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O canto coletivo na

educação musical infantil

Prof. Rafael Andrade


Por que trabalhar a voz cantada na
educação musical escolar?
• A voz é o primeiro instrumento de música,
colocada pela natureza à disposição do ser
humano para que esta possa exercitá-lo e
desenvolvê-lo de modo a transformá-lo em um
meio de expressão de seus sentimentos e
emoções.
• A imensa maioria das crianças nasce com uma
disposição natural para o canto e a música, e que
essa disposição pode aumentar, decrescer ou
desaparecer, conforme as oportunidades que se
lhes oferecem.
Objetivos do canto coletivo:
• Cultivar a voz desde a infância, a fim de que a criança aprenda a
servir-se da voz falada e cantada.
• Manter são e eficiente o órgão que a criança utilizará não só para
“cantar bem”, mas também para se comunicar com os outros.
• Cultivar a sensibilidade, usando como instrumentos o sentido
auditivo e a voz.
• O canto em grupo é a ocasião para a criança buscar “como
expressar” e a partir daí “como se expressar”. E é no domínio da
interpretação que a criança pode criar.
• O canto coletivo adquire um enorme valor psicossocial, uma vez
que auxilia a criança insegura a expressar-se sem temor, ensina-a a
esperar e aguardar sua vez de participar, além de desenvolver-lhe a
consciência da própria responsabilidade, levando-a cumprir sua
tarefa, certa de que ela é tão importante quanto a dos demais.
Desenvolvimento vocal infantil

• “O trabalho vocal deve ser iniciado no jardim da infância e


ter como objetivo principal elevar gradativamente a
tessitura da voz infantil até que esta atinja o seu nível
natural.” (BUSTARRET, 1975 apud MÁRSICO, 1979)
• “Os primeiros exercícios com a criança pequena não
deveriam ultrapassar os limites da quinta”, e com o
trabalho vai se estendendo em direção ao agudo podendo
atingir até o sol4. (CHEVAIS, 1937 apud MÁRSICO, 1979)
• Entre os 5 e 7 anos, a tessitura normal se situa ao redor de
uma sexta (dó3 a lá3) e amplia-se para o agudo até atingir
uma oitava (dó4) e desce até o si e lá graves. (GAINZA, 1964
apud MÁRSICO, 1979)
A EXTENSÃO VOCAL DA CRIANÇA
• A criança tem a voz naturalmente aguda, porém:
• “Em virtude dos ruídos ensurdecedores do meio ambiente, se pode
comprovar que as crianças das grandes cidades revelam o abaixamento de
uma 3ªm em seu registro, tanto para a voz falada como para a cantada.”
(NITSCHE, 1967 apud MÁRSICO, 1979)
• As crianças “chegam ao jardim da infância cantando em tessitura grave.
Pela influência do ambiente e da educação recebida no lar, a criança tende
a imitar a maneira de cantar de seus pais, ou de cantores de rádio, TV, etc.
Assim sendo, se nesses indivíduos predomina o timbre escuro e a tessitura
grave, a voz infantil se moldará dentro dessas características.” (GAINZA,
1964 apud MÁRSICO, 1979)
• As emissoras de rádio e de TV divulgam canções que não correspondem às
inclinações infantis, contêm texto pouco ou nada apropriado à idade e
tessitura inadequada às possibilidades vocais da criança. (MÁRSICO, 1979)
A EXTENSÃO POR IDADE
OS REGISTROS DA VOZ INFANTIL

VOZ DE PEITO: sons graves. A ressonância e predominante na caixa


torácica. A voz tem um som forte, espesso, denso e seco.

VOZ MÉDIA (MISTA): Usa-se todas as cavidades de ressonância e mistura


os registros de peito e cabeça. É o melhor registro para se cantar, pois
deixa o timbre homogêneo.

VOZ DE CABEÇA: sons agudos. A ressonância é predominante no crânio,


boca e fossas nasais. A voz tem um som claro e delgado.
DICAS PARA RESGATAR A VOZ INFANTIL
NATURAL
• No trabalho vocal, o importante é exercitar a “voz média”,
buscando igualar os registros. Por esse motivo, o professor
deve evitar cantar músicas na região grave, porque a
criança empregará aí, inevitavelmente, a “voz de peito” e
terá dificuldade depois para efetuar a mudança para o
registro médio e agudo.
• NITSCHE, 1967 apud MÁRSICO, 1979 sugere que se inicie o
trabalho vocal do sol3, e que as notas mais graves
apareçam apenas de passagem nas canções.
• Transpor as músicas para tessitura da voz média.
• Sempre cantar com voz suave, porém, cantar suave não
significa cantar sem sonoridade.
• Fazer exercícios que trabalham voz média e de cabeça.
CLASSIFICAÇÃO VOCAL
• Até mais ou menos 11 anos de idade, se verifica
pouca diferença entre o aparelho vocal do
menino e da menina, sendo a extensão da voz
cantada igual para ambos os sexos. Por isso, as
vozes infantis devem ser tratadas identicamente
nessa etapa. (REAM, 1957 apud MÁRSICO, 1979)
• Classifica-se as vozes infantis em vozes claras e
vozes escuras, ou talvez, pela cor da voz se
direcione à classificação em soprano e contralto.
• Somente a continuação do trabalho da voz
permite confirmar ou não a classificação inicial.
TÉCNICA VOCAL INFANTIL
Para NITSCHE, 1967 apud MÁRSICO, 1979, a
técnica deve ser aplicada sob os princípios:
• Natureza lúdica.
• Ordem dentro da espontaneidade.
• Relaxamento.
• Respiração. (inspiração, expiração, diafragma
e apoio)
• Articulação e dicção.
• Ressonância.
O ENSINO DA CANÇÃO
• Ao ouvido cabe perceber e à voz, reproduzir. É o
ouvido, portanto, que orienta a voz na sua
emissão. Sem dúvida, os dois órgãos, receptor e
fonador, mantém estreita relação fisiológica,
embora o ouvido desempenhe o papel principal.
“O ouvido percebe o som a ser produzido,
comanda o ato vocal e exerce controle sobre o
mesmo.” (CHEVAIS, 1937 apud MÁRSICO, 1979)
• Portanto, o ensino da melodia se divide em dois
aspectos: auditivo e vocal.
O ENSINO DA CANÇÃO II
• Método sintético: baseado na imitação e
apoiado na memória.
– Apreciação da obra.
– LETRA, frase por frase.
– LETRA e RITMO, frase por frase e por partes.
– LETRA, RITMO e MELODIA, frase por frase e por
partes.
A PERCEPÇÃO AUDITIVA
• É o aspecto mais importante para a afinação
no canto.
• Deve ser um trabalho progressivo e constante,
sobretudo no aspecto melódico e sempre de
forma intuitiva:
– Grave e agudo – extremos.
– Sons ascendentes e descendentes.
– As notas musicais e a escala.
– Os diferentes intervalos.
ESCOLHA DO REPERTÓRIO
• Tessitura confortável de acordo com cada
idade.
• Extensão das frases.
• Texto de fácil assimilação e memorização para
cada idade.
• Variedade de estilos.
• Interessante ao aluno.
• Dificuldade melódica.
A IMPORTÂNCIA DO MODELO
• O período da imitação vocal compreende as primeiras
tentativas de reprodução de sons e de frases melódicas. A
precocidade dos resultados, nesse período, parece estar
condicionada à colaboração do meio familiar, e a qualidade
dos resultados dependerá da qualidade dos modelos. Por
outro lado, a voz encontra-se na dependência do ouvido,
daí a necessidade de bons exemplos vocais. (MÁRSICO,
1979)
• Em toda atividade vocal, compete geralmente ao professor
fornecer o exemplo, o modelo de uma emissão natural e
afinada. Por isso, é indispensável que possua uma voz de
timbre agradável, de afinação segura e, na medida do
possível, situada num registro que se preste a ser imitado
pelas crianças. (MÁRSICO, 1979)
PAM (para cantar)
• Da maré – graus conjuntos, extensão 5ª, frases curtas.
• Asa branca – saltos de 3ª e 4ª, extensão 5ª, frases curtas.
• Canto do povo de um lugar – saltos de 3ª, extensão de 7ª, frases longas (intervalo
pequeno de respiração)
• Sambalelê – saltos de 3ª em arpejos, extensão de 6ª, frases curtas.
• Ciranda da bailarina – saltos de 3ª e 4º, extensão de 6ª, frases curtas, muita letra e
palavras desconhecidas.
• Mulher rendeira – saltos de 3ª em arpejos e 4ª, extensão de 7ª, frases curtas.
• Minha canção – graus conjuntos, extensão de 8ª, frases curtas.
• Lugar Comum – saltos de 3ª e 8ª, extensão de 8ª, frases curtas, pouca letra.
• Ponta de areia – saltos de 3ª em arpejos e 4ª, extensão de 8ª, frases curtas.
• Negro gato – saltos de 3ª, 4ª e 5ª (dim, portanto, um intervalo de execução mais
difícil), extensão de 8ª, frases curtas.
• Canção da partida – saltos de 3ª, 5ª e 8ª, extensão de 8ª, frases curtas e pouca
letra.
BIBLIOGRAFIA:
MÁRSICO, Leda Osório. A voz infantil e o
desenvolvimento músico-vocal. Porto Alegre: Est, 1979.

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