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TA 631 – OPERAÇÕES UNITÁRIAS I

Transferência de quantidade de movimento

Aula 05:
Cálculo da energia de atrito
que ocorre durante o escoamento
de fluidos dentro de dutos
Quais são os termos do balanço
de energia mecânica?
Energia que entra com o fluido + Energia mecânica

(P1/ρ + v12/2α + Z1) + Weixo


= Energia que sai com o fluido + Calor
= (P2/ρ + v22/2α + Z2) + Ef

We = (P2-P1)/ρ + (v22-v12)/2α + (Z2 – Z1) + Ef

O trabalho mecânico gera uma mudança na Energia de


pressão, na Energia cinética e na Energia potencial do
fluido e libera calor devido ao atrito com o meio.
Energia gasta no atrito no escoamento
de um fluido em um tubo horizontal
Perda de
pressão

Ponto 1 Ponto 2

Balanço de Energia Mecânica Êm1 + We = Êm2 + Êf


Expandindo os termos de Êm:
(Êp1 + Êh1 + Êk1) + We = (Êp2 + Êh2 + Êk2) + Êf

Como: Assim: Êf = Êp2 -Êp1 = (p2–p1)/ρ


h1 = h2 Êh1= Êh2 Energia de atrito:
v1 = v2 Êk1 = Êk2 Êf = ∆P/ρ
We = 0 ρ = constante Êf = f(L, vz ,ε, µ, ρ, D)
1.CÁLCULO DA ENERGIA DE ATRITO
1.1. Fluidos Newtonianos
1.1.1. Regime Laminar
Em primeiro lugar vamos fazer a análise do escoamento de
um fluido newtoniano viscoso em uma tubulação horizontal
de seção constante.
Fazemos um balanço de forças em um elemento de
volume de raio r dentro do tubo onde o fluido escoa
na direção horizontal z:
Considerações:
R
Regime laminar r
Fluido incompressível
Não há efeitos terminais
L
Para que haja escoamento é necessário aplicar uma
força ao fluido. Geralmente eleva-se a pressão do fluido
no ponto inicial da tubulação usando uma bomba.

P P-∆P

Figura 1.1. Balanço de forças no equilíbrio em um tubo


Figura 1.1.b. Análise de forças na tubulação

Desenvolvimento gradual do perfil de velocidades


do regime laminar e escoamento do fluido.

Direção do
escoamento R

Pressão
aplicada

L
Comprimento
Figura 1.1.c.
Movimento e resistência no elemento de volume
P σp P-∆P
σr z
vz(r) R
vmax r

L
Em estado estacionário:
R
Força normal= Força de cisalhamento r

∆P*An = ∆ *At
L
Pressão * Área transversal = Tensão * Área longitudinal
[P  (P  dP)]  r2 =  2 r dz (1.1)

Onde:
P = pressão em um ponto z ao longo da tubulação
P-dP = pressão em um ponto z + dz ao longo da tubulação
r = um ponto entre o centro e a parede, ao longo do raio
 = tensão de cisalhamento
dz = elemento de distância ao longo do comprimento do tubo
[P  (P  dP)]  r2 =  2 r dz (1.1)

dP r  2 dz (1.2)

dP  2 dz (1.3)
r
É interessante expressar a perda de carga linear (dP/dz)
em função da tensão de cisalhamento:

dP 2
 (1.4)
dz r
Rearranjando, para expressar
a tensão de cisalhamento

r dP
 (1.5)
2 dz
A tensão de cisalhamento máxima se dá na parede (p )
quando r=R e pode ser expressa como:

R dP
P  (1.6)
2 dz
onde: R= raio do tubo ∆P
σp

Considerando o comprimento L : D
Vz(r)

PD
P  (1.7)
4L L

Onde:
∆P= diferença de pressão no comprimento de tubulação L
D = diâmetro da tubulação
Substituindo (1.6) em (1.5) tem-se:
R
r
R dP r dP r  2  r
P      P P
2 dz 2 dz 2 R  R
(1.8)
De acordo com a equação (1.8), L
a tensão de cisalhamento varia linearmente
ao longo do raio do tubo, variando desde
zero em r = 0 até um valor máximo na
posição r = R.

Como os fluidos newtonianos obedecem à lei de Newton:

 dvz 
    
(1.9)
 dr 
µ = viscosidade newtoniana
dvz / dr = variação de velocidades ao longo do raio do tubo
• No interior de uma tubulação a medida que o raio aumenta,
a velocidade diminui, e por isso dvz/dr é negativo.
• A transferência de impulso é feita da região de maior
concentração de movimento para a de menor concentração.
• No centro do tubo, dvz/dr=0, a tensão de cisalhamento é nula,

 Pr  dvz 
    
R  dr  (1.10)

Rearranjando os termos de (1.10):

P
dvz   rdr (1.11)
R
Integrando a relação (1.11) entre um ponto r e a parede R:

P
vz ( r )
r = R  vz = 0
r

0
dvz   
R R
rdr
r = r  vz = vz (r)

Da integração obtem-se a equação do perfil parabólico de


velocidade para um fluido newtoniano em escoamento
laminar.

P
vz ( r )  (R2  r 2 ) (1.12)
2 R
Por outro lado, a velocidade média pode ser calculada
pela definição:

vA   vdA (1.13)
A

Ou ainda:

 vdA  vdA
v A
 A
A
 dA
A
Onde:
dA = elemento diferencial de área = 2r dr
Integrando (1.13) do centro do tubo (r=0) até a parede (r = R):

 v (r )2 rdr
z (1.14)
v 0
R

 2 rdr
0

Substituindo vz(r), equação (1.12), na expressão acima temos:

 R P  1 (1.15)
v   2 r ( R  r )dr  R
2 2

 0 2 R  2 rdr

0
 P  R 2 R
 1
v    rR dr   r dr   R
3
(1.16)
  R  0   2 rdr
0

0
(1.17)
 P  R 4 R 4   2
v    
  R  2 4  2 R 2

  P  R4  1
v    2 (1.18)
  R  4  R
Chegamos a expressão da velocidade média:

PR PD
v  (1.19)
4 8
PD
P  (1.7)
4L
PR PD (1.19)
v 
4 8

Substituindo (1.7) em (1.19) para incluir o termo ∆P:

PD.D
v
4 L.8 (1.20)

Rearranjando (1.20) e dividindo tudo por  :


P v .32L
 (1.21)
 D2 
Multiplicando ambos os lados por v2 tem-se que:
2
P v 2 v .32L v 2 (1.22)
.  .
 2 D  2
2

Lembrando que o número de Reynolds (Re) para fluidos


Newtonianos em tubulações cilíndricas é definido como:

 vD
Re 

Rearranjando para separar o termo 1/Re da expressão (1.22):

P 32vL2v 2 
 . (1.23)
 2vD  vD
Finalmente, chegamos a expressão geral para cálculo da
energia gasta no atrito para fluidos newtonianos em
regime laminar:
∆P 16 L v2
---- = ------------- (1.24)
ρ Re D 2
16
fF = ----- fF= fator de atrito de Fanning (1.25)
Re

Então: ∆P L v2
---- = fF ---- -----
ρ D 2
Geralmente usa-se o termo Êf para expressar a
energia perdida por atrito por unidade de massa (J/kg)

L v 2
Êf = fF ----
D 2
-----
A expressão define o fator de atrito de Fanning (fF)
como:
16
fF = (1.25)
Re

A literatura cita o fator de atrito de Darcy (fD):


64
fD = (1.26)
Re

Os dois podem ser usados. Porém, na bibliografia recente


tem-se empregado principalmente fF e, por isso, quando se
menciona ao fator de atrito refere-se geralmente à fF.
1. CÁLCULO DA ENERGIA DE ATRITO
1.1. Fluidos Newtonianos
1.1.2. Região de transição

O fator de atrito na região de transição, ou seja,


quando 2100< Re< 4000, não pode ser predito,
com o qual deve-se usar a solução gráfica.
No caso de fluidos Newtonianos,emprega-se o Diagrama
de Moody (Figura 1.2). Neste gráfico deve-se destacar
que o fator de atrito é função da rugosidade relativa ( / D).

ε
fF = f(---- , Re )
D
Segue-se a tradução dos materiais de tubos que estão
escritos em inglês:
Em inglês Em português
Smooth pipes Tubos lisos
Drawn tubing Tubos estirados
Commercial steel Aço comercial
Wrought iron Ferro forjado
Asphalted cast iron Ferro fundido asfaltado
Galvanized iron Ferro galvanizado
Cast iron Ferro fundido
Wood stove Aduela de madeira
Concrete Concreto
Riveted Steel Aço rebitado
Figura 1.2. Diagrama de Moody

f = 16/Re
1. CÁLCULO DA ENERGIA DE ATRITO
1.1. Fluidos Newtonianos
1.1.3. Regime turbulento
Quando o regime de escoamento é turbulento, ou seja,
Re> 4000, há três maneiras de se obter fF, duas equações e
um gráfico

a) Equação de Blasius que só é válida para tubos lisos


(2.103 < Re < 105):
fF = 1,28. Re -0,25 (1.27a)
fD = 0,32. Re -0,25 (1.27b)
b) Correlação de von Karman válida para tubos lisos:
1
fF
 
 4, 0log10 Re f F  0, 4 (1.28)
c) Solução gráfica por meio do Diagrama de
Moody, visto no item anterior.

Os dados necessários são:


• As propriedades do fluido (densidade e
viscosidade) à temperatura de trabalho;
• Velocidade média do fluido
(volume/tempo/área);
• Diâmetro da tubulação;
• A rugosidade relativa da tubulação (/D). No
caso do processamento de alimentos e de
instalações sanitárias, usa-se tubo liso, ou
seja, rugosidade igual a zero ( ε =0 ).
1.2. Fluidos não-newtonianos
1.2.1. Fluidos lei da potência
1.2.1.1. Regime laminar

Para obter expressões para cálculo do fator de


atrito foram usadas as mesmas considerações da
dedução do item 1.1.
Sabendo que a tensão de cisalhamento para
esses fluidos é definida como:
n
 dvz 
  k .   1.29
 dr 
A variação da velocidade do fluido ao longo do raio se
expressa como a velocidade média de um fluido lei da
potência em um tubo pode ser escrita como:

  P  
1/ n
 n  ( n 1) / n ( n 1) / n
vz ( r )     R r  1.30
 2 Lk   n 1

Por outro lado, a velocidade média de um fluido lei


da potência em um tubo pode ser escrita como:

  P  1/ n  n   1.31
v     R
( n 1) / n

 2 Lk   3n  1  
Ou ainda:
   P  1/ n  n  
V      R
(3 n 1) / n
 (1.32)
  2 Lk   3n  1  

Neste caso, a perda de carga por unidade de comprimento


pode ser expressa como:

P 4v k  2  6n 
n n

 1 n   (1.33)
L D  n 
A equação (1.33), quando inserida na expressão do fator
de atrito, proporciona uma expressão do tipo:

 4v n k   2  6n    D  16
f F   1 n     2 
 (1.34)
 D   n   2  v  Re LP
Onde o número de Reynolds da lei da potência é definido
como:
 D v    4n 
n 2 n n
(1.35)
Re LP   n 1  
 8 k  3n  1 

A equação (1.34) é apropriada para o escoamento de fluidos


lei da potência em regime laminar, que ocorre quando a
seguinte desigualdade é satisfeita:

2100(4n  2)(5n  3)
Re LP    Re LP crítico (1.36)
3(1  3n) 2

Dados experimentais indicam que a equação (1.34)


superestima o fator de atrito para muitos fluidos lei da potência.
Isso pode ser devido ao escorregamento na parede ou
mudanças nas propriedades reológicas em emulsões e
suspensões.
1.2. Fluidos não-newtonianos
1.2.1. Fluidos lei da potência
1.2.1.2. Regime turbulento

O fator de atrito nessa região, para fluidos lei da potência,


pode ser predito pela Equação de Dodge-Metzner. Essa
equação só é válida para tubos lisos.

1  4   0, 4 
  0,75  log10  Re LP  f F (1 ( n / 2))
   1,2  (1.37)
fF  n  n 
Figura 1.3. Diagrama de Dodge-Metzner
1.2. Fluidos não-newtonianos
1.2.2. Fluidos plásticos de Bingham
1.2.2.1. Regime laminar
O perfil de velocidades de um fluido plástico de Bingham
pode ser escrito como:

PR 2  r 2  2 R0  r 
vz ( r )   1  2   1    (1.38)
4 pl L  R  R  R  

para R0 r  R onde    . O raio crítico (R0), que define o


contorno externo do pistão, pode ser calculado a partir da
tensão de cisalhamento inicial ( ):

 0 2L
R0  (1.39)
P
É interessante levar em consideração que o fluido não
sofrerá tensão de cisalhamento na região empistonada
central, ou seja, quando  < 0 . Então, a função tensão de
cisalhamento será integrada entre a tensão de cisalhamento
inicial (0) e a tensão de cisalhamento na parede (p ).

A perda de carga por unidade de comprimento de fluidos


plásticos de Bingham:
   0   pl .
Pode ser calculada a partir da vazão volumétrica de uma
maneira similar a aquela usada para fluidos pseudoplásticos:

P  8V  pl  1 
    (1.40)
L   R 4  1  4c / 3  c 4
/ 3 
Onde c é uma função implícita do fator de atrito e quanto
maior for esse valor, mais difícil será iniciar o escoamento:

 0 4 L 0 2 0
c   (1.41)
 p DP f F  v 2
Escrito em termos de velocidade média, a equação (1.40)
torna-se:
P  8v  pl   1 
 2   (1.42)
L  D   1  4c / 3  c / 3 
4

Portanto, o cálculo do fator de atrito fica como:

 32v  pl  1    D  16 pl  1 
f F      2 
 .  
 D 2
  1  4c / 3  c 4
/ 3   2  v  Dv    1  4c / 3  c 4
/ 3 
(1.43)
O fator de atrito poderia ser escrito também em termos
do número de Reynolds de Bingham (ReB) e o número
de Hedstrom (He):

1 fF He He4
  
Re B 16 6  Re B  3 f F 3  Re B 8
2
(1.44)
Onde
D 2 0 
He 
 pl2 (1.45)
e

Dv 
Re  (1.46)
 pl
As equações (1.43) e (1.44) poderiam ser usadas para
estimar fF em estado estacionário no regime laminar,
que ocorre quando se satisfaz a desigualdade:

He  4 1 4
Re B  1  cc  cc    Re B crítico
(1.47)
8cc  3 3 

onde cc é o valor crítico de c definido como:


(1.48)
cc He

1  cc 
3
16800

cc varia de 0 a 1 e o valor crítico do número de


Reynolds de Bingham aumenta com o número de
Hedstrom.
1.2. Fluidos não-newtonianos
1.2.2. Fluidos plásticos de Bingham
1.2.2.2. Regime turbulento

O fator de atrito para escoamento em regime


turbulento de um fluido plástico de Bingham
pode ser considerado um caso especial de um
fluido Herschel-Bulkley e pode-se usar a
seguinte relação:

1
fF
 
 4,53log10 (1  c)  4,53log10  Re B  f F  2,3 (1.49)
Com o aumento dos valores de tensão de
cisalhamento inicial, o fator de atrito aumenta
significativamente.

Neste caso, quando a perda de carga é muito alta,


c poderia ser muito pequeno, nesse caso a
equação (1.49) se simplifica, ela ficaria da seguinte
forma:

1
fF
 
 4,53log10  Re B  f F  2,3 (1.50)
1.2. Fluidos não-newtonianos
1.2.3. Fluidos Herschel-Bulkley
1.2.3.1. Regime laminar
A velocidade de um fluido Herschel-Bulkley em
função do raio pode ser descrita como:

   Pr 
11/ n

 p   0 
2L 11/ n
vz ( r )    0  
P(1  1/ n)k 1/ n   2L  
(1.51)

A velocidade do pistão se obtem substituindo


r= R0 na equação (1.51).
Há duas maneiras de se calcular o fator de
atrito para fluidos do tipo Herschel-Bulkley:

   0  k . n

a) Solução numérica

O fator de atrito de Fanning para escoamento


laminar de fluidos Herschel-Bulkley
pode ser calculado a partir das seguintes
relações:
16
fF  (1.52)
 Re LP
Onde:
n
 1  c 
2
2c 1  c  c2 
  1  3n  1  c 
1 n
 
n
 
 1  3n  1  2n  1  n  

(1.53)

c pode ser expresso como uma função implícita de ReLP


e uma forma modificada do número de Hedstrom (HeM):
2 n
 n  
2
n
Re LP  2 HeM    
(1.54)
 1  3n   c 
Onde:
 D n v 2  n    4n 
n

Re LP   n 1    (1.35)
 8 k   3n  1 
e
2 n
D2    0  n (1.55)
HeM   
k k

Para encontrar fF para fluidos Herschel-Bulkley, c


é determinado através de uma iteração da
equação (1.54) usando a equação (1.53) e o fator
de atrito poderia ser calculado a partir da equação
(1.52).
b) Solução gráfica
Existem soluções gráficas que facilitam os
problemas computacionais.

Essas figuras(Figuras 1.6-1.15) indicam o valor


do número de Reynolds crítico a diferentes HeM
para um valor particular de n.

O número de Reynolds crítico é baseado em


princípios teóricos e tem pouca verificação
experimental.
Figura 1.6. fF para fluido Herschel-Bulkley com n= 0,1.
Figura 1.7. fF para fluido Herschel-Bulkley com n= 0,2.
Figura 1.8. fF para fluido Herschel-Bulkley com n= 0,3.
Figura 1.9. fF para fluido Herschel-Bulkley com n= 0,4.
Figura 1.10. fF para fluido Herschel-Bulkley com n= 0,5.
Figura 1.11. fF para fluido Herschel-Bulkley com n= 0,6.
Figura 1.12. fF para fluido Herschel-Bulkley com n= 0,7.
Figura 1.13. fF para fluido Herschel-Bulkley com n= 0,8.
Figura 1.14. fF para fluido Herschel-Bulkley com n= 0,9.
Figura 1.15. fF para fluido Herschel-Bulkley com n= 1,0.
1.2. Fluidos não-newtonianos
1.2.3. Fluidos Herschel-Bulkley
1.2.3.2. Regime turbulento

Utiliza-se as soluções gráficas vistas no


item anterior.

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