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Democracia Delegativa?

Guilherme O´Donnell
Democracia Delegativa?

• Propõe a identificação de um novo tipo de democracia além dos


existentes, apresentando características do atual cenário:
• 1) Os atuais tipos de democracia são basicamente representativos;
• 2) Algumas democracias seriam mais uma poliarquia do que uma
democracia;
• 3) Algumas democracias representativas seriam mais delegativas do
que propriamente representativas;
• 4) As democracias delegativas carecem de uma maior força enquanto
instituição;
• 5) A crise causada pelos governos autoritários ampara a democracia
delegativa em detrimento da democracia representativa;
Características do atual cenário

• 6) A transição de um regime autoritário para um democrático é mais


demorada do que a transição inversa;
• 7) Um primeiro governo democrático, instaurado após um governo
autoritário, deverá ser sucedido por outro governo democrático eleito para
um regime democrático, jamais para o antigo regime autoritário;
• 8) Após um primeiro governo democrático sucessor de um autoritário, não
há garantia efetiva de sempre virá um segundo governo democrático;
• 9) O sucesso ou insucesso da transição de um primeiro governo democrático
para um segundo dependerá da força e da presença de instituições
democráticas consolidadas ou em processo de consolidação;
Sobre Instituições

• Conceito: Instituições são padrões regularizados de


interação que são conhecidos, praticados e aceitos
regularmente (embora não necessariamente
aprovados normativamente) por agentes sociais
dados, que, em virtude dessas características,
esperam continuar interagindo sob as regras e
normas incorporadas (formal ou informalmente)
nesses padrões.
Sobre as Instituições

• Instituições Democráticas:
1. Incorporação e exclusão de membros potencialmente relevantes:
2. Variabilidade e multiplicidade das opções e dos resultados:
3. Agregação e estabilização de seus agentes:
4. Formação de padrões de representação:
5. Estabilização dos agentes:
6. A planificação temporal futura do comportamento das instituições:
Sobre as Instituições

• Ao final o autor arremata:


“Esse círculo virtuoso se completa quando todas as instituições
democráticas (ou a maioria delas) atingem não apenas um escopo e
uma força razoáveis, mas também, num nível mais agregado, atingem
a alta densidade que resulta em relações mútuas múltiplas, e
estabilizadas, que situam essas instituições como pontos decisórios
importantes no processo político geral. Terá surgido assim o regime de
uma democracia institucionalizada.”
Quando existe baixa institucionalização formalizada na democracia,
outras instituições (não formalizadas) permeiam o poder: O
clientelismo, o patrimonialismo e a corrupção.
A democracia Delegativa

• Quem ganha a eleição presidencial é autorizado a governar o país como lhe


parecer conveniente até o final de seu mandato;
• O Congresso Nacional & Judiciário (accountability) surgem como um controle
a plena autoridade do presidente;
• Depois da eleição espera-se que os eleitores voltem a ser espectadores;
• Quanto aos Eleitos não está conscritos a guardar coerência entre seu
discurso pré-eleitoral e sua prática pós-eleitoral;
• Os técnicos são protegidos contra as múltiplas resistências da sociedade;
• Os partidos com a perda de apoio popular começam a recusar apoio
parlamentar, aumenta o isolamento político e a dificuldade de formar uma
coalizão estável no Congresso.
A democracia Delegativa

• Este tipo de democracia para sustentar-se demanda um governo


baseado em um movimento popular superior a partido(s)
político(s) e a instituições, cabendo, neste cenário, ao Legislativo
e ao Judiciário, reduzirem-se a meros espectadores da atuação do
Executivo.
• Atende sempre a maioria de eleitores, sem maior preocupação
com o restante do sistema.
• Motivo pelo qual há a adoção do segundo turno de eleições;
• “Assim, uma dada coletividade autoriza alguém a falar por ela, e
eventualmente se compromete a acatar o que o representante
decidir invocando sua condição de representante.”
Alguns Antecedentes Históricos

Democratização dos derrotados da II Guerra Mundial (Alemanha, Itália,


Japão), expectativas econômicas moderadas; perdão da dívida externa da
Alemanha (Plano Marshall);
Altas taxas de crescimento econômico e estabilidade política.
Entre 1970 a 1980 a maioria dos países herdou uma situação difícil do regime
autoritário anterior;
Desastres de “pacotes econômicos de estabilização”, Brasil (Cruzado),
Argentina (Austral), Peru (Inti).
Caso do Uruguai onde não foram adotados “pacotes”, pois para a promulgação
dessas políticas necessitava da aprovação do Congresso.
Crise

• Argentina, Brasil e Perú;


• Auto Isolamento no poder do presidente eleito> leva a fracasso e
declínio político> Euforia e esperança sucedida pelo cinismo e
desespero.
• há que se ter um estado “forte e magro” necessariamente, mas as
democracias delegativas não tem essa condição;
• a marginalização do Legislativo, conforme o autor, gera três
consequências: 1) Aprofunda os defeitos naturais das instituições;
2) Ao enfim precisar se socorrer deste Poder, o Executivo não
encontrará amparo algum; 3) Causa desprestígio aos partidos
políticos e aos políticos eleitos.
Crise: Efeito na América Latina

• “A esperança que resta aos governos é continuar a fazer as


mesmas coisas. Mas sem perspectivas plausíveis de
desenvolvimento para apresentar, é provável que essa insistência
aumente ainda mais a desorganização social e as resistências.
Isso, por sua vez, abre caminho para outro candidato
presidencial que, prometendo uma completa reversão das
políticas existentes, imponha uma derrota sombria ao partido do
atual presidente... apenas para reingressar imediatamente nesse
círculo infernal.” (O´Donnell, p.39)

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