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Cânticos dos Cânticos – Salomão

No hebraico, shir hashirim.


Na Septuaginta, Asma ou Asma asmáton.
Na Vulgata Latina, Canticum Canticorum.
A interpretação alegórica foi adotada pelos
rabinos e pelos pais da Igreja como a única
maneira de resolver os problemas associados à
aceitação do livro no cânon das Escrituras; essa
é a interpretação até hoje favorecida pela Igreja
Católica Romana e pelos comentadores judeus
ortodoxos. Para estes últimos, Deus seria o
grande amante dos poemas, e Israel seria a
noiva, que receberia as demonstrações das
misericórdias divinas.
A interpretação cúltica tem sido favorecida por
alguns estudiosos à luz das liturgias do Oriente
Próximo que comemoravam a morte e a
ressurreição de alguma divindade. Segundo esse
ponto de vista, o amante do livro de Cantares
seria um deus que morrera e ressuscitara, ao
passo que sua noiva seria sua irmã ou sua mãe,
que se lamentava por sua morte e saíra
freneticamente atrás de seus restos mortais.
A abordagem dramática - O livro contaria como
Salomão a encontrou em suas rústicas cercanias
e a trouxe para Jerusalém, onde, desposando-se
com ela, aprendeu a amá-la com mais do que
um puro amor carnal. A outra forma dessa
interpretação dramática foi proposta por Ewald,
que, além de Salomão e da jovem sulamita,
introduziu na narrativa uma suposta terceira
personagem, um pastor que seria o amante da
jovem.
A quarta interpretação principal do livro de
Cantares é a da abordagem lírica. Esta pensa
somente que o livro consiste em
uma coletânea de poemas líricos, sem nenhuma
conexão com a festa de casamento ou ocasiões
festivas especiais. Se essa interpretação tão
simples tem alguma vantagem a seu favor, essa
vantagem é somente que evita as dificuldades
inerentes às três outras principais
interpretações.
Também poderíamos falar sobre a interpretação
chamada típica, favorecida por certos eruditos
conservadores. Ela tem a vantagem de preservar
o sentido óbvio dos poemas, ao mesmo tempo
em que percebe um sentido espiritual e,
portanto, mais elevado do que uma mensagem
puramente sensual ou erótica. De conformidade
com essa interpretação, o livro de Cantares
refletia o puro amor espiritual que se verifica
entre Cristo e os seus seguidores.
O conteúdo do livro de Cantares revela uma
atitude para com a natureza que raramente se
encontra em outros trechos do Antigo
Testamento. Os hebreus, geralmente,
concebiam a natureza como algo que revelava o
esplendor e a majestade de Deus, pois ele
controlaria totalmente essas forças naturais,
segundo o seu querer. Mas, no livro de Cantares,
os ciclos da natureza correspondem aos
sentimentos dos amantes. Talvez isso se deva ao
fato de que esse livro tenha incluído noções
poéticas puramente folclóricas.
• Visto que o material de Cantares é
essencialmente poético, por isso mesmo há
nele características próprias de outras
composições poéticas do Antigo Testamento.
Ver no Dicionário sobre Poesia dos
Hebreus, Essas características incluem itens
comosinônimos, paralelismos, sintéticos e
antitéticos, e acentos rítmicos que salientam
pontos importantes.
Motivo de Sua Escrita
Não se sabe dizer o que teria motivado um autor sagrado
a compor o livro de Cantares. Se o livro é apenas uma
antologia de poemas líricos, que exaltam o amor físico, de
proveniência salomônica em geral, então poderia ter sido
motivado por um ou mais dos numerosos casamentos
desse monarca hebreu. Mas, se o livro consiste em
uma coletânea de cânticos nupciais de várias regiões do
reino hebreu, então algum editor desconhecido apenas
quis preservar para a posteridade esses poemas iíricos. A
própria subjetividade do processo de produção do livro,
visto que no livro nada se lê que nos esclareça a respeito,
inevitavelmente, faz com que a questão seja nebulosa
para nós.

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