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Os

meus

Os
meus 20
POEMAS

Os
meus
Introdução
Para a minha escolha de antologia de poemas decidi escolher os
poemas que mais se identificassem comigo, ou com temas que
gosto de abordar. Fazendo parte da minha escolha essencialmente
poemas de des(amor), saudade e mágoa.
Só para dizer que te amo
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.
Devia ser como no cinema,
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém.
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.
Só para dizer que te amo
Não sei porque este embaraço
Que mais parece que só te estimo.
E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti, são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir.
É tão difícil dizer amor,
É bem melhor dize-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Para ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto.
Clã – Problema de expressão
Eu quero estar lá
Quando tu tiveres de olhar para trás.
Sempre quero ouvir
Aquilo que guardaste para dizer no fim.
Eu não te posso dar
Aquilo que nunca tive de ti,
Mas não te vou negar a visita as ruínas que
Deixaste em mim.
Se o nosso amor é um combate
Então que ganhe a melhor parte.
O chão que pisas sou eu
O chão que pisas sou eu
O chão,
O chão que pisas sou eu.
O nosso amor morreu quem o matou fui eu
O chão que pisas sou eu.

Linda Martini – Amor Combate


O que paira no ar
O que não se adivinha
Vontade de colar lábios
A lábios
A face
A pescoço

Bruma, fábrica de mistério

As coxas
A mão curva
O olhar turvo
Mármore de monumento
Carlos Peres Feio - Excitação
Branco
Sem aviso iluminado
Tontura
Raio
excitação
Vinicius de Moraes – Ausência
Eu deixarei que morra
em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes – Soneto da Fidelidade


Estás tão bonita hoje, quando digo que nasceram
Flores novas na terra do jardim, quero dizer
Que estás bonita.

Entro na casa, entro no quarto, abro o armário, abro


Uma gaveta, abro uma caixa onde está o teu fio
De outro.

Entre os dedos, seguro o teu fino fio de ouro, como


Se tocasse a pele do teu pescoço.

Há o céu, a casa, o quarto e tu estás dentro de mim.

Estás tão bonita hoje.

Os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

Estás dentro de algo que está dentro de todas as


Coisas, a minha voz nomeia-te para descrever
A beleza.

Os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz. Os lábios.

De encontro ao silencio, dentro no mundo,


Estás tão bonita é aquilo que quero dizer.
mãe

José Luís Peixoto – A mulher mais bonita do mundo


Não posso adiar o amor para outro século
Não posso
Ainda que o grito sufoque na garganta
Ainda que o ódio estale e crepite e arda sob montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço


Que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar


Ainda que a noite pese séculos sobre as costas
E a aurora indecisa demore,
Não posso adiar para outro século a minha
Vida
Nem o meu amor
Nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

António Ramos Rosa – Não posso adiar o amor


Já gastámos as palavras pela rua, meu amor, Já gastamos as palavras.
E o que nos ficou não chega Quando agora digo: meu amor,
Para afastar o frio de quatro paredes. Já se não passa absolutamente nada.
Gastamos tudo menos o silêncio. E no entanto, antes das palavras gastas,
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas, Tenho a certeza
Gastámos as mãos à força de as apertarmos, De que todas as coisas estremeciam
Gastámos o relógio e as pedras das esquinas Só de murmurar o teu nome
Em esperas inúteis. No silencio do meu coração.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada. Não temos já nada para dar
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro; Dentro de ti
Era como se todas as coisas fossem minhas: Não há nada que me peça agua.
Quanto mais te dava mais tinha para te dar. O passado é inútil como um trapo.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes. E já te disse: as palavras estão gastas.
Eu acreditava, Adeus.
Acreditava,
Porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,


Era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
Era no tempo em que os meus olhos
Eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
Uns olhos como todos os outros.
É pouco, mas é verdade,

Eugénio de Andrade – Adeus


Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais bem-querer;


É um andar solitário entre a gente;
É um nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade,


É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causa pode seu favor


Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões – Amor é um fogo que arde sem se ver


Meu coração tardou
Meu coração tardou.
Meu coração
Talvez se houvesse amor nunca tardasse;
Mas, visto que, se o houve, houve em vão, Tanto faz que o amor
houvesse ou não. Tardou.
Antes, de inútil, acabasse.
Meu coração postiço e contrafeito
Finge-se meu.
Se o amor o houvesse tido,
Talvez, num rasgo natural de eleito,
Seu próprio ser do nada houvesse feito,
E a sua própria essência conseguido.
Mas não.
Nunca nem eu nem coração
Fomos mais que um vestígio de passagem
Entre um anseio vão e um sonho vão.
Parceiros em prestidigitação,
Caímos ambos pelo alçapão.
Fernando Pessoa
Foi esta a nossa vida e a nossa viagem.
O amor é uma companhia
O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

Alberto Caeiro
Todas as cartas de amor são Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras, Ridículas.
As cartas de amor, se há amor, Têm de ser Ridículas.
Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos, São naturalmente Ridículas).

Álvaro de Campos
O nosso amor morreu... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!

Bem estava a sentir que ele morria...


E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...

Eu bem sei, meu Amor, que pra viver


São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos para partir.

E bem sei, meu Amor, que era preciso


Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir!

Amor que morre – Florbela Espanca


Amor, que o gesto humano na alma escreve,
Vivas faíscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.

A vista, que em si mesma não se atreve,


Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.

Jura Amor que brandura de vontade


Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoudece, se cuida que é verdade.

Olhai como Amor gera, num momento


De lágrimas de honesta piedade,
Lágrimas de imortal contentamento.

Luís de Camões
Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.

Farei que amor a todos avivente,


Pintando mil segredos delicados,
Brandas iras, suspiros magoados,
Temerosa ousadia e pena ausente.

Também, Senhora, do desprezo honesto


De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.

Porém, pera cantar de vosso gesto


A composição alta e milagrosa
Aqui falta saber, engenho e arte.

Luís de Camões
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que pera mim bastava amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente


A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;


Dei causa [a] que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.

De amor não vi senão breves enganos.


Oh! quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!

Luís de Camões
Vencido está de amor Meu pensamento
O mais que pode ser Vencida a vida,
Sujeita a vos servir e Instituída,
Oferecendo tudo A vosso intento.

Contente deste bem, Louva o momento


Outra vez renovar Tão bem perdida;
A causa que me guia A tal ferida,
Ou hora em que se viu Seu perdimento.

Mil vezes desejando Está segura


Com essa pretensão Nesta empresa,
Tão estranha, tão doce, Honrosa e alta

Voltando só por vós Outra ventura,


Jurando não seguir Rara firmeza,
Sem ser no vosso amor Achado em falta.

Luís de Camões
Sinto-te na certeza
Vejo-te na incerteza
Estas confuso…
Sim eu sei,
Mas aqui te quero
E aqui te terei!

Ana Rute Capucho


Espero por ti
Tudo o que nunca tive
De ti nada tenho
Apenas o que já tive!

Joana Amorim
“És especial!”
Palavras tuas, para mim
O que é ser especial?

Fica na ignorância, sem resposta!


O teu “especial” não é o mesmo que o meu
O meu sentimento não é o mesmo que o teu.

Joana Amorim
Conclusão
Com a finalização deste trabalho concluo que, os poetas apesar de
pessoas estranhas escrevem coisas (até) interessantes. A escolha foi um

Boa Páscoa
pouco difícil, porque para esta antologia o máximo de letras de musicas que
podia incluir era de duas, e os poemas que mais gosto são de musicas. Nesta
antologia também não incluí poemas meus, porque esse não é de todo o
meu forte.
Como é do seu conhecimento a poesia não é o tema que mais me
agrade, mas foi um desafio interessante de realizar.

P.S.: Sou uma farsa, os acentos foram todos postos automaticamente pelo corrector automático.

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