You are on page 1of 32

ANÁLISE LABORATORIAL DO

LÍQUIDO CEFALORRAQUEANO

Docente: Alzemar Alves de Lima

Discentes: Ana Beatriz Nascimento Souza


Gilceli Vasconcelos Cavalcante
Maria Aparecida de Souza Gomes
Poliana Lopes de Siqueira
Tonica Homangadjé Surui

Porto Velho/2018
1. INTRODUÇÃO

O liquor, também chamado de líquido


cefalorraquidiano (LCR) ou Líquido
cérebro-espinhal, é um fluido
biológico intimamente relacionado
com o sistema nervoso central (SNC)
e seus envoltórios (meninges).

(DIMAS e PUCCIONI-SOHLER, 2008).


1.1 Formação, circulação liquórica

• Plexos coroides
• Ventrículos laterais (principalmente)
• 0,35 a 0,37ml por minuto
• 90 a 150ml em adultos normais
• 10-60ml em neonatos
• Renovado a cada 8 horas.

(SOUZA, 2012)
1.1 Formação, circulação liquórica:
• Circulação:

Fonte: https://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-nervoso/meninges-e-liquor/

• Reabsorção pelo sangue: vilosidades aracnoides.


1.2 Composição liquórica:

• Ultrafiltrado do plasma composto


basicamente por:

• 80% de água;

• Magnésio;

• Cloreto de sódio;

• Glicose (2/3 da glicose sérica);

• Proteínas;
(ZENI, 2018)
1.3 Funções do LCR:

• Proteção mecânica;
• Distribuição de nutrientes e remoção de
resíduos metabólicos;
• Redução do peso do encéfalo ;
• Auxilia na defesa contra organismos
externos;
• Regulação do volume e presão
intracraniana.
(COSTA NETO, 2011)
2. ANÁLISE LABORATORIAL DO
LÍQUIDO CEFALORRAQUEANO

A análise do LCR desde a sua descoberta no


século XIX, vem sendo, com o passar dos
anos cada vez mais solicitada ao laboratório
clínico para complementação paraclínica ao
diagnóstico.

(COSTA NETO, 2011)


2. ANÁLISE LABORATORIAL DO
LÍQUIDO CEFALORRAQUEANO

As principais indicações para o exame de


LCR segundo a Academia Americana de
Neurologia (AAN) são:
• Processos infecciosos do SNC e seus
envoltórios;
• Processos granulomatosos com imagem
inespecífica;

(COSTA NETO, 2011)


2. ANÁLISE LABORATORIAL DO
LÍQUIDO CEFALORRAQUEANO

• Processos desmielinizantes;
• Leucemias e linfomas (estadiamento e
tratamento);
• Imunodeficiências;
• Processos infecciosos com foco não
identificado
• Hemorragia subaracnóidea (HSA)
• Hidrocefalia
(COSTA NETO, 2011)
2.1 Coleta do Liquor

• Antes da extração do LCR, é necessário


verificar se há contraindicações na
condição do paciente.
• Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE)

(COSTA NETO, 2011)


2.1 Coleta do Liquor

A coleta da amostra de LCR pode ser


realizada por três vias, sendo a lombar a
mais utilizada na rotina, seguida pela
suboccipital e a via ventricular.

(GNUTZMANN et al., 2016).


Punção Lombar
• Preferencialmente, a região lombar é a escolhida e
geralmente é realizada com o paciente deitado em
decúbito lateral, com a punção nos espaços
intervertebrais L3 – L4, L4 – L5 ou L5 – S1 .
https://i.ytimg.com/vi/EhnJQzy52Vk/maxresdefault.jpg
Fonte:

(COSTA NETO, 2011).


Punção Lombar
A primeira coisa que se observa ao fazer uma punção
lombar é a pressão de abertura do LCR:
• 10 a 100 mm H2O em crianças;
• de 60 a 200 mm H2O após os 8 anos de idade;
• Acima de 250 mm de H2O em pacientes obesos
https://i.ytimg.com/vi/EhnJQzy52Vk/maxresdefault.jpg

Obs.: Valores abaixo de 60 mm


H2O e acima de 250 mm H2O
definem hipotensão e hipertensão
intracranial, respectivamente.
Fonte:

(HUFF , DULEBOHN, 2017;GNUTZMANN et al., 2016)


Coleta
• Sem anticoagulante;
→Tubo 01 : análises bioquímicas e
sorológicas;
→ Tubo 02 : análises microbiológicas;
→ Tubo 03 : análise citológica.
• Analisar em no máximo 2 horas;
• Guardar uma alíquota para eventuais
análises complementares.

(COMAR et al., 2009)


• A análise do LCR consiste de exames
usados na rotina e exames adicionais, que
auxiliam no diagnóstico do liquor.

• Exames de rotina: exame físico, contagem


celular total, contagem celular
diferencial(esfregaço corado), exames
bioquímicos ( glicose, proteína e cloretos).

(COMAR et al., 2009)


• Exames complementares: culturas
(bactérias, fungos, vírus, Mycobacterium
tuberculosis), coloração de Gram, BAAR,
antígenos fúngicos e bacterianos,
eletroforese de proteínas, exames de VDRL
para sífilis e outros.

(COMAR et al., 2009)


2.2. Análise Física
• Volume: 10 mL em cada tubo;
• Aparência (antes e depois da
centrifugação):
→ Cor: Incolor, xantocrômico e
eritrocrômico;
→ Aspecto: Límpido, Opalescente,
Hemorrágico, Purulento, Leitoso e turvo
• Presença de fibrina ou coágulo.

(COMAR et al., 2009; COSTA NETO, 2011)


Diferentes colorações do LCR

(COSTA NETO, 2011)


Diferentes colorações do LCR

(COSTA NETO, 2011)


2.3. Análise Microbiológica
• Complementar
• Granulócitos elevados (neutrófilos) e
alteração do exame físico: Realizar
coloração de Gram e cultura nos meios
Ágar sangue, Ágar chocolate;
→ Na suspeita de Neisseria
meningitidis, o meio Thayer-Martin
modificado (TMM) é indicado.

(LEITE et al., 2016)


2.3. Análise Microbiológica
• Linfócitos e monócitos elevados na :
realizar coloração de Ziehl-Neelsen (BAAR),
para investigar meningite tuberculosa.
• Suspeita de infecção fúngica realizar uma
coloração com tinta da china.

Obs.: em muitos casos é possível visualizar


os fungos na contagem global.

(LEITE et al., 2016)


2.3. Análise Microbiológica
• Principais microrganismos encontrados:

→ Bactérias: Stretococcus pneumoniae, Haemophilus


influenzae, Neisseria meningitis, Mycobacterium tuberculosis
(MTB), ou bacilo de Koch;

→ Fungos: Cryptococcus neoformans e Paracoco.


→ Protozoários e Helmintos: Toxoplasma gondii,
Trypanosoma cruzi, Cysticercus celulose (Cisticercose),
Plasmodium sp, Angyostrongylus cantonesis.

→ Vírus.
(LEITE et al., 2016)
2.4. Análise imunológica
• De acordo com a anamnese feita pelo
médico, este solicitará se necessário, exames
imunológicos na suspeita de sífilis,
cisticercose, toxoplasmose, herpes entre
outros:
→ VDRL (Venereal Disease Research Laboratory);
→ Imunofluorescência indireta ;

→ ELISA, entre outros.

(LEITE et al., 2016)


2.5. Análise Citológica
• Contagem global de células por mm³ em
câmara de Fuchs Rosenthal.
• A amostra de LCR deve ser fresca, não
centrifugada e devidamente homogeneizada.

Fonte: https://i.ytimg.com/vi/EhnJQzy52Vk/maxresdefault.jpg

• Células/µL = nº de células contadas x diluição


3,2
(LEITE et al., 2016)
2.5. Análise Citológica
• Contagem diferencial;
• Sedimento do LCR (extraído com o auxílio
da câmara de Suta ou de uma
citocentrifugação.

(LEITE et al., 2016)


2.5. Análise Citológica

• Confeccionar um esfregaço do sedimento


em lâmina de microscopia;
• Corante May Grunwald-Giemsa (embora
possam ser utilizados outro corantes como
panótico ou Leishman);
• Contagem diferencial das células (total de
100) em objetiva de imersão;

(LEITE et al., 2016)


2.5. Análise Citológica

• Na contagem Global Normal, o número de


células é até 3/ mm³, na presença de 4 céls,
realizar a contagem diferencial.
• Na contagem diferencial em um LCR de um
adulto normal, há uma predominância de
linfócitos (60%-70%), seguido de monócitos
(30%-50%), e em menor quantidade, de
neutrófilos (1%- 3%)
(LEITE et al., 2016)
Significado clínico de acordo com o predomínio celular obtido em contagem diferencial de leucócitos da amostra de LCR
2.6. Análise Bioquímica

Os principais parâmetros bioquímicos


analisados são:
• Proteína;
• Glicose;
• Ácido lático;
• Adenosina deaminase – ADA.

(COSTA NETO, 2011)


2.6. Análise Bioquímica
• Proteinorraquia: a elevação da proteína é observada em
infecções, em hemorragias intracraneais, na Síndromede
Guillain Barré, em processos inflamatórios, no uso de
algumas medicações e em outras variações mais raras.
→ Valor de Referência: Adultos: 15-45 mg/dL ; Crianças (neonatos): 20-100 mg/dL; RN: 3-6

mg/dL

• Glicorraquia: a diminuição dos níveis indica processos


infecciosos agudos e crônicos, principalmente bacterianos.
→ Valor de Referência (2/3 da glicemia): Adultos: 45-85 mg/dL – 50-65% do valor sérico;

Crianças: 74-81% da glicemia. (GNUTZMANN et al., 2016).


2.6. Análise Bioquímica

• Lactatorraquia (Ácido lático): é bastante útil na


diferenciação de meningites virais das bacterianas,
principalmente, quando há perfil neutrofílico.
→ Valor de Referência: 5,5 mmol/L

• ADA ( Adenosina deaminase): é a enzima que catalisa a


reação de deaminação da adenosina para inosina.
→ Valor de Referência: 10 U/L
(GNUTZMANN et al., 2016)
REFERÊNCIAS
Análise do Líquido Cefalorraquidiano (Liquor). Disponível em: http://bioneogenios .blogspot.com.br/2013/06/analise-do-liquido-cefalorraquidiano.html .
Acesso em 21 de Abril. 2018.
COMAR SR, MACHADO NA, DOZZA TG, HAAS P. Análise citológica do líquido cefalorraquidiano. Estud Biol. 2009; 31(73/74/75):93-102. Disponível
em: https://periodicos.pucpr.br/index.php/estudosdebiologia/article/view/22844/21948. Acesso em 15 de abril de 2018.

COSTA NETO, João Batista. Líquido Cefalorraqueano: Manual Prático - Teórico com Atlas. 1ª edição Campo Grande: Life, 2011. 175 p.

DIMAS, Luciana Ferreira; PUCCIONI-SOHLER, Marzia. Exame do líquido cefalorraquidiano: influência da temperatura, tempo e preparo da amostra na
estabilidade analítica. J. Bras. Patol. Med. Lab., Rio de Janeiro , v. 44, n. 2, p. 97-106, 2008. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442 008000200006&lng=en&nrm=iso . Acesso em 15 Abril. 2018. http://dx.doi.org/
10.1590/S1676-24442008000200006.

ERRANTE, Paolo Ruggero et al. Análise do liquido cefalorraquidiano. Revisão de literatura. Atas de Ciências da Saúde (ISSN 2448-3753), São Paulo, v. 4,
n. 3, p. 1-24, out. 2016. Disponível em: http://www.revistaseletronicas.fmu.br/index.php/ACIS/article /view/1186 . Acesso em: 16 abr. 2018.

HUFF T, DULEBOHN SC. Neuroanatomy, Cerebrospinal Fluid. [Updated 2017 Nov 29]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls
Publishing; 2018 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470578/
LEITE, A.A.; HONÓRIO, S.R.; TORRES, G.R.; ERRANTE, P.R. Análise do líquido Cefalorraquidiano.Revisão de literatura. Atas de Ciências da Saúde,
São Paulo, Vol.4, N°.3, pág. 1-24, JUL-SET 2016. Disponível em: http://www.revistaseletronicas.fmu.br/ index.php/ACIS/article/view/1186. Acesso em 21
de Abril. 2018.

Meninges e liquor. Disponível em: https://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas /sistema-nervoso/meninges-e-liquor. Acesso em 15 Abril 2018.


SILVA, C.E.A.P.D.; LEITE, F.J.B.; VALE, T.C.; BAPTISTA, N.S.; LEITE, B.D.M.B. Líquido Cefalorraquidiano- Técnicas de coleta e aspectos
diagnósticos. Exames complementares – HU REVISTA – Revista médica oficial do hospital universitário da UFJF – Vol.30 (2-3) - Maio a
Dezembro/2004. Disponível em: http://www.ufjf.br/hurevista /files/2016/11/72-8-PB-93-99.pdf . Acesso em 20 de Abril. 2018.

SOUZA, Marcos Oliveira de. Estudo do perfil dos exames de líquor, com diagnóstico de meningite, em um Hospital de referência de Salvador. Salvador,
2012. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/8066/1/Marcos%20Oliveira%20de%20Souza%20%282012.1%29.pdf . Acesso em 13 de
abril 2018.
Ventricles and Meninges - School Work Helper. Disponível em: https://schoolworkhelper. net/ventricles-and-meninges/ . Acesso em 15 de abril de 2018.

ZENI, Karoline Silva, Análise do líquido cefalorraquidiano: Revisão bibliográfica. Revista UNIPLAC, Lages, v. 6, n. 1 (2018). Disponível em:
https://revista.uniplac.net/ojs/ index.php/uniplac/article/view/3504. Acesso em 15 de abril de 2018.

You might also like