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DIREITO PENAL III

AULA 9: CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL


DIREITO PENAL III
Crimes Contra a Dignidade Sexual

CRIMES CONTRA A CRIMES SEXUAIS


DIGNIDADE SEXUAL CONTRA VULNERÁVEIS

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CRIMES CONTRA A DISPOSIÇÕES GERAIS LENOCÍNIO, TRÁFICO
LIBERDADE SEXUAL DE PESSOAS E ULTRAJE
PÚBLICO AO PUDOR

AULA 9: CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL


DIREITO PENAL III
Crimes Contra a Dignidade Sexual

o Crimes contra a dignidade sexual: O Título VI do CP, com o advento da Lei nº 12.015/2009,
passou a tutelar não mais os costumes (moral sexual), mas a dignidade sexual (liberdade de
escolha do parceiro e o consentimento na prática de ato sexual).

o Estupro

1. Bem jurídico: Liberdade sexual;

2. Sujeito ativo: Qualquer pessoa (crime comum);

3. Sujeito passivo: Qualquer pessoa. Se menor de 14 anos, o delito será o do art. 217-A do CP
(estupro de vulnerável);

4. Tipo objetivo: Pune-se o ato de libidinagem forçado, buscando o agente que constrange a
vítima à conjunção carnal (cópula entre pênis e vagina) ou a praticar ou permitir que com ele
se pratique outro ato libidinoso (coito anal, oral, beijo lascivo, cópula entre os seios etc.);

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Crimes Contra a Dignidade Sexual

5. Tipo subjetivo: Dolo. Não há necessidade de nenhuma finalidade específica;

6. Consumação e tentativa: Consuma-se com a prática de ato de libidinagem,


independentemente da ejaculação ou satisfação efetiva do prazer sexual. É possível a
tentativa, mas de difícil comprovação, por já estar consumado o crime com a prática de
qualquer ato libidinoso;

7. Figuras qualificadas:
a) Se o crime for cometido contra vítima maior de 14 anos e menor de 18 anos. Ressalte-se que
o estupro contra menor de 14 anos é regulado pelo artigo 217-A, estupro de vulnerável;
b) Se a conduta do agente, praticada com violência ou grave ameaça, resultar em lesão corporal
de natureza grave para a vítima;
c) Se da conduta exercida com violência ou grave ameaça sobrevier como resultado a morte.

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o Violação sexual mediante fraude

1. Bem jurídico: Liberdade sexual;

2. Sujeito passivo: Qualquer pessoa (crime comum);

3. Sujeito passivo: Qualquer pessoa. Tratando-se de menor de 14 anos, o crime será o do art.
217-A do CP (estupro de vulnerável);

4. Tipo objetivo: Pune-se o chamado estelionato sexual, no qual o agente, sem emprego de
qualquer forma de violência física ou moral, pratica com a vítima ato de libidinagem
(conjunção carnal ou qualquer outro), usando de fraude ou outro meio que impeça ou
dificulte a livre manifestação da vontade da vítima. É bom frisar que, para que o crime se
configure, a fraude deve ser capaz de iludir a vítima, não só pelo meio empregado como pelas
condições pessoais do ofendido;

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5. Tipo subjetivo: O dolo;

6. Consumação: O crime se consuma com a prática de ato de libidinagem, independentemente


da ejaculação ou satisfação efetiva do prazer sexual. É possível a tentativa;

7. Forma qualificada: A pena é acrescida de multa, caso o crime seja cometido com o fim de
obter vantagem econômica;

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o Assédio sexual

1. Bem jurídico: Liberdade sexual do indivíduo e também liberdade de exercício do trabalho e o


direito de não ser discriminado;

2. Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio, pois só pode ser praticado por pessoa que seja
superior ou tenha ascendência em relação de emprego, cargo ou função;

3. Sujeito passivo: Subordinado ou empregado na relação de emprego, cargo ou função. Nada


impede que autor e vítima sejam do mesmo sexo;

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4. Tipo objetivo: Constranger alguém com o intuito de obter vantagem sexual, prevalecendo-se
o autor de sua condição de superior hierárquico ou ascendência, inerentes ao emprego, cargo
ou função. É a insistência inoportuna de alguém em posição privilegiada, que usa dessa
vantagem para obter favores sexuais do subalterno. Quanto ao possível assédio sexual
praticado por professor em relação a aluno, há uma discussão se a relação deve ser de
emprego ou se a ascendência pretendida pelo tipo penal se configura na relação professor
e aluno;

5. Tipo subjetivo: O dolo, na vontade consciente de constranger a vítima, aliado à finalidade


especial (elemento subjetivo especial do injusto) de obter vantagem ou favorecimento sexual;

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6. Consumação e tentativa: Quanto à consumação, há duas correntes:


a) O delito se perfaz com o constrangimento, ainda que representado por um só ato e
independente da obtenção da vantagem sexual;
b) O crime é habitual e somente pode ser consumado com a prática de reiterados atos
constrangedores.

Se apenas um ato de assédio for o bastante, admite-se a tentativa, ainda que de difícil
configuração. Considerando o delito como habitual, obviamente, não será possível a tentativa.

7. Causa de aumento de pena: Eleva-se a pena em um terço, se a vítima é menor de 18 anos e


maior de 14 anos.

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o Estupro de vulnerável

1. Bem jurídico: A dignidade sexual do vulnerável;

2. Sujeito ativo: Qualquer pessoa;

3. Sujeito passivo: Pessoa vulnerável, que é o menor de 14 anos (caput) ou portador de


enfermidade ou deficiência mental ou incapaz de discernimento para a prática do ato, ou que,
por qualquer outro motivo, mostre-se sem condições de oferecer resistência (§ 1º);

4. Tipo objetivo: Pune-se o agente que tem conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso
com menor de 14 anos, com alguém enfermo ou deficiente mental, que não possua o
necessário discernimento, bem como com alguém que, por outra razão, não possa oferecer
resistência. Vale dizer que é irrelevante se a incapacidade de resistir foi ou não causada pelo
agente;

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5. Tipo subjetivo: O dolo, devendo o agente ter ciência de que age em face da pessoa
vulnerável. No caso de enfermidade ou de deficiência mental, tal característica da vítima deve
ser aparente, reconhecível por qualquer leigo em psiquiatria;

6. Consumação e tentativa: Consuma-se o delito com a prática do ato de libidinagem, sendo


perfeitamente possível a tentativa quando iniciada a execução, o ato sexual visado não se
consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente;

7. Formas qualificadas: Se da conduta do agente, exercida com violência ou grave ameaça,


resultar lesão corporal de natureza grave ou morte da vítima.

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o Mediação de vulnerável para servir à lascívia de outrem (art. 218)

1. Bem jurídico: Liberdade sexual;

2. Sujeito ativo: Qualquer pessoa, isolada ou associada a outrem. Como se trata de espécie de
lenocínio, o autor é conhecido como lenão;

3. Sujeito passivo: Menor de 14 anos destinado a satisfazer a lascívia de outrem. Há três


intervenientes no crime em questão: lenão, vítima e destinatário da atividade criminosa do
primeiro. Este não pode ser considerado responsável pelo crime, pois a lei exige fim de
satisfazer a lascívia de terceiro;

4. Tipo objetivo: Induzir menor de 14 anos a satisfazer a lascívia (prazer sexual) de outrem. A
conduta deve recair sobre pessoa determinada, pois se o agente induz a vítima a satisfazer a
lascívia de um número indeterminado de pessoas, o crime a ser configurado será o de
favorecimento da prostituição (art. 218-B, CP);

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5. Tipo subjetivo: O dolo, consistente na vontade consciente de induzir a vítima a satisfazer a


lascívia de outrem, sabendo que se trata de menor de 14 anos;

6. Consumação e tentativa: Consuma-se o crime com a prática de ato de natureza sexual com
menor de 14 anos, independentemente de o destinatário se sentir satisfeito sexualmente. A
tentativa é admissível.

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o Satisfação de lascívia mediante a presença de criança ou adolescente (art. 218-A)

1. Bem jurídico: A liberdade sexual, em particular, a moral sexual;

2. Sujeito ativo: Qualquer pessoa;

3. Sujeito passivo: Menor de 14 anos, não importando o sexo;

4. Tipo objetivo: O crime admite duas modalidades:

a) Praticar, na presença da vítima, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, querendo ou


aceitando ser observado;

b) Induzir a vítima a presenciar conjunção carnal ou outro ato libidinoso.

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Trata-se, pois, de tipo misto alternativo, composto de duas condutas possíveis. A realização de
ambas as condutas perfaz um único delito, desde que no mesmo lugar com a mesma vítima. O
autor do crime não pode ter contato físico com a vítima, sob pena de configurar a figura de
estupro de vulnerável (art. 217-A).

5. Tipo subjetivo: Dolo, com a finalidade especial de satisfazer a lascívia própria ou de outrem. A
idade da vítima deve ser conhecida pelo agente;

6. Consumação e tentativa: No caso da primeira conduta, consuma-se com a visualização, pelo


menor de 14 anos, da prática de ato libidinoso. Já na modalidade de induzir, o delito se
caracteriza com realização do núcleo, independentemente da consumação do ato de
libidinagem. Admite-se a tentativa.

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o Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável


(art. 218-B)

1. Bem jurídico: A liberdade sexual;

2. Sujeito ativo: Qualquer pessoa;

3. Sujeito passivo: Menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para prática do ato libidinoso, seja homem ou mulher. A lei não
diferencia o já corrompido daquele que conta com sua moral intacta. A prostituta será vítima
sempre que for impedida de deixar a prostituição.

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4. Tipo objetivo: São seis as ações incriminadas: submeter, induzir, atrair a vítima à prostituição
ou outra de facilitar a exploração sexual, facilitá-la ou impedir ou dificultar que alguém a
abandone. O favorecimento pode ocorrer por ação ou por omissão. Se o crime for cometido
com violência, grave ameaça ou fraude, diferentemente do art. 228, CP, tais circunstâncias
qualificarão o crime, mas poderá haver concurso de crimes.

São figuras equiparadas (§ 2º):

a) Quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com pessoa menor de 18 anos
ou maior de 14 anos na situação descrita no caput do art. 218-B;

b) O proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas


de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável,
constituindo efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização
(§ 3º).

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5. Tipo subjetivo: O dolo, consistente na vontade consciente de induzir ou atrair alguém à


prostituição, facilitá-la ou impedir que alguém a abandone. Há necessidade de haver um
elemento objetivo específico, previsto no § 1º, com o fim de obter vantagem econômica;

6. Consumação e tentativa: Nas modalidades submeter, induzir, atrair ou facilitar, consuma-se o


delito no momento em que a vítima passa a se dedicar à prostituição, colocando-se de forma
constante, à disposição dos clientes, ainda que não tenha atendido nenhum. Na modalidade
impedir ou dificultar o abandono da prostituição, o crime se consuma no momento em que a
vítima delibera por deixar a atividade e o agente obstaculizar. A consumação se prolonga
enquanto durar o impedimento. A tentativa é admissível nas formas de impedir e dificultar.
Não cabe tentativa nas formas submeter, atrair, induzir ou facilitar, pois é crime condicionado.
A simples atração, sem chegar à prostituição, é fato penalmente irrelevante.

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o Disposições gerais

1. Ação penal: Pública condicionada, transformando-se em pública incondicionada nos casos em


que a vítima for menor de 18 anos ou pessoa vulnerável;

2. Aumento de pena: Se o crime for cometido com o concurso de duas ou mais pessoas; ou se o
agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador,
preceptor ou empregador da vítima ou qualquer outro título de autoridade sobre ela.

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CONTEÚDO
Assuntos DA
da PRÓXIMA
próxima aula:
AULA:

Lenocínio;

Tráfico de pessoas;

Ultraje público ao pudor;

Disposições gerais.

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