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Departamento de Enfermagem, Saúde da Família e Comunidade

Ciclo de estudos conducente ao grau de Licenciado em Enfermagem


16º curso de Licenciatura em Enfermagem
4ºano - 1º semestre
Enfermagem em Situação de Emergência e Catástrofe
2017/2018

Discentes: Ana Falcão | Lisete Piedade | Rafaela Vieira | Rute Soares | Sofia Botelho
Docente: Mª Leonor Melo
OBJETIVOS
Objetivo geral:
• Adquirir conhecimentos sobre o trauma por afogamento e mergulho.
Objetivos específicos:
• Diferenciar afogamento de quase-afogamento;
• Conhecer a epidemiologia dos traumas por afogamento e mergulho;
• Identificar os fatores de risco do afogamento;
• Conhecer a fisiopatologia do afogamento e mergulho;
• Conhecer o que é o barotrauma;
• Conhecer o que é a doença descompressiva;
• Identificar os tipo de barotrauma;
• Conhecer os cuidados de enfermagem no pré-hospitalar ao traumatizado por afogamento e mergulho.
SUMÁRIO
1. Introdução
2. Trauma por Afogamento e Quase-Afogamento
2.1 – Epidemiologia
2.2 – Fatores de Risco
2.3 – Fisiopatologia
3. Trauma por Mergulho
3.1 – Epidemiologia
3.2 – Fisiopatologia
3.2.1 – Barotrauma
3.2.2 – Doença de Descompressão
3.2.2.1 - Terapia de recompensação com oxigénio hiperbárico
SUMÁRIO (CONT.)

4. Cuidados de Enfermagem no Pré-Hospitalar ao Traumatizado por Afogamento e Mergulho


4.1 – Avaliação ABCDE
5. Conclusão
6. Referências Bibliográficas
INTRODUÇÃO
TRAUMA POR AFOGAMENTO
AFOGAMENTO E QUASE-AFOGAMENTO

Afogamento
“Processo de dificuldade respiratória provocada por imersão ou submersão em líquido.”
OMS (2014)

“Morte dentro das primeiras 24 horas após o incidente de submersão.”

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)

Quase-Afogamento
“Sobrevivência por pelo menos 24 horas após a submersão.”

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)


EPIDEMIOLOGIA
Em todo o mundo...
5ª maior causa dos 1-14
anos em 48 de 85 países

É uma das 10
principais causas Sexo masculino tem 2x
de morte dos 1-24 Afogamento mais probabilidade do
anos que o sexo feminino

372 00 pessoas
morrem por ano
OMS (2015)
EPIDEMIOLOGIA (CONT.)
Em Portugal...

DGS (2015)
EPIDEMIOLOGIA (CONT.)
Em Portugal...

DGS (2015)
EPIDEMIOLOGIA (CONT.)
Em Portugal...
Tanques
e Poços
0-9 anos
Piscinas
0-4 anos

Rios/
Ribeiras/
Lagos
10-14 anos

Praias
>10 anos

APSI (atualização Julho 2015)


FATORES DE RISCO

Supervisão inadequada Uso de álcool ou drogas

Imersão em água gelada Idade

Sexo Raça

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)


FISIOPATOLOGIA
Tipos de afogamento

Afogamento Afogamento sem


com aspiração aspiração

Kallas, H. (2007)
FISIOPATOLOGIA (CONT.)
Aspiração e Lesão Pulmonar

 Ocorre na maior parte das vítimas;


 A quantidade de líquido ingerido normalmente é reduzida;
 A aspiração de água do mar faz com que haja uma aumento da tensão superficial alveolar;
 A aspiração de água doce faz com que haja acumulação de uma solução hipotónica nos
pulmões

Atelectasia

Kallas, H. (2007)
FISIOPATOLOGIA (CONT.)
Hipotermia

 É comum após a submersão;


 Nas temperaturas corporais acima de 32º os mecanismo de compensação atuam para
restaurar a normotermia;
 Temperatura abaixo de 32º a termorregulação falha;

A hipotermia, em alguns casos, pode proteger o encéfalo da lesão permanente.

Kallas, H. (2007)
FISIOPATOLOGIA (CONT.)
Lesão anóxico-isquémica

 Durante o afogamento a pessoa em pânico tenta chegar à


superfície, pequenas quantidades de água entram na
hipofaringe desencadeando o laringospasmo;

 A probabilidade de ressuscitação bem sucedida torna-se


impossível rapidamente, à medida que a hipoxia e a isquemia
causem lesão rápida, progressiva e irreversível.

Kallas, H. (2007)
FISIOPATOLOGIA (CONT.)
Alterações Hidroeletrolíticas

 A maioria das vítimas não aspira o volume de líquidos suficiente para causar grandes
distúrbios eletrolíticos;
 A maior parte das alterações metabólicas são secundárias à hipoxémia aguda, resultando,
por sua vez, em acidose metabólica.

Kallas, H. (2007)
TRAUMA POR MERGULHO
EPIDEMIOLOGIA
Em Portugal...

Araújo (2010)
EPIDEMIOLOGIA (CONT.)
Nos Estados Unidos...

Lesões 3x mais prevalentes no sexo


masculino

70% por Afogamento

Cerca de 140 mortes por ano


15% por Embolia Gasosa
Arterial (EGA)

Divers Alert Network – DAN (2000)


FISIOPATOLOGIA

Lesões causadas pelas diferenças de pressão

Disbarismo

Barotrauma Doença de
Descompressão

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)


BAROTRAUMA

Lei de Boyle

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)


BAROTRAUMA (CONT.)

Na descida e devido ao aumento da pressão dá-se:


 Ingurgitamento vascular
 Hemorragia
 Edema da mucosa

Na subida e se for de forma muito rápida, há:


 Rutura dos tecidos

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)


BAROTRAUMA (CONT.)
Compressão da máscara Compressão do ouvido médio

Fig. 1 – Hemorragia Conjuntival.

Fig. 2 – Manobra de Valsalva durante o


mergulho.

Fig. 3 – Otalgias.

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)


BAROTRAUMA (CONT.)
Hiperinsuflação Pulmonar Rutura dos alvéolos

Saída de ar dos pulmões

Fig. 4 – Imagem radiográfica do tórax.

Fig. 5 – Dispneia.

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)


BAROTRAUMA (CONT.)
Embolia Gasosa Arterial (EGA)

Fig. 8 – Presença de êmbolo na


corrente cerebral.
Fig. 6 – Presença de êmbolo na Fig. 7 – RCP num utente em paragem
corrente sanguínea. cardiorespiratória.

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)


DOENÇA DE DESCOMPRESSÃO (DDC)

21% de oxigénio;
0,03% de dióxido de carbono;
79% de nitrogénio

Lei de Henry

Maior a quantidade de
nitrogénio dissolvida Maior profundidade
nos tecidos.

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)


DOENÇA DE DESCOMPRESSÃO (DDC) (CONT.)
Fatores que predispõem o mergulhador à DDC:

Hospedeiro

Falhas do
Equipamento
Ambientais e Técnica
Inadequada

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)


DOENÇA DE DESCOMPRESSÃO (DDC) (CONT.)
DDC Tipo I

- Dor nos membros


 leve a intensa à palpação em articulação ou
extremidade;
 sensação de atrito na movimentação;

Fig. 9 – Dor na articulação do joelho.

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)


DOENÇA DE DESCOMPRESSÃO (DDC) (CONT.)
Sistema Nervoso:
DDC Tipo II
- Cerebral

- Acometimento Cardiopulmonar:  alterações visuais;

 sensação de“sufocamento”;  cefaleias;

 tosse não produtiva;  desorientação;

 dispneia;  confusão.

 cianose; - Medula espinhal - Ouvido interno

 lombalgias;  vertigens;
 taquipneia;
 fraqueza;  ataxia.
 choque;
 paragem cardiorrespiratória.  paralisia.

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)


TERAPIA DE RECOMPENSAÇÃO COM OXIGÉNIO HIPERBÁRICO
Tem como objetivos:

- Diminuir o volume das bolhas, que passarão pelos capilares


pulmonares e consequentemente serão eliminadas;
- Promover a reabsorção das bolhas em solução;
- Aumentar a quantidade de O2 que chega aos tecidos;
- Corrigir a hipoxia;
- Aumentar o gradiente de difusão do nitrogénio;
- Reduzir o edema;
Fig. 10 – Câmara hiperbárica.
- Reduzir a permeabilidade vascular.

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)


CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PRÉ-HOSPITALAR AO
TRAUMATIZADO POR AFOGAMENTO E MERGULHO
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PRÉ-HOSPITALAR AO
TRAUMATIZADO POR AFOGAMENTO E MERGULHO
AVALIAÇÃO ABCDE
A Permeabilizar a via aérea com controlo da coluna cervical

B Ventilação E Oxigenação

C Assegurar a circulação com controlo da hemorragia

D Disfunção neurológica

E Exposição com controlo da temperatura

INEM (2012)
AVALIAÇÃO ABCDE (CONT.)
A Permeabilizar a via aérea com controlo da
coluna cervical
Fig. 11 – Permeabilização da via aérea.

 Abordar a vítima, imobilizando a cabeça desta em posição neutra


e assumindo sempre a possibilidade de coexistir um TVM;

 Desobstruir a via aérea e proceder à imobilização cervical;

 Manter a via aérea permeável, verificando a possibilidade de


vómito e aspirando secreções frequentemente;

Fig. 12 – Colocação do colar cervical.


INEM (2012)
AVALIAÇÃO ABCDE (CONT.)

B Ventilação E Oxigenação
 Administrar oxigénio:

 Garantir oximetria ≥ 95%;

 10L/min; Fig. 13 – Máscara de oxigenoterapia.

 Se a vítima apresentar compromisso ventilatório (frequência respiratória inferior a 8 ou superior a 35)

 Iniciar ventilação assistida, com insuflador manual, 10 a 12 ciclos por minuto);

INEM (2012)
AVALIAÇÃO ABCDE (CONT.)

C Assegurar a circulação com controlo da hemorragia


 Avaliar e registar sinais vitais;

 Despistar sinais de choque;


Fig. 14 – Otorragia.

 Monitorizar a nível cardíaco;

 Permeabilizar uma veia de grande calibre;

 Iniciar fluidoterapia, com soro sem glucose;

Fig. 15 – Fluidoterapia.
INEM (2012)
AVALIAÇÃO ABCDE (CONT.)

D Disfunção neurológica
 Averiguar sinais de alterações de estado de consciência;

Fig. 16 – Reanimação cardiopulmonar.

Fig. 17 – Presença de êmbolo a nível cerebral.


INEM (2012)
AVALIAÇÃO ABCDE (CONT.)
E Exposição com controlo da temperatura
 Efetuar a observação sistematizada de modo a detetar eventuais
lesões associadas;

 Manter a temperatura corporal:

 Identificar vítimas em hipotermia;

 Aquecer a vítima, seguindo a sequência despir a vítima, limpar, secar e


aquecer;
Fig. 18 – Manta térmica.
 Se exequível colocar a vítima na ambulância rapidamente e ligar o
aquecimento;
INEM (2012)
CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO PRÉ-HOSPITALAR AO
TRAUMATIZADO POR MERGULHO

Lesões Cuidados a ter no Pré-Hospitalar


Compressão da máscara • Aconselhar o repouso;
• Alívio da dor;
• Aplicação de compressas frias nos olhos;

Compressão do ouvido médio • Alívio da dor;


• Aconselhar o repouso;
Barotrauma do ouvido interno
• Elevação da cabeça;
Barotrauma do ouvido externo • Manter o canal auditivo seco;
• Encaminhar para o hospital;

Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians (2007)


QUESTÕES
QUESTÕES

1. O quase-afogamento é definido como a morte dentro das primeiras 24 horas. F

2. A hipotermia entre os 32ºC e os 35ºC é considerada uma hipotermia grave. F

3. A hemorragia conjuntival pode aparecer no barotrauma, nomeadamente na


compressão da máscara. V
QUESTÕES (CONT.)

4. Quanto maior a profundidade, menor a quantidade de nitrogénio dissolvido nos


tecidos. F

5. Uma das ações fulcrais no atendimento pré-hospitalar à vítima de afogamento e


mergulho é retirar a roupa, limpá-la, secá-la e aquecê-la. V

6. Deve-se contatar o hospital, nos casos de EGA e DDC, devido à necessidade de


transportar a vítima para a câmara hiperbárica. V
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• Araujo, C. (2010). Caracterização demográfica e epidemiológica da prevalência de doenças potencialmente
incapacitantes no Mergulho Recreativo em Portugal. (Dissertações de mestrado) Disponível:
https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/729/1/Mestrado%20Final.pdf

• Associação para a Promoção da Segurança Infantil (2015). Afogamentos em Crianças e Jovens em Portugal.
Disponível em:
https://www.apsi.org.pt/images/PDF/Noticias/BrincareNadarSeg/Afogamentos_criancas_jovens_2005-
2014_Principais_resultados_Atual_2015.pdf

• Behrman, R., & Kliegman, R., & Jensou, H. (2005). Afogamento e Quase-Afogamento. Tratado de Pediatria (pp. 344-
354) Rio de Janeito:Elsevier Editora Ltda
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• Comitê do PHTLS da Nacional Association of Emergency Medical Technicians & Comitê de Trauma do Colégio
Americana de Cirurgiões (2007). Trauma Ambiental II: Afogamento, Raios, Mergulho e altitude. Atendimento Pré-
hospitalar ao traumatizado (pp.446-452; pp: 458-468) Rio Janeiro: Elsevier Editora Ltda

• Direção Geral de Saúde (2015) Afogamentos - relatório global. Disponível em: https://www.dgs.pt/ficheiros-de-
upload-2013/devs35pc0615who-portugal-pdf.aspx

• Instituto Nacional de Emergência Médica (2012). Emergências Trauma – Manual TAS. Disponível em:
http://www.inem.pt/wp-content/uploads/2017/06/Emerg%C3%AAncias-Trauma.pdf
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• Sweawingen, P., & Keen, J., (2001). Traumatismo multissistémico. Manual de Enfermagem de Cuidados
Intensivos (pp. 163-166) Loures : Lusociência Editora

• World Health Organization (2014). Global report on drowning: Preventing a leading killer. Disponível em:
http://www.who.int/violence_injury_prevention/publications/drowning_global_report/Final_report_full_web.pdf

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