O documento discute a relação entre antropologia e direito. Aponta que o direito envolve decisões sobre conflitos sociais e o ser humano é o centro desses campos. Também discute que o direito é um aspecto da cultura e a antropologia é o estudo da cultura.
O documento discute a relação entre antropologia e direito. Aponta que o direito envolve decisões sobre conflitos sociais e o ser humano é o centro desses campos. Também discute que o direito é um aspecto da cultura e a antropologia é o estudo da cultura.
O documento discute a relação entre antropologia e direito. Aponta que o direito envolve decisões sobre conflitos sociais e o ser humano é o centro desses campos. Também discute que o direito é um aspecto da cultura e a antropologia é o estudo da cultura.
direito não pode restringir-se apenas ao aspecto
dogmático (meras sistematizações e classificações de normas jurídicas emanadas do Estado) mundo jurídico - articulado e complexo
Tercio Sampaio Ferraz Jr. (1995: 92), envolve
decisão de conflitos sociais; objeto central o
próprio ser humano ser humano - centro articulador do pensamento
antropológico e do pensamento jurídico
Direito – aspecto da cultura;
Antropologia – estudo da cultura.
1.1. Aproximações e afastamentos Não há acordo entre os teóricos do direito sobre o método e o objeto da ciência jurídica. Também não há acordo sobre a definição do conceito de direito. Dizer o que o direito é torna-se uma tarefa extremamente difícil e controversa. Podem-se colher entre os juristas dois tipos de definições: as genéricas e as restritivas. Nesse sentido, uma definição inspirada no positivismo jurídico estabelece que o direito é o conjunto das regras dotadas de coatividade e emanadas do poder constituído. Na primeira (definição genérica) predomina um enfoque zetético; enquanto na outra (definição restritiva) predomina um enfoque dogmático. enfoque dogmático não questiona suas premissas (dogmas); visa, portanto, dirigir o comportamento de uma pessoa, induzindo-a a adotar uma ação. Nessa trilha, a dogmática jurídica enfoca mais as premissas técnicas (normas jurídicas), suas sistematizações, O enfoque zetético preocupa-se com o problema especulativo; predomina o sentido informativo do discurso; visa, portanto, descrever certo estado das coisas. Nessa linha, a zetética jurídica enfatiza os aspectos antropológicos, filosóficos, históricos e sociológicos, insistindo sobre a inserção do direito no universo da cultura, da justiça, da história e dos fatos sociais. cf. sentença de vadiagem. 1.2. O fenômeno jurídico Para Ferraz Jr. (1995: 21, 22), o direito é um dos fenômenos mais notáveis na vida humana. O direito nos introduz num mundo fantástico de piedade e impiedade, de sublimação e de perversão. Por outro lado, é também um instrumento manipulável que frustra as aspirações dos menos privilegiados e permite o uso de técnicas de controle e dominação. O estudo do direito exige precisão e rigor científico, mas também abertura para o humano, para a história, para o social, numa forma combinada que a sabedoria ocidental, desde os romanos, vem esculpindo como uma obra sempre por acabar. Na medida em que o direito se abre para o humano, a história e o social, ele se depara com a antropologia, daí a ideia de uma antropologia jurídica. 1.3. Estudo do direito Há, entretanto, uma tendência no sentido de redirecionar o estudo do direito até como forma de evitar a alienação na qual a dogmática jurídica tende a colocar o profissional do direito. Ferraz Jr. (1995: 28, 29) alerta que as sociedades estão em transformação e a complexidade do mundo está exigindo novas formas de manifestação do fenômeno jurídico. Segundo ele, é possível que no futuro (não tão distante) esse direito instrumentalizado, uniformizado e generalizado sob a forma estatal de organização venha a implodir, recuperando-se em manifestações espontâneas e localizadas, um direito de muitas faces, peculiar aos grupos e às pessoas que os compõem. 2. ANTROPOLOGIA JURÍDICA Para Norbert Rouland (2003: 405), a antropologia jurídica demonstra sua utilidade quando permite descobrir (e entender) o direito que se encontra encoberto pelos códigos. Tudo isso, segundo ele, pode ser aceito mais naturalmente quando as pessoas tomam conhecimento de que há muito tempo ou que em algumas sociedades, homens e mulheres, aos quais chamamos primitivos, já reconheceram esses procedimentos, ou os empregam ainda. Essa nova orientação da antropologia jurídica tem auxiliado a corrigir o desvirtuamento teórico que consistiu em suprimir dos estudos acadêmicos a produção jurídica não estatal. Nessa trilha, a antropologia jurídica tem colocado em evidência o fenômeno conhecido como pluralismo jurídico. 2.1. Pluralismo jurídico O pluralismo jurídico pressupõe a existência de mais de um direito ou ordem normativa no mesmo espaço geográfico. Conforme Boaventura de Sousa Santos (1988: 73), o pluralismo jurídico tem lugar sempre que as contradições se condensam na criação de espaços sociais, mais ou menos segregados, no seio dos quais se geram litígios ou disputas processados com base em recursos normativos e institucionais internos. Direito da favela (Rio de Janeiro) - as associações de moradores de favelas passaram a assumir funções nem sempre previstas diretamente nos seus estatutos, como, por exemplo, a de arbitrar conflitos entre vizinhos; um direito paralelo não oficial, cobrindo uma interação jurídica muito intensa à margem do sistema jurídico estatal. 2.2. Justiça estatal x justiça comunitária a) as sociedades simples dispõem de um direito cujo processo é flexível, sem demarcação nítida da matéria relevante, e a reconciliação das partes tem primazia sobre tudo o mais na resolução dos litígios; b) as sociedades complexas dispõem de um direito formalista, dotado de um processo inflexível, e as decisões são baseadas na aplicação das leis sem qualquer preocupação com a reconciliação das partes.