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XI SEMANA DE HUMANIDADES - UFC

Minicurso:
Esquemas de interpretação sociológica
 Polarizações entre objetivismo e subjetivismo; holismo X
individualismo; agência x estrutura; natureza x cultura, público x
privado; gênero x sexo; homem x mulher

 Questionamentos de várias perspectivas, dentre elas do


feminismo. Hall (2006) elenca cinco grandes avanços da teoria
social e nas ciências humanas ocorridos no pensamento, no
período a modernidade tardia, ou seja, no final do século XX.
Dentre esses avanços, destaca “o impacto do feminismo, tanto
como crítica teórica, como um movimento social (HALL, 2006, p.
44).
 Identidade na modernidade tardia (HALL, p. 108)
Epistemologia feminista
 Epistemologia: um campo e uma forma de produção do
conhecimento, o campo conceitual a partir do qual operamos
ao produzir o conhecimento científico, a maneira pela qual
estabelecemos a relação sujeito-objeto do conhecimento e a
própria representação de conhecimento como verdade.

 As categorias analíticas feministas devem ser instáveis -


teorias coerentes e consistentes em um mundo instável e
incoerente são obstáculos tanto ao conhecimento quanto às
práticas sociais. (HARDING, 1993, P. 11)
Epistemologia feminista
 Crítica feminista à ciência partir de um conceito
universal de homem, que remete ao branco-
heterossexual-civilizado-do-Primeiro-Mundo.

 Esta crítica revela o caráter particular de categorias


dominantes, que se apresentam como universais; propõe
a crítica da racionalidade burguesa, ocidental, marxista
incluso, que não se pensa em sua dimensão sexualizada,
enquanto criação masculina, logo excludente.
Epistemologia feminista

 Uma vez que se tenha dissolvido a ideia de um homem


essencial e universal, também desaparece a ideia de sua
companheira oculta, a mulher. Ao Invés disso, temos uma
infinidade de mulheres que vivem em intrincados complexos
históricos de classe, raça e cultura. (HARAWAY, 1995)
Epistemologia feminista
 A participação do feminismo na ampla crítica cultural,
teórica, epistemológica em curso, ao lado da Psicanálise, da
Hermenêutica, da Teoria Crítica Marxista, do
Desconstrutivismo e do Pós modernismo.

 Uma forma de resolver o dilema seria dizer que a ciência e a


epistemologia feminista terão um valor próprio ao lado, e
fazendo parte integrante, de outras ciências e epistemologias
- jamais como superiores às outras.
HARDING, 1993
Epistemologia feminista
 Crítica as formas de produção do conhecimento cientifico e um
modo alternativo de pensar, operacionalizar e articular.

 O feminismo não apenas tem produzido uma crítica contundente ao


modo dominante de produção do conhecimento científico, como
também propõe um modo alternativo de operação e articulação nesta
esfera. Além disso, se consideramos que as mulheres trazem uma
experiência histórica e cultural diferenciada da masculina, ao menos até
o presente, uma experiência que várias já classificaram como das
margens, da construção miúda, da gestão do detalhe, que se expressa na
busca de uma nova linguagem, ou na produção de um
contradiscurso, é inegável que uma profunda mutação vem-se
processando também na produção do conhecimento científico. (RAGO,
1998, p. 3)
Epistemologia feminista
UM CONVITE A VER... (VISÃO)

 A visão é sempre uma questão do poder de ver - e talvez da violência


implícita em nossas práticas de visualização.

 Divisão, e não o ser, é a imagem privilegiada das epistemologias


feministas do conhecimento científico.

 "Di(visão)", neste contexto, deve ser vista como multiplicidades


heterogêneas. A visão pode ser útil para evitar oposições binárias.
Gostaria de insistir na natureza corpórea de toda visão e assim resgatar o
sistema sensorial que tem sido utilizado para significar um salto para fora
do corpo marcado, para um olhar conquistador que não vem de lugar
nenhum. (HARAWAY, 1995, p. 18)
Questões para as formas de
pensar feminista
 Dicotomia cultura e natureza, advinda do pensamento
ocidental moderno.

 “Tanto na ciência quanto na nossa cultura, a masculinidade é


identificada com o lado da cultura e a feminilidade com o da
natureza em todas essas dicotomias.” (HARDING, 1993, p.
24)

 Dicotomia que estrutura realidades e formas de


compreender o mundo
Questões para as formas de
pensar feminista
Relação Sexo e gênero
 O gênero não está para a cultura como o sexo para a natureza; ele
também é o meio discursivo/cultural pelo qual “a natureza
sexuada” ou “um sexo natural” é produzido e estabelecido como
“pré-discursivo”, anterior à cultura, uma superfície politicamente
neutra sobre a qual age a cultura

Crítica à heterossexualidade compulsória


 Supondo por um momento a estabilidade do sexo binário, não
decorre daí que a construção de “homens” aplique-se
exclusivamente a corpos masculinos, ou que o termo “mulheres”
interprete somente corpos femininos
(BUTLER,2010)
Questões para as formas de
pensar feminista

 O sexo e o gênero são construtos culturais constituídos por


formações discursivas que definem e demarcam o corpo
também inscrito nessa teia de significados, sujeitos a
ressignificações. A autora apoia-se na noção de que as
identidades ao serem “generificadas” e sexuadas são
performativas, portanto sujeitas a transgressões.
(BUTLER,2010)
Questões para as formas de
pensar feminista
 Mulheres - mesmo no plural - tornou-se um termo problemático, um
ponto de contestação, uma causa de ansiedade

 Se alguém “é” uma mulher, isso certamente não é tudo o que esse alguém é;
o termo não logra ser exaustivo, não porque os traços predefinidos de
gênero da “pessoa” transcendam a parafernália específica de seu gênero, mas
porque o gênero nem sempre se constituiu de maneira coerente ou
consistente nos diferentes contextos históricos, e porque o gênero
estabelece interseções com modalidades raciais, classistas, étnicas, sexuais e
regionais de identidades discursivamente constituídas.

 Impossível separar a noção de “gênero” das interseções políticas e culturais


em que invariavelmente ela é produzida e mantida.
(BUTLER, 2010)
Feminismo e Interseccionalidades
 Conceito cunhado e difundido por feministas negras nos
anos 1980

 No contexto anglo-saxão - feministas negras pioneiras como


Hazel Carby, Bell Hooks, Patrícia Hill Collins, Patrícia
Williams e Kimberlé Crenshaw

 Articulação de categorias relacionais e marcadores das


diferenças. Ex: gênero, raça, classe, sexualidade, lugar, etc.

 Eixos de poder distintos e mutuamente excludentes


Feminismo e Interseccionalidades
 A interseccionalidade é uma conceituação do problema que busca
capturar as conseqüências estruturais e dinâmicas da interação entre
dois ou mais eixos da subordinação. Ela trata especificamente da
forma pela qual o racismo, o patriarcalismo, a opressão de classe e
outros sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que
estruturam as posições relativas de mulheres, raças, etnias, classes e
outras. (CRENSHAW, 2002: 177).
Feminismo e Interseccionalidades

 Piscitelli (2008) argumenta que as categorias de articulação e/ou


interseccionalidade emergentes nos anos 1990, no debate
internacional, oferece ferramentas analíticas para apreender a
interfaces de múltiplas diferenças e desigualdades em contextos
específicos.
Feminismo e Interseccionalidades

 No caso do Brasil, o conceito adquire significado especial, pois as


relações de gênero e raça, cada vez mais, são reconhecidas como
estruturantes das desigualdades sociais. Uma compreensão desses
processos que inter-relacionam torna-se indispensável para uma
melhor reflexão e atuação dos diversos segmentos da sociedade que
buscam consolidar a democracia a partir da redução das desigualdades
de gênero e raça (CRENSHAW, 2004, p.4)
Feminismo e Interseccionalidades

 No caso do Brasil, o conceito adquire significado especial, pois as


relações de gênero e raça, cada vez mais, são reconhecidas como
estruturantes das desigualdades sociais. Uma compreensão desses
processos que inter-relacionam torna-se indispensável para uma
melhor reflexão e atuação dos diversos segmentos da sociedade que
buscam consolidar a democracia a partir da redução das desigualdades
de gênero e raça (CRENSHAW, 2004, p.4)
Femisnimo entre fluxos globais e
contigências globais
 Termo pós-colonial:
 1. O primeiro diz respeito ao tempo histórico posterior aos
processos de descolonização do chamado “terceiro mundo”, a
partir da metade do seculo XX. / Libertacao e emancipação
das sociedades exploradas pelo imperialismo e neocolonialismo
– especialmente nos continentes asiático e africano.
 2. conjunto de contribuições teóricas oriundas principalmente
dos estudos literários e culturais, que a partir dos anos 1980
ganharam evidência em algumas universidades dos Estados
Unidos e da Inglaterra.
Pós-colonialismo
 “Pode o subalterno falar?” (Spivak, 1985)
 Os condenados da terra (Franz Fanon,1961)
 Orientalismo (Edward Said,1978)

 Modernidade/colonialidade

 Na década de 1980, o debate pós-colonial foi


difundido no campo da critica literária e dos estudos
culturais na Inglaterra e nos Estados Unidos.
 Homi Bhabha (indiano), Stuart Hall (jamaicano)e Paul Gilroy (inglês)
Pós-colonialismo e América Latina
 América Latina insere-se nos estudos pós-coloniais

 Grupo Latino-Americano dos Estudos Subalternos

 Trajetória da América Latina de dominação e


resistência (Mignolo, 1998).

 Colonialidade do poder: (Anibal Quijano, 1989)

 Mignolo (2010) matriz colonial do poder -Colonialidade se


reproduz em uma tripla dimensão: a do poder, do saber e
do ser1
Des-colonial ao decolonial
 O projeto des-colonial difere também do projeto pós-
colonial (...). A teoria pós- colonial ou os estudos pós-
coloniais estão entre a teoria crítica da Europa (Foucault,
Lacan y Derrida), sobre cujo pensamento se construiu a
teoria pós-colonial e/ou estudos pós-coloniais, e as
experiências da elite intelectual nas ex-colônias inglesas
na Ásia e África do Norte (Mignolo, 2010, p. 19).

 “Giro decolonial” é um termo cunhado originalmente


por Nelson Maldonado-Torres em 200522
Des-colonial ao decolonial
 Supressão da letra “s” marcaria a distinção entre o projeto
decolonial do Grupo Modernidade/Colonialidade e ideia
histórica de descolonização, via libertação nacional durante a
Guerra Fria. Além disso, insere-se em outra genealogia de
pensamento, sendo o constitutivo diferencial do M/C.

 América Latina: forma de colonização diferenciada

 O pensamento fronteiriço resiste as cinco ideologias da


modernidade: cristianismo, liberalismo, marxismo,
conservadorismo e colonialismo (Mignolo, 2003).

Luciana Ballestrin, 2013


Tradução cultural
 A virada tradutória, por assim dizer, mostra que a tradução excede o
processo linguístico de transferências de significados de uma linguagem
para outra e busca abarcar o próprio ato de enunciação – quando
falamos estamos sempre já engajadas na tradução, tanto para nós
mesmas/os quanto para a/o outra/o.

 Se falar já implica traduzir e se a tradução é um processo de abertura


à/ao outra/o, nele a identidade e a alteridade se misturam, tornando
o ato tradutório um processo de deslocamento.

 Na tradução, há a obrigação moral e política de nos desenraizarmos, de


vivermos, mesmo que temporariamente, sem teto para que a/o outra/o
possa habitar, também provisoriamente, nossos lugares.
(COSTA, 2012)
Feminismo e Tradução cultural
 Silêncios da relação entre feminismos e pós-colonialismos nos
debates latino-americanos (provenientes do norte e do sul das
Américas) sobre a crítica pós-colonial.

 O gênero como categoria colonial também nos permite


historicizar o patriarcado, salientando as maneiras pelas quais a
heteronormatividade, o capitalismo e a classificação racial se
encontram sempre já imbricados.

 Tráfico de teorias feministas pelas zonas de contato (COSTA,


2012)
Feminismo e Pós-colonialismo
 América Latina – entendida “enquanto formação cultural
transfronteiriça e não territorialmente delimitada” (744) – deve
ser vista como translocal.( Sônia Alvarez, 2009)

 Sujeito pós-colonial de Anzaldúa (2005) articula identidade


mestiça

 Contexto latino-americano e os sujeitos subalterno femininos e


pós-coloniais

 Brasil : Quarto de despejo (Carolina de Jesus, 1998)

 Outros lugares de enunciação: mestiças, índias, negras, lésbicas,


queers
(Des)Colonialidade de gênero
 Ao usar o termo colonialidade, minha intenção é nomear não
somente uma classificação de povos em termos de colonialidade
de poder e de gênero, mas também o processo de redução
ativa das pessoas, a desumanização que as torna aptas
para a classificação, o processo de sujeitificação e a
investida de tornar o/a colonizado/a menos que seres
humanos. Isso contrasta fortemente com o processo de
conversão que constitui a missão de cristianização.

 Resistência à colonialidade de gênero a partir da


perspectiva da diferença colonial
(LUGONES, 2014)
(Des)Colonialidade de gênero
 RELAÇÃO OPRIMIR - RESISTIR na intersecção de sistemas
complexos de opressão

 O processo de oprimir - resistir no lócus fraturado da diferença


colonial.

 Não se resiste sozinha à colonialidade do gênero.

 “Estamos nos movendo em um tempo de encruzilhadas, de vermos


umas às outras na diferença colonial construindo uma nova sujeita
de uma nova geopolítica feminista de saber e amar.”
(LUGONES, 2014)

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