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A ERA COLONIAL
QUINHENTISMO – 1500-1601
Momento histórico:
• As grandes navegações.
• O descobrimento do Brasil.
• A exploração do pau-brasil.
• A influência dos Jesuítas.
Aspectos centrais:
• Literatura sobre o Brasil, descrevendo a paisagem, o índio e os primeiros
grupos sociais.
• Pouco valor artístico, muito valor histórico. Serviu, muitas vezes, como fonte
de inspiração e pesquisa para manifestações literárias posteriores.
• Classificam-se, neste período, duas modalidades de textos
QUINHENTISMO – 1500-1601
Literatura informativa
• Produzida pelos viajantes que aqui estiveram.
• Descrição da terra e do selvagem, que demonstra as intenções do
colonizador: exploração e domínio.
• Visão paradisíaca da nova terra, refletindo o deslumbramento do
europeu diante da exuberância da natureza tropica
I
E segundo o que a mim e a todos pareceu, esta gente, não lhes
falece outra coisa para ser toda cristã, do que entenderem-nos,
porque assim tomavam aquilo que nos viam fazer como nós mesmos;
por onde pareceu a todos que nenhuma idolatria nem adoração têm.
E bem creio que, se Vossa Alteza aqui mandar quem entre eles mais
devagar ande, que todos serão tornados e convertidos ao desejo de
Vossa Alteza. E por isso, se alguém vier, não deixe logo de vir clérigo
para os batizar; porque já então terão mais conhecimentos de nossa
fé, pelos dois degredados que aqui entre eles ficam, os quais hoje
também comungaram.
Entre todos estes que hoje vieram não veio mais que uma
mulher, moça, a qual esteve sempre à missa, à qual deram um pano
com que se cobrisse; e puseram-lho em volta dela. Todavia, ao sentar-
se, não se lembrava de o estender muito para se cobrir. Assim,
Senhor, a inocência desta gente é tal que a de Adão não seria maior --
com respeito ao pudor.
II
Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o
sul vimos, até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste
porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou
vinte e cinco léguas de costa. (...) De ponta a ponta é toda praia...
muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar,
muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra
e arvoredos -- terra que nos parecia muito extensa.
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou
outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é
de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-
Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de
lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que,
querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que
tem! Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que
será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa
Alteza em ela deve lançar.
Pero Vaz de Caminha
QUINHENTISMO – 1500-1601
Literatura dos Jesuítas:
• Produzida pelos Jesuítas.
• Influenciada pelos ideais da Contrarreforma.
Momento Histórico
• Apogeu da Contra - Reforma.
• Fim das grandes navegações.
• A Bahia como ciclo econômico e político (cana-de-
açúcar).
• A exploração institucionalizada.
BARROCO – 1601-1768
Dualismo: a arte trabalha dos contrastes
• antropocentrismo x teocentrismo
• matéria x espírito
• carnal x espiritual
• pecado x perdão
• eterno x efêmero
• vida x morte
• amor sensual x amor platônico
BARROCO – 1601-1768
Conceptismo
Mais comum na prosa,
cm ênfase no conteúdo,
caracteriza-se por jogo
de ideias, de raciocínio,
na busca por sutilezas
ideológicas.
Vós, diz Cristo, senhor nosso, falando com os pregadores,
sois o sal da terra; e chama-lhe sal da terra, porque quer que façam
na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção, mas
quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos
nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta
corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não
deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não
pregam a verdadeira doutrina, ou porque a terra se não deixa salgar,
e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhe dão, a não
querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem
uma coisa e fazem outra, ou porque a terra não se deixa salgar, e os
ouvintes querem antes imitar o que eles fazem que fazer o que
dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e
não a Cristo, ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em
vez de servir a Cristo, servem os seus apetites. Não é tudo isto
verdade? Ainda mal.”
VIEIRA, Padre António, Sermões
Caiu no ENEM...
Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado
porque padeceis em um modo muito semelhante o que o
mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A
sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um
engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque
duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro
de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel.
A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia
sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo
despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo
em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as
prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto
se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de
paciência, também terá merecimento de martírio.
VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951
(adaptado).
O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma
relação entre a Paixão de Cristo e
Cultismo
Conhecido também por
gongorismo, era mais
comum na poesia, com
ênfase na forma, nos
sentidos, os jogo de
palavras, no uso exagerado
de figuras de linguagem.
BARROCO [1601-1768]
1. Poesia religiosa - Há um estabelecimento de um eu lírico
arrependido que se coloca diante de um Deus perdoador e
compreensivo. Temas da poesia religiosa:
• o clero
• o povo que trabalha para os colonizadores
• a pretensa nobreza e seu comportamento ridículo ao colonizador
• a cidade de Salvador e seus governantes corruptos
• mulheres adúlteras, maridos traídos...
Michelangelo Caravaggio, Narciso
Velázquez (1599-
1660)- Tornou-se
famoso por
retratar a corte
espanhola do
século XVII. Entre
esses retratos está
As meninas.
Michelangelo Caravaggio
ARTE ROCOCÓ
O Barroco chegou ao
Brasil com os jesuítas,
durante o século XVII
Cristo carregando a
cruz, Congonhas
A escultura era sua
principal expressão,
embora tenha algumas
passagens pela
arquitetura.
Os principais materiais
utilizados eram a
madeira e a pedra-
sabão.
Profeta Abdias,
Congonhas
Igreja Bom Senhor Jesus do Matosinhos, Congonhas
ARCADISMO
[1768]
• O Iluminismo.
• A expulsão dos Jesuítas do Brasil
(1759).
• Ciclo da mineração.
• Minas Gerais como centro
econômico e político.
• A Inconfidência Mineira (1789).
Faz a imaginação de um bem amado,
Que nele se transforme o peito amante;
ARCADISMO
Daqui vem, que a minha alma delirante
Cláudio Manuel da Costa
Se não distingue já do meu cuidado.
Obras poéticas (1ª)
Nesta doce loucura arrebatado Vila Rica (poema épico)
Anarda cuido ver, bem que distante;
Mas ao passo, que a busco neste instante
Me vejo no meu mal desenganado.
Cartas Chilenas
(poesia satírica)
Marília de Dirceu
(poesia lírico-amorosa)
QUINHENTISMO (1500-1600)
BARROCO (1601-1768)
ERA COLONIAL
* Predomínio da subjetividade.
* Influência da Contra-Reforma.
* Oposição.
* Medievalismo x Paganismo.
* Homem em conflito.
* Linguagem complexa.
ARCADISMO (1768-1808)
* Predomínio da objetividade.
* Influência das ideias Iluministas.
* Paganismo.
* Homem em equilíbrio.
* Linguagem simples.
O ROMANTISMO
O ROMANTISMO - 1836
romantismo: comportamento caracterizado pelo sonho, pelo
devaneio, por uma atitude emotiva diante das coisas. Esse
comportamento romântico pode ocorrer em qualquer época da
História
Exaltação da natureza;
Volta ao passado histórico;
Criação do herói [O índio];
Sentimentalismo;
Religiosidade;
Egocentrismo
Pessimismo
Angústia
Satanismo
Fuga da realidade: idealização da
infância, da mulher e da morte;
“O conhecimento da língua
indígena é o melhor critério para
a nacionalidade da literatura. (…)
É nessa fonte que deve beber o
poeta brasileiro; é dela que há de
sair o verdadeiro poema nacional,
tal como eu imagino”
(José de Alencar)
O romance indianista
Introdutor do Naturalismo e do
romance de tese no Brasil
• Descrições detalhadas;
• Foco na coletividade
marginalizada.
Adolfo Caminha (1867-1897)
A arte impressionista
também explora o
poder de sugestão da
linguagem da pintura.
O Simbolismo no Brasil: Cruz e Sousa
Cruz e Sousa é considerado o maior
representante do movimento
simbolista entre nós.
O que impressiona em sua poesia é a
profundidade filosófica e a angústia
metafísica. Outra característica que
inconfundível é o uso de um
vocabulário em que predominam, de
modo obsessivo, termos associados à
cor branca. Essa recorrência indica
uma busca incessante pela “pureza das
Formas eternas, das Essências das
coisas”
Ó solidão do Mar, ó amargor das vagas,
Ondas em convulsões, ondas em rebeldia, O Simbolismo:
Desespero do Mar, furiosa ventania, Análise de
Boca em fel dos tritões engasgada de pragas. Alucinação, de
Cruz e Sousa
Velhas chagas do sol, ensangüentadas chagas
De ocasos purpurais de atroz melancolia,
Luas tristes, fatais, da atra mudez sombria
Da trágica ruína em vastidões pressagas.
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
PRÉ-MODERNISMO
Pré-Modernismo
Localização: Não constitui uma escola literária, mas um
período de transição para o modernismo.
Realismo Vanguardas
Européias
Naturalismo
Pré-
Modernismo
Modernismo
Parnasianismo
1922
1902
Simbolismo
Semana
Os Sertões
de Arte
Canaã
Moderna
Pré-Modernismo
Anacrônico
Brutalizado
Fanatizado
O Brasil Caipira
anacrônico
inerme
analfabeto
obtuso
Um País Oligárquico
São Paulo
(interior)
Rural
Minas Gerais
Aristocracia
São Paulo
(capital)
Urbana
Rio de Janeiro
Pré-Modernismo
O homem: perfil do
sertanejo e influência do
meio sobre
o homem
A luta: os conflitos e
destruição do Arraial
de Canudos
Batalhão que combateu em Canudos,
entre 1896 e 1897.
Euclides da Cunha (1866-1909)
Rigorosa análise científica da Guerra de Canudos,
situando-se entre a sociologia, antropologia e a literatura.
Herança de uma visão determinista, que se revelou
também no regionalismo modernista.
Apresentação de
Certa influência
barroca na
linguagem
Rendição dos conselheiristas
em 2 de outubro de 1897
PRÉ-MODERNISMO NO BRASIL
Lima Barreto (1881-1922)
ACERVO ICONOGRAPHIA
REPRODUÇÃO
Em 1917, crítica a Anita Malfatti em
“Paranoia ou mistificação”
Entre suas obras destacam-se:
- Urupês (1918);
- Cidades mortas (1919);
- Negrinha (1920);
- Reinações de Narizinho (1931).
FABIO COLOMBINI
simbolista, naturalista e parnasiana.
* renúncia à
perspectiva;
* o claro-escuro perde
sua função;
* representação do
volume colorido sobre
superfícies planas;
* sensação de pintura
escultórica;
Trechos do Manifesto:
Pegue um jornal
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu
poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam
esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do
saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade
graciosa, ainda que incompreendido do público.
(Tristan Tzara)
Roda de Bicicleta (1913), de
Marcel Duchamp
Monalisa, de Marcel
Duchamp – (1919)
I. O Expressionismo
TEATRO
MUNICIPAL DE
SÃO PAULO.
A estudante Nu cubista
OPERÁRIOS
MOVIMENTOS MODERNISTAS
Movimento Antropofágico:
Liderado por Oswald de
Andrade, o nome recuperava
a crença indígena;
Oswald de Andrade,
Tarsila do Amaral e Raul
Bopp lançaram, em 1928,
o mais radical de todos os
movimentos do período: a
Antropofagia. Partidários
de um primitivismo crítico,
os antropófagos
propunham a devoração
da cultura estrangeira.
AMARAL, Tarsila do. Operários. 1933. Óleo sobre tela, 150x230 cm.
Momento Histórico
Cecília foi antes de tudo uma escritora intuitiva, que sempre procurou
questionar e compreender o mundo a partir de suas próprias
experiências. Desses temas, os que mais se destacam são a fugacidade do
tempo e a efemeridade das coisas. Tal preocupação filosófica dialoga com
a tradição, especialmente com o Barroco.
Cecília Meireles (1901-1964): a efemeridade do tempo
Graciliano Ramos
Graciliano Ramos (1892-1953):
o mestre das palavras secas
CATAR FEIJÃO
2.
1.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
Catar feijão se limita com escrever: o de que entre os grãos pesados entre
joga-se os grãos na água do alguidar um grão qualquer, pedra ou indigesto,
e as palavras na folha de papel; um grão imastigável, de quebrar dente.
e depois, joga-se fora o que boiar. Certo não, quando ao catar palavras:
Certo, toda palavra boiará no papel, a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
água congelada, por chumbo seu verbo: obstrui a leitura fluviante, flutual,
pois para catar esse feijão, soprar nele, açula a atenção, isca-a como o risco
e jogar fora o leve e oco, palha e eco
Caráter regionalista de
Guimarães Rosa: as
marcas regionais são
evidentes nos termos
utilizados, na recriação da
fala de jagunços e de
vaqueiros do interior de
Minas. As questões
tematizadas, porém, vão
muito além de uma
perspectiva regional.
Guimarães Rosa: o descobridor do sertão universal