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Febre Prolongada de

Etiologia Obscura

Docentes: Claudilson Bastos


Barberino

Discentes: Aline Menezes


Ana Gabriela Dantas
Carolina Oliveira
Hugo Nunes
Vanessa Nunes
Raquel Mendes

Salvador, 2015.1
Caso Clínico
IDENTIFICAÇÃO

Nome: Nivardo Monteiro da Silva


Sexo: masculino
DN: 01 de outubro de 1942
Idade: 72 anos
Local de nascimento: Itainópolis, Piauí
Local de residência: Muritiba, Bahia
Local de procedência: Muritiba, Bahia
Estado civil: casado
Ocupação: aposentado há 13 anos. Trabalhava com minério.
Escolaridade: alfabetizado
Religião: católica
Caso Clínico
QUEIXA PRINCIPAL
Febre há cinco meses

HMA
Paciente refere que há cinco meses (dezembro de 2014) foi
internado em Muritiba, BA, com quadro de febre alta (39°C-40°C)
e “amarelamento” em todo o corpo. Refere que a febre era
intermitente, diária e vespertina. Relata anorexia, precedendo o
início do quadro em sete meses (junho de 2014), com perda
ponderal de 11kg desde então. Nega cefaleia, náuseas, vômitos,
pruridos ou lesão de pele, artralgia, mialgia, tontura. Refere que,
enquanto esteve internado em Muritiba, a febre foi controlada,
voltando a aparecer somente há um mês, quando então foi
referenciado para o Hospital Couto Maia, em Salvador, BA, onde
foram realizados exames de sangue, osso, medula e imagem,
cujos resultados estão sendo aguardados.
Caso Clínico
INTERROGATÓRIO SISTEMÁTICO

Geral: refere anorexia e fraqueza há um mês


Cabeça e pescoço: ndn
Aparelho cardiovascular: ndn
Aparelho respiratório: refere pneumonia hospitalar há uma
semana, em tratamento (Cefepime)
Aparelho digestório: refere ritmo intestinal diário, com fezes com
coloração e textura normais.
Aparelho geniturinário: ndn
Extremidades: ndn
Caso Clínico
ANTECEDENTES MÉDICOS
Nega hipertensão, diabetes e cardiopatias. Refere acidente de
trabalho há 13 anos, que resultou em três vértebras lombares, e o
osso da bacia fraturados. Refere cirurgias prévias: apendicite,
hérnia (?) e catarata. Nega alergias medicamentosas. Refere
calendário vacinal completo. Em uso de Omeprazol e Cefepime.

ANTECEDENTES FAMILIARES
Mãe falecida aos 45 anos por cardiopatia. Filho hipertenso (?)

HÁBITOS DE VIDA E SOCIOECONÔMICO


Refere tabagismo por 30 anos (3 cigarros por dia – 4,5
maços/ano). Nega etilismo. Mora em casa de alvenaria, com
água encanada, luz elétrica, sistema de esgotamento sanitário,
com fossa asséptica. Não cria animal de estimação.
Caso Clínico
EXAME FÍSICO

Dados vitais: PR: 96 bpm, rítmico, e simétrico. FR: 29ipm. T: 36,2°C


Geral: paciente com om estado geral, levemente taquipneico, bem
nutrido e hidratado, acianótico, anictérico e afebril.
Cabeça e Pescoço: mucosas coradas e hidratadas.Presença de
gânglio supraclavicular direito isolado, pequeno indolor, imóvel. Dentição
em bom estado de conservação, ausência de lesões em orofaringe.
Ap. respiratório: tórax simétrico, em barril. Elasticidade e expansibilidade
preservadas. FTV simétrico e preservado. Som claro pulmonar à percussão.
Ausculta: murmúrio vesicular bem distribuído e ausência de ruídos
adventícios.
Ap. cardíaco: precórdio calmo, ictus invisível e impalpável. Ausculta:
bulhas cardícas rítmicas, em tempos, ausência de sopros.
Abdome: plano, cicatriz umbilical intrusa, ausência de circulação
colateral. Ruídos hidroaéreos presentes. Flácido e indolor à palpação
superficial e profunda, ausência de visceromegalias ou massas palpáveis.
Extremidades: perfundidas e sem edema.
Caso Clínico
DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO

1. Febre prolongada de etiologia obscura


1.1 Neoplasia?
1.2 Tuberculose extrapulmonar?

2. Enfisema pulmonar
Febre Prolongada de Etiologia
Obscura
Definição e Classificação
Em 1961 Petersdorf e Beeson definiram Febre de Origem Obscura como aquela de
intensidade maior que 38,3°C (aferição oral, equivalente a 37,8°C axilar), aferida em várias
ocasiões, com duração de pelo menos três semanas e sem diagnóstico após sete dias de
investigação hospitalar ou tempo necessário para serem realizados os procedimentos
inicias indicados para o caso (rotina inteligente de exames).

 Divide-se em :

1- FOO Clássica, que consiste na Febre Prolongada de Origem Obscura (FPOO)- idosos
-crianças
-recorrente

2- FOO Nosocomial

3- FOO em neutropênicos

4-FOO associada ao HIV

FONTE: HOTTZ, P.L. NELSON, G.P. Diretrizes Diagnósticas para Febres Prolongadas de Origem Obscura. [capturado em:
14 abr. 2015]. Disponível em: http://www.hucff.ufrj.br/download-de-arquivos/category/26-dip?download=333:rotinas.
Classificação
Segundo
Veronesi,
febre≥
38,3ºC

Fonte: LAMBERTUCCI, J.R. et al. Febre de Origem Indeterminada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
2005 38(6):507-513.
HOTTZ, P.L. NELSON, G.P. Diretrizes Diagnósticas para Febres Prolongadas de Origem Obscura. [capturado em: 14 abr.
2015]. Disponível em: http://www.hucff.ufrj.br/download-de-arquivos/category/26-dip?download=333:rotinas.
Etiologia

FONTE: Adaptado de Pereira N. G.; Borralho A. M. V. Febres Prolongadas de Origem Obscura. J.


bras. Med.; 87 (5/6) : 54-70, nov.-dez. 2004
Quadro clínico
 Febre persistente isolada ou associada a diversos
sintomas.

Fonte: LAMBERTUCCI, J.R. et al. Febre de Origem Indeterminada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
2005 38(6):507-513.
Anamnese e Exame Físico
 Devem ser completos e repetidos periodicamente;

 Valorizar todos os dados e alterações, inclusive os


minimamente alterados;

 O relato do paciente geralmente inicia pelo


momento mais dramático ou importante, podendo
não coincidir com o início efetivo da doença.

Fonte: LAMBERTUCCI, J.R. et al. Febre de Origem Indeterminada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
2005 38(6):507-513.
Anamnese
 Não limitar apenas a dados orgânicos!

Incluir:
Naturalidade e procedência (investigar endemias)
Profissões
Viagens
Ambiente de moradia e trabalho
Contato com pessoas doentes e animais

Fonte: LAMBERTUCCI, J.R. et al. Febre de Origem Indeterminada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
2005 38(6):507-513.
Anamnese
 Investigar completamente a história pregressa:

Medicamentos usados
Transfusões sanguíneas
Doenças e cirurgias prévias

Investigar os ASPECTOS PSÍQUICOS

Fonte: LAMBERTUCCI, J.R. et al. Febre de Origem Indeterminada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
2005 38(6):507-513.
Anamnese
Exame físico
 Detalhado, completo e diário!

 Não se esquecer do exame dermatológico, de


fundo de olho, boca, dentes, orofaringe, tireoide,
mamas, genitália e da região anal e reto.

 Realizar curva térmica e comparar com padrões


clássicos.

Fonte: LAMBERTUCCI, J.R. et al. Febre de Origem Indeterminada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
2005 38(6):507-513.
Epidemiologia

 Brasil: total de 5.222 casos

 Regiões:
 Sudeste - 2390
 Nordeste - 1496
 Sul - 536
 Centro-oeste - 456
 Norte - 344

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)


Dados de janeiro de 2014 até fevereiro de 2015 sujeitos a retificação.
Epidemiologia

Região Internações por febre de causa Região


Centro- desconhecida por regiões Norte
Oeste 6%
9%
Região Sul
10% Região
Nordeste
29%

Região
Sudeste
46%

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)


Dados de janeiro de 2014 até fevereiro de 2015 sujeitos a retificação.
Epidemiologia
 Bahia: 183 casos

1º Salvador – 87 casos
2º Feira de Santana – 10 casos
3º Iguaí/Itaparica/M. de São João – 9 casos
4º L. E. Magalhaes/T. de Freitas – 8 casos
5º Conceição do Coité – 6 casos

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)


Dados de janeiro de 2014 até fevereiro de 2015 sujeitos a retificação.
Epidemiologia
 Salvador:
 3 óbitos
 Sexo – 43 fem. x 44 masc.
 Faixa etária
- < 1 ano: 16 casos
- 1 a 4 anos: 32 casos
- 5 a 9 anos: 13 casos
- 10 a 14 anos: 5 casos
- 35 a 39 anos: 4 casos

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)


Dados de janeiro de 2014 até fevereiro de 2015 sujeitos a retificação.
Diagnóstico Laboratorial

Fonte: LAMBERTUCCI, J.R. et al. Febre de Origem Indeterminada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina
Tropical. 2005 38(6):507-513.
Diagnóstico Laboratorial
Anamnese + Confirmar Retirada Roteiro de
EF a febre das drogas Exames

 Rotina de exames:
 Historia Clínica e EF inconclusivos
 Investigação inicial, racional e
personalizada, sem definição de um
diagnóstico
 Inicia com o menos invasivo

Fonte: LAMBERTUCCI, J.R. et al. Febre de Origem Indeterminada. Revista da Sociedade Brasileira
de Medicina Tropical. 2005 38(6):507-513.
Diagnóstico Laboratorial
 Hemograma e
bioquímica sanguínea Inespecíficos;
 Eritrograma -Malária, Leshimaniose,
Dengue, leucemia, LES,
 Leucopenia, leucocitose, -Mononucleose, EI,
linfocitose, linfopenia Abscesso, TB, Lepto
 Trombocitopenia - Toxo, CMV
 Transaminases, FA, -HIV
Bilirrubina total e frações
 Hormônios tireóideos
 Uréia e Creatinina
 VHS
Fonte: LAMBERTUCCI, J.R. et al. Febre de Origem Indeterminada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2005 38(6):507-
513.
FEVER AND INFLAMMATION; Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio:SEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA CLÍNICAS v. 27, n. 1/2, p. 7-48, jan./jun.
1994
Diagnóstico Laboratorial
 Culturas
 Hemocultura Ao menos três amostras
 Cultura de urina e fezes com intervalos de 4h no
1ºdia e uma amostra no
2º e 3º dia
 EAS
 Proteinuria, hematúria,
piúria

Fonte: LAMBERTUCCI, J.R. et al. Febre de Origem Indeterminada. Revista da Sociedade Brasileira
de Medicina Tropical. 2005 38(6):507-513.
Diagnóstico Laboratorial
 Sorologias
 ASLO
 FAN
 ANCAs Colagenoses
 Fator Reumatóide

 VDRL, FTA-abs
 Anti HIV

 PPD
Fonte: LAMBERTUCCI, J.R. et al. Febre de Origem Indeterminada. Revista da Sociedade Brasileira
de Medicina Tropical. 2005 38(6):507-513.
Diagnóstico Laboratorial
 Raio X
 Ecocardiograma
 US: cervical,
abdominal, pélvica,
torácica
 TC: eficiente na
detecção de massas e
coleções líquidas no
crânio, tórax, abdômen
e pelve
Diagnóstico Laboratorial
 Sorologias para Clamídia,
Listeria, Brucelose,
coxsackie, Criptococose,
Exames com Exames sem e Rodococose
indícios indícios  EDA
 Colonoscopia
Investigação Outros  Cintilografia com 99mTc-
específica Exames leucócitos
mononucleares
 PET scan
 Biópsia de MO, hepática,
linfonodos
 Videolaposcopia ou LE
Fonte: LAMBERTUCCI, J.R. et al. Febre de Origem Indeterminada. Revista da Sociedade Brasileira
de Medicina Tropical. 2005 38(6):507-513.
Diagnóstico Laboratorial

SEGUIMENTO DE PACIENTES
COM FPEO SEM DIAGNÓSTICO
 Bom estado geral com febre
 Bom estado geral sem febre
 Instabilidade clínica e/ou
sinais de gravidade:
 avaliar provas terapêuticas
e/ou tratamentos empíricos

Fonte: LAMBERTUCCI, J.R. et al. Febre de Origem Indeterminada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 2005
38(6):507-513.
FEVER AND INFLAMMATION; Medicina, Ribeirão Preto, SEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA CLÍNICAS v. 27, n. 1/2, p. 7-48, jan./jun.
1994
Tratamento
 Terapêutica de prova

Fonte: LAMBERTUCCI, J.R. et al. Febre de Origem Indeterminada. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina
Tropical. 2005 38(6):507-513.
Obrigado!

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