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Curso de electrónica analógica

(Ensino secundário)
Introdução

 Para entendermos como os diodos, transistores e


circuitos integrados funcionam, precisamos primeiro
estudar os semicondutores.
 Os materiais semicondutores, como o próprio nome
indica, não são nem condutores nem isolantes.
 Isto porque nesses materiais, na sua contituição
atómica, existem alguns eletrões livres (carga nega-
tiva) e lacunas (espaços vazios com carga positiva).
 Neste capítulo, vamos aprender sobre semicondu-
tores, lacunas e outros assuntos relacionados.
Condutores eléctricos

1. Introdução
O cobre é material considerado bom condutor,
tanto para o calor como para a eletricidade.
A razão é evidente quando observamos a sua
estrutura atómica como nos ilustra a figura 1.
Nessa figura, o núcleo do átomo de cobre
contém 29 protões (cargas positivas).
Quando um átomo de cobre tem uma carga
neutra, ela possui também 29 eletrões (cargas
negativas) girando à volta do seu núcleo.
Condutores eléctricos

1. Introdução
Os eletrões giram em órbitas distintas (também
chamadas de camadas), existindo:
 2 eletrões na primeira camada;
 8 eletrões na segunda;
 18 na terceira;
 E 1 na órbita mais externa (última camada).
Condutores eléctricos

2. Órbitas estáveis
O núcleo positivo da figura 1 atrai os eletrões
planetários, impedindo que esses eletrões de se
chocarem com o núcleo.
Essa força de atração que os protões exercem
sobre os eletrões é a força centrífuga (externa)
criada pelo seu movimento circular.
A força centrífuga é exatamente igual à força
de atração do núcleo, de modo que a órbita
fica estável.
Condutores eléctricos

2. Órbitas estáveis
Quanto mais distante está um eletrão do seu
núcleo, menor é a força atração que o núcleo
exerce sobre ele.
Em uma órbita externa, por exemplo a última,
um eletrão circula mais lentamente, produzindo
uma força centrífuga menor.
O eletrão mais externo (eletrão de valência) na
figura 1 circula o núcleo muito lentamente e
quase não sente sua atração.
Condutores eléctricos
3. Núcleo
Em eletrónica, tudo o que importa é a órbita
mais externa, também chamada de órbita de
valência.
Ela controla as propriedades elétricas do átomo
e para enfatizar a sua importância, definimos o
núcleo de um átomo como núcleo dos protões
com todas as órbitas internas.
Assim sendo, para um átomo de cobre, seu
núcleo envolve os 29 protões mais seus 28
eletrões das órbitas interiores.
Condutores eléctricos

3. Núcleo
Como resultado, podemos afirmar que o núcleo
de um átomo de cobre tem uma carga líquida
de +1, pois ele contém 29 protões e 28 eletrões
nas órbitas interiores.
A figura 2 ajuda a visualizar o núcleo e sua órbita
de valência, onde o eletrão de valência está
na maior órbita.
Por essa razão, a atração sentida pelo eletrão
de valência é muito baixa.
Condutores eléctricos
4. Eletrão livre
 Como a atração entre o núcleo e o eletrão de valência
de um átomo de cobre é muito fraca, uma força
externa pode deslocar facilmente este eletrão do
átomo de cobre.
 Quando isso aconece, o eletrão de valência passa a ser
chamada eletrão livre, sendo por isso que o cobre é um
bom condutor.
 O menor valor de tensão pode fazer os eletrões livres se
deslocarem de um átomo para o próximo.
 Contudo, os melhores condutores são prata, cobre
e ouro, tendo todos eles um diagrama do núcleo igual
ao ilustrado na figura 2.
Condutores eléctricos

Exercício exemplo
Suponha que uma força externa retire o eletrão
de valência do átomo de cobre (figura 2).
a) Qual é a carga líquida desse átomo de
cobre?
b) Qual é a carga líquida se outro eletrão
externo entrar nesta órbita de valência da
figura 2?
Condutores eléctricos

Resolução
a) Quando o eletrão de valência é retirado, a
carga líquida do átomo torna-se +1.
 Sempre que um átomo perde um de seus
eletrões ele fica positivamente carregado.
 Neste caso, o átomo instável passa a ser
chamado de ião positivo.
Condutores eléctricos

Resolução
b) Quando um eletrão externo passa a circular na
órbita de valência da figura 2, a carga líquida
do átomo torna-se -1.
 Sempre que um átomo ganha um eletrão
externo ele fica negativamente carregado.
 Neste caso, o átomo instável passa a ser
chamado de ião negativo.
Semicondutores
1. Introdução
 Como já se disse, os melhores condutores são a
prata, o cobre e o ouro) porque possuem apenas
um eletrão de valência.
 Enquanto que os melhores isolantes são os materiais
como a porcelana, a borracha, etc., que possuem
oito eletrões de valência.
 O semicondutor é um elemento com propriedades
elétricas entre as do condutor e as do isolante.
 Como podemos estar pensando, os melhores
semicondutores possuem quatro eletrões de
valência (Ex: Silício e germânio).
Semicondutores
2. Germânio
 O germânio é o primeiro elemento semicondutor
usado nos primórdios da era eletrónica.
 Pois, há muitos anos o germânio era o único
material disponível para a fabricação de
dispositivos semi-condutores.
 Mas os dispositivos feitos a partir do germânio
tinham uma falha fatal, pois a sua corrente reversa
era excessiva.
 Eventualmente, outro semicondutor chamado de
silício tornou-se mais utilizado e fez o germânio
tornar-se obsoleto na maioria das aplicações
eletrônicas.
Semicondutores
3. Silício
 Assim como o oxigênio, o silício é um elemento
abundante na natureza.
 Mas, inicialmente, existia determinado problema no
seu polimento que impedia seu uso na
fabricação de dispositivos semicondutores.
 Uma vez solucionado esse problema, as vantagens
do silício fizeram dele a melhor escolha para a
fabricação de semicondutores.
 Podemos afirmar sem sombras para dúvidas que
sem ele, a eletrónica moderna, as comunicações e
os computadores seriam impossíveis.
Semicondutores

3. Silício
Um átomo isolado de silício tem 14 protões e 14
eletrões, conforme nos mostra a figura 3A.
Desta forma, o seu núcleo tem uma carga
líquida de +4.
Isto porque ele contém 14 protões no núcleo e
10 eletrões nas duas primeiras órbitas.
A figura 3B mostra o diagrama do núcleo de um
átomo de silício, onde os 4 eletrões de valência
informam que o silício é um semicondutor.
Cristais de silício
1. Introdução
 Quando os átomos de silício combinam-se para formar
um sólido, eles se organizam num padrão ordenado
chamado de cristal.
 Cada átomo de silício compartilha os seus 4 eletrões de
valência com 4 átomos vizinhos de tal modo que
passam a existir oito eletrões na sua órbita de valência.
 Por exemplo, a figura 4A ilustra a ligação covalente de
um átomo central com quatro átomos vizinhos.
 Os círculos sombreados representam os núcleos de
silício, e embora o átomo central tenha originariamente
quatro eletrões na sua órbita de valência, ele agora
passa a ter oito eletrões.
Cristais de silício
2. Ligações covalentes
 Conforme nos deixa perceber a ilustração da figura
4A, cada átomo vizinho compartilha um eletrão
com o átomo central.
 Desse modo, ele passa a ter quatro eletrões adicio-
nais, ficando com um total de oito eletrões na últi-
ma camada.
 Os eletrões não pertencem mais a nenhum átomo
isolado, ou seja, cada átomo central e seus vizinhos
compartilham seus eletrões.
 A mesma ideia é válida para todos os outros átomos
de silício, isto é, cada átomo dentro do cristal de
silício liga covalentemente com quatro vizinhos.
Cristais de silício

2. Ligações covalentes
Na figura 4A, cada núcleo tem uma carga de
+4, onde, por exemplo, o átomo central e o
outro à sua direita atraem o par de eletrões
entre eles com forças iguais e opostas.
A atração nas direções opostas é o que man-
tém os átomos de silício ligados.
Cristais de silício
2. Ligações covalentes
 Como cada eletrão compartilhado na figura 4A
está sendo puxado no sentido oposto, o eletrão
torna-se uma ligação entre os núcleos opostos
(ligação covalente).
 A figura 4B é o modo mais simples de mostrar o
conceito de ligações covalentes.
 Num cristal de silício, existem bilhões de átomos de
silício, cada um com oito eletrões de valência.
 Os eletrões de valência são ligações covalentes
que mantêm a estrutura do cristal que forma o
sólido.
Cristais de silício
3. Saturação da camada de valência
 Como já se viu, cada átomo num cristal de silício
tem oito eletrões na sua órbita de valência.
 Esses oito eletrões produzem uma estabilidade
química que resulta num corpo sólido de material
de silício.
 Não sabemos ainda, com certeza, por que as
órbitas mais externas dos elementos possuem esta
predisposição quando completam oito eletrões.
 Quando não há oito eletrões, existe uma tendência
para o elemento combinar e compartilhar eletrões
com outros átomos, para atingir esse número.
Cristais de silício
3. Saturação da camada de valência
Existem equações avançadas na física que
explicam parcialmente por que os oito eletrões
produzem uma estabilidade química nos
diferentes materiais.
Mas não sabemos a razão do número oito ser
tão especial, tal como as leis da gravidade, de
Coulomb e outras.
No entanto, admite-se que quando a órbita de
valência tem oito eletrões, ela fica saturada.
Cristais de silício

3. Saturação da camada de valência


Ou seja, nenhum outro eletrão pode se manter
fixo nesta órbita, pois ela é considerada como
uma lei:

𝑆𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑙ê𝑛𝑐𝑖𝑎 ⟹ 𝑛 = 8

Isto significa que a camada de valência de


qualquer átomo não pode conter mais que 8
eletrões.
Cristais de silício

3. Saturação da camada de valência


Além disso, os oito eletrões de valência são cha-
mados de eletrões de ligação porque são for-
temente atraídos pelos átomos vizinhos.
Em virtude dos eletrões de ligação, o cristal de
silício é um isolante quase perfeito na tempera-
tura ambiente (25ºC aproximadamente).
Cristais de silício
4. Lacunas
A temperatura ambiente é a temperatura do ar
num ambiente qualquer.
Quando o ambiente está acima de zero
absoluto (–273 ºC), o aquecimento deste
ambiente provoca uma agitação no cristal de
silício.
Quanto maior a temperatura ambiente, maior
a vibração mecânica.
Quando pegamos num objeto aquecido,
sentimos o efeito da vibração dos átomos.
Cristais de silício

4. Lacunas
Num cristal de silício, as vibrações dos átomos
podem ocasionalmente deslocar um eletrão da
órbita de valência.
Quando isso acontece, o eletrão liberado ga-
nha energia suficiente para mudar para outra
órbita mais externa (figura 5A), e nessa órbita o
eletrão torna-se um eletrão livre.
Cristais de silício

4. Lacunas
Mas isso não é tudo, pois a saída do eletrão cria
um vazio na órbita de valência chamado de la-
cuna (figura 5A).
A lacuna comporta-se como uma carga posi-
tiva, pois a perda de um eletrão produz um ião
positivo.
A lacuna vai atrair e capturar outro eletrão ime-
diatamente mais próximo dela.
Cristais de silício
4. Lacunas
 A existência de lacunas é a diferença crítica entre
os condutores (corrente elétrica) e os semi-
condutores (corrente eletrónica).
 As lacunas permitem aos semicondutores fazer
muitas coisas impossíveis de conseguir com os
condutores.
 Na temperatura ambiente, a energia térmica pro-
duz apenas alguns eletrões livres.
 E para aumentar o número de lacunas e de eletrões
livres, é preciso fazer a dopagem do cristal.
Cristais de silício
5. Recombinação e tempo de vida útil
Num cristal de silício puro, a energia térmica
(calor) cria um número igual de eletrões livres e
lacunas.
Os eletrões livres têm um movimento aleatório
através do cristal.
E quando um eletrão livre se aproxima de uma
lacuna, é atraído por ela e “cai” nessa lacuna.
A recombinação é o desaparecimento de um
eletrão e uma lacuna, como nos ilustra a figura
5B.
Cristais de silício

5. Recombinação e tempo de vida útil


O tempo entre a criação e o desaparecimento
de um eletrão livre é chamado de tempo de
vida.
Ele varia de alguns nanossegundos (ns) até vá-
rios microssegundos (µ𝑠), dependendo da per-
feição do cristal e de outros fatores.
Cristais de silício

5. Ideias principais
A qualquer instante, os seguintes acontecimen-
tos ocorrem dentro de um cristal de silício:
a) Alguns eletrões livres e lacunas são gerados
pela energia térmica;
b) Outros eletrões livres e lacunas se recom-
binam;
c) Alguns eletrões livres e lacunas existentes
temporariamente esperam pela recombi-
nação.
Cristais de silício

Exercício exemplo
Suponha que um cristal de silício puro tem 1
milhão de eletrões livres:
a) Quantas lacunas existem?
b) O que acontece com o número de
eletrões livres e lacunas se a temperatura
ambiente aumentar?
Cristais de silício

Resolução
a) Observando, por exemplo a figura 5A, quando
a energia térmica gera um eletrão livre, auto-
maticamente aparece uma lacuna ao mesmo
tempo.
 Portanto num cristal de silício puro sempre tem o
mesmo número de lacunas e eletrões livres.
 Assim sendo, se existe 1 milhão de eletrões livres,
então existe 1 milhão de lacunas.
Cristais de silício

Resolução
b) Um aumento na temperatura faz aumentar as
vibrações nos níveis atómicos, o que significa
que mais eletrões livres são gerados.
 Mas não importa o que acontece com a tem-
peratura, num cristal de silício puro tem o
mesmo número de elétrons livres e lacunas.
Semicondutores intrínsecos

1. Introdução
O cristal de silício é um semicondutor intrínseco
(puro) se cada átomo no cristal for um átomo
apenas de silício.
Na temperatura ambiente, um cristal de silício
age como um isolante porque tem apenas
alguns eletrões livres e lacunas produzidas pela
energia térmica.
Semicondutores intrínsecos

2. Fluxo de eletrões
A figura 6 mostra parte de um cristal de silício
entre placas metálicas carregadas.
Suponha que a energia térmica tenha
produzido um eletrão livre e uma lacuna.
O eletrão livre está numa órbita mais externa do
lado direito do cristal.
Semicondutores intrínsecos

2. Fluxo de eletrões
Como a placa está carregada negativamente,
o eletrão livre é repelido para o lado esquerdo.
Esse eletrão livre pode mover-se de uma órbita
externa para a próxima até alcançar a placa
positiva.
Semicondutores intrínsecos
3. Fluxo de lacunas
Observe que a lacuna no lado esquerdo da
figura 6 atrai o eletrão de valência do ponto A e
isso faz com que o eletrão de valência se mova
para a lacuna.
Quando o eletrão de valência do ponto A
move-se para a esquerda, ele cria uma lacuna
no ponto A.
O efeito é o mesmo que mover a lacuna original
para a direita e a nova lacuna no ponto A pode
atrair e capturar outro eletrão de valência
Semicondutores intrínsecos

3. Fluxo de lacunas
Desse modo, os eletrões de valência podem via-
jar ao longo do caminho mostrado pelas setas.
Isso significa que a lacuna pode mover-se no
sentido oposto, ao longo do caminho A-B-C-D-
E-F, funcionando do mesmo modo que uma
carga positiva.
Dois tipos de fluxos

A figura 7 mostra um semicondutor intrínseco,


porque ele tem o mesmo número de eletrões
livres e lacunas.
Por isso, a energia térmica produz eletrões livres
e lacunas aos pares.
Onde a tensão aplicada forçará os eletrões
livres a circular para o lado esquerdo e as lacu-
nas, para o lado direito.
Dois tipos de fluxos

 Quando os eletrões livres alcançam o lado final


esquerdo do cristal, eles passam para o fio externo e
circulam para o terminal positivo da bateria.
 Por outro lado, os eletrões livres do terminal ne-
gativo da bateria circulam para o final direito do
cristal.
 Nesse ponto, eles entram no cristal e recombinam-
se com as lacunas até alcançarem o final direito do
cristal.
 Desse modo, existe um fluxo estável de eletrões livres
e lacunas ocorrendo dentro do semicondutor.
Dois tipos de fluxos
 Observe que não existe fluxo de lacunas fora do
semicondutor e segundo a ilustração da figura 7, os
eletrões livres e as lacunas movem-se em direções
opostas.
 De agora em diante, visualizaremos a corrente num
semicondutor com um efeito combinado de dois
tipos de fluxo.
 Ou seja, o fluxo de eletrões livres numa direção e o
fluxo de lacunas noutra direcção.
 Os eletrões livres e as lacunas são sempre chama-
dos de portadores de carga, porque transportam
uma carga de um lugar para o outro.
Dopagem do semiconductor intrínseco
1. Introdução
 Uma forma de aumentar a condutividade de um
semicondutor é pelo processo de dopagem.
 Isso significa uma adição de átomos de outra natu-
reza, chamada de impureza.
 Ou seja, misturar-se ao cristal intrínseco uma peque-
na quantidade de átomos de outra natureza a fim
de alterar a sua condutividade elétrica.
 Quando um semicondutor intrínseco é dopado, ela
passa a ser chamado de semicondutor extrínseco.
Dopagem do semiconductor intrínseco

2. Aumento de eletrões livres


Para dopar um cristal de silício puro, o primeiro
passo é fundir esse cristal, quebrando assim as
suas ligações covalentes.
Neste caso, o silício muda do estado sólido para
o líquido, permitindo a mistura com outro ele-
mento químico.
Para aumentarmos o número de eletrões livres,
por exemplo, adicionamos átomos penta-
valentes ao silício fundido.
Dopagem do semiconductor intrínseco

2. Aumento de eletrões livres


Os átomos pentavalentes possuem cinco ele-
trões na órbita de valência, tendo como exem-
plo:
 Arsênico;
 Antimônio;
 Fósforo.
Dopagem do semiconductor intrínseco
2. Aumento de eletrões livres
 Esses materiais doarão um eletrão adicional para o
cristal de silício, sendo, por isso conhe-cidos como
doadores de impureza.
 A figura 8A mostra como o cristal de silício dopado
fica após seu resfriamento e volta para sua estrutura
sólida de cristal.
 Um átomo pentavalente fica no centro, rodeado
por quatro átomos de silício.
 Lembre que, como antes, os átomos vizinhos com-
partilhavam um eletrão com o átomo central,
agora, existe um eletrão adicional na parte esquer-
da superior.
Dopagem do semiconductor intrínseco

2. Aumento de eletrões livres


Sabemos que cada átomo pentavalente tem
cinco eletrões de valência.
E como somente oito eletrões podem ficar fixos
na órbita de valência, o eletrão adicional
permanece numa órbita mais externa.
Em outras palavras, esse eletrão de valência se
liberta do seu núcleo e se transforma num
eletrão livre.
Dopagem do semiconductor intrínseco
2. Aumento de eletrões livres
 Cada átomo pentavalente ou átomo doador num
cristal de silício produz um eletrão livre.
 É assim que um fabricante controla a condutividade
de um semicondutor dopado.
 Quanto mais impureza é adicionada, maior é a
condutividade e desse modo, um semicondutor
pode ser levemente ou fortemente dopado.
 Um semicondutor levemente dopado tem uma alta
resistência, enquanto um semicondutor fortemente
dopado tem uma resistência de baixo valor.
Dopagem do semiconductor intrínseco
3. Aumento de lacunas
Para doparmos um cristal de silício puro a fim de
obter um excesso de lacunas, usamos impurezas
trivalente.
Os elementos trivalentes são aquelas cujo
átomo tem apenas três eletrões na última ca-
mada, como por exemplo:
 Alumínio;
 Boro;
 Gálio.
Dopagem do semiconductor intrínseco

3. Aumento de lacunas
A figura 8B mostra um átomo trivalente no
centro rodeado por quatro átomos de silício.
Sabemos que um átomo trivalente tem original-
mente apenas três eletrões de valência.
E cada átomo de silício vizinho compartilha com
um eletrão do átomo da impureza, resultando
num total de sete eletrões na órbita de valência.
Dopagem do semiconductor intrínseco

3. Aumento de lacunas
Isso significa que existe uma lacuna na órbita de
valência de cada átomo trivalente.
Por essa razão, o átomo trivalente é chamado
de átomo aceitador.
Isto porque cada lacuna que existe pode
receber um eletrão livre durante a recombina-
ção.
Semiconductor extrínseco

1. Introdução
Um semicondutor pode ser dopado para ter um
excesso de eletrões livres ou excesso de lacunas.
Por essa razão, existem dois tipos de semicon-
dutores dopados (extrínsecos), ou seja:
 Semicondutor do tipo P(positivo);
 Semicondutor do tipo N(negativo);
Semiconductor extrínseco

2. Semicondutor do tipo N
O silício que foi dopado com impureza penta-
valente é chamado de semicondutor tipo N,
(negativo).
A figura 9 mostra um semicondutor tipo N, onde
se vê claramente que o número de eletrões
livres excede o número de lacunas.
 Desta forma, num semicondutor tipo N, os ele-
trões livres são chamados de portadores maiori-
tários e as lacunas, de portadores minoritários.
Semiconductor extrínseco

2. Semicondutor do tipo N
Devido à aplicação de uma tensão, os eletrões
livres movem-se para a esquerda e as lacunas
movem-se para a direita.
Quando uma lacuna alcança o final do lado
direito do cristal, um dos eletrões livres do
circuito externo passa para o semicondutor e
recombina com a lacuna.
Semiconductor extrínseco

2. Semicondutor do tipo N
Os eletrões livres mostrados na figura 9 circulam
para o lado final à esquerda do cristal.
E ali, eles passam para o fio condutor em dire-
ção ao terminal positivo da bateria.
Semiconductor extrínseco

3. Semicondutor do tipo P
O silício que foi dopado com impureza trivalente
é chamado de semicondutor tipo P (positivo).
A figura 10 mostra um semicondutor tipo P, onde
se vê agora que o número de lacunas excede o
número de eletrões livres.
Por essa razão, num semicondutor tipo P, as
lacunas são chamadas de portadores maiori-
tários e os eletrões livres, de portadores mino-
ritários.
Semiconductor extrínseco
3. Semicondutor do tipo P
 Com a aplicação de uma tensão, os electrões livres
movem-se para a esquerda e as lacunas movem-se
para a direita.
 Na figura 10, as lacunas que chegam ao
final direito do cristal recombinam com os electrões
livres do circuito externo.
 Existe também um fluxo de portadores minoritários
(neste caso, os electrões livres) dentro do semicon-
dutor circulando da direita para a esquerda.
 Como existem poucos portadores minoritários, eles
quase não afetam o circuito.
Diodo não polarizado
1. Introdução
 Por si só, um semicondutor tipo N é usado como um
resistor de carbono e o mesmo pode ser dito para um
semicondutor tipo P.
 Mas quando um fabricante dopa um cristal de modo
que metade dele é do tipo P e a outra metade do tipo
N, algo novo começa a acontecer.
 A “fronteira” entre o tipo P e o tipo N é chamada de
junção PN, sendo ela a base para todo tipo de
invenções, inclusive dos diodos, transistores e circuitos
integrados.
 Entendendo a junção PN, seremos capazes de enten-
dermos todos os outros dispositivos semicondutores.
Diodo não polarizado

2. Diodo não polarizado


Conforme já foi visto, cada átomo trivalente
num cristal de silício produz uma lacuna.
Quando assim acontece, poderemos visualizar
um semicondutor tipo P como nos mostra a
figura 11A.
Cada sinal negativo dentro do círculo é um
átomo trivalente, e cada sinal positivo, é uma
lacuna na sua órbita de valência.
Diodo não polarizado
2. Diodo não polarizado
 De modo similar, podemos visualizar os átomos
pentavalentes e os eletrões livres de um semicondu-
tor tipo N (11B).
 Cada círculo com um sinal positivo representa um
átomo pentavalente, e cada sinal de menos é o
eletrão livre que ele contribui para o semicondutor.
 Observe que cada pedaço de material semicondu-
tor extrínseco é eletricamente neutro.
 Pois o número de sinais positivos é igual ao número
de sinais negativos.
Diodo não polarizado

2. Diodo não polarizado


Um fabricante pode produzir cristal simples com
um material tipo P de um lado, e outro tipo N do
outro lado (figura 12).
 A junção é a borda onde as regiões do tipo P e
do tipo N se encontram
E o diodo de junção é outro nome dado para
um cristal extrínseco PN.
A palavra diodo é uma contração de dois
elétrodos, onde di significa “dois”.
Diodo não polarizado

3. Camada de depleção
Em virtude da repulsão, os eletrões livres do lado
N na figura 12 tendem a se difundir (espalhar)
em todas as direções.
Alguns eletrões livres se difundem através da
junção e, quando um eletrão livre entra na
região P, ele passa a ser um portador minoritário.
Diodo não polarizado

3. Camada de depleção
Com tantas lacunas em seu redor, esse portador
minoritário tem um tempo de vida muito curto.
Ou seja, logo que entra na região P, o eletrão
livre recombina com uma lacuna.
Quando isso acontece, a lacuna desaparece e
o eletrão livre passa a ser um eletrão de valên-
cia.
Diodo não polarizado

3. Camada de depleção
Cada vez que um eletrão difunde-se na junção,
ele cria um par de iões.
Quando um eletrão deixa o lado N, ele deixa
para trás um átomo pentavalente que perde
uma carga negativa e se torna num ião positivo.
Após a migração, o eletrão “cai” numa lacuna
do lado P.
Isso faz que um ião negativo fora do átomo tri-
valente o capture.
Diodo não polarizado

3. Camada de depleção
A figura 13A mostra esses iões em cada um dos
lados da junção.
Os círculos com sinais positivos são os iões
positivos e os círculos com sinais negativos são
os iões negativos.
Os iões ficam fixos na estrutura do cristal em
virtude da ligação covalente.
Por essa razão, eles não podem se mover entre
os átomos como eletrões livres e lacunas.
Diodo não polarizado

3. Camada de depleção
Cada par de iões positivos e negativos na
junção é chamado de dipolo.
A criação de um dipolo significa que um eletrão
livre e uma lacuna ficam fora de circulação.
À medida que o número de dipolos aumenta, a
região próxima da junção torna-se vazia de
porta-dores de carga.
Chamamos a região vazia de portadores de
carga de camada de depleção (figura 13B).
Diodo não polarizado

4. Barreira de potencial
Cada dipolo cria um campo elétrico entre os
iões positivo e negativo.
Portanto, se um eletrão livre adicional entrar na
camada de depleção, o campo elétrico tenta
empurrar este eletrão de volta para a região N.
A intensidade do campo elétrico aumenta ca-
da vez que um eletrão cruza a junção até atin-
gir o equilíbrio.
Diodo não polarizado
4. Barreira de potencial
Para uma primeira aproximação, significa que o
campo elétrico eventualmente interrompe a
difusão de eletrões através da junção.
Na figura 13A, o campo elétrico entre os iões é
equivalente a uma diferença de potencial cha-
mada de barreira de potencial (𝑼𝑩𝑷 ).
Na temperatura de 25ºC, a barreira de
potencial é de 0.3V aproximadamente para os
diodos de germânio, e de 0.7V para os diodos
de silício.
Polarização directa

1. Introdução
A figura 14 mostra uma fonte DC aplicada a um
diodo, onde o terminal negativo da fonte está
conectado a um material tipo N.
E o terminal positivo está conectado a um mate-
rial tipo P.
Essa conexão produz o que chamamos de pola-
rização direta da junção PN.
Polarização directa
2. Fluxo dos eletrões livres
Na figura 14 a bateria empurra as lacunas e os
eletrões livres em direção à junção.
Se a tensão da bateria for menor que a barreira
de potencial, os eletrões livres não possuem
energia suficiente para penetrar na camada de
depleção.
 Isto porque, quando eles penetram na camada
de depleção, os iões empurram os eletrões livres
de volta para a região N, por isso não há
corrente pelo diodo.
Polarização directa

2. Fluxo dos eletrões livres


Quando a tensão DC da fonte for maior que a
barreira de potencial, a bateria empurra nova-
mente as lacunas e os eletrões livres em direção
à junção.
Dessa vez, os eletrões livres têm energia sufici-
ente para passar pela camada de depleção e
recombinar com as lacunas.
Polarização directa
2. Fluxo dos eletrões livres
 Se visualizarmos todas as lacunas na região P
movendo-se para a direita.
 E todos os eletrões livres movendo-se para a
esquerda, teremos a ideia básica da corrente
eletrónica dentro do semicondutor.
 Em algum lugar na vizinhança da junção, essas
cargas se recombinam.
 E como os eletrões livres entram continuamente no
final esquerdo do diodo.
 E as lacunas são geradas continuamente no lado
esquerdo, existe uma corrente contínua através do
diodo.
Polarização directa
3. Fluxo de um eletrão livre
 Vamos seguir um eletrão através do circuito
completo, ou seja desde da fonte passando pela
junção PN e regressando de novo à fonte.
 Após o eletrão livre deixar o terminal negativo da
bateria, ele entra pelo lado final direito do diodo.
 Ele viaja através da região N até alcançar a junção
e quando a tensão da bateria for maior do
que 0.7V, o eletrão livre é forçado a entrar na
camada de depleção.
 Uma vez nessa zona, o eletrão livre recombina-se
com uma lacuna, tornando-se num eletrão de
valência.
Polarização directa
3. Fluxo de um eletrão livre
 Como um eletrão de valência, ele continua a
viagem para o lado esquerdo, passando de
uma lacuna para a próxima até alcançar o lado
final esquerdo do diodo.
 Quando ele deixa o lado final esquerdo do diodo,
uma nova lacuna aparece e o processo é
reiniciado.
 Como existem bilhões de eletrões fazendo a mesma
jornada, obtemos uma corrente contínua através
do diodo.
 Um resistor em série é usado para limitar o valor da
corrente direta.
Polarização directa

3. Fluxo de um eletrão livre


Convém lembrar que a corrente circula com
facilidade num diodo polarizado diretamente.
Ou seja, assim que a tensão aplicada nos
terminais da junção PN for maior do que a
barreira de potencial, existirá uma corrente alta
no circuito.
Em outras palavras, se a tensão da fonte for
maior do que 0.7V, num diodo de silício haverá
uma corrente contínua no sentido direto.
Polarização inversa

1. Introdução
Invertendo a fonte de tensão DC, obteremos o
circuito mostrado na figura 15.
Desta vez, o terminal negativo da bateria está
conectado do lado P, e o terminal negativo da
bateria do lado N.
Essa conexão produz o que é chamado de
polarização inversa da junção PN.
Polarização inversa
2. Aumento da largura da camada de depleção
O terminal negativo da bateria atrai as lacunas,
e o terminal positivo da bateria atrai os eletrões
livres.
Por isso, as lacunas e os eletrões livres afastam-se
da junção e desta forma, a camada de deple-
ção alarga-se cada vez mais até que se estabi-
liza (figura 16A).
Quando as lacunas e os eletrões se afastam da
junção, os novos iões gerados aumentam a
d.d.p. através da camada de depleção.
Polarização inversa

2. Aumento da largura da camada de depleção


Quanto mais larga a camada de depleção,
maior é a diferença de potencial (d.d.p.).
A camada de depleção pára de aumentar
quando sua d.d.p. iguala-se ao valor da tensão
reversa aplicada.
Quando isso ocorre, eletrões e lacunas pàram
de se movimentar afastando-se da junção.
Polarização inversa

2. Aumento da largura da camada de depleção


Algumas vezes a camada de depleção é
mostrada como uma região sombreada
(figura 16B).
A largura dessa região sombreada é proporcio-
nal ao valor da tensão inversa. (𝑈𝐼𝑁𝑉 )
Com o aumento da tensão inversa, a camada
de depleção torna-se mais larga.
Polarização inversa

3. Corrente de portadores minoritários


Mesmo depois de a camada de depleção ter-
se estabilizado, existe uma pequena corrente
com a polarização reversa.
Lembre-se de que a energia térmica gera con-
tinuamente pares de eletrões livres e lacunas.
Isso significa que existem alguns portadores
minoritários em ambos os lados da junção.
Polarização inversa

3. Corrente de portadores minoritários


Muitos deles se recombinam com os portadores
majoritários, mas aqueles que estão dentro da
camada de depleção podem estar em número
suficiente para conseguir cruzar a junção.
Quando isso acontece, circula uma pequena
corrente no circuito externo, como nos é
mostrado na figura 17.
Polarização inversa
3. Corrente de portadores minoritários
 Suponha que a energia térmica tenha gerado
um eletrão livre e uma lacuna próxima da junção.
 A camada de depleção empurra o eletrão livre
para a direita, forçando um outro eletrão a deixar o
lado final direito do cristal.
 A lacuna na camada de depleção é empurrada
para a esquerda.
 Esta lacuna adicional no lado P permite que outro
eletrão entre pelo lado final esquerdo do cristal e
“caia” numa lacuna mais próxima.
Polarização inversa

3. Corrente de portadores minoritários


Como já se disse, a energia térmica produz
continuamente pares de eletrão-lacuna dentro
da camada de depleção.
Isto significa que uma pequena corrente contí-
nua circula no circuito externo.
A corrente reversa causada termicamente pelos
portadores minoritários é chamada de corrente
de saturação (𝑰𝑺 ).
Polarização inversa

3. Corrente de portadores minoritários


A palavra saturação significa que não podemos
ter uma corrente de portadores minoritários
maior do que a produzida pela energia térmica.
Em outras palavras, aumentar a tensão inversa
não aumentará o número de portadores minori-
tários gerados termicamente.
Polarização inversa

4. Corrente de fuga na superfície


Além da corrente de portadores minoritários
existe também uma pequena corrente que
circula pela superfície do cristal.
Essa corrente é chamada de corrente de fuga
da superfície (𝐼𝐹𝑆 ).
Essa corrente é originada pelas impurezas da
superfície e imperfeições na estrutura do cristal.
Polarização inversa

4. Corrente de fuga na superfície


A corrente inversa num diodo consiste numa
corrente de portadores minoritários e numa
corrente de fuga da superfície.
Em muitas aplicações, a corrente inversa num
diodo de silício é tão pequena que nem mesmo
é notada.
 A principal ideia a lembrar é que a corrente é
aproximadamente zero num diodo de silício
polarizado inversamente.
FIM

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