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LAZARSFELD, Paul; MERTON, Robert.

Comunicação de massa, gosto popular e a


organização da ação social. In: LIMA, Luiz
Costa. Teoria da cultura de massa. São
Paulo: Paz e Terra, 2002, p. 109-131.
• Os autores partem da ideia de que há uma
grande preocupação com os MCM.

• Segundo eles, “Sente-se, geralmente, que os


mass media contêm um poderoso instrumental
que poderá ser utilizado para o bem ou para o
mal e que, na ausência de controles adequados,
a última possibilidade apresenta-se como a
mais provável” (109).
• Afirmam que, cientes do poder dos MCM, estes
têm sido aos poucos apropriados pelas grandes
empresas e pelos governos, que os utilizam
como forma de publicidade, e “[...] vêm adotando
técnicas de manipular o público de massa [...]
pela propaganda, ao invés de empregar meios
diretos de controle” (110).

• Os meios empresariais reduziram e exploração


direta e aumentaram os meios de propaganda.

• Trata-se do uso da persuasão: “Aqueles que


pretendem controlar as opiniões e crenças de
nossa sociedade utilizam-se cada vez menos da
força física, e cada vez mais da persuasão em
massa” (110).
• Dentre as preocupações dos críticos quanto aos MCM, destaca:

• a) sua ubiquidade;

• b) os seus efeitos;

• c) a deterioração do gosto estético e dos padrões culturais populares.

• A partir disso, os autores propõem a discussão sobre as funções dos


MCM. E afirma que seu papel tem sido “grandemente superestimado”.
[Esse comentário pode ser entendido como uma reação às teorias de
Lasswell.]

• Parte do argumento de que há um mal uso do tempo livre, e que há uma


regressão do gosto [Sua posição pode ser comparada à de Adorno, na
década de 1940, e à de Dwight MacDonald].

• Afirmam que os MSM têm três funções:


• 1. Função de atribuição de status.
• “[...] a posição social [...] é favorecida quando
repercute positivamente nos mass media [...] (115).

• “[...] o status mais valorizado é atribuído àqueles


que apenas são citados pelo media,
independentemente de qualquer apoio editorial. Os
mass media conferem prestígio e autoridade de
indivíduos e grupos, legitimando seu status” (115).

• “O público dos mass media aparentemente é


adepto da crença circular: Se você é importante,
estará no foco de atenção da massa, e se você
está no foco de atenção da massa, então com
certeza você é realmente importante” (116).
• 2. Os mass media como reforço das
normas sociais
• Os MCM podem “[...] iniciar uma ação
social, ‘expondo’ condições que estão em
desacordo com a moral pública” (116).
Nesse sentido, a mídia pode tirar o
indivíduo da apatia e levá-lo à ação.

• Mas as mídias levam representam


sobretudo um instrumento para reafirmar
as normas sociais.
• 3. A disfunção narcotizante
• Os autores consideram esta como sendo uma disfunção, porque não é
de interesse da sociedade.

• “Supõe-se, entretanto, que o vasto fluxo de comunicações suscita


apenas uma preocupação superficial com os problemas sociais, e essa
superficialidade frequentemente encapa a apatia da massa”.

• “O estar exposto a uma avalancha de informações suscita apenas uma


preocupação superficial com os problemas sociais, e essa
superficialidade frequentemente encapa a apatia da massa. Assim,
como uma maior parte do tempo é despendida em ler e ouvir, temos
uma menor parcela disponível para a ação organizada [...]. Está
preocupado; está informado; tem toda sorte de idéias acerca do que
deve ser feito. Mas, depois de terminado seu jantar e após escutado
seu programa de rádio predileto e depois de lido seu segundo jornal
diário, já é hora de ir para a cama” (119).

• Os autores passam então à análise de algumas especificidades da


mídia nos EUA, levando em consideração as três funções que
identificaram.
• Estrutura de propriedade e operação
• Afirmam que a estrutura de controle varia em
cada país, e que nos EUA há a predominância
das grandes empresas, diferentemente de
alguns países da Europa e da Rússia.

• “São os grandes negócios que financiam a


produção e distribuição dos mass media. E, sem
segundas intenções, aquele que paga é quem
manda mais” (120).
• Conformismo social
• “Como os mass media são sustentados pelos
interesses das grandes firmas que se engrenam
no presente sistema econômico e social, os
media contribuem para a manutenção desse
sistema.” (120).

• “A extensão da influência que os meios de


comunicação de massa têm exercido sobre sua
plateia deriva não somente do que é dito; porém,
mais significativamente, do que não é dito” (121).

• “A pressão econômica contribui para o


conformismo, omitindo as questões sensíveis”
(122).
• O impacto sobre o gosto popular
• Os autores acreditam haver uma queda no
padrão estético e no gosto popular. Isso
decorre do aumento das audiências
historicamente.

• “Com a ampliação da educação popular e


com a emergência de novas tecnologias de
comunicação de massa, desenvolveu-se
um mercado enormemente ampliado para
a arte” (123).
• “Com o surgimento da educação popular, parece ter
havido um declínio no gosto popular. Grande número de
pessoas adquiriu o que poderia ser denominado
‘capacidade de leitura formal’, ou seja, uma capacidade
de ler, compreender conteúdos elementares e
superficiais, assim como uma correlativa incapacidade
de absorver o sentido global do que leram. [...] As
pessoas leem mais e compreendem menos” (123).

• Hoje a elite é uma fração da plateia, dizem os autores.

• Isso se deve, em parte, aos efeitos do sistema de


produção da mídia.
• Propaganda com objetivos sociais
• Os autores se questionam sobre quais as formas mais
efetivas de a propaganda resultar em ação social. Eles
enumeram três pontos: 1) monopolização; 2)
canalização em vez de mudança de valores sociais; 3)
contatos face a face suplementares.

• Afirma que a monopolização é inerente a certos


sistemas políticos, como o Nazismo.

• Quanto à canalização, afirmam o seguinte: “Os meios


de comunicação de massa, então, têm sido utilizados
com muito bom resultado para canalizar as atitudes
básicas, mas parecem existir muito poucas provas de
que tenham servido para modificar estas atitudes” (128).
• Afirma que o ideal seria fazer uma combinação entre a
propaganda e a ação face a face. “[...] a persuasão de
massa incluía contatos diretos nas organizações locais
como reforço do que os mass media transmitiam. A
resposta individual ao que os canais de comunicação
apresentavam mostrou que a propaganda não se torna
eficaz pelo simples fato de sua exposição” (129).

• “Os meios de comunicação [...] conferem status. E o


status de um movimento nacional reforça por sua vez o
status das células locais, assim consolidando as prováveis
decisões de seus membros. Nessa combinação
entrelaçada, o organizador local garante uma audiência
para o orador de âmbito nacional e este, de sua parte,
confirma o status do organizador local” (130).
• “Os meios de comunicação de massa provam ser mais eficazes
quando utilizados numa situação de virtual ‘monopólio psicológico’
ou quando o objetivo é muito mais canalizar do eu modificar as
atitudes básicas ou então quando operam em combinação com
contatos diretos” (130).

• “Como resultado dessa tríplice situação, o papel atual dos mass


media está quase por completo limitado a assuntos sociais que
normalmente se lhes atribui” (131).

• “Assim, as mesmas condições que agem em favor da máxima


eficácia dos massa media operam em favor da manutenção da
estrutura social cultural vigente. Ou seja, trabalham muito mais
para a manutenção dessa estrutura sociocultural do que para sua
modificação” (131).

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