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Justiça Restaurativa

Jandira Silva
Assistente Social Ministério Público do Estado
Contexto de Surgimento da Justiça
restaurativa
 Surge no contexto contemporâneo
internacional como modelo de resolução
de conflito diverso do sistema judicial
tradicional;
 Surge como uma resposta a pequena atenção
dada as vitimas no processo penal em razão do
fracasso da pena privativa de liberdade para
promover a ressocialização do apenado;
Pressupostos da justiça tradicional
 A culpa deve ser atribuída;
 A justiça de vencer;
 A justiça não deve desvincular-se da dor;
 A justiça é medida pelo processo;
 E a violação da lei é o que define o crime.
Experiências iniciais da Justiça Restaurativa

 Década de 60 e 70 (EUA)- crise do tratamento


dos crimes pela privação de liberdade como
modelo socializador;
 Década de 80 – ideias de restituição penal e
reconciliação com a vitima e com a sociedade
 Década de 90 – grande ‘boom’ estendendo-se
para o continente europeu pelo jurista
Braitwaite;
 As ideias de Braitwaite se baseavam na
“etiqueta do deliquente”
(comportamento do delituoso) pudesse
ser publicizada e o mesmo pudesse arcar
com os danos causados pelos seus atos,
que ele compreenda os danos produzidos
e não apenas seja punido.
Influências na formação da ideias de
Justiça Restaurativa

 Abolicionismo –contestação das instituições


repressivas;
 Vitimologia- descoberta da vítima;
 Justiça Comunitária – exaltação da
comunidade na resolução dos conflitos;
Contribuições destas correntes
 Mudança de compreensão do
crime/criminalidade enquanto conflito social
ou/eu situações problemáticas;

 Situar o conflito dentro de suas interações


pessoais, comunitárias e sociais;
 Resolução dos conflitos com a participação dos
envolvidos;

 Dispor de outras alternativas além do castigo


para a resolução do conflito;
Mas afinal o que é a Justiça Restaurativa?

A ideia eixo é:

“Justiça restaurativa é um processo através do qual


todas as partes envolvidas em um ato que causou
ofensa reúne-se para decidir coletivamente como
lidar com as circunstâncias decorrentes desse ato e
suas implicações futuras”
 È um modelo consensual de tentativa de
reconstrução de uma relação que foi
quebrada pelo agressor e ofendido, em
consequência de um delito ou ato infracional,
para curar os traumas e as feridas deixadas,
envolvendo a família e a comunidade num
circulo de soluções.
Objetivos da JR
 Conciliar e reconciliar as partes
envolvidas;
 A resolução dos conflitos;
 À reconstrução dos laços rompidos pelo
delito;
 À prevenção da reincidência;
 À responsabilização.
Princípios da JR
1- A transgressão é, primordialmente, uma
ofensa contras as relações humanas e, em
segundo lugar, uma violação da lei;
Princípios da JR
 2- A justiça restaurativa reconhece a
transgressão como errada e que não deva
ocorrer e também reconhece que, depois
dela, há perigos e oportunidades;
Princípios da JR
 3- A JR é um processo de “fazer as coisas o
mais certo possível”, que inclui: atender às
necessidades criadas pela ofensa, como
segurança e reparação dos danos físicos
resultantes da ofensa, e atendendo às
necessidades relativas às causas da ofensa;
Princípios da JR
 4- A vitima primária da transgressão é aquela
mais atingida pela ofensa. As vitimas secundarias
podem ser membros da família, amigos, policiais,
comunidades, etc.
Princípios da JR
 5- A JR encoraja o ofensor a aprender novas
formas de atuar e se colocar na comunidade;
Princípios da JR
 6- A JR prefere que a maioria das
transgressões o mais cedo possível; com
o máximo possível de cooperação
voluntária e com o mínimo de coerção,
pois curar relações e aprender são
processos voluntários e cooperativos;
Princípios da JR
 7- A JR prefere que a maioria das
transgressões sejam tratadas por uma
estrutura cooperativa, incluindo os que
sofrem o impacto da ofensa, a
comunidade, para oferecer apoio e
possibilitar prestação de contas
(accountabilly)
Princípios da JR
 8- Há necessidade de uma autoridade
externa que ajude a tomada de decisões;
Princípios da JR
 9- A JR prefere que o ofensor seja coloca em
ambientes cooperativos e que sejam expostos
ao impacto de suas transgressões tiveram sobre
as vitimas;
Princípios da JR
 10- A JR requer estruturas de
acompanhamento e prestação de contas,
usando a comunidade tanto quanto possível,
usando a comunidade tanto quanto possível,
pois respeitar acordos é a chave para construir
uma comunidade confiante e confiável;
Princípios da JR
 11- A JR reconhece e encoraja o papel
das instituições comunitárias;
Mudança de paradigma na forma de fazer
justiça
 A justiça tradicional ou retributiva
pergunta:

 Que lei foi violada?


 Quem fez isso?
 O que ele merece?
Mudança de paradigma na forma de fazer
justiça
 A JR propõe as seguintes indagações:
 Quem sofreu o dano?
 Quais suas necessidades?
 Quem tem obrigações de supri-las?
 Quais suas causas?
 Quem tem interesse na situação?
 Qual o processo apropriado para envolver os
interessados no esforço de tratar das causas e
corrigir a situação?
LENTE RETRIBUTIVA LENTE RESTAURATIVA

A apuração da culpa é central A solução do problema é central

Foco no passado Foco no futuro

As necessidades são secundárias As necessidades são primárias

Modelo de enfrentamento de um O dialogo é normativo


adversário
LENTE RETRIBUTIVA LENTE RESTAURATIVA

Enfatiza diferenças Busca as coisas em comum

A imposição da dor é considerado A restauração e a reparação são


normativa consideradas normativas

Foco no ofensor, a vítima é ignorada As necessidades da vítima são centrais

O Estado e o ofensor são elementos A vitima e o ofensor são elementos


chaves chaves
LENTE RETRIBUTIVA LENTE RESTAURATIVA

A restituição é rara A restituição é normal

A “verdade” das vitimas é secundária As vítimas tem oportunidade de dizer


sua “verdade”

O sofrimento da vítima é ignorado O sofrimento da vítima é lamentado e


reconhecido

O monopólio do Estado em resposta Reconhecimento dos papéis da vítima,


ao mal feito do ofensor e da comunidade
LENTE RETRIBUTIVA LENTE RESTAURATIVA

O ofensor é passivo O ofensor assume um papel na


resolução

Há rituais de denúncia e exclusão O comportamento responsável é


pessoal reforçado

Os laços do ofensor com a Atos danosos são denunciados


comunidade são debilitados

As relações entre ofensor e vítima As relações entre ofensor e vítima são


são ignoradas centrais
LENTE RETRIBUTIVA LENTE RESTAURATIVA

Reação baseada em conduta passada O processo aponta para a


reconciliação

O arrependimento e o perdão Reação baseada nas consequências do


desestimulados comportamento

Profissionais são os atores chaves A vítima e o ofensor são centrais, a


ajuda profissional está disponível

Ignora o contexto social,econômico e O contexto em sua totalidade é


moral são ignorados relevante
Mudança de cultura jurídico social

CULTURA DA CULTURA
DOMINAÇÃO RESTAURATIVA

Objetivo Manter o controle Restaurar equilíbrio

Foco de apuração Identificar quem errou Identificar necessidades


não atendidas

Foco de respostas Reeducar à força Restaurar a harmonia


entre os envolvidos
Valores fundantes
 Responsabilidade;

 Restauração;

 Reintegração.
Mudança de uma cultura de guerra para
uma cultura de paz fundado no:
 Dialogo;
 Compreensão;
 Respeito.

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