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TÉCNICAS DE

PESQUISA
SURVEY, PROCESS-TRACING, ANÁLISE DE
CONTEÚDO, ENTREVISTAS

Prof. Adauto de Galiza


1. SURVEY
SURVEY
• Definição e Utilidade:

- Busca identificar opiniões, atitudes, valores, percepções e etc.


- Levantamento de dados por amostragem para fins
quantitativos ou qualitativos.
- Os dados são apurados pela aplicação de questionários em
larga escala.

Exemplos:
Pesquisa de Mercado;
Pesquisa de Opinião/Eleitorais;
Formulação de Políticas Públicas;
Investigação Acadêmica, etc.
SURVEY
• Funções:
i. Exploratória
- Ausência de teoria sobre o objeto.
- Ausência de um problema de pesquisa definido.
→ Nestes casos, não existem hipóteses teoricamente
orientadas.
→ Os surveys podem ajudar a desenhar hipóteses testáveis.

ii. Descritiva
- Identificar traços, aspectos ou atributos da população.
- Surveys descritivos se preocupam não com o “porquê” das
observações, mas com o que a população é.
SURVEY
iii. Explicativa
- Busca identificar as características que melhor explicam um
dado fato ou fenômeno.
- Envolve análise de variáveis (análise multivariável).

Exemplos:
Survey Exploratório = Possível relação entre raça e
criminalidade.
Survey Descritivo = Percepção dos juízes acerca da pena de
morte.
Survey Explicativo = Determinantes do voto para candidato a
presidente conservador.
SURVEY
• Tipos de Survey:
i. Transversais (Interseccionais)
- A amostra é colhida num determinado período de tempo.
- A relação entre as variáveis é observada apenas naquele intervalo de
tempo.

ii. Longitudinais
- Investigação do fenômeno ao longo do tempo ou em mais de uma
ocasião.
- Subdividem-se em outros três tipos:

a) Estudos de Tendência:
- Amostras diferentes em ocasiões diferentes.
- A amostra tem que representar a mesma população.

Exemplo:
Pesquisa de intenção de voto.
SURVEY
b) Estudos de Coorte:
- Avaliam causas comuns para uma mesma população, ainda que com
amostras específicas.

Exemplo:
Egressos do curso de pós-graduação em direito da UFPI.
→ Amostra (formados)
→ Evento comum (conclusão do curso).

c) Estudo de Painel:
- A mesma amostra é analisada ao longo do tempo.

Exemplo:
Padrão de consumo das famílias residentes na zona leste de Teresina.
SURVEY
Em resumo, temos:

Funções Tipos
Exploração Descrição Explicação Transversais Longitudinais
Exemplo típico
Adequado para de pesquisa de
Indicado para descrever as Ideal para survey. É mais
explorar características testar barato e mais Tendência
fenômenos/ de fenômenos/ hipóteses frequentemente Coorte
objetos objeto. Serve teoricamente utilizado não só Painel
desconhecidos. como fonte de orientadas. na academia,
informações mas também
para outros em pesquisas
estudos. de mercado

Fonte: Paranhos et al. (2013)


SURVEY
• Passo-a-Passo do Survey:
O Survey é geralmente desenhado em seis etapas.

1) Elaboração da Pergunta de Pesquisa


→ Identificar o problema de pesquisa e indicar a função do
Survey.

2) Montagem do Questionário
→ Tipo de questão (valores, crenças, comportamentais,
contextual e etc.)
→ Questões abertas ou fechadas.
→ Formatação de escalas.
SURVEY
3) Treinamento dos Pesquisadores
→ Determinação do número de entrevistadores: depende da quantidade
de perguntas, número de entrevistas e etc.
→ Esclarecimento de todas as perguntas.

4) Pré-Teste
→ Aplicação prévia do questionário: buscar problemas logísticos ou
teóricos.

5) Tabulação dos dados


→ Organizar as respostas dos questionários em banco de dados.

6) Análise dos dados


→ Determinação da técnica estatística para produzir as inferências
estatísticas.
→ A técnica escolhida depende da proposta do Survey e do problema de
pesquisa.
→ Teste Qui-Quadrado, Analise de Componentes são exemplos de testes
estatísticos.
SURVEY
• Elaboração do Questionário:

a) Quanto ao conteúdo:
- Objetivo: verificar fatos, crenças nos fatos, sentimentos, padrões
comportamentais e etc.

Indicações:
- Evitar perguntas excessivamente minuciosas e uso de abreviações;
- Interessa saber graus de aceitação ou apenas a opinião contra/ a
favor?
- Em perguntas de tema embaraçoso, a formulação permite evitar
respostas falsas ou resistências?
- O assunto exige uma pergunta separada ou pode ser agregada com
outras?
SURVEY
b) Quanto ao formato:

Tipo de Pergunta Vantagens Desvantagens


 “Contaminação”
 Estimulam a
pela interpretação
cooperação
do entrevistador
 Maior amplitude
Aberta  Maior dificuldade
interpretativa
de análise
 Menor indução ao
 Dificuldade de
erro
codificação
 Influência das
alternativas
 Facilidade de
apresentadas
Múltipla Escolha aplicação e análise
 Maior
 Rapidez respostas
planejamento para
elaborar perguntas
 Polarização das
 Alta objetividade
respostas
Dicotômica  Menor viés pelo
 Possibilidade de
entrevistador
erro de medição
SURVEY
Exemplos:

Pergunta Aberta:
Qual sua opinião a respeito da descriminalização das drogas?
R:. _________________________________________ ...

Pergunta Múltipla Escolha (ou estimulada):


Dentre estes candidatos, em quem você votaria para presidente da república?
( )Candidato A.
( )Candidato B.
( ) Candidato C.

Pergunta Dicotômica:
Você concorda com a redução da maioridade penal?
( )Concordo
( )Discordo
SURVEY
c) Quanto a ordem:
- A disposição sequencial das perguntas importa.
- Preferência por iniciar o questionário com perguntas abertas e
espontâneas.
- Perguntas embaraçosas e pessoais devem vir no final.
- Sequenciar logicamente as perguntas por temas ou “blocos”.
“Quando houver eliminado tudo o que é impossível, o que restar, embora
improvável, deve ser verdadeiro”
Sherlock Holmes (A. C. Doyle)

2. PROCESS-TRACING
PROCESS-TRACING
• O que é o Process-Tracing?
- Ferramenta qualitativa que investiga processos, sequências e
conjunturas de eventos sobre possíveis mecanismos causais que
explicam o efeito observado.
- “Caixa-Preta Causal”: qual a sequência e o desenrolar dos
mecanismos na direção CAUSA → EFEITO?

Analogias:
→ Efeito-Dominó
→ Investigação Criminal

ATENÇÃO!
→ O Process-Tracing não é uma simples descrição ou narrativa dos
fatos.
→ O método é focado (limitado a alguns fenômenos), objetivado
(almeja explicar o caminho causal de um resultado) e orientado
teoricamente.
PROCESS-TRACING
• Usos
- Necessidade de identificar mecanismos causais para um caso (N=1)
específico e delimitado no tempo.
- Adequa-se a perguntas de pesquisa do tipo “Porque” e “Como”.
- Adequa-se a questões mais complexas (multivariadas).
- O rastreamento dos mecanismos produzem um “todo” coerente. Ex:
Guerras e Revoluções.

ATENÇÃO!
→ Esta ferramenta não busca identificar um efeito causal (VI → VD), mas
sim a cadeia de eventos que liga X → Y (x1+x2+x3...+xn = Y)!

Exemplos:
Porque os movimentos de junho de 2013 ganharam relevância política?
Porque pautas conservadoras ganharam força nos últimos anos no Brasil?
Como ocorreu o desenvolvimento institucional do ministério público?
PROCESS-TRACING
• Aplicações:
a) Theory-Testing
b) Theory-Building
c) Explain Outcomes

- Procura majoritariamente testar teorias existentes por três


vertentes:

 Variável Independente e Mecanismos


- Utilizada para questionar a relevância da variável explicativa.
Ela é plausível ou não?
- Útil para informar sobre eventos intermediários entre causa e
efeito.
PROCESS-TRACING
Exemplo 1: Skocpol (1979)

Movimentos sociais progressistas são as principais causas de


revoluções sociais?

- Hipótese: Os movimentos mobilizariam as insurreições das classes


urbanas e rurais mais baixas.
- Resultado: Esse movimentos nasciam simultaneamente ou depois
das revoluções.

 Resultados Auxiliares:
- Utilizados para averiguar se os resultados esperados pela relação de
fato ocorreram.
- São úteis para reforçar a plausibilidade teórica.
PROCESS-TRACING
Exemplo 2: Tannenwald (1999)

Que circunstâncias levaram os EUA a adotar uma política de


controle de armas nucleares?

- Hipótese: O “tabu nuclear” do pós-guerra criou as diretrizes


normativas do controle de armas nucleares.
- Resultado: Evidências empíricas sobre massivas reações
negativas do público que levaram ao controle de armas
nucleares.
PROCESS-TRACING
• Inferências em Process-Tracing:
- A inferência causal do método deriva fundamentalmente da
observação dos mecanismos causais que ligam X → Y.
- O método não produz generalizações: é melhor aplicado para
estudos Single-N.
- As inferências servem para revisar/testar uma teoria dentro
de um caso.

Métodos Estatísticos Process-Tracing

- Deriva da existência (ou


- Deriva de generalizações ausência) de mecanismos
- Quantidade absoluta de causais
evidências - Relação (forte) entre evidência e
- Estimação do efeito VI → VD hipótese.
- X1+X2..+Xn = Y
PROCESS-TRACING
• Teste de Hipótese

- Os testes são salvaguarda metodológicas que reduzem o


componente intuitivo do Process-Tracing.
- Cada etapa do processo causal gera um hipótese acerca desta etapa.
- A evidência para cada hipótese é “medida”: condições necessárias
e/ou suficiente.
- Existem 4 testes básicos.

Exemplo 1:

João matou Maria por motivações passionais.


PROCESS-TRACING
Straw-in-the-wind Test Smoking Gun Test

Evidência: Recibo de Hotel na bolsa de Evidência: João flagrado com uma


Maria, SMS sugestiva no celular. arma fumegante perto de Maria.

 Condições nem necessárias, nem  Condição suficiente, mas não


suficientes. necessária (porte de arma não o
torna culpado).
Hoop Test Double Decisive Test

Evidência: João não tem um álibi. Evidência: Vídeo de camêra de


segurança no momento do tiro.
 Condição necessária, mas não
suficiente (não ter álibi é essencial  Condição necessária e suficiente
para ele ser suspeito, mas não é para atestar a hipótese.
suficiente para condená-lo).
PROCESS-TRACING
Exemplo 2: Colier (2011a)

Ao procurar um cavalo desaparecido encontrou-se seu


treinador morto no estábulo com um ferimento grave na
cabeça.

- Hipóteses:
1:. O treinador se suicidou.
2:. O assistente do treinador o assassinou.
3:. O cavalo ao fugir provocou o ferimento e a morte do
treinador.
PROCESS-TRACING
Straw-in-the-wind Test Smoking Gun Test

O cão de guarda não fez barulho, então deve ser O assistente não foi flagrado com a arma.
alguém conhecido.
 Porém, ele não ter sido flagrado não o
 O assistente é conhecido, mas não há como descartaria como o criminoso.
provar que foi ele.  Necessidade de mais evidências.

Hoop Test Double Decisive Test

O assistente tem um bastão em casa. A primeira e segunda hipótese foram


 É necessário ter uma arma para ele ser descartadas.
suspeito, mas não é condição suficiente para  O hoop test descarta suicídio e assassinato
culpá-lo. pelo assistente
 Um novo teste aponta que o assistente é  O straw test descarta uma pessoa
muito idoso, e não teria forças para provocar desconhecida.
o ferimento.
 Tal ferimento também não poderia ser Portanto, a hipótese 3 é a única hipótese
autoprovocado. Suicídio? explicativa restante.
PROCESS-TRACING
1) Hoop Test

- Teste de necessidade: identifica se a evidência observada é


necessária (indispensável), mas não suficiente (necessita de
outras evidências).

2) Smoke Gun Test

- Teste de suficiência: identifica se a evidência observada é, por


si só, suficiente para confirmar a hipótese. Não identifica,
porém, se a evidência é necessária (indispensável).
PROCESS-TRACING
3) Doubly Decisive Test

- Teste de necessidade e suficiência: aplicado


concomitantemente tanto para a hipótese principal, quanto
para as hipóteses rivais.
- São mais raros em ciência social.

4) Straw-in-the-wind Test

- Tipo de teste mais fraco: não há como determinar se há


necessidade ou suficiência para a hipótese.
- Porém, passar ou falhar neste teste não nos faz aceitar ou
refutar a hipótese em questão.
Em resumo, têm-se:
Suficiente para afirmar a causalidade?
NÃO SIM
1. Straw-in-the-Wind 3. Smoking Gun
PASSAR: Hipótese relevante,
PASSAR: Confirma a hipótese
mas não confirma.

NÃO PASSAR: Hipótese não é NÃO PASSAR: Hipótese


eliminada, mas enfraquecida, mas não
NÃO
enfraquecida. eliminada.

Hipóteses Rivais: Hipóteses Rivais:


Passar = Enfraquece Passar = Enfraquece
levemente substancialmente
Necessário para afirmar a
Não passa = fortalece Não passar = Fortalece
causalidade?
levemente levemente

2. Hoop 4. Doubly Decisive


PASSAR: Hipótese
PASSAR: Hipótese relevante,
confirmada e demais
mas sem confirmação
descartadas.
NÃO PASSAR: Elimina NÃO PASSAR: Hipótese
hipótese eliminada.
SIM
Hipóteses Rivais:
Hipóteses Rivais:
Passar = Enfraquece
Passar = Elimina
levemente
Não Passar = fortalece
Não passar = Fortalece
substancialmente.
levemente
PROCESS-TRACING
Exemplo de P.T simplificado:

Fonte: Stedman-Bryce (2013)


3. ANÁLISE DE CONTEÚDO
ANÁLISE DE CONTEÚDO
• Definições e Usos:
- Conjunto de técnicas de análise das comunicações.
- Busca extrair informações “escondidas” nas mensagens.
- Procura interpretar o conteúdo e dar significado a mensagem.

Exemplos:
Lixo produzido → Hábitos do indivíduo
Fala do sujeito → Nível de ansiedade
Decisões Judiciais → Perfil do Juiz

• Objeto da AC:
- Todo e qualquer material verbal ou não-verbal pode ser analisado
pela AC.
- Atas, Jornais, Livros, Entrevistas, Gravações, Filmes, Textos Jurídicos,
Anúncios Publicitários, Reportagens e etc.
ANÁLISE DE CONTEÚDO
• Abordagens:

i. Quantitativa
- “Conteúdo manifesto”: restringe-se ao que é dito e busca a
inferência direta do que o autor quis dizer.
- Enumera características e sistematiza as categorias principais da
mensagem.
- Procura generalizações e parte da teoria.

ii. Qualitativa
- “Conteúdo latente”: vai além do que é dito e busca interpretar em
profundidade o que está subentendido nas entrelinhas da
mensagem.
- Procura compreender fenômenos e construir a teoria.
ANÁLISE DE CONTEÚDO
• Objetivos de uma AC:

a) Orientada para “Quem Fala?”


- Investiga o autor da mensagem: características psicológicas,
valores e crenças pessoais, traços de personalidade e etc.

b) Orientada para “Dizer o que?”


- Investiga as mensagens em si: que informações elas trazem,
quais argumentos a suportam e que ideias representam.

c) Orientada para “A quem?”


- Busca extrair informações sobre quem recebe a mensagem a
partir do que este lê ou ouve.
ANÁLISE DE CONTEÚDO

d) Orientado para “Com que finalidade?”


- Busca identificar os objetivos que estão explícitos ou implícitos
na mensagem observada.

e) Orientada para o “Como?”


- Preocupa-se em observar como a comunicação se processa,
seus códigos, estilo e a estrutura da linguagem envolvida.
ANÁLISE DE CONTEÚDO
• Etapas:

Pré Análise

Etapas de Exploração do
Elaboração Material

Tratamento dos
Resultados e
Inferência
ANÁLISE DE CONTEÚDO
1) Pré-Análise
- Fase de organização inicial dos documentos e de leitura prévia
dos mesmos.
- É sumarizada em 4 outras etapas:

 Leitura “flutuante”: primeiro contato com o conteúdo a ser


analisado, onde as primeiras hipóteses aparecem
espontaneamente.
 Escolha dos documentos: a priori ou a posteriori (depende do
objetivo)
 Formulação de hipóteses: “minhas primeiras leituras sugerem
que...”
 Elaboração de indicadores: que índices serão utilizados?
Frequência de temas/palavras? Outros?
ANÁLISE DE CONTEÚDO
2) Exploração do Material
- Administração sistemática das decisões tomadas.
- Fase de organização e edição dos documentos.
- Organização da transcrição de entrevistas, catalogação de
gravações, organização cronológica de recortes e etc.

3) Tratamento dos resultados e Inferência


- Quantificação, mensuração e tratamento estatístico dos
dados.
- Estatística descritiva simples (percentual, moda e etc.) ou
Análises Estatísticas (Analise fatorial e etc.).
ANÁLISE DE CONTEÚDO
• Algumas Técnicas de Análise:

a) Análise de Avaliação
- Mede as atitudes do locutor em relação ao tema em questão.
- Extrai a direção e a intensidade das atitudes:
→ Direção: a favor ou contra, positiva ou negativa, amigável ou hostil,
otimista e pessimista e etc.
→ Intensidade: avalia o grau de convicção ou envolvimento.

b) Análise de Relações
- Examina a ocorrência simultânea de dois ou mais elementos
presentes no documento.
- Vai além da pura quantificação de frequência dos termos.
- Busca o sentido presente nas relações entre fragmentos do
conteúdo.
ANÁLISE DE CONTEÚDO
Exemplo 1:

Estereótipos sobre nacionalidades

Técnica por Associação de Palavras


- Utilizado para identificar estereótipos e conotações sociais dos
individuais ou de grupos.
- Coleta informações através de palavras-estímulos e palavras-
estimuladas.
Caract./ Traços
Traços Figuras
País Carac. Físicas Socioeconô Simbolismos Geografia
Psicológicos conhecidas
micos

Prédio
Grandeza
Loiros Carro
Descontração Nova Iorque
Cavalo G. Ford
EUA Capitalismo
Atlético Ingenuidade
Coca Cola
Califórnia
Charuto
Violência
Jeans

Multidão
Pequeno
Arroz
Comunismo
Olhos puxados
Sabedoria Mao
Cozinha
CHINA Revolução -
Amarelo
Mistério Confúcio
Muralha
Povo
Uniforme
Oriente

Fonte: Bardin (1997)


ANÁLISE DE CONTEÚDO
Exemplo 2: Holanda, Castro e Silva (2018)

Análise de conteúdo das propostas de emendas constitucionais sobre a


maioridade penal.

- Objetivo:
 Quantificação dos argumentos a favor de mudanças na legislação.
 Classificação quanto à natureza do argumento.
- Técnicas:
 Técnica da Análise de Concordância.
 Análise Lexicográfica.
- Amostra e Resultados...
- Achados:
 O critério etário é insuficiente para a presunção da ilicitude;
 Na maioria dos países há o entendimento por uma idade penal menor;
 A mudança na legislação é necessária para a redução da criminalidade.
4. ENTREVISTAS
ENTREVISTAS
• Definição e Usos:

- Técnica de recolhida de dados qualitativos onde o


entrevistado é a fonte de informação.
- Busca extrair valores, crenças, características, percepções e
etc. do universo pesquisado.
- Frequentemente usada como técnica exploratória.
ENTREVISTAS
• Tipos:

Entrevistas

Estruturadas Abertas Semiestruturadas


ENTREVISTAS
 Estruturadas
- Utiliza questionários com perguntas previamente estabelecidas.
- Rigidez: pouca margem para o entrevistado elaborar a pergunta.
- A ordem e a redação das perguntas não se altera.
- Usada para comparar as respostas para o mesmo universo de perguntas.
- Adequa-se melhor quando o objetivo é quantificar ou fazer levantamentos.

 Abertas
- Exploratória: maior nível de detalhamento e profundidade das respostas.
- Os entrevistados discorrem sobre um tema, não sobre uma pergunta específica.
- Mínima interferência do entrevistador.

 Semiestruturadas
- Combina elementos de ambos os tipos: perguntas abertas e fechadas.
- “Conversa informal”: o entrevistador conduz o sentido da entrevista.
- Pautada por um roteiro prévio.
ENTREVISTAS
• Procedimentos e Indicações:
a) Roteiro:
- Não há regras fixas para elaborar o roteiro ou as perguntas.
→ Depende do problema formulado e dos objetivos da
entrevista.
→ Papel do pesquisador: ordenar de forma minimamente lógica
os rumos da entrevista.

 Informar o rito da entrevista antes do início;


 Redigir perguntas claras e diretas;
 Evitar perguntas de teor constrangedor;
 Ordenar as perguntas de forma que capture a atenção do
candidato.
ENTREVISTAS
b) Entrevista
- Clima da entrevista: criar uma atmosfera de cordialidade.
 Assegurar o anonimato do entrevistado.
 Explicar o objetivo e a natureza da pesquisa.
 Deixar o candidato livre para fazer interrupções e esclarecimentos.
 Solicitar a autorização gravação da entrevista.

- Retorno do entrevistado: utilizar técnicas que melhorem o feedback


do entrevistado.
 Introduzir perguntas ou sugestões após a fala do candidato.
 Estimular por gestos que o candidato deve continuar falando.
 Solicitar que o entrevistado recapitule alguma narrativa.
 Introduzir novo tema quando atingir o “ponto de saturação”.
ENTREVISTAS
c) Amostra:
- A quantidade de entrevistados varia de acordo com a pesquisa.
- Algumas pesquisas podem já implicitamente determinar esta
quantidade

Exemplos:
Conselheiros do Conselho de Segurança Municipal
Juízes da 3º vara criminal
Deputados Estaduais da 55º Legislatura

→ Critério básico:
Estender as entrevistas até determinar padrões de comportamento,
simbolismos, práticas ou qualquer outro valor subjetivo aos
candidatados.
ENTREVISTAS
• Problemas Recorrentes:
- Perguntas mal elaboradas que suscitam dúvidas no
entrevistado.
- Perguntas que levam a divagações desnecessárias.
- Perguntas que não atingem o objetivo da pesquisa.
→ O pesquisador deve ter em mente que deve minimizar o
“ruído” e as informações desnecessárias dos entrevistados!

• Análise dos Dados:


- Etapa precedida pela transcrição das entrevistas.
- Criação prévia de parâmetros e categorias para extrair
informações das entrevistas.
- Softwares: NUD*IST e Folio Views.
Referências Bibliográficas
BABBIE, Earl. Métodos de Pesquisa em Survey. 1 ed. Belo Horizonte,
MG: Edições UFMG, 1999.

BARDIN, Lawrence. Análise de conteúdo. Lisboa, Edições 70, 1977.

DUARTE, Rosália. Pesquisa qualitativa: reflexões sobre o trabalho de


campo. Cadernos de Pesquisa., São Paulo , n. 115, p. 139-154, 2002.

JUNIOR, A., NAZIR, J. A utilização da Técnica de entrevista em trabalhos


científicos, 7ª Volume, Evidencia, Araxá.

SILVA, Fábio M. E.; CUNHA, Eleonora S. M. Process-tracing e a


produção de inferência causal. Revista Teoria & Sociedade, n. 22.2, p.
105-125, 2014.

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