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Cooperação internacional em

matéria penal

Extradição
Introdução

1. Conceito (expulsão e extradição);


2. Legislação Cabo-Verdiana;
3. Princípios;
4. Convenções e acordos internacionais que
Cabo Verde faz parte.
Competências dos
órgãos de soberania Presidente da
em matéria de República : art.135º a) :
cooperação aprovar, depois de
internacional: validamente aprovados,
Constituição da tratados e acordos
internacionais
República de Cabo
Verde. Assembleia
Nacional (AN):
Art. 174º al. h) : aprovar
Governo:
tratados e acordos
Art. 202º al. k): aprovar, por internacionais.
decreto, os tratados e acordos Art. 175º; 176º: competência
internacionais cuja aprovação reservada da NA
não são da competência
reservada da Assembleia Art. 178º: aprovação para
Nacional e que não lhe foi ratificação de tratados e
submetido. acordos internacionais
Expulsão
(Lei n. 66/VIII/2014, 17 de Julho, alterada pela Lei nº. 80/VIII/2015 de 14
de Janeiro e pela Lei nº19/IX/2017 de 13 de Dezembro)

Conceito: Art. 72º

É o afastamento coercivo de estrangeiros do território nacional


decidido por uma autoridade administrativa ou judicial.
Afastamento Coercivo (art.72º e ss.)

(Art.72º;77º)
(Art.72º) (Art. 73º) - Razões de permanência
ilegal no país
• Expulsão • Competência da DEF determinado por
(Direcção de autoridade
administrativa; Estrangeiros e administrativa;
• Expulsão Fronteiras); - Como pena acessória
Judicial. • Competência dos de uma condenação
Tribunais Judiciais. criminal ou mesmo de
um estrageiro com
permanência legal como
medida autónoma.
(art. 81º;82)
Expulsão
Art. 37º. CRCV

Protege:

• Todo o cidadão nacional de expulsão do país;

• O estrangeiro, apátrida, autorizado a residir no país


asilado (conceito: art.39º.)
• expulsos somente por decisão Judicial.
Noção de extradição

• É o mecanismo que consiste na


entrega duma pessoa

• que se encontra no território de um


Estado a outro Estado, por
solicitação deste,

• para ser julgado por crimes que


caem na jurisdição do Estado
requerente ou para cumprimento de
pena já atribuída pelos Tribunais
desse Estado. (Furtado, 2009, p.24)
Extradição: Conceito.

• Anexo à declaração e Rabat (2008): Convenção de


auxílio judiciário mútuo e de extradição contra o
terrorismo (artigo 1º nº. 2)
[…]
Designa a entrega de uma pessoa procurada por um Estado
Parte requerente em vista da subsequente ação penal por uma
infração prevista notadamente num dos instrumentos
universais contra o terrorismo arrolados no parágrafo 5 do
presente artigo, ou para cumprir a pena infligida por uma tal
infração. […]
Fonte: Aspetos polémicos da
extradição em Cabo Verde e no espaço
lusófono (Furtado, Brito et al, p.335)
Extradição
Lei nº. 6/VIII/2011 de 29 de Agosto

• ATIVA (art.69º a 74º) : quando o Estado obtém a entrega


da pessoa solicitada ao Estado onde se encontrava.

• PASSIVA (art.31º a 68º. ): quando o Estado se limita a


entregar a pessoa a outro Estado.

(Furtado, 2009)
Extradição: Legislação interna (Cabo Verde)

• Artigo 38º - Constituição da República de Cabo Verde

• Lei nº. 6/VIII/2011 de 29 de Agosto – art. 31º e ss.


Legislação Interna (Cabo Verde):
Lei nº. 6/VIII/2011 de 29 Ago. art.46º

Apreciação dos pedidos de extradição:

• Fase Administrativa ou política: é a fase de apreciação


política, feita pelo Ministério da Justiça, sobre a oportunidade
política da extradição.

• Fase Judicial (art. – apreciação jurídica sobre a


admissibilidade de concessão da extradição.
Fase Extradição
Solicitação de
Administrativa passiva
informações
ou política MJT Apreciação
política (art.24º e 46º) complementares e
(Art.46º)
comunicações de
entrega do arguido

Art. 74º e 167º. Fase


Da Lei nº. PJ (GNI) executa a Judicial
PGR organiza o
06/VIII/2011 de processo e solicita ordem de captura
29 de Ago: ordem e captura Apresentação [notícia vermelha a PJ
competências pode executar e
atribuídas ao apresentar ao PGR]
Supremo Tribunal apresentação
de Justiça nessa
lei, passam para Tribunal de Relação
Tribunal de emite a ordem de
captura PGR mande executar a
Relação ao entrar
Ordem de Captura
em [audição do arguido,
funcionamento confirma a extradição]
A Extradição assenta-se em Princípios:

• Consentimento por tratados: Requer que haja tratados entre os


Estados, requente e requerido.

• Reciprocidade (art.3º lei 6/VIII/2011 29 Ago): na ausência de


tratado, a extradição pode ser efetivada com base em
declaração de promessa de reciprocidade entre os Estados.
Princípios

• Reciprocidade – art 3º;


• Da dupla incriminação – os factos têm que constituir
crime no Estado requerido;
• Da especialidade – art.17º;
• Do “Non bis in idem” – art.19º;
• Da nacionalidade: não permite extradição de cidadãos
nacionais, salvaguardadas as exceções previstas na
CRCV (artigo 38º nº 3).
Legislação interna sobre nacionalidade

• CRCV – cfr. Art. 5º; 23º a 25º;37º a 40º.


• Lei nº. 80/III/90 de 29 de Junho alterada pela
• Lei nº. 41/IV/ 92 de 6 de Abril e pela
• Lei nº. 64/IV/92 de 30 de Dezembro;
• Lei nº. 51/VI/ 2004 de 13 de Setembro
• Decreto nº. 114/90 de 8 de Dezembro
• Dec-Lei nº. 53/93 de 30 de Agosto
• Dec-Lei de 19/2000 de 24 de Abril
Nacionalidade (Direito a: art.7º lei nº.80/III/90 de 29
Jul. alterada pela Lei nº. 64/IV/92 de 30 Dez.) :

É nacional de Cabo Verde


a) O indivíduo nascido em CV de pai e mãe de nacionalidade
Cabo-verdiana;
b) O indivíduo nascido no estrangeiro de pai e mãe de
nacionalidade CV, que se encontre ao serviço do Estado
CV; Território de
Cabo Verde
c) O indivíduo nascido em território de CV quando possua
– artigo 6º
outra nacionalidade;
da CRCV
d) O indivíduo nascido em CV de pai e mãe apátridas ou de
nacionalidade desconhecida residentes em CV.
É ainda cidadão cabo-verdiano, por origem, por
opção e mediante declaração (art. 8º da Lei 64/IV/92
de 30 Dez.)

a) O indivíduo nascido no estrangeiro de pai e mãe, avô ou avó de


nacionalidade cabo-verdiana de nascimento;

b) O indivíduo nascido em CV de pais estrangeiros, se estes


residirem habitualmente em território CV há pelo menos cinco
anos e nenhum deles aí se encontre ao serviço do respetivo
Estado;

c) Os indivíduos que por força da versão originária da Lei da


Nacionalidade perderam a nacionalidade cabo-verdiana, por efeito
da aquisição voluntária de nacionalidade estrangeira.
Extradição

• Nacionais:
• Admissível: artigo 38º n. 3 CRCV.
• Requisitos cumulativos:
• Estado Requerente admite extradição de seus nacionais;
• Terrorismo ou criminalidade internacional organizada;
• Quando um nacional readquire ou adquire nacionalidade após
cometimento do crime em causa.
Recusa (nº. 1 e 2 do art. 38º. CRCV e art.6º da Lei
6/VIII/2011 de 29 Ago)

• Motivos políticos, rácicos, étnicos e religiosos ou por delito de


opinião, linguísticos, sexo;
• Se o crime é punível com pena de morte ou lesão irreversível;
• Suspeita fundamentada de que o extraditando possa ser alvo de
tortura ou tratamentos desumanos, cruéis ou degradantes;
Recusa

• Risco de agravamento da situação do extraditando por


motivos das razões já invocadas;

• Se o julgamento será conduzido por tribunal de exceção, ou


mesmo para mera execução da sentença;

• Nacional: não é admissível, sendo o crime punível com pena


de prisão perpétua ou indefinida, salvo com garantias seguras
da sua não aplicação.
Exercício

Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/mp-alemao-pede-extradicao-de-ex-
presidente-catalao-para-a-espanha.ghtml
Recusa não obsta cooperação:

• Princípio de aut dedere aut judicare – se não extraditar,


julgar.
• Não impede jurisdição do TPI
• O Estado Requerente fornecer garantias:
• De comutação das penas “proibidas” ;
• Ou de que não serão aplicadas;
• Aceitar que um tribunal de Cabo Verde comute as penas
“proibidas” cfr. a sua lei.
Extradição: nas convenções internacionais que
Cabo Verde faz parte
• Convenção de Viena contra a Droga de 1988: Art. 6º.

• Convenção sobre a Corrupção de 2003: Art. 44º.

• Convenção dos países membros da CPLP de 2005: art.1º. E ss.

• Convenção de Auxílio mútuo e extradição anexo à declaração de


Rabat de 2008, Art. 5º;6º;7º;11º; 33º.e ss.

• Convenção sobre o cibercrime de Budapeste de 2001 : art. 22º. Nº


3; art. 24º.
Extradição: nas convenções internacionais que
Cabo Verde faz parte

• Convenção de contra a tortura e outras penas ou tratamentos


cruéis, desumanos ou degradantes, Art.3º e 8º.

• Convenção de extradição da CEDEAO de 1994 (entrada em vigor


2000) art.2º e ss.

• Estatuto de Roma de 1998 que cria o TPI, de : Detenção art.58º e


59º.
Instrumentos contra o terrorismo: Convenções
internacionais que Cabo Verde faz parte

1. Convenção relativa às infrações e certos atos cometidos a


bordo de aeronaves, 1963: Art. 13º; 15º; 16º.
2. Convenção para a repressão de captura ilícita de aeronaves,
1970: Art. 6º e 7º.
3. Convenção para a repressão e atos ilegais contra a segurança
da aviação civil, 1971: Art. 6º ; 7º: 8º.
4. Convenção sobre prevenção e repressão de crimes contra
pessoas gozando de proteção internacional, incluindo agentes
diplomáticos,1973: art. 7º a 12º.
Instrumentos contra o terrorismo: Convenções
internacionais que Cabo Verde faz parte

5. Convenção Internacional contra a tomada de reféns, 1979:


Art. 6º. E ss.
6. Convenção Sobre proteção física dos materiais nucleares,
1980: Art. 7º e ss.
7. Protocolo de 1988 para a repressão de atos ilícitos de
violência nos aeroportos ao serviço de aviação civil
internacional complementar à convenção para repressão de
atos ilícitos contra a segurança da aviação civil de 1971: art.
6º.; 7º.
8. Convenção para a repressão de atos ilícitos contra a
segurança da navegação marítima (1988): art.6º a 12º.
Instrumentos contra o terrorismo: Convenções
internacionais que Cabo Verde faz parte

9. Protocolo adicional para a supressão de atos ilícitos contra a


segurança das plataformas fixas localizadas na plataforma
continental, (1988):
10. Convenção relativa à marcação de explosivos plásticos para
fins de deteção (1991);
11. Convenção Internacional para a repressão de atentados
terroristas à bomba (1997): art.6º, 8º, 11º a 14º;
12. Convenção internacional para a repressão de atos de
terrorismo nuclear (2005). Art.9º e ss
Instrumentos contra o terrorismo: Convenções
internacionais que Cabo Verde faz parte

13. Convenção Internacional para a eliminação do financiamento


do terrorismo (1999): art.6º a 17º.;
14. Emenda à Convenção Internacional sobre a proteção física
dos materiais nucleares (2005);
15. Protocolo relativo à Convenção para a repressão de atos
ilícitos contra a segurança da navegação marítima (2005);
16. Protocolo relativo ao protocolo para a repressão de atos
ilícitos contra a segurança das plataformas fixas localizadas na
plataforma continental (2005).
Instrumentos contra o terrorismo: Convenções
internacionais que Cabo Verde faz parte.

17. Convenção para a supressão de atos ilegais relacionados


com a aviação civil internacional (2010);

18. Protocolo suplementar da Convenção para a repressão de


captura ilícita de aeronaves (2010);

19. Protocolo de emenda da Convenção contra ofensas e certos


atos cometidos a bordo de aeronaves (2014).
Extradição: acordos internacionais que Cabo Verde
faz parte.

 Entre Cabo Verde e:


– Portugal: art. 51º;
– Espanha: art. 1º e ss.;
– Senegal: Art. 34º.;
– EUA: não entrega de nacionais a tribunais não criados
por decisão do Concelho de Segurança das Nações
Unidas.
Extradição
Tribunal de relação
MJT elabora e faz o o Ativa
pedido de extradição
emite a ordem de
ao Estado onde se
detenção Internacional
encontra o arguido
(art.71º)
(art.69º)

Estado requerido para


Mediante requerimento onde se encontra o
do MP, PGR organiza o arguido
Mandado de
processo
detenção

PJ (GNI) inserção da
notícia vermelha na
Base de dados da
comunicação Interpol (art. 71º)
Fuga do extraditado (art. 42º)

 Será de novo capturado se evadir antes de extinto o


procedimento criminal ou cumprida a pena, mediante
mandado do Estado Requerente;

 Não será capturado se o Estado requerido violou as


condições com base nas quais foi concedida a extradição.
Crimes cometidos num terceiro Estado (art. 33º.)

- Extradição pode ser efetuada se demonstrar que a lei de Cabo


Verde lhe dá jurisdição em pé de igualdade do 3º Estado

- Ou se o 3º Estado não reclama o extraditado.


Reextradição (art. 34º.)

Em princípio o Estado Requerente não pode reextraditar salvo


se:
- Haja tratado ou for autorizado pelo Estado e o extraditado ter
consentido.
- Quando o extraditado não abandona o território do Estado
requerente dentro de 45 dias, tendo possibilidade de o fazer
ou ali voltar voluntariamente.
Entrega diferida (Adiada) – art. 35º.
- Processo em curso em Cabo Verde contra o extraditado
- Cumprimento de pena
- Por motivos de saúde

Entrega temporária – Art.36º


- O extraditado é entregue temporariamente:
- Prática de actos processuais urgentes e inadiáveis;
- Não prejudique andamento do processo em Cabo
Verde
Em caso de Pedidos Concorrentes (art. 37º.)

Prioridade de decisão, deve-se ter em conta:


- Pedido corresponder aos mesmos fatos:
- deve ser considerado o local da infração ou do fato
principal;

- Pedidos respeitarem a fatos diferentes:


- a gravidade da infração, data do pedido, nacionalidade,
residência do extraditando, existência de tratados.
Detenção provisória
Convenção/Acordo artigos anotações
Convenção sobre Corrupção de art,.44º nº 10
2003
Convenção da CPLP de 2005 21º 40 dias + 20 se o Estado
Requerente pede mais
informações; 45 dias (ver)
Acordo com Portugal 61º 40+15 dias
Acordo com Espanha Art.12 Detenção 45 dias, Entrega da
pessoa 30
Acordo com Senegal 34º Remete para lei interna
Lei nº. 6/VIII/2011 de 29 de Agosto 31º, 38º, 39º
(Interpol)
Convenção da CEDEAO sobre Art. 22º Prazo 20 dias
extradição de 1994
Entrega de coisas apreendidas ao Extraditando ou no
âmbito do processo de extradição

Lei interna : Lei nº. 06/VIII/2011 de 29 de Ago.


Regra: devem ser entregues ao Estado Requerente, salvo para
proteger terceiros de boa fé e deve ser acordado com esse
Estado.
Neste caso, podendo o Estado requerente devolver os objetos
sem custos ao Estado Requerido.

Senegal: art. 34º - de acordo com a lei interna dos Estados Parte
Portugal: art. 36º nº 2 b): custa do Estado Requerente.
Espanha: art 16º:
Despesas
O processo em princípio é Gratuito, (Lei nº. 06/VIII/2011 de 29
Ago.: Art. 26º. ),

Excepto quando;
- Transporte de pessoas; trânsito; entrega de coisas.

Acordos bilaterais:

- Senegal: Art. 35º. – inerentes ao transporte do extraditando :


origem ao destino e transito.
- Portugal: Art. 36º e 66º nº4: Idem
- Espanha : art. 19º - idem

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