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Princípios orçamentários.

1. O que são princípios de direito?


Conceito de Humberto Ávila.

1.1. Princípios são normas que prescrevem fins a serem atingidos servem de
fundamentos para a aplicação do ordenamento constitucional.

1.2. As regras são normas imediatamente descritivas, na medida em que


estabelecem obrigações, permissões e proibições mediante a descrição da
conduta a ser cumprida.
Os princípios são normas imediatamente
finalísticas, já que estabelecem um estado de
coisas cuja promoção gradual depende dos
efeitos decorrentes da adoção de
comportamento a ela necessários.

Os princípios são normas cuja finalidade


frontal é justamente a determinação da
realização de um fim juridicamente relevante,
ao passo que a característica dianteira das
regras é a previsão do comportamento.
2. Princípios gerais de direito são enunciações
normativas de valor genérico, que
condicionam e orientam a compreensão do
ordenamento jurídico, quer para a aplicação e
interpretação, quer para a elaboração de novas
normas (Migue Reale).
3. Segundo Ricardo Lobo Torres os princípios, sendo
enunciados genéricos que quase sempre se expressam
em linguagem constitucional ou legal, estão a meio
passo entre os valores e as regras na escala de
concretização do direito e com eles não se confundem.

3.1. Os valores jurídicos são ideias inteiramente


abstratas, supraconstitucionais, que informam todo o
ordenamento jurídico e que jamais se traduzem em
linguagem normativa. Exemplos: a justiça, a segurança
jurídica são as ideias básicas do direito.

3.2. Os princípios representam o primeiro estágio de


concretização dos valores jurídicos a que se vinculam.
3.3. Princípios Relacionados à Justiça
Financeira consistindo em tratar aos
desiguais na medida em que se
desigualam.

a) Economicidade
b) Custo/Benefício
c) Capacidade contributiva
d) Redistribuição de Rendas
e) Desenvolvimento Econômico
f) Solidariedade
g) Territorialidade
3.4. Princípios Relacionados a Segurança
Jurídica visa a garantia dos direitos
fundamentais do cidadão e do contribuinte.
a) Proibição de analogia
b) Legalidade
c) Irretroatividade,
d) Anterioridade
e) Anualidade
f) Irreversibilidade do lançamento
g) Unidade do orçamento
h) Universalidade do orçamento
i) Exclusividade orçamentária
j) Não afetação da receita de impostos
k) Especialidade do Orçamento
l) Destinação pública do tributo
4. Segundo Harada Princípios de Direito são
normas munidas do mais alto grau de
abstração, que permeiam o sistema jurídico
como um todo. São mais do que meras regras
jurídicas. Encarnam valores fundamentais da
sociedade, servem como fontes subsidiárias do
direito e conferem critérios de interpretação
de normas e regras jurídicas em geral
O que são princípios orçamentários?

São os enunciados genéricos que informam a


criação, a interpretação e a aplicação das
normas jurídicas financeiras (Ricardo Lobo
Torres).

Os princípios orçamentários são aqueles


voltados especificamente à matéria
orçamentária e são encontráveis na própria
Constituição Federal, de forma expressa ou
implícita (Harada)
O que representa o princípio da exclusividade
orçamentária?

A lei orçamentária deverá conter apenas


matéria orçamentária ou financeira. Ou seja,
dela deve ser excluído qualquer dispositivo
estranho à estimativa de receita e à fixação de
despesa.

Este princípio encontra-se expresso no art.


165, § 8º da CF de 88: "A lei orçamentária
anual não conterá dispositivo estranho à
previsão da receita e à fixação da despesa...”
Qual a finalidade do princípio da
exclusividade? Quais as exceções ao aludido
princípio?

O objetivo deste princípio é evitar a presença


de "caldas e rabilongos", decorrentes de
matérias estranhas ao respectivo projeto de
lei.

São exceções ao princípio a autorização para


abertura de créditos suplementares e
contratação de operações de crédito, ainda
que por antecipação de receita.
O que representa o princípio da anualidade orçamentária?

Conforme Harada característica fundamental do orçamento é


sua periodicidade. É da tradição brasileira, como também da
maioria dos países, que esse período, o exercício financeiro,
seja de um ano. Daí o princípio da anualidade orçamentária
que decorre de vários dispositivos constitucionais (arts. 48,II,
165,III e § 5º, e 166).

O orçamento deve ser elaborado e autorizado para um


determinado período de tempo, geralmente um ano. A exceção
se dá nos créditos especiais e extraordinários autorizados nos
últimos quatro meses do exercício, reabertos nos limites de
seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício
subsequente.
Este princípio tem origem na questão surgida na Idade Média
sobre a anualidade do imposto. E aí se encontra a principal
consequência positiva em relação a este princípio, pois dessa
forma exige-se autorização periódica do Parlamento. No Brasil,
o exercício financeiro coincide com o ano civil, como sói
acontecer na maioria dos países. Mas isso não é regra geral. Na
Itália e na Suécia o exercício financeiro começa em 1/7 e
termina em 30/6. Na Inglaterra, no Japão e na Alemanha o
exercício financeiro vai de 1/4 a 31/3. Nos Estados Unidos
começa em 1/10, prolongando-se até 30/9.
O § 5º do art. 165 da CF 88 dá respaldo legal a
este princípio quando dispõe que: "A lei
orçamentária anual compreenderá:“

O cumprimento deste princípio torna-se


evidente nas ementas das Leis Orçamentárias,
"Estima a receita e fixa a despesa da União
para o exercício financeiro de 2013."
O que compreende o princípio da unidade?

De acordo com Harada atualmente , como se depreende


do § 5º do art. 165 da CF, existe, uma multiplicidade de
documentos orçamentários: o orçamento fiscal;
orçamento de investimento das empresas estatais;
orçamento da seguridade social.

Hoje o princípio da unidade orçamentária não mais se


preocupa com a unidade documental. Mas com a
unidade de orientação politica, de sorte que os
orçamentos se estruturem, ajustando-se a um método
único, vale dizer, articulando-se com o principio da
programação.
O orçamento deve ser uno, ou seja, deve existir apenas um orçamento para
dado exercício financeiro. Dessa forma integrado, é possível obter
eficazmente um retrato geral das finanças públicas e, o mais importante,
permite-se ao Poder Legislativo o controle racional e direto das operações
financeiras de responsabilidade do Executivo.
São evidências do cumprimento deste princípio, o fato de que apenas um
único orçamento é examinado, aprovado e homologado.

O princípio da unidade é respaldado legalmente por meio do Art. 2º da Lei


4.320/64 e pelo § 5º do art. 165 da CF 88.

Mas mesmo assim, o princípio clássico da unidade não estava, na verdade,


sendo observado. As dificuldades começaram antes da Constituição de 88
em razão da própria evolução do sistema orçamentário brasileiro. Na década
de 80, havia um convívio simultâneo com três orçamentos distintos o
orçamento fiscal, o orçamento monetário e o orçamento das estatais. Não
ocorria nenhuma consolidação entre os mesmos.
O que significa o princípio da universalidade?

Ensina Harada que esse princípio exige que as parcelas da receita e


da despesa devem figurara em bruto no orçamento, isto é, sem
quaisquer deduções (art. 165,§ 5º).

Princípio pelo qual o orçamento deve conter todas as receitas e todas


as despesas do Estado. Indispensável para o controle parlamentar,
pois possibilita:
a) conhecer a priori todas as receitas e despesas do governo e dar
prévia autorização para respectiva arrecadação e realização;
b) impedir ao Executivo a realização de qualquer operação de receita
e de despesa sem prévia autorização Legislativa;
c) conhecer o exato volume global das despesas projetadas pelo
governo, a fim de autorizar a cobrança de tributos estritamente
necessários para atendê-las.
Na Lei 4.320/64, o cumprimento da regra é exigido nos seguintes
dispositivos:

Art.2º A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e da


despesa, de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o
programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de
unidade, universalidade e anualidade.

Art.3º A Lei do Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive


as operações de crédito autorizadas em lei.
As empresas estatais e de economia mista, bem como as
agências oficiais de fomento (BNDES, CEF, Banco da Amazônia,
BNB) e os Fundos Constitucionais (FINAM, FINOR,
PIN/PROTERRA) não têm a obrigatoriedade de integrar suas
despesas e receitas operacionais ao orçamento público. Esses
orçamentos são organizados e acompanhados com a
participação do Ministério do Planejamento (MPO), ou seja,
não são apreciados pelo Legislativo. A inclusão de seus
investimentos no Orçamento da União é justificada na medida
que tais aplicações contam com o apoio do orçamento fiscal e
até mesmo da seguridade.
O que representa o princípio da transparência
orçamentária?

A exigência de demonstração regionalizada do


efeito, sobre as receitas e despesas,
decorrentes de isenções, anistias, subsídios e
benefícios de natureza financeira, tributárias e
creditícias. Essa medida possibilitará ,
posteriormente , a fiscalização e o controle
interno e externo da execução orçamentária,
que abrange as subvenções e a renúncia de
receitas conforme prescreve o art. 70 da CF.
O que compreende o princípio da não vinculação das receitas de
impostos e quais as suas exceções?

As receitas de impostos não podem ser afetadas a fundo, órgão ou


despesa. As exceções estão contempladas no art. 167, IV, § único do
art. 204 e + 6º do art. 206, todos da CF)

Art. 167. São vedados:


(...)
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a
que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as
ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e
desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da
administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos
arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações
de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem
como o disposto no § 4º deste artigo;
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos
do orçamento da seguridade social, previstos no artigo 195, além de outras fontes, e
organizadas com base nas seguintes diretrizes:

(..)

Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio
à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida,
vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:

I - despesas com pessoal e encargos sociais;


II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações
apoiados. (NR) (Parágrafo acrescentado pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003,
DOU 31.12.2003, com efeitos a partir de 45 dias da publicação)
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais
se incluem:
(...)

§ 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo


estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua
receita tributária líquida, para o financiamento de programas e
projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento
de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos
investimentos ou ações apoiados. (NR) (Parágrafo acrescentado pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003, DOU 31.12.2003, com
efeitos a partir de 45 dias da publicação)
Qual o ato normativo próprio para concessão de incentivos tributários ou
fiscais?

Lei específica federal , estadual ou municipal que trate exclusivamente da


matéria que regule exclusivamente a matéria ou o correspondente tributo.
Exceção são os incentivos fiscais no âmbito do ICMS que só podem ser
concedidos mediante deliberação de Estados e Distrito Federal através de
Convênios.

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é


vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
§ 6º. Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão
de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou
contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal,
estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima
enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do
disposto no artigo 155, § 2º, XII, g. “
Segundo Harada o que exige o princípio da
responsabilidade na gestão fiscal? Observe se
é verdadeira a afirmação do Autor?

Esse princípio, expresso no art. 11 da LRF, exige


a instituição, previsão e efetiva arrecadação de
todos os tributos que a Constituição Federal
outorgou aos entes públicos. Sim a afirmação é
verdadeira.
A que se destina o princípio da legitimidade?

Em termos filosóficos a legitimidade sempre


precede a legalidade. Nem tudo que é legal é
legítimo. A legitimidade tem muito a ver com o
respaldo popular na ação do poder público.

Assim, o controle da legitimidade deve recair


sobre a legalidade e economicidade da
execução orçamentária e financeira, levando
em conta o aspecto da justiça e da relação
custo-benefício, de sorte a propiciar ao
cidadão a efetiva contrapartida por sua
sujeição permanente ao poder tributário do
Estado.

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