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PARTE I – CONTROLE DAS OPERAÇÕES DE CBINC

1 – INTRODUÇÃO, SEGURANÇA E PRINCIPIOS


DO CURSO

1.1 – PRINCIPAIS OBJETIVOS DO CURSO


 Os treinados, ao final do curso deverão saber:

• Organizar e treinar equipes de combate;

• Inspecionar e executar pequenos reparos de


equipamentos e sistemas de detecção e
extinção de incêndio;

• Controlar operações de combate a incêndio a


bordo de navios;

• Investigar e compilar relatórios de incidentes


envolvendo fogo.
1.2 – REGRAS DE SEGURANÇA

As regras de segurança citadas neste


curso devem, doravante, ser
rigorosamente seguidas pelos
treinados porque são de significativa
relevância para a criação do hábito do
convívio com elas e aplicação
sistemática delas, em todas as futuras
circunstâncias a bordo.
A disseminação, a bordo, do
sentimento de perigo e conseqüentes
cuidados com a segurança, a todos os
tripulantes, é ferramenta
indispensável para o desenvolvimento
da prática de proteção aos
profissionais mercantes e ao
patrimônio material.
1.3 – PRINCÍPIOS DE SOBREVIVÊNCIA
EM RELAÇÃO AO FOGO
Os princípios de sobrevivência a serem assimilados
e aplicados são:
a) Conhecimento amplo da teoria relativa
às precauções contra incêndio
A repetição de regras, princípios e dogmas
relativos à prevenção, detecção, combate e relatos
de investigação de incêndios é sempre útil à
aprendizagem, pois ajuda a fixar idéias e
sistematizar práticas, tanto coletivas como
individuais .
Servem também, tais repetições, para
desenvolver uma educação específica,
de modo a contribuir decisivamente
para a diminuição dos índices
estatísticos dos casos que envolvem
perdas de vidas humanas e prejuízos
materiais devidos a incêndios.
Esse é o principal motivo da
repetitiva ênfase dada a certos
aspectos já citados no Curso Básico
de Combate Incêndio (ECIN), a qual
encorajamos os treinados a
praticarem a bordo, também como
forma de estratégia para facilitar o
hábito educativo a bordo.
b) treinamentos práticos regulares,
realísticos e detalhados

Regularidade
Os exercícios práticos, tanto de prevenção como
de combate a incêndio, devem ser regulares, isto é,
acontecerem a intervalos de tempo que possam
beneficiar, em especial, aqueles tripulantes recém
embarcados e não acostumados a tal pratica naquele
navio, de modo que estes venham a aprofundar seus
conhecimentos sobre os equipamentos existentes,
praticar o uso dos mesmos, familiarizarem-se com as
localizações dos postos de incêndio, adquirir rapidez de
resposta à solicitação de chamada de emergência,
aprimorar os conhecimentos de pontos de reunião e das
saídas de fuga.
Deve também proporcionar, tal
regularidade,aos tripulantes mais antigos
no navio, oportunidade para criarem
desenvoltura nas ações de combate,
detectar, reportar e propor correção de
falhas existentes nos esquemas de
combate, na eficiência das ações individuais
e coletivas, além de servir,também, para
manter o funcionamento adequado de
todos os equipamentos de sistema.
Os exercícios de combate a incêndio a bordo,
então, para acontecerem de forma regular, tem que fazer
parte de uma programação, cuja elaboração, de
competência a nível de comando, devem seguir as
seguintes diretrizes:
• devem ser efetuados sempre imediatamente após a
troca de 10% da tripulação;
• nunca devem ser espaçados de mais de três semanas;

• devem ser programados e articulados pelo Comando do


navio, sendo uns com aviso prévio à tripulação e outros de
caráter “ súbito”, oportunidades em que será
desenvolvido o controle do estado nervoso de cada um.
 Realidade

Devem ser também, os exercícios de


prevenção e combate a incêndio, tão próximos
da realidade quanto puderem. Sem exacerbar
na condição de “próxima ao real” , levando o
exercício a níveis extremos, é aconselhável
conduzi-lo até onde o bom senso, a garantida
segurança e a progressiva aptidão da tripulação
o permita.
DETALHAMENTO

Um pequeno detalhe pode vir a


prejudicar todo um trabalho, toda uma
ação de combate a um incêndio. O fogo
não espera por nada e sua propagação é
tão rápida quanto perigosa.
Nos exercícios, todos os detalhes das
ações e do pronto funcionamento dos
equipamentos são importantes. É de bom
alvitre relacionar as fases de cada ação
para melhor avaliá-las , corrigir seus erros
e, assim, aumentar a eficiência.
As avaliações, tanto de cada exercício
visto como um todo, como de cada
ação que faz parte de cada exercício,
são indispensáveis para as correções
de possíveis falhas (humanas ou de
material) e por isso elas devem ter
ampla participação de membros da
tripulação, com a criação de comitês
e sub – comitês de avaliação.
 c) preparação de plano de contingência para
emergência de incêndio

 Em situação de emergência a bordo de um


navio, uma imediata, organizada e eficiente
resposta deve ser dada através de uma ação
planejada, de modo a minimizar os efeitos
daquela emergência. Em um navio de tripulação
bem treinada, no mesmo instante em que soa
um alarme, cada tripulante, já conhecendo a
organização básica do plano de ação (resposta),
saberá exatamente onde ele se ajusta na ação.
De pouco vale um plano de
contingência que não é posto em
prática. Esse recurso torna-se uma
valiosa ferramenta contra incêndio
quando tem a participação do pessoal de
bordo na sua elaboração (geralmente
preparado por uma sociedade
classificadora) ou, de outra forma,
quando é constantemente estudado,
revisado, adaptado quando necessário e
posto em pratica pela tripulação.
A familiarização dos
tripulantes com o referido
plano depende do esforço
de cada um e do incentivo
promovido pelo comando e
oficialidade.
A divisão do plano de
contingência para emergência
de incêndio (PCEI) em partes,
com oportuno e gradativo
estudo e re-estudo, sistemáticos
dessas partes, facilita seu uso
pela familiarização e interesse
que desperta nos tripulantes.
É fundamental que cada
tripulante possua um
exemplar desse plano ,
independente da
obrigatoriedade de
existência do mesmo em
locais estratégicos no navio.
Assim, cópias boas e legíveis do PCEI devem ser
encontradas:
• Em todos os camarotes;
• No passadiço;
• Na estação rádio;
• Na praça de máquinas;
• Na sala de controle de carga;
• Em todos os escritórios do navio;
• Em todos os espaços comuns ( salões de estar,
refeitórios, biblioteca, etc);
• Nos postos de reunião para combate a
incêndio ( estações ).
d) identificação das rotas de fuga

A identificação das rotas de fuga é fator


fundamental para garantir a segurança de
todos aqueles que convivem a bordo de um
navio. É oportuno lembrar que os regulamentos
sobre a construção de navios, previsto nas
emendas de 1981 ao SOLAS, tipos de anteparas
e recomendações sobre construção de escadas e
elevadores, dentro dos navios, onde as rotas de
fuga foram largamente focalizadas.
O tripulante precisa conhecer
alguns detalhes da construção de
seu navio para entender como foi
planejado e construído para melhor
entender das rotas de fuga e até
mesmo participar do planejamento
dessas rotas .
De qualquer maneira e entendendo ou
não os motivos das localizações dessas
vias de escape, é altamente
recomendado que sejam mantidas
informações claras sobre essas
“saídas de emergência” dos ambientes
ameaçados por fogo. Tais informações
devem constar de avisos, setas, frases
curtas, etc. afixados em anteparas, com
a finalidade de orientar durante as
emergências.
d) Identificação dos perigos da fumaça e dos gases
tóxicos

Há muitos fatores que contribuem


para os perigos de um incêndio, uma vez que o fogo
tenha começado em virtude de falhas nas ações de
prevenção: as taxas de crescimento das chamas e de
propagação de calor, o nível de liberação de fumaça e de
gases tóxicos e a circulação desses gases e fumaça,
liberados pelo fogo. Um navio é essencialmente um meio
ambiente isolado e fechado e por isso com problemas
especiais. Qualquer fogo, então, tem a tendência de
sempre aumentar o nível de perigo.
Com o crescimento da industria de plásticos
sintéticos nas últimas décadas, houve um
aumento significativo da quantidade de
produtos usados na fabricação de móveis e
outros artigos. O material polimérico, no qual
esses plásticos são baseados, incorpora
uma boa soma de elementos químicos os
quais, além da estrutura normal
Carbono/Hidrogênio, pode aumentar os
efeitos nem sempre experimentados com os
materiais tradicionais.
Grandes esforços já foram concentrados
no estudo da natureza e dos efeitos da
combustão de produtos fabricados com
material polimérico. Enquanto o monóxido
de carbono é usualmente o maior produto
tóxico produzido pela queima de materiais
orgânicos, a presença de outras
substâncias químicas pode contribuir para
o aumento do poder de toxidade e de
irritabilidade da atmosfera do fogo.
Quando há o reconhecimento de que a
decomposição térmica de um único polímero
pode produzir uma centena de espécies
químicas, a magnitude do problema começa a
se tornar aparente. Por exemplo, hidrogênio
cyanido, nitrilas orgânicas, benzeno e tolueno
podem ser gerados de poliuretana e
hidrogênio clorídrico pode ser alcançado de
vinil clorídrico. Considerações sobre os efeitos
fisiológicos dos gases produzidos em incêndios, são,
desse modo, importantíssimos pela extrema
complexidade e pouco entendimento dos seus
efeitos .
Por tudo isso, um fogo acidental
invariavelmente tem o potencial de
colocar a vida em jogo e representa um
dos maiores perigos aos quais um navio
pode ser exposto. E não se engana quem
pensa que esse tipo de problema é
próprio de navios químicos. Medidas de
proteção contra fogo, tanto estruturais
quanto ativas, permitem que incêndios
sejam controlados rapidamente e com
ações simples.
A fumaça gerada durante os primeiros
estágios de um incêndio podem
algumas vezes auxiliar na detecção,
aumentando a possibilidade efetiva de
seu controle e extinção, entretanto, o
escurecimento das rotas de escape e
os efeitos dos gases tóxicos sobre o
homem, contribuem para a perda da
vida. Além disso, em estágios mais
avançados de um incêndio, a fumaça
pode prejudicar na localização do
foco do incêndio.
f) inspeção e manutenção regulares:
 do equipamento de detecção de incêndio;
 dos extintores móveis e dos portáteis;
 dos sistemas fixos de combate a incêndio, e
 dos equipamentos e acessórios de combate
a incêndio.
O aconselhável é que sejam preparados
cronogramas de inspeções e reparos para
cada uma dessas partes, além de testes e
simulações ( tão próximas do real quanto
possível ) periódicas.

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