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COMPREENSÃO DA
FENOMENOLOGIA.
Profa Ms. ROBERTA C. P. A. FERREIRA
Psicoterapeuta
CRP 04/33507
1) CONSCIÊNCIA INTENCIONAL OU
INTENCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA
• Idade Moderna: disputa entre escolas filosóficas com relação ao processo de
conhecimento.
• Elas privilegiavam um dos lados da relação sujeito-objeto/razão-experiência como
mais importante para o processo de conhecer.
• Racionalismo: importância do pensamento para construção do conhecimento
(foco: sujeito que pensa – Dúvida Metódica)
• Empirismo: importância do objeto que, através da experiência, permitia o
conhecimento.
• Em ambos os casos, o conhecimento estava associado à separação sujeito e objeto.
1) CONSCIÊNCIA INTENCIONAL OU
INTENCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA
• Conceito de intencionalidade: Husserl tenta superar as tendências racionalistas e
empiristas do século XVII.
• Fenomenologia busca realizar a superação da dicotomia razão-experiência no
processo de conhecimento, afirmando que toda consciência é intencional.
• Contrariamente ao que afirmam os racionalistas, não há pura consciência separada
do mundo toda consciência tende para o mundo toda consciência é
consciência de alguma coisa.
• Contrariamente aos empiristas, não há objeto em si o objeto só existe para um
sujeito que lhe dá significado.
(ARANHA; MARTINS, 1993).
1) CONSCIÊNCIA INTENCIONAL OU
INTENCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA
• Princípio da intencionalidade: Husserl propõe a superação da
dicotomia sujeito-objeto Diferentemente de Descartes, ele
descentralizou o sujeito.
• Husserl: todo objeto é um objeto-para-uma-consciência e nunca
objeto em-si e toda consciência é sempre consciência-de-um-
objeto e nunca uma consciência vazia (Sá, 2006).
1) CONSCIÊNCIA INTENCIONAL OU
INTENCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA
• Husserl: “a consciência é sempre consciência-de-alguma-coisa, ela só é consciência-
dirigida-para-um-objeto (...) por sua vez o objeto só pode ser definido em sua relação
à consciência, ele é sempre objeto-para-um-sujeito” Dartigues (1992, p. 18).
• Não existe uma consciência pura, separada do mundo como pregavam
os racionalistas (sujeito ilhado em sua interioridade, sem se relacionar
diretamente com as coisas) (Bruns, 2003).
• Também não há um objeto em si, independente da visada da
consciência, como diziam os empiristas (Bruns, 2003).
1) CONSCIÊNCIA INTENCIONAL OU
INTENCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA
• O mundo não é pura exterioridade e o sujeito não é pura
interioridade, mas a saída de si para um mundo que tem uma
significação para ele (Forghieri, 2009).
• A consciência não é compreendida como interioridade psíquica,
pois remete sempre ao mundo (Sá, 2006).
1) CONSCIÊNCIA INTENCIONAL OU
INTENCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA
• A consciência não está encapsulada no sujeito, separada do objeto,
que só num segundo momento entraria em relação com o objeto,
com o mundo (SAPIENZA, 2007).
• Antes que eu pense sobre algo, é preciso que eu já esteja em
relação com essa coisa. Logo, há o pré-reflexivo, anterior a essa
reflexão.
1) CONSCIÊNCIA INTENCIONAL OU
INTENCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA
• Fenomenologia: o objeto é para um sujeito que lhe doa significados (que
intenciona).
• O sentido é singular, o que torna difícil as padronizações, generalizações,
verdades absolutas quando se fala do ser humano.
• Não há fatos com a objetividade pretendida, pois não percebemos o
mundo como um dado bruto, desprovido de significados. O mundo que
percebo, é um mundo para mim (ARANHA; MARTINS, 1993).
• Homem, desde seu nascimento, se relaciona com o mundo e com as
pessoas atribuindo sentidos.
1) CONSCIÊNCIA INTENCIONAL OU
INTENCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA
• Não existe a coisa independente de um ponto de vista unilateral e
variável através do qual ela se apresenta a alguém.
• Quando eu vario minha perspectiva subjetiva sobre um determinado
objeto, o que obtenho é outra perspectiva igualmente subjetiva: o
objeto estará sempre preso a um ponto de vista (Moura, 2008).
• Objetividade e neutralidade almejadas pelo método científico bem
como a busca por verdades absolutas pela metafísica, perdem o
espaço.
1) CONSCIÊNCIA INTENCIONAL OU
INTENCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA
• É a intencionalidade da consciência que permite o processo
de conhecimento, já que é na relação consciência-objeto
que se torna possível o conhecer (Sapienza, 2007).
• Porém esse conhecimento não é neutro, isento de
subjetividade, pois a consciência está sempre para um
objeto e vice-versa, num ato de atribuição de sentidos que
são sempre singulares.
1) CONSCIÊNCIA INTENCIONAL OU
INTENCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA
• O homem relaciona-se com o mundo de forma inteira
e nessa relação ele é afetado antes de construir
qualquer forma de compreensão.
• Só em um segundo momento, ele envolverá seus
esquemas de aprendizagem, seus valores, preconceitos,
formulando explicações que deem conta de tal
experiência.
1) CONSCIÊNCIA INTENCIONAL OU
INTENCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA
• Intencionalidade: unifica a consciência e mundo, sujeito e objeto.
• Intencionalidade: dirigir-se a algo (objeto, situação, outra pessoa, uma
lembrança) e atribuir um significado.
• Acontece quando, através de algo dado (fato), “visamos” algo não
dado (fenômeno).
• É tender, por meio de não importa quais conteúdos dados à
consciência, a outros não dados. (Moura, 2008).
1) CONSCIÊNCIA INTENCIONAL OU
INTENCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA
• Intencionalidade da consciência: modo como cada um, em sua
singularidade, significa suas vivências e interpreta o mundo.
• Cada um tem experiências e percepções distintas, de acordo com suas
lembranças, vivências, sentimentos e desejos que compõem a história
de cada um.
• É pela intencionalidade da consciência que o mundo vai se
constituindo em uma trama de significados que dizem respeito à
existência daquela pessoa em particular.
2) FENÔMENO
• aquilo que se revela, que se mostra em si mesmo.
• É o significado que o homem atribui à sua experiência vivida (Valle,
1997). Significado é o resultado do encontro entre homem
(sujeito/consciência) e mundo (objeto).
• É a integração entre consciência/sujeito e mundo/objeto.
• O fenômeno existe porque há uma consciência que intenciona, uma
consciência que atribui significado às coisas do mundo.
2) FENÔMENO
• aquilo que se revela, que se mostra em si mesmo.
• É o significado que o homem atribui à sua experiência vivida (Valle,
1997). Significado é o resultado do encontro entre homem
(sujeito/consciência) e mundo (objeto).
• É a integração entre consciência/sujeito e mundo/objeto.
• O fenômeno existe porque há uma consciência que intenciona, uma
consciência que atribui significado às coisas do mundo.
2) FENÔMENO
• Em nossa vida, nunca nos encontramos primeiramente com
dados, objetos, mas com fenômenos, uma vez que nossos atos
intencionais nos conectam a eles
• Ex: vejo (INDIVÍDUO DOTADO DE CONSCIÊNCIA
INTENCIONAL) um traço no papel (FATO) que me faz lembrar
do sinal matemático (FENÔMENO) de subtração, que me faz
recordar as aulas de tabuada da infância (HISTÓRIA PESSOAL).
2) FENÔMENO
• É distinto o modo de doação que me exibe a árvore se eu a
percebo da janela ou do jardim, segundo este ângulo ou segundo
outra perspectiva.
• É essa variabilidade de ‘perspectivas’ sobre um objeto que levará
Husserl a apresentar o ‘fenômeno’ como sendo um modo
subjetivo de doação, já que sempre é reportado a um ‘ponto de
vista’ parcial e mutável (Moura, 2008).
2) FENÔMENO
• Os fenômenos possuem várias facetas e aquela que se mostra
depende da relação que é estabelecida, ou seja, quem está
envolvido em tal situação, de que ponto de vista é feita a leitura de
tal fenômeno.
• Um mesmo acontecimento pode soar como uma “bomba” para
um e ser indiferente para outro.
2) FENÔMENO
• É por reconhecer essa ambiguidade inerente ao mostrar-se do
homem, que a Fenomenologia aceita a relatividade e a
ambiguidade do nosso conhecimento (nunca é absoluto, imutável,
totalmente alcançado o ser humano se vela e desvela, não se
abre escancaradamente).
•A Fenomenologia só compreende a possibilidade do
conhecimento pela aceitação desta ambiguidade.
2) FENÔMENO
• Essa ambiguidade não é vista como uma deficiência da
Fenomenologia, já que ela não compreende essa ambiguidade dos
fenômenos como falha de nossas experiências ou de nossos
encontros com as coisas. Ela a vê como inerente ao homem.
• Quando se trata do mundo humano, nada pode ser considerado
absoluto, pois depende da relação de intencionalidade que é
estabelecida em cada caso.
2) FENÔMENO
• Enquanto o fato equivale ao acontecimento, que é imutável, o fenômeno é
possível de transformação através da ressignificação.
• Logo, os significados não são estáticos, eles podem se transformar através da
ressignificação.
• Ressignificação: possibilidade de olhar de uma nova forma para uma mesma
coisa, para um mesmo acontecimento. A partir da atribuição desse novo
sentido, é possível pensar em novas atitudes.
2) FENÔMENO
• Ressignificação + intencionalidade da consciência: reiteram a
impossibilidade de considerar como “absoluto” aspectos que
dizem respeito a existência humana bem como a impossibilidade
de se buscar neutralidade e objetividade total no processo de
conhecimento do homem.
• Para trabalhar com a abordagem fenomenológica, o psicólogo terá
que tolerar isso na busca da compreensão de seu paciente
2) FENÔMENO
• 2) *Distanciamento reflexivo:
• Após penetrar na vivência de uma determinada situação, o profissional
procura estabelecer um distanciamento da vivência.
• Objetivo: ver cliente como um ser distinto + refletir sobre o que
compreendeu e, a partir disso, tentar elucidar o significado daquela vivência
para a pessoa que a experiencia
(Forghieri, 2009).
4) EPOCHÉ OU REDUÇÃO
FENOMENOLÓGICA.
• Ele reflete sobre a vivência, lhe atribui significados, constrói uma
interpretação sobre o vivido e enuncia-a descritivamente, sem perder de vista
a própria vivência.
• É um retornar à experiência vivida e sobre ela fazer uma reflexão que
permita chegar à sua essência (Dartigues, 1992).
• Redução Fenomenológica acontece em conjunto entre paciente e terapeuta:
muitas explicações serão construídas pelo próprio paciente, ao aproximar-se
do fenômeno, incentivado pelo próprio terapeuta
4) EPOCHÉ OU REDUÇÃO
FENOMENOLÓGICA.
• Apesar desses 2 momentos serem descritos como separados com intuito de
facilitar a descrição de cada um, na prática, ambos são inter-relacionados e
reversíveis, não chegando a haver uma completa separação entre eles, mas,
apenas, predominância ora de um, ora de outro (Forghieri, 2009).
• “O conhecimento psicológico é reflexão e ao mesmo tempo vivência; é conhecimento que
pretende descobrir a significação, no contato efetivo do psicólogo com sua própria vivência e
com a de seus semelhantes” (Forghieri, 2009, p.22)
RESUMO
• Consciência é intencional atribui significados singulares fenômeno.
Para alcançar o fenômeno, usa-se Redução Fenomenológica .
• Proposta da Fenomenologia: contato direto e imediato com as coisas, na
forma que elas se apresentam (fenômeno), sem a mediação de um
pensamento teorizado (pré-concepções) necessidade de redução
fenomenológica.
• Interesse pela experiência cotidiana concreta: são as situações concretas que
esclarecem sobre o homem e o mundo, ao contrário, das abstrações (PICCINO, 2000).
RESUMO
• Explicitar um sentido de uma experiência concreta possibilita des-velamento
e compreensão essenciais para autoconhecimento e, consequentemente,
para fazer escolhas autênticas e responsáveis.
• O homem em si é um fenômeno e ele se revela lentamente a psicoterapia
colhe, pacientemente, as parcelas com que o fenômeno vai se revelando até
que o ser-aí do fenômeno se revele em toda a sua luz (?) e se “veja” a
essência do cliente através de sua manifestação fenomênica (RIBEIRO,
1985).
RESUMO
• O processo envolve fazer o fenômeno vir à luz, tornar-se claro para ele, de tal modo
que, percorrido o caminho da compreensão do fenômeno que este ser-aí é, se tenha
também chegado à sua essência, isto é, o modo como ele está no mundo.
(RIBEIRO, 1985).
• O psicoterapeuta é o facilitador do fenômeno, enquanto anúncio do ser. [...] no que
eu vejo, não existe só o que eu vejo, mas pode existir uma realidade que ultrapassa o
ali e agora de minha percepção (RIBEIRO, 1985).
• Com cada cliente é estabelecida um relação única, singular, pautada em significados
atribuídos por ambos os lados, paciente-terapeuta.