Determinismo e liberdade na

ação humana
1. A ação humana – Análise e compreensão do agir
1.2. Determinismo e liberdade na ação humana

Sou livre >>>

Se pensasse que tudo o que faço é
determinado pelas circunstâncias em que
me encontro e pelas minhas condições
psicológicas, sentir-me–ia encurralado.
E, se pensasse o mesmo de todas as
outras pessoas, pensaria que elas eram
marionetas. Não faria sentido considerá-
las responsáveis.

Thomas Nagel, O que quer dizer tudo isto? –

Uma iniciação à filosofia, Gradiva, 2010, Lisboa.
Caspar D. Friedrich,
Caminhante sobre o mar de névoa (1817)
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1.2. Determinismo e liberdade na ação humana

>>> ou talvez não…

Se perguntássemos à Lua por que é que ela
se move, ela responderia sem dúvida que é
porque gosta de tomar ar. Mas, a nós, isso
faz rir porque nós sabemos que ela se move
para obedecer às leis de Newton. De igual
forma, deveríamos sorrir quando vemos que
o Homem acredita, na sua presunção, que
age livremente. Não existe razão para o
determinismo parar na fronteira dos
cérebros.

Ilya Progogine, «O reencantamento do mundo», cit. p. René Magritte,

68 Pensar 10º ano) O terapeuta (1936)
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1.2. Determinismo e liberdade na ação humana

Condicionantes da ação humana

Condicionantes físico-biológicas

Características que os seres humanos recebem como património

genético dos seus progenitores (sexo, cor da pele, traços de
personalidade, etc.) que lhes conferem aptidões, mas que se
constituem também como condicionantes do seu comportamento
e das suas ações.
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1.2. Determinismo e liberdade na ação humana

Condicionantes da ação humana

Condicionantes histórico-sociais

Conjunto de fatores do meio (época, país, sociedade, cultura,

classe social) que influenciam a nossa ação. A ação humana está
condicionada não apenas pelas características físicas e
psicológicas dos indivíduos, mas pela interação destas com o
meio.

A socialização é um processo de aquisição de linguagem, valores,

regras, crenças, padrões culturais próprios de um grupo ou
sociedade.
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1.2. Determinismo e liberdade na ação humana

Teorias sobre o livre-arbítrio

O livre-arbítrio é compatível com o determinismo?

Dois princípios gerais:

Compatibilismo – o livre-arbítrio é compatível com a existência

de determinismo (há ações livres que são determinadas);

Incompatibilismo – o livre-arbítrio não é compatível com a

existência de determinismo (ou livre-arbítrio ou determinismo).
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1.2. Determinismo e liberdade na ação humana

Teorias sobre o livre-arbítrio

O livre-arbítrio é compatível com o determinismo?

Respostas:
Determinismo moderado – Teoria compatibilista
Determinismo radical
Teoria incompatibilista
Libertismo

Outro modelo de resposta:

Indeterminismo
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Determinismo moderado

• A vontade tem livre-arbítrio;

• Certas escolhas são condicionadas, mas não constrangidas;

• No mundo natural existe determinismo;

• As ações são determinadas mas o ser humano é quem decide;

• O determinismo moderado é um compatibilismo.

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Determinismo radical

• As ações humanas são regidas pelas mesmas leis que os fenómenos

da natureza;

• Não temos livre-arbítrio;

• Argumentos a favor:
• Nada sustenta que os seres humanos têm um estatuto diferente dos
restantes seres;

• A ilusão de liberdade provém de conhecimento limitado

o O determinismo radical é um incompatibilismo – só o

determinismo é verdadeiro
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Determinismo radical

• Objeções:

• Apesar das leis da física, acreditamos que a liberdade é um facto da

experiência;

• A aceitação do determinismo radical anula a ideia de

responsabilidade individual.
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Libertismo

• As ações resultam de deliberações racionais;

• A liberdade do agente é a única causa das suas ações;

• O corpo e a mente são realidades distintas;

• Embora fisicamente sujeito a leis naturais, o ser humano é

inteiramente livre nas escolhas que faz.

o O libertismo é um incompatibilismo – só o livre-arbítrio é

verdadeiro
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Libertismo

• Objeções:

• Está por provar que os fenómenos mentais não sejam também eles
condicionados por leis físicas ou que não tenham leis próprias.
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1.2. Determinismo e liberdade na ação humana

Indeterminismo

• À semelhança do que defende a física quântica em relação aos

fenómenos da matéria, também há ações não sujeitas às leis
determinísticas;

• Há certas ações que têm causas não lineares;

• As ações são aleatórias e imprevisíveis:

• Alguns acontecimentos (caso dos estados mentais) não têm causalidade

absoluta, ocorrendo aleatoriamente;

• Os seres humanos têm livre-arbítrio.

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1.2. Determinismo e liberdade na ação humana

Indeterminismo

• Objeções:

• Existe causalidade, ainda que não absoluta;

• O corpo humano está sujeito a leis do universo, ainda que não

tenhamos consciência delas.