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Disciplina: Geologia Estrutural

Cursos: Engenharia de Minas


e de Processamento Mineral

TEMA:
Estruturas Geológicas - Falhas

Elaborado por: Gilberto R. Goba Sabonete e Euclésia Paulina F. Cossa


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4. Estruturas Geológicas - Falhas
4.1 Introdução
• Falha é uma fractura que tenha ocorrido nas rochas com um
consequente deslocamento relativo dos blocos resultantes. O
deslocamento de um ou dos dois blocos processa-se ao longo
do plano de falha (figuras 1-A e B, abaixo).
Fig.1-A Fig.1-B

• A condição básica para a existência de uma falha é que haja


deslocamento de dois blocos ou camadas, ao longo do,plano
de falha. 2
4.1 Introdução (Cont.)
• Falhamento é o processo geológico em que se produz uma
falha. Zona de Falha é uma região onde há vários planos de
falhas paralelos ou entrelaçados (figura 2) a seguir.

Fig.2 – Mostra uma zona de falha.


• As falhas desenvolvem-se quando as tensões
(compressivas, distensivas e cisalhantes) que se exercem nas
rochas ultrapassam o limite de plasticidade da mesma. 3
4.2 Elementos Geométricos de uma Falha
• Os elementos geométricos de uma falha são: Escarpa de
Falha; Teto de Falha (capa); Muro de Falha (lapa) e Plano de
Falha, como mostra a figura 3 abaixo.

Fig.3-Elementos geometricos de falha


• Escarpa de Falha: corresponde a face (talude íngrime) ou
parte exposta da falha que se projecta na superfície.
Genericamente distinguem-se as escarpas tectônicas
(produzidas por falhamentos) e escarpas de erosão (formada
por agentes erosivos). 4
4.2 Elementos Geométricos de uma Falha (Cont.)
• Exemplo de escarpas tectónicas (a) e erosivas (b).

b)
a)

• Teto: bloco que está por cima ou sobre do plano de falha.


• Muro: bloco que está por baixo ou sob do plano de falha.
• Plano de Falha: Superfície ao longo da qual houve o
deslocamento relativo dos dois blocos. A sua inclinação pode
variar entre 0o e 90o. Com frequência, os blocos ao deslizarem,
deixam marcas dessa movimentação no plano de falha que se
chamam estrias. Espelho de falha é a superfície polida de uma
rocha no plano de falha originada pela fricção dos blocos 5
opostos em consequência dos movimentos.
4.3 Rejeito de Falha
• Rejeito de falha caracteriza o movimento relativo dos blocos.
É o deslocamento entre dois pontos previamente adjacentes,
situados em lados opostos da falha, medido no plano de falha.
Corresponde à distância que separa dois pontos, situados em
blocos opostos, que se encontravam inicialmente juntos.
Componentes do rejeito de falha: Rejeito total (A–A’); Rejeito
de mergulho (A–C e B–A’); Rejeito direcional (A–B; D–E; C–A’);
Rejeito horizontal (A–D; B-E); Rejeito vertical (D–C; E–A’).

• Rejeito total (A–A’): é o afastamento de pontos homólogos,


medido no plano de falha. Rejeito de mergulho (A–C e B–A’): é
o afastamento de pontos homólogos, medido paralelamente 6 à
inclinação do plano de falha.
4.3 Rejeito de Falha (Cont.)
• Rejeito direcional (A–B, D–E e C–A’): é o afastamento de
pontos homólogos, medido paralelamente à direção do plano
de falha.
• Rejeito horizontal (A–D e B-E): é o afastamento horizontal
de pontos homólogos, medido em um plano perpendicular à
direção do plano de falha.
• Rejeito vertical (D–C e E–A’): é o afastamento vertical de
pontos homólogos, medido em um plano perpendicular à
direção do plano de falha.

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4.4 Medição de atitude de falha
• A atitude de uma falha é caracterizada essencialmente pela
direcção e pelo mergulho (inclinação) do plano de falha.

• Direção do plano de falha: é a orientação em relação ao


Norte, da linha resultante da intersecção do plano da camada
com o plano horizontal. A maneira de enunciar a direção é:
Norte, seguido do ângulo formado entre a linha de interseção
e a linha que aponta o norte, e seguido de Este ou Oeste,
conforme o quadrante. Exemplo: N45 W ou N45W.
• Procedimento de determinação da direcção (bússola):
1. Colocar uma bússola na horizontal encostando-a ao estrato
cuja direcção se pretende medir; 2. Rodar a bússola graduada
de modo a que a agulha magnética coincida com o norte
magnético que está impresso na bússola; 3. Fazer a medição
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do ângulo entre o estrato e o ponteiro da bússola.
4.4 Medição de atitude de falha (Cont.)
• Determinação da direcção (bússola).

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4.4 Medição de atitude de falha (Cont.)
• Mergulho do plano de falha: é o ângulo formado pelo plano
da camada com o plano horizontal tomado
perpendicularmente a direção do plano de falha. As camadas
horizontais apresentam mergulho de 0o e as verticais de 90º.
O mergulho é enunciado pelo ângulo seguido do quadrante.
Exemplo: 45 SW, 45 SE, 45 NE, 45 NW.
Mergulho real é aquele tomado perpendicularmente à direção
da camada e em relação ao plano horizontal.
Mergulho aparente (pitch ou obliquidade) é qualquer outro
que não seja tomado desta forma.

• Procedimentos de determinação da inclinação (bússola):


1. Alinhar a direcção E-W da coroa graduada da bússola com a
linha de referência; 2. Encostar o bordo longitudinal do corpo
da bússola ao estrato; 3. Registar o valor da inclinação
indicado pelo inclinómetro na escala graduada (0° a 90°); 4.
Determinar o quadrante para o qual se verifica o sentido da
inclinação desse plano (NE, NW, SE, SW). 10
4.4 Medição de atitude de falha (Cont.)
• Determinação da inclinação (bússola).

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4.5 Profundidade e Espessura da Camada
• Profundidade: distância na vertical entre a superfície e um
ponto qualquer.
• Espessura: é a distância tomada entre limites de camadas,
de forma perpendicular a estes limites. Camadas horizontais
coincide com a distância vertical entre os limites dos
contactos.

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4.5.1 Cálculo de Profundidade e Espessura da Camada
• Espessuras de Camadas horizontais = Cota do Topo - Cota
da Base.

• Espessuras de Camadas Inclinadas: e = L senα; e: espessura


real (a distância perpendicular entre a base e o topo da
camada); L: espessura aparente (é qualquer outra que não
seja medida perpendicular a base e o topo da camada).
• Profundidade em Terrenos Horizontais:

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Espessura camadas inclinadas Profundidade terrenos horizontais
4.6 Classificação de Falhas
• Em geral, nas fracturas que acomodam deslocamentos
(falhas), não é possível identificar qual o bloco que
movimentou (Muro ou Teto) e qual o que permaneceu fixo.
• Desta forma, ao classificar as falhas, leva-se em conta o
movimento relativo entre os blocos, o mergulho do plano de
falha e a forma da superfície de falha.

4.6.1 Classificação quanto ao movimento relativo dos blocos.


• Quanto ao movimento relativo dos blocos as falhas podem
ser: normais, inversas, transcorrentes ou direccionais,
oblíquas e em charneiras.

a) Falhas normais: são aquelas em que o teto se desloca no


mesmo sentido ao do mergulho do plano de falha,
relativamente ao muro.
b) Falhas inversas: são aquelas em que o teto se desloca em
sentido contrário ao do mergulho do plano de falha,
relativamente ao muro. 14
4.6.1 Classificação quanto ao movimento relativo dos blocos

• Exemplo de falha normal (a) e inversa (b).

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4.6.1 Classificação quanto ao movimento relativo dos blocos
c) Falhas transcorrentes ou direccionais: são falhas cuja
direcção de deslocamento relativo dos blocos é
aproximadamente horizontal (// ao plano de falha), os
blocos de falha movimentam-se lateralmente.
Nesse tipo de falha deve-se definir o sentido de
deslocamento relativo dos blocos. Sendo assim, se o
deslocamento relativo do bloco for no sentido anti-horário a
falha chama-se transcorrente sinistral (c) e se for no sentido
horário é transcorrente dextral (d).

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Falha transcorrente
4.6.1 Classificação quanto ao movimento relativo dos blocos
(d) Falhas oblíquas: quando as direcções de deslocamento
são oblíquas com relação ao mergulho ou a direcção do plano
de falha e sugerem uma combinação entre forças distensivas
e de cisalhamento.

(e) Falhas em charneiras são geradas por um deslocamento


rotacional entre os blocos adjacentes, segundo um eixo
perpendicular ao seu plano. Resultam de forças distensivas.

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4.6.2 Classificação quanto ao mergulho do plano de falha
a) Falhas Verticais: apenas há afastamento vertical dos blocos
(rejeito vertical).
b) Falhas de Alto Ângulo: (60o – 90o);
c) Falhas de Médio Ângulo: (30o – 60o);
d) Falhas de Baixo Ângulo: (0o – 30o);
e) Falhas Horizontais: apenas há afastamento horizontal dos
blocos (rejeito horizontal).

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4.6.3 Classificação quanto a forma da superfície de falha
a) Falha plana: quando apresenta um plano de falha com uma
secção recta. As falhas rectas normalmente estão associadas
à homogeneidade dos materiais geológicos.
b) Falha curva: também denominadas de falhas lístricas são
conhecidas pela apresentação do plano de falha na forma de
“pá” ou “colher”. As falhas lístricas são produtos da
heterogeneidade dos materiais geológicos.

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4.6.4 Classificação de sistemas de falhas
• Grabens: são depressões estruturais ocasionadas por
falhamentos, nesta caso falhas normais, devido a forças
distensivas. Ocorre quando onde teto descem em relação ao
muro.

• Horsts: são elevações estruturais devido a acção de


movimentos tectónicos. Surgem devido a movimento
combinado de falhas normais, que resulta em afundamento
de terrenos vizinhos e consequentemente a elevação de uma
faixa de terreno entre eles.

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4.7 Reconhecimento de falhas
• Falhas podem ser visualizadas em excelentes exposições
naturais, mas na maioria das vezes não são observadas
directamente.

• Nesse caso são inferidas a partir de elementos estruturais


observados em afloramentos ou descontinuidades geológicas,
em zonas não expostas, que constituem a expressão da falha
na superfície. Alguns exemplos de elementos são os
seguintes:

a) Descontinuidade das camadas

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4.7 Reconhecimento de falhas (Cont.)
b) Omissão das camadas: ocorre em falhas normais. Numa
falha normal pode não se encontrar uma ou mais camadas,
pois com a depressão inclinada há uma descontinuidade nas
camadas que é preenchida com outro material.

c) Duplicação de camadas: ocorre em falhas inversas. Numa


falha inversa pode-se encontrar a sobreposição de camadas
repetindo-se o material encontrado em camada mais abaixo.

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4.7 Reconhecimento de falhas (Cont.)
d) Brecha de falha: rochas compostas por fragmentos
angulosos de tamanho variado e sem orientação cimentados
por uma fina matriz formada por minerais precipitados de
fluidos que migram na falha. Ocorrem estrias associadas, no
plano de falha.

e) Milonito: rocha composta por fragmentos


predominantemente alongados e pouco angulosos, marcada
por uma forte orientação de minerais (foliação), devido ao
processo de recristalização.

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4.7 Reconhecimento de falhas (Cont.)
f) Mudança brusca de fácies (metamórficas ou sedimentares)

g) Presença de Cataclasitos e Veios de Quartzo


Cataclasito: o efeito dinâmico do falhamento produz fricção e
esmagamento das rochas envolvidas no plano de falha
originando cataclasito. Veios de Quartzo: existência de veios
de quartzo paralelos entre si.

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4.7 Reconhecimento de falhas (Cont.)
i) Escarpa (a) e vale (b)
a) b)

j) Mudança Brusca no Solo e Vegetação


As falhas podem separar litologias diferentes, assim como,
solo e vegetação. A vegetação depende do solo. O solo
depende da litologia e do clima.

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