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ALEITAMENTO MATERNO

Prof. Benedito Veiga 1


Aleitamento Materno
Vantagens para a mãe:
 Involução uterina após o parto mais rápida:
menor sangramento e consequente proteção
contra anemia

 Método natural de planejamento familiar: 98% de


anticoncepção nos 6 primeiros meses: se
exclusivo e mãe com amenorréia

 Menor incidência de câncer de mama e ovário


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Aleitamento Materno

 Proteção contra anemia devido a


amenorréia

 Mais fácil e prático

 Mais econômico: leite artificial – 23-68%


do salário mínimo

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Aleitamento Materno

Vantagens para o bebê:

 Proteção contra doenças infecciosas:


primeiros 6 meses: risco morte por diarréia em
não amamentados é até 14 vezes maior

 Infecções respiratórias: risco menor de


contrair doença até 2 anos de idade

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Aleitamento Materno
 Crescimento diferenciado: curvas do
National Center for Health Statistics NCHS
inadequados – 2006- novos gráficos
(Brasil, EUA, Noruega, Gana, Omã e Índia)

 Melhor desenvolvimento cognitivo –


especialmente prematuros

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Aleitamento Materno
 RN pré-termo: risco de enterocolite
necrotizante (Fator de proteção)

 Outras doenças: síndrome de morte súbita


do lactente, diabetes insulino-
dependente, doença de Crohn, linfoma e
outras doenças crônicas do intestino

 Provável prevenção de doenças na fase


adulta: hipertensão, aumento de
colesterol
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Duração da Amamentação
OMS
 Exclusiva por 6 meses

 Complementada até 2 anos ou mais

 A introdução de alimentos precoce pode


ser prejudicial, exceto em casos
selecionados

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Terminologias

 Aleitamento materno exclusivo (AME) :


leite da mãe ou leite humano ordenhado,
sem outros líquidos ou sólidos (exceção
suplementos vitamínicos)

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Terminologias

 Aleitamento materno predominante (AMP) :


fonte predominante é o leite humano. Recebe
líquidos à base de água (chás, água
adocicada)

 Aleitamento materno (AM) : criança recebe


leite materno direto da mama ou ordenhado,
independentemente de receber qualquer
alimento ou líquido, incluindo leite não-
humano
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Anatomia da Mama
Alvéolos:
Processam a produção de leite.

Dúctos Lácteos:
Canalizam e transportam o leite
dos alvéolos para o Seio Lactífero.

Seio Lactífero :
Recebem e armazenam o produto
ecologicamente perfeito: o leite.

Mamilo:
promovem a oferta pela saída do
leite sob a ação direta do
consumidor final: o bebê.
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Fisiologia da Lactação
 O desenvolvimento mamário apresenta
3 fases:
1. Crescimento mamário (Proliferação dos elementos
epiteliais, formação de extenso sistema de ductos e ácinos, e suas
mamogênese
respectivas luzes):

2. Secreção láctea: controle hormonal


- Lactogênese I (gestação)
- Lactogênese II (descida do leite)
3. Manutenção da secreção láctea:
- Lactogênese III ou galactopoese

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Fisiologia da Lactação
 Lactogênese I
 A placenta pelos altos níveis de estrógeno e
progesterona, inibe a prolactina e, só após a
dequitação, cessa a inibição da secreção
láctea
 A rápida elevação de prolactina induz o
começo da síntese de colostro
 Volume varia de 2 a 10 ml por mamada.
Aumenta rapidamente nas duas primeiras
semanas de vida e pode chegar a aumentar
até 10 vezes.

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Fisiologia da Lactação
 Lactogênese II
 Nas primeiras 30 a 48 horas pós-parto ocorre
aumento na secreção de lactose e migração de água
com consequente dilatação dos ductos e alvéolos –
esse fenômeno é conhecido como APOJADURA
 O que causa a sensação de mama intumescida que
com frequência desaparece em 36-48 horas
 Logo depois ocorre a descida do leite
 Um dos períodos críticos da lactação

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Fisiologia da Lactação
 Lactogênese III

 Galactopoese: a regulação da produção


de leite passa a ser feita no próprio local
da produção
 O volume de leite passa a depender da
demanda e é diretamente proporcional a
frequência e número das mamadas

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Fisiologia da Lactação
 1/3 do leite é produzido entre 1 mamada
e outra e é acumulado nos seios lactíferos
(leite anterior).

 2/3 restantes são produzidos durante a


mamada (segundo leite ou leite posterior)
que tem 2-3 vezes mais gordura que o
leite anterior.

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Fisiologia da Lactação
Figura 1 - Nesta figura vemos qual o mecanismo da lactação, decorrente da ação dos hormônios.
Quando o bebê começa a amamentação, e conseqüente, sucção do mamilo para saída do leite, há a
estimulação da hipófise e do hipotálamo. O hipotálamo estimula a hipófise anterior, que junto a hipófise
posterior (estimulada diretamente pela sucção), irá secretar prolactina e ocitocina; os dois hormônios
responsáveis pela lactação.

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Aleitamento Materno
Reflexos maternos envolvidos na lactação:

 Reflexo de produção ou da prolactina


(produzida na hipófise anterior) → estimula a produção
de leite e ocorre sempre que há sucção

 Reflexo da ocitocina ou de ejeção (produzida


na hipófise posterior): tem natureza psicossomática.
Responsável pela contração das células mioepiteliais que
envolvem os alvéolos (descida do leite)

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Aleitamento Materno
Reflexos infantis

 Reflexo de busca: o contato da mama na face


da criança faz com que volte o rosto para o lado
tocado

 Reflexo de sucção: desencadeado quando o


mamilo toca o palato

 Reflexo de deglutição: quando o leite chega a


orofaringe
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POSIÇÃO DA LÍNGUA

Quando o bebê suga no peito da mãe, realiza um


movimento perfeito com toda a musculatura
facial e respira pelo nariz.
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Composição do Leite Materno
De acordo com o período de lactação:

 Colostro: produzido a partir do 2º trimestre da


gestação até o 7° dia de vida.

 Leite de transição: do 7º ao 10º dia

 Leite maduro: secretado a partir do 10º dia

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Composição do Leite Materno

Colostro:

 Amarelo: rico em beta-caroteno

 Rico em proteínas, pouco açúcar e pouca gordura

 Rico em anticorpos (IgA secretora): proteção


contra invasão bacteriana

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Composição do Leite Materno:
Colostro:

 Rico em fatores de crescimento que


estimulam o desenvolvimento do intestino
imaturo do RN

 Fator bífido: RN amamentados ao seio


possuem flora predominante de Lactobacillus
bifidus – bacilos anaeróbicos que impedem
proliferação de bactérias patogênicas
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Composição do Leite Materno
Leite Maduro:
 Alta concentração de lactose (glicose + galactose)
que determina evacuações semi-líquidas 
facilita absorção de cálcio pelo cólon

 Principais proteínas:
 Caseína: baixo teor com formação de coalhos
pequenos (digestão mais fácil)

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Composição do Leite Materno
Leite maduro: principais proteínas:

 Lactoferrina: proteína fixadora de ferro (inibe o


crescimento de bactérias dependentes de ferro
no TGI)

 Imunoglogulinas: IgA (mais importante), IgG, IgM


e IgE

 Pobre em metionina, fenilalanina e tirosina e rico


em cistina e taurina

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Composição do Leite Materno
Leite Maduro
 Alto nível de colesterol necessário ao
desenvolvimento do SNC

 Alto teor de lipases que facilitam a digestão

 Baixa quantidade de vitamina K e D

 Vitaminas hidrossolúveis refletem reserva da mãe

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Variação do leite materno

 É dinâmica e ajustada às necessidades do


bebê em cada mamada
 Variação :
- Na cor e aspecto do leite
- Na composição do leite materno

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Composição do Leite Materno
Leite do prematuro:

 Mais rico em proteínas  mais adequado ao


maior ritmo de crescimento

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 Interação mãe - filho

Há muito ainda para ser entendido sobre


esses mecanismos “inteligentes” que
ajustam a secreção mamária às
necessidades da criança ...

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Início da Amamentação
 Iniciada tão logo quanto possível (ideal na 1ª
hora)

 Livre demanda: mamadas frequentes sem


regularidade de horário

 Tempo de permanência em cada mama: não


deve ser fixo. Esvaziar completamente uma
mama para saída do leite posterior mais rico em
gorduras

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Início da Amamentação
 Evitar água, chás, sucos

 Evitar chupetas e mamadeiras

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Técnica de amamentação
 Não há posição melhor que a outra

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POSICIONAMENTO DO BEBÊ

Mãe relaxada e Cabeça e corpo do


confortável. bebê em linha
reta.
Barriga encostada
na barriga da
Mãe segura o seio
mãe.
em forma de C.

Bem próximo, de
frente para o Queixo de bebê Nádegas do bebê
seio. tocando o seio. apoiadas.
Início da Amamentação

 Estimular o lábio inferior com o mamilo


para abrir a boca com língua abaixada

 Bebê deve abocanhar toda a aréola além


do mamilo (2cm)

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Amamentação

Promova,
Proteja e
Apóie!

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PEGA CORRETA

Boca do bebê bem aberta;


Lábio inferior virado para fora e o
superior para cima;
Bochechas do bebê arredondadas;
O queixo do bebê encostado no
peito da mãe;
Mais aréola acima do que abaixo.
Técnica de Amamentação

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Coisas que ninguém te conta
sobre a hora de amamentar o bebê
1. Como não é tão fácil
2. O leite demora a descer
3. O mamilo fica ferido, o bebê morde com a gengiva e dói e
fere
4. Amamentar sentada é mais seguro quando se tem muito
sono
5. A ordenha manual dói menos e é efetiva

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Situações Especiais
Mamilos Doloridos/ Trauma Mamilar:

 Discreta dor ou desconforto no início


pode ser normal

 Trauma mamilar é importante causa de


desmame

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Situações Especiais
Modos de prevenção
 Técnica correta de amamentação
 Exposição ao ar livre ou luz solar para manter
mamilos secos
 Evitar sabões, álcool ou outro produto secante
 Mamadas frequentes: evita sucção vigorosa e
enchimento excessivo das mamas  menor
flexibilidade da aréola
 Técnica de interromper a mamada com dedo
mínimo ou indicador pela comissura labial do
bebe

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Situações Especiais
Tratamento dos Traumas:

 Correção da técnica
 Lanolina anídrica modificada ou cremes com
vitamina A e D (?)
 Cremes com corticóides sintéticos: mometasona
0,1% e propionato de halobetasol 0,05%(?)
 Analgésicos sistêmicos, se necessário
 Evitar protetores de mamilos

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Situações Especiais
Mamilos Planos ou Invertidos:

 Ao pressionar a aréola entre o polegar e o


indicador o mamilo plano protrai e o invertido,
retrai
 Tentar posições diferentes de pega
 Manobras: sucção com bomba manual ou seringa
de 20 ml adaptada (corta-se a saída estreita e o
êmbolo é colocado na parte cortada)
(Atualmente não recomendado)

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Situações Especiais

 Manter mamas macias e aréola flácida


ordenhando as mamas e oferecendo o
leite com copinho

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ORDENHA

Lave bem as mãos.


Ordenhe o leite em local
silencioso e tranquilo.
Imagine-se num local
agradável e tenha bons
pensamentos em relação a
seu filho

Intervalos longos entre as ordenhas


podem acarretar diminuição da
produção de leite.
Situações Especiais
Ingurgitamento Mamário:

 Falha na fisiologia da lactação: há acúmulo


de leite pela obstrução linfática, levando a
aumento da viscosidade do leite (leite
empedrado)

 Quando discreto não necessita


intervenção.O excessivo é mais comum em
primíparas entre 3-5 dias após o parto

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Situações Especiais
Resolução

 Amamentar frequentemente – pode ser


necessário ordenhar a mama para deixar a aréola
mais macia

 Massagens nas mamas e analgésicos sistêmicos


para dor, se necessário

 Compressas frias em intervalos regulares por 15


minutos (hipotermia  vasoconstrição) ?

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Situações Especiais
Presença de Sangue no Leite:

 Mais frequente em primíparas adolescentes e


mulheres > 35 anos

 Rompimento de capilares pelo aumento súbito da


pressão osmótica intra-alveolar na fase inicial da
apojadura

 Transitório e melhora com ordenha

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Situações Especiais
Mastite

 Infecção bacteriana de um
ou mais
segmentos da mama geralmente a partir de
fissura

 Germe: S. aureus

 Mama dolorosa, hiperemiada, edemaciada


e quente. Há queda do estado geral com
febre e mal-estar
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Situações Especiais
 Tratamento com antibiótico sistêmico

 Não há necessidade de suspender


amamentação

 Pode evoluir para abscesso – tratamento


cirúrgico

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Situações Especiais
Bebê que não suga ou com sucção débil:

 Estimular a mama regularmente (mínimo


5 vezes ao dia) através de ordenha
manual ou por bomba de sucção

 Observar patologias no bebê ou técnica


inadequada

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Situações Especiais
Mamoplastia redutora:

 Em teoria é possível amamentar


normalmente.

 Em trabalhos de literatura há menor


sucesso na amamentação de mães que
foram submetidas à cirurgia

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Situações Especiais
Doenças Infecciosas maternas:

o HIV contra-indica o aleitamento materno


o HTLV (Vírus linfotrópicos de células humanas T1 e
T2) contra – indica o aleitamento materno

o Hepatites A, B e C não contra-indicam


o Citomegalovírus: passa através do leite mas não
contra-indica o aleitamento materno (Prematuros)

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Situações Especiais
Varicela: no período neonatal

 Separar a mãe da criança para evitar


contaminação.
 O leite ordenhado pode ser oferecido – não se
sabe se o vírus é transmitido pelo leite

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Situações Especiais
 Mãe fumante: o fumo não contra-indica o
aleitamento materno. Pode interferir na
produção de leite

 Mães que consomem álcool: em uso


pesado parece haver atraso motor. A AAP
considera compatível com a amamentação
desde que não exceda 0,5g de álcool por kg de
peso da mãe:
225 g de vinho ou 2 (1) latas de cerveja

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Situações Especiais
Drogas e Amamentação
Ministério da Saúde - www.saude.gov.br

Academia Americana de Pediatria(AAP)


 Drogas contra-indicadas: anfetamina,
ciclofosfamida, ciclosporina, lítio e metrotexato e
drogas ilícitas além de compostos radioativos

 Drogas usadas com cautela: AAS, fenobarbital,


primidona

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Situações Especiais
 Drogas com efeitos desconhecidos:
ansiolíticos, antidepressivos,
antipsicóticos, metoclopramida,
metronidazol

 Drogas compatíveis: observar possíveis


manifestações alérgicas, de
comportamento

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Técnicas de Extração

 Extração manual: é a ideal

 Extração com bombas: com bulbo pode ser


usada apenas para evitar ingurgitamento
mamário (difícil limpeza) Não recomendado

 Extração à máquina: usada em bancos de leite

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Conservação do Leite Materno

 Fora do refrigerador até 2 horas da coleta(?)

 No refrigerador: pode ser armazenado por 12


horas. Para usar, aquecer em banho maria ou a
temperatura ambiente

 Congelador/freezer: pode ser armazenado por até


15 dias

 Pasteurizado: até 6 meses no freezer


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Obrigado. Bom semestre!
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