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ACIDENTES DE TRABALHO EM AÇOUGUES:

PROPOSTA PARA AUMENTAR A


SEGURANÇA NO USO DA SERRA FITA

SIDNEI ALVES DA SILVA


ORIENTADOR: UERLEY MAGALHÃES FRANCHI

Pós-graduação | 2017
Relevância do Estudo
Apesar de existirem mecanismos de proteção, os acidentes de trabalho
com serra fita, em açougues, podem causar aos trabalhadores diversos tipos
de lesões, implicando em afastamentos que vão desde alguns dias até a
aposentadoria por invalidez.

Por isso este artigo procurou identificar as causas desses acidentes de


trabalho que acabam por mutilar açougueiros, causando cortes e amputações
em seus membros superiores, com as consequentes perdas de dedos, mãos e
até braços no uso da serra fita, possibilitando apresentar uma proposta de
melhoria no sistema de segurança e proteção contra acidentes no uso de tal
equipamento, que se adotado pode diminuir o número de acidentes desse
tipo e suas sequelas.
Objetivos
O objetivo é apresentar dados estatísticos oficiais, além de conceitos
relativos a acidentes de trabalho, riscos e responsabilidades.

Conhecer a descrição da serra fita e as boas práticas da atividade laboral


com esse equipamento.

Entrevistar trabalhadores de açougues, a fim de conhecer peculiaridades


da atividade, além de colher questionários para direcionamento do estudo
dos acidentes com serra fita.

Apresentar uma proposta de como tornar a serra fita mais segura, com o
intuito de evitar acidentes ou minimizar suas consequências caso venham a
ocorrer.
Desenvolvimento
Foi divulgado em 2017 no site da Previdência Social, o Anuário Estatístico
de Acidentes do Trabalho 2015, onde se observou em relação a 2014 uma
queda de 14% no número de acidentes de trabalho, de 712 mil para 612 mil
registros.

De acordo com a Classificação Internacional de Doenças CID 10, tivemos:


- por volta de 60 mil casos de ferimentos do punho e da mão, e
- quase 29 mil registros de traumatismos superficiais do punho e da mão.

Dentre as seis atividades econômicas responsáveis por 25% do total


desses registros de acidentes uma delas é o Comércio varejista, no qual se
enquadra o açougue.
Desenvolvimento
Analisando o Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho 2015, filtrando
por ano, por Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), por
acidentes típicos com e sem Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e
por Unidade da Federação, é possível constatar que enquanto no país houve
um total de 591 acidentes típicos em açougues e peixarias, o Estado de São
Paulo concentrou 365 casos, ou seja, 61,7% de todos os acidentes registrados
no país, que equivalem a um acidente por dia.
Desenvolvimento
Alguns conceitos
Acidente do Trabalho
Segundo o artigo 19 da lei 8.213/91:
é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de
empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Risco de Acidente do Trabalho


A NR 3, considera risco:
toda condição ou situação de trabalho que possa causar acidente ou
doença relacionada ao trabalho com lesão grave à integridade física do
trabalhador.
Desenvolvimento
Incidente
Segundo De Cicco e Fantazzini, incidente é qualquer evento ou fato
negativo com potencial para provocar danos. É também chamado “quase-
acidente”: situação em que não há danos macroscópicos, no qual os autores
exemplificam citando um “quase-acidente” de trânsito, onde havia todas as
condições para se materializar, mas que não ocorreu, “foi por um fio”.

Boas práticas para estabelecimentos comerciais


No DF, a Instrução Normativa DIVISA/SVS Nº 16, de maio de 2017,
contempla o regulamento técnico sobre boas práticas para estabelecimentos
comerciais de alimentos, prevendo no artigo 102 que os locais com grande
volume de corte ou desossa de carnes, ou que usam serra-fita devem ser
providos de equipamentos de proteção, como luvas de malha de aço.
Desenvolvimento
Descrição das proteções físicas da serra fita
Conforme NR-12, a serra fita é uma máquina para corte de carne e osso,
com um motor, uma polia de tração, uma polia guia e uma fita serrilhada,
além de botão liga/desliga e botão de parada de emergência.

É composta por:
A-Encosto Protetor da lâmina
B-Empurrador Vertical
C-Limitador de Fatias
D-Empurrador Lateral e
E-Mesa Móvel.
Aspectos Metodológicos

Este trabalho baseou-se no estudo específico do uso da serra fita em


açougues, a fim de conhecer os procedimentos realizados pelos usuários da
serra e possíveis sugestões de melhorias nas condições de segurança visando
diminuir ou minimizar as consequências no caso de acidentes.

Foi realizado observação da operação do equipamento, entrevistas


informais para conhecer algumas peculiaridades da atividade profissional, e
por fim um levantamento de dados através de questionário objetivo de
múltipla escolha, focado no manuseio da serra fita por funcionários de
açougues.
Aspectos Metodológicos
Descrição dos açougues visitados
Os açougues analisados apresentavam características semelhantes quanto
à disposição das serras fita para uso dos funcionários.

Por se tratar do ambiente onde as carnes eram manuseadas e preparadas


para disposição nos balcões e para venda, o chão estava limpo livre de
obstáculos, um pouco úmido devido a constante limpeza, as paredes
estavam revestidas de azulejos, a iluminação boa e suficiente para a
atividade realizada e o local arejado.

As serras fitas, modelos atuais conforme a NR 12, ficavam com suas


partes posteriores contra a parede, travando o movimento da mesa móvel,
em desacordo com a norma.
Aspectos Metodológicos
Principal motivo causador de acidente com a serra fita

A fim de tornar a atividade mais prática e dinâmica, os funcionários não


utilizavam os empurradores, inclusive travavam a mesa móvel contra a
parede, mantinham a alavanca vertical levantada travada para cima, e nessa
condição alguns funcionários optavam por utilizar luvas de aço.
Aspectos Metodológicos
Procedimento nos açougues:
- observação dos procedimentos na serra fita,
- entrevista aos trabalhadores dos açougues,
- exposição dos motivos daquela visita,
- fornecimento de questionário, para preenchimento de forma anônima.
- recolhimento das respostas de múltipla escolha em formulário de papel.

Dados do participantes
- participação de 30 funcionários voluntários,
- idade média de 34 anos (desde 19 a 58 anos de idade),
- tempo médio de profissão 13 anos (desde 5 meses a 40 anos),
Aspectos Metodológicos
Questionário sobre manuseio de carne na serra de cortar carne e osso

O questionário identificou:
Atividade principal do trabalhador;
Frequência com que utiliza a serra;
Uso da luva de malha de aço, e motivo pelo qual utiliza ou não;
Se recebe capacitação anual para utilizar a serra, qual a melhor forma de
manusear a carne,
Se já se acidentou, se já viu acidente com a serra, e se já sofreu incidente,
Dentre três propostas de sistemas de segurança, qual seria a mais aceita,
Se teria alguma proposta para aumentar a segurança na serra fita.
Discussão e/ou Análise dos Resultados
Respostas mais relevantes dos questionários
97%, operam a serra fita diariamente,
77% nunca sofreu um incidente,
70% considera o uso de luvas de aço a melhor forma de manusear a carne,
63% nunca se acidentou,
60% recebeu treinamento para manusear a serra,
60% usa luvas de malha de aço,
43% utiliza luvas de aço consciente da segurança
Discussão e/ou Análise dos Resultados
Principais motivos dos acidentes:
- a maioria dos entrevistados indicou a falta de atenção,
- nervo da carne que eventualmente é arrastado pelos dentes da serra,
- pele de frango resfriado que pode ser arrastada pela serra,
- pé de porco e rabada que podem escorregar na mão enquanto é serrado.

Questão que propõe aumento da segurança do operador da serra fita:


- recebeu 80% de aprovação
- proposta de sistema de desligamento da serra caso haja o contato
metálico entre a luva de malha de aço e a fita serrilhada.
Discussão e/ou Análise dos Resultados
Proposta de modernização da serra fita
A serra fita necessita de um sistema onde as polias guia e de tração,
juntamente com a fita serrilhada, sejam componentes isolados das demais
partes do equipamento, as quais recebam uma baixa carga de corrente
contínua, de baixíssima amperagem, suficiente apenas para disparar o
sistema de desligamento do motor e de travamento da fita de serra, no caso
de qualquer das luvas de malha metálica entrar em contato a fita de serra.

Este sistema de proteção deve ser composto por dois cabos metálicos
encapados vindos da parte inferior da base da mesa de corte, tendo em suas
extremidades garras do tipo jacaré, a fim de serem conectadas ao par de
luvas bracelete ou luvas de malha metálica, sobrepostas por luvas de
borracha no momento em que o operador fizer uso da serra.
Discussão e/ou Análise dos Resultados
Funcionamento do sistema de proteção
Ao ligar o equipamento, o motor de tração das polias fica energizado
normalmente com corrente alternada, sendo que o conjunto das polias e fita
serrilhada ficam carregadas eletricamente por corrente contínua.

Se o trabalhador tocar a fita de serra, haverá o rompimento da luva de


borracha com o consequente contato dos dentes da fita com a malha de aço
da luva funcionando, neste momento, como um interruptor que se fecha,
dando passagem à corrente contínua que aciona um sistema elétrico, o qual
cortará a energia de funcionamento do motor, disparando um sistema
eletromecânico de travamento instantâneo da fita de serra, além do alivio da
tensão entre a fita de serra e as polias.
Considerações Finais e Trabalhos Futuros
Os detalhes técnicos construtivos podem ser tratados em um projeto
piloto, ou em um TCC de engenharia mecânica ou mecatrônica, analisando-se:
- qual deve ser a voltagem especifica na fita serrilhada;
- qual a amperagem de operação do sistema de segurança;
- a necessidade de se isolar a mesa fixa e móvel;
- qual o melhor sistema para imobilizar a fita serrilhada;
- como projetar o sistema de alívio de tensão entre a fita e as polias;
- a instalação de um botão para teste de continuidade elétrica;
- considerar a higienização diária, por água na serra fita.
Considerações Finais e Trabalhos Futuros
Realizando-se as modernizações dos sistemas de segurança e proteção na
serra fita, é possível que essas melhorias tragam resultados bastantes
satisfatórios no aumento da sensação de segurança e na redução dos
acidentes de trabalho com a serra fita, proporcionando aumento do
dinamismo no manuseio da carne tanto nos comércios do tipo açougue,
quanto em escala industrial nos frigoríficos.

Mesmo em caso de mal súbito, desmaio, desequilíbrio do trabalhador,


que venha causar o contato de qualquer parte do corpo, revestido pela luva
metálica, com a serra, a lesão será minimizada, prevenindo inclusive
acidentes por escorregões, esbarrões ou pela própria carne, que puxada pela
serra, venha puxar a mão do açougueiro a um inevitável acidente,
diminuindo assim, prejuízos ao trabalhador, ao empregador e ao governo.
Referências
Sed in tota dissentias, mel recteque pertinacia et. Errem ludus
temporibus te has, his mundi dolorum et. Malis ignota ex cum, sit te quem
democritum scriptorem, ad vis ferri accommodare. Quo tantas putant
partiendo ad, id singulis instructior vim. Sed ne fuisset oportere. Sit modo
dicam molestie no, vis illud disputando contentiones no.

Ius ferri nostro eu, ex per tation nusquam intellegebat, ea quidam


torquatos mel. Ex usu mutat dictas deleniti, at mea enim impedit mentitum,
ut sed stet dictas. Nam an dicta neglegentur. Debet nonumes vis ad, ea ius
postea cotidieque, malorum menandri in nec. Ex affert sensibus mei, saepe
discere hendrerit quo ei. Antiopam perpetua vituperata cum id, at per tation
blandit mentitum.

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