O documento descreve a noite em que os homens saíram da venda após ouvirem a rádio, sentindo-se sozinhos. Batola desliga tristemente a rádio, mas sua mulher pede para ficarem com o aparelho, dizendo "Sempre é uma companhia neste deserto". Isso muda o relacionamento do casal, que agora encontra conforto na rádio.
O documento descreve a noite em que os homens saíram da venda após ouvirem a rádio, sentindo-se sozinhos. Batola desliga tristemente a rádio, mas sua mulher pede para ficarem com o aparelho, dizendo "Sempre é uma companhia neste deserto". Isso muda o relacionamento do casal, que agora encontra conforto na rádio.
O documento descreve a noite em que os homens saíram da venda após ouvirem a rádio, sentindo-se sozinhos. Batola desliga tristemente a rádio, mas sua mulher pede para ficarem com o aparelho, dizendo "Sempre é uma companhia neste deserto". Isso muda o relacionamento do casal, que agora encontra conforto na rádio.
peripécia final “Sempre é uma companhia”: peripécia final (esquema interpretativo)
Foi a primeira noite em que os - Caracterização dos ceifeiros (que
homens saíram da venda mudos e temem a perda da companhia da taciturnos. Fora esperava-os o rádio). negrume fechado. E eles voltavam - Predomínio de vocabulário do campo para a escuridão, iam ser, outra vez, o lexical de “noite”, metáfora para a rebanho que se levanta com o dia, ausência de perspetivas e solidão. lavra, cava a terra, ceifa e recolhe - O termo “rebanho” remete para a vergado pelo cansaço e pela noite. ideia de ausência de conhecimento e Mais nada que o abandono e a de pensamento. solidão. A esperança de melhor vida para todos, que a voz poderosa do homem desconhecido levava até à Retoma das ideias enunciadas, aldeia, apagava-se nessa noite para reforçadas pela perda da voz que ouviam, embora desconhecida. não mais se ouvir. “Sempre é uma companhia”: peripécia final (esquema interpretativo)
Dentro da venda, o Batola está tão - Descrição de Batola semelhante à
desalentado como os ceifeiros. O mês descrição do início da narrativa, onde o passou de tal modo veloz que se esqueceu “chapeirão” domina a figura. de preparar a mulher. Sobe ao balcão, - Destaca-se o advérbio “magoadamente” desliga o fio e arruma o aparelho. Um que caracteriza o modo como observa o pouco dobrado sobre as pernas arqueadas, aparelho, indiciador da dor que esta com o chapeirão a encher-lhe a cara de separação causa a Batola, e o adjetivo “preciosa”, para caracterizar a rádio, não sombra, observa magoadamente a pelo valor material, mas pelo que significa preciosa caixa. naquele “deserto”. Assim está, quando um pressentimento o obriga a voltar a cabeça: junto da porta - Momento que marca a alteração do “fim” que dá para os fundos da casa, a mulher anunciado. olha-o com um ar submisso. «Que terá acontecido?», pensa o Batola, admirado de a ver ainda levantada àquela hora. - Mudança de postura da mulher de Batola. - António - murmura ela, adiantando-se até ao meio da venda. - Eu queria pedir-te uma coisa... “Sempre é uma companhia”: peripécia final (esquema interpretativo)
Suspenso, o homem aguarda.
Então, ela desabafa, inclinando o rosto ossudo, onde os olhos negros - A mulher apresenta uma brilham com uma quase expressão “expressão de ternura”. de ternura: - Olha... Se tu quisesses, a gente ficava com o aparelho. - O conector condicional “Se”, Sempre é uma companhia neste introduzindo a condição para que o deserto. rádio fique.
Manuel da Fonseca, O fogo e as cinzas, Lisboa,
- Alteração do tipo de relacionamento Editorial Caminho, 2011, pp. 159-160. entre Batola e a mulher graças ao aparelho de rádio que passou a ser uma companhia naquele “deserto” em que viviam.