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jornalismo impresso
Professor mestre Artur Araujo
(artur.araujo@puc-campinas.edu.br) Otto Groth
(1875-1965)

O conceito de
jornalismo e
suas categorias

Mário Erbolato (1919 - 1990)


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Aulas de laboratório
 A partir do dia 15 de março (segunda-feira),
teremos aulas no laboratório.
 A partir de então, a maioria das aulas de
segunda-feira será no laboratório.
O que é jornalismo?
 Definir conceitos para a “Saber o que
investigação científica uma coisa é, é,
em grande parte,
é o primeiro – e muitas saber como
vezes também o maior, nomeá-la, e
o mais árduo – desafio como nomeá-la
corretamente”
de todos aqueles que se
propõem a investigar
com seriedade um
determinado objeto ou John Langshaw
um fenômeno em Austin (1911-1960)
particular. Filósofo da linguagem
Definições de jornalismo
 “A notificação de coisas diversas acontecidas
recentemente em qualquer lugar que seja”
 Tobias Peucer (século 17)
 “Todas as formas nas quais e pelas quais as
notícias e seus comentários chegam ao
público”
 Fraser Bond (1891-1965)
A contestação de Otto Groth
 “Nessa concepção, todos
os limites naturalmente se
dissolvem. O jornal
torna-se idêntico à notícia
em si. (...) Contudo, para Otto Groth
o conhecimento da (1875-1965)

essência do jornal, nada


se ganha com isso”
Otto Groth avalia o que poderiam ser
as características do jornalismo
 1. Publicação periódica (periodicidade);
 2. Reprodução mecânica dos exemplares;
 3. A pública aparição, isto é, acessibilidade a todos
(publicidade) e ao conteúdo;
 4. Diversidade, no sentido de completude
(coletividade, universalidade);
 5. Ser de interesse geral;
 6. Atualidade e, por fim;
 7. Produção profissional (empreendimento
econômico)
Otto Groth
(1875-1965)
Periodicidade
 “A renúncia à aparição periódica como Otto Groth
característica essencial do jornal (...) implica (1875-1965)
a equalização deste com qualquer transmissão de
notícia. Tal postura desconhece a forte conexão interna entre
o modo de publicação e as duas mais importantes
características do jornal, que são a publicidade e a
atualidade.
 Isto porque o público leitor do jornal se perderia sem a
periodicidade da aparição, graças a qual obtém uma sensação
de segurança. E a freqüente reaparição das ‘folhas’ é, da
mesma maneira, pressuposto, meio e conseqüência da
atualidade, cujas exigências só podem ser satisfeitas pelo
jornal por meio da rápida aparição das edições”
 Otto Groth
Considerações contemporâneas
sobre a periodicidade
 Considerando-se a periodicidade como Otto Groth
meio, e não como fim, a proposta de (1875-1965)

projetos jornalísticos em rádio, televisão


e internet de continuamente apresentar notícias
estaria de acordo com os princípios grothianos.
 Isso porque tais iniciativas de jornalismo 24 horas,
mediante a troca da periodicidade pela contínua
atualização dos conteúdos, continuam a manter uma
relação com o público, oferecendo um material
atualizado à audiência.
Reprodução mecânica, um ponto
frágil para se definir um jornal
 “É possível que publicações que Otto Groth
(1875-1965)
tenham todas as características do jornal,
sejam reproduzidas por meios outros que a
impressão. Temos exemplos disso no passado
e no presente, assim como também no futuro,
onde residem possibilidades de reprodução
ainda desconhecidas”
 Otto Groth
A publicidade, sob
a perspectiva grothiana
 A publicidade, para Otto Groth, está ligada à Otto Groth
possibilidade de acesso à notícia no jornal (1875-1965)
e à impessoalidade da vida urbana.
 “Publicidade significa falta de relações pessoais (...) É
somente por meio da publicidade que um produto se
torna jornal”.
 “A publicidade é então uma das características que
diferenciam o jornal de uma determinada categoria de
revistas, das revistas de associações, que são acessíveis
somente a integrantes de uma associação e
exclusivamente a eles se dirigem”.
 Otto Groth
O jornal, sob o viés do conteúdo
 Em relação ao conteúdo, o autor estabelece
três características mediante as quais um título
atende ao requisito:
 “O conteúdo do jornal como instituição para o
público precisa satisfazer três requisitos:
1. deve ser diversificado ou até completo,
2. deve ser de interesse coletivo
3. e deve, por fim, ser atual”

Otto Groth
(1875-1965)
Diversidade de conteúdo
 Otto Groth ressalta que a Otto Groth
(1875-1965)
diversidade de conteúdo integra
a essência constitutiva do jornal e, neste
aspecto, nada a separa das revistas acessíveis
ao público em geral. O autor ressalta contudo
que a diversidade é, do mesmo modo que a
publicidade, uma virtualidade.
Interesse geral
 “O interesse geral, tanto quanto a Otto Groth
(1875-1965)
universalidade (de conteúdo), está
estritamente ligado à publicidade, ele não é
nada mais que a publicidade, mas de um outro
ponto de vista. Com a publicidade, o público
torna-se quantitativo, com a universalidade de
interesses, dignificado qualitativamente – do
que decorre que ele, pela sua característica de
público, se envolve e se engaja ”.
 Otto Groth
Interesse geral
 “O interesse geral, tanto quanto a Otto Groth
(1875-1965)
universalidade (de conteúdo), está
estritamente ligado à publicidade, ele não é
nada mais que a publicidade, mas de um outro
ponto de vista. Com a publicidade, o público
torna-se quantitativo, com a universalidade de
interesses, dignificado qualitativamente – do
que decorre que ele, pela sua característica de
público, se envolve e se engaja ”.
 Otto Groth
A atualidade
 “A atualidade forma o trabalho e o Otto Groth
(1875-1965)
pensamento do jornalista. A
necessidade de obter e processar o mais
rápido possível as notícias, dar-lhes um
julgamento pronto, cria e treina a habilidade,
a clareza de percepção, a rapidez de decisão, a
habilidade de adequação a pessoas e
condições”.
 Otto Groth
Um empreendimento
econômico
 “Contra o reconhecimento do ‘empreendimento Otto Groth
econômico’ (ou ‘produção profissional’) entre as (1875-1965)
características conceituais do jornal argumenta-se
que tal traço se perderia naquelas publicações que são
concebidas por partidos políticos para influenciar eleitores, ou
por particulares para defender interesses políticos,
econômicos, artísticos, ou ainda pelos governos para anúncios
oficiais ou oficiosos, ou para dirigir a opinião pública. Essas
publicações podem não buscar primeiramente o lucro, mas
também funcionam sob uma lógica econômico-comercial, e
elas também visam obter o mais elevado rendimento possível,
que será conquistado perseguindo e mantendo seus propósitos.
Neste ponto não há, entre os jornais, contraste conceitual ”.
 Otto Groth
O jornalismo quanto às categorias
 Sob o contexto da definição
conceitual de Otto Groth
para jornalismo, vamos
dar “um passo adiante” e
vamos agora ver algumas
categorias que fundamentamMário Erbolato (1919 - 1990)
as definições da atividade.
 Utilizaremos para isso o trabalho teórico de
Mário Erbolato.
O que é categoria?
 Categoria é um conjunto de pessoas ou coisas que
possuem muitas características comuns e podem ser
abrangidas ou referidas por um conceito ou
concepção genérica; classe, predicamento.
 Nos estudos de jornalismo
brasileiro, os pesquisadores
identificam cinco categorias:
1. Jornalismo Informativo,
2. Jornalismo Interpretativo,
3. Jornalismo Opinativo,
4. Jornalismo Diversional e,
mais recentemente,
5. Jornalismo Investigativo Mário Erbolato (1919 - 1990)
Como as categorias se manifestam na
imprensa?
 Todas as categorias podem ser observadas
em uma mesma publicação. Ou seja, em um
jornal pode haver, em diferentes espaços,
exemplos de:
1. Jornalismo Informativo
2. Jornalismo Interpretativo
3. Jornalismo Opinativo
4. Jornalismo Diversional e
5. Jornalismo Investigativo
Jornalismo Informativo
 O jornalismo informativo é aquele que
privilegia a publicação de notícias de modo
sucinto.
 Seria o jornal que publica “notícias”, ao invés
de “reportagens”.
Jornalismo Interpretativo
 Também conhecido como jornalismo em
profundidade, jornalismo explicativo ou
jornalismo motivacional.
 O jornalismo interpretativo não só trata de
explicar e informar, mas se atreve também a
ensinar, a medir e a valorizar.
Jornalismo Opinativo
 É o jornalismo que se caracteriza por não
conter propriamente notícias, mas sim uma
grande variedade de artigos, crônicas e
críticas.
Jornalismo Diversional
 No Jornalismo Diversional, o repórter procura
viver o ambiente e os problemas dos
envolvidos na história, mas não pode se
limitar às entrevistas superficiais e sim
“descobrir sentimentos, anotar diálogos,
inventariar detalhes, observar tudo e fazer-se
presente em certos momentos reveladores”.
 É mais conhecido atualmente como
“Jornalismo literário”.
Jornalismo Investigativo
 A categoria “Jornalismo investigativo” vem
sendo usada mais recentemente para definir o
jornalismo que utiliza métodos de pesquisa –
muitas vezes de inspiração científica– para
obter informações e realizar reportagens.
 O caso Watergate, que resultou na renúncia
do presidente Nixon, projetou essa categoria a
uma posição de destaque na profissão.
O caso Watergate
 Foi um escândalo que abalou administração do
presidente norte-americano Richard Nixon,
culminando com sua renúncia em agosto de 1974.
 Surgiu com tentativa frustrada dos partidários de
Richard Nixon de colocarem a aparelhagem
eletrônica para espionagem na sede nacional do
Partido Democrata, no Edificio Watergate, em
Washington (17.06.1972).
Uma vitória do jornalismo
 Embora se reelegesse para um
segundo mandato em novembro de
1972, Nixon passou a perder
prestígio quando a imprensa
(notadamente Carl Bernstein e
Robert Woodward, do Washington
Post) comprovaram o
comprometimento do presidente e
Robert (Bob) Woodward de pé de seus principais auxiliares não só
e Carl Bernstein (ao telefone) na operação com também no
maciço abuso de poder e obstrução
da Justiça, que investigava o
financiamento de campanhas
políticas e a ação da CIA, do FED,
do Serviço de Rendas Internas e
outros órgãos do governo.
O caso Watergate
A renúncia de Nixon e a prisão de
John Mitchell (ministro da justiça)
John Mitchell  Além da renúncia de
(à direita):
sentenciado a
Nixon, o caso levou à
19 meses de prisão o procurador
prisão em 1975
geral dos EUA, John
Mitchell, e
funcionários do
primeiro escalão da
Casa Branca.

Richard Nixon
O tema da próxima aula:
 Na próxima aula vamos
discutir os conceitos
teóricos sobre a Eugenio Bucci (*1958)
produção jornalística
impressa (jornal como
modelo de negócio).

Max Weber Otto Groth (1875-1965)


(1864-1920)
Citação do dia
Vejamos: é desejável, para um jornalista, para um
órgão de comunicação uma postura de
neutralidade. (...) "Neutro" a favor de quem? (...)
"Imparcial" contra quem? (...) "Isento" para que
lado? (...) Assim é defensável
que o jornalismo, ao
contrário do que muitos
preconizam, deve ser
não-neutro, não-imparcial e
não-isento diante dos fatos da
realidade. Perseu Abramo (1929-1996)
Jornalista brasileiro

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