dos
marcos regulatórios, por intermédio da liberalização dos mercados e pela
reforma do Estado, especialmente via privatizações.
• reformas liberalizantes podem ser positivas, desde que bem conduzidas
• exige-se ainda, no entanto, na AL, um conjunto de políticas publicas de suporte ao
desenvolvimento, em funcao das peculiaridades das estruturas produtivas,
da organização de mercados e, nao menos importante, da configuração das
sociedades
• O campo das políticas públicas ainda requer aperfeiçoamento.

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