You are on page 1of 27

Leonel Claro

I/ PRINCÍPIOS GERAIS
É o catequizando que percorre, com
responsabilidade pessoal, comunitária e social, o
seu caminho com Deus.
A missão do pastor, do catequista, é a de estimular,
dar exemplo, subsidiar para a pessoa conhecer
mais e, sobretudo, viver a fé e torná-la eficaz na
comunidade e na sociedade.
Um verdadeiro pastor, um catequista vive
continuamente em atitude SINODAL, isto é, (SYN= SYN
JUNTO; ODOS=
ODOS CAMINHO), caminhando junto,
nunca se colocando acima de ninguém e de nada.
Ele, respeita a caminhada e promove a
participação, a co-responsabilidade...
II/ OS PILARES DO PROCESSO EDUCATIVO
NA FÉ

• O sujeito primeiro do processo educativo, quem


realmente é o Educador, é Deus. A catequese é um
acto de fé. A ação educativa é obra, especialmente
do Espírito Santo.

2. O sujeito segundo deste processo é o catequizando.


Ninguém se relaciona com Deus no lugar dele, nem
responde a Deus no lugar dele. Trata-se de um mistério
íntimo de fé entre a pessoa e Deus.
3. O sujeito terceiro do processo educativo é a
Comunidade Eclesial, na qual está a família. Elas são
o meio ambiente uteral, que propicia tudo o que o
catequizando necessita para crescer, viver,
desabrochar na fé e dar frutos.

4. O quarto sujeito da educação da fé é o catequista. Ele


é um “ministro”, delegado pela Comunidade eclesial e
pela família, para mediar a educação. E, portanto, é um
mediador, que facilita o processo. Neste caso da fé ele é,
também, “ministro, representante de Deus”, que é
educador primeiro.
5. A mediação do processo participativo: A
Catequese. Não é “aula”, conferência”, “ensino
académico”. É interação com Deus e com os que nele
crêem na busca de um aprofundamento na fé, na
esperança, na caridade, nos conhecimentos religiosos,
no compromisso na Igreja e na sociedade.

6. A mediação didática: O Material. Necessitamos


de instrumentos práticos que nos facilitam
prosseguir o itinerário. Assim, por exemplo, pontos
de apoio como a natureza, a experiência pessoal e
grupal, a Bíblia, livros de referência, esquemas,
dinâmicas, exercícios de conversa, exercícios de
meditação, canto, ritos, etc. Tudo isso usado desde a
perspectiva específica da fé e da comunhão.
7. Os princípios educativos universais da
educação, Princípios gerais para o catequista:

• aprender a aprender - conhecer


• aprender a fazer - acção
• aprender a conviver – relações pessoais, sociedade
• aprender a ser – viver em humanidade
• aprender a amar – construir comunidade
III/ ALGUNS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS
PARA A CATEQUESE

1. Gastar tempo em criar comunidade


Evitar ser sala de aula... Na dimensão comunitária
continuamos no estilo de catecismo... E não
atendemos o essencial: que é o processo educativo
na fé.

2. Gastar tempo em criar “clima de fé”.


Desde o primeiro instante e durante todo o tempo dos
encontros, o grupo, deve transformar-se em comunidade
de fé; precisa tomar consciência que na fé e é na
intimidade alegre com Deus que se desenrola a
catequese.
3. O testemunho e a liderança do catequista
É fundamental dar exemplo, vibrar com a fé,
provocar participação, estimular a intimidade com
Deus e as relações humanas cálidas, o compromisso
na Comunidade eclesial e na sociedade. Ler muito,
orar muito, preparar-se muito...

4. A criança é criança. A a catequese deve ser


desenvolvida em nível de criança:
linguagem, conteúdo, exemplos de vida,
mediações didáticas, etc. Temos dificuldade,
muitas vezes, a usar uma linguagem, forma e
conteúdos de criança. Corre-se o risco de lidar
com a criança ao estilo adulto...
IV/ CATEQUESE É INTERACÇÃO
Este princípio foi divulgado na Igreja pelo Papa
Paulo VI na Evangelii Nuntiandi, em 1976:
“A evangelização não seria completa se não tomasse
em consideração a interpelação recíproca que se fazem
constantemente o Evangelho e a vida concreta,
pessoal e social dos homens” (EN, 29)
“É por isso que a Evangelização comporta uma
mensagem explícita adaptada às diversas situações e
continuamente atualizada,
sobre os Direitos e Deveres de toda pessoa humana e
sobre a vida familiar, sem a qual
o desabrochamento pessoal não é possível...
“e, também sobre a vida em comum na sociedade,
sobre a vida internacional,
a paz, a justiça e o desenvolvimento.
Uma mensagem ainda sobre a libertação”
(Paulo VI, EN, 29).

Em catequese este princípio toma o nome


de PRINCÍPIO DE INTERACÇÃO, que deve
percorrer toda a ação catequética

Realizar uma INTER-ACÇÃO (um relacionamento


mútuo e eficaz)
ENTRE a vivência actual E o dado da Revelação
divina e da Tradição e do Magistério eclesial
De um lado, a EXPERIÊNCIA HUMANA
levanta questionamentos, perguntas, situações...
De outro lado, a FÉ propõe a Palavra de Deus e
da Igreja. Propõe; não impõe... Liberdade...

O processo inverso também existe.


De um lado, a Palavra de Deus levanta
questionamentos, desafia, propõe.
De outro a pessoa confronta sua vida com a mensagem
recebida e procura, na fé, (na própria Palavra de Deus)
as pistas para ser e fazer.
A tarefa da catequese

é educar para fazer (fazer-fazendo) esta


interacção, e a ajustar a vida ao resultado
desta interação, no sentido de maior
intimidade com Deus e coerência na vida de
fé.
V/ MÉTODO INTERACTIVO

VER, JULGAR, AGIR, AVALIAR, CELEBRAR,

VER: a vida dos catequizandos, acontecimentos do


dia-a-dia, as experiências, a situação do povo, etc.
trazidos já dentro de uma ótica de “visão crítica à
luz da ética e do bom senso”.
Este VER já fornece um dos elementos para a
Interação, um dos lados.
JULGAR: traz o segundo elemento, a luz da
Palavra de Deus e do Magistério da Igreja. É
necessário, porém, ter acesso a textos bíblicos,
documentos da Igreja, uma linguagem adequada,
um modo prático e interativo para buscar as luzes
nestas fontes, bem como um processo inteligente
de realizar a interação fé-vida.
Para isso é preciso, também, um estudo sério dos
textos para não serem manipulados ou usados
ingenuamente e uma atitude de fé para buscar a
vontade de Deus.
AGIR: é o resultado do confronto Palavra e vida,
acarretando decisão e ação, com disposição de
generosidade e coerência.
Esquematicamente podemos assim
visualizar a Interacção
4. A conversão. Mudança de
ponto de vista e ...de atitude.
4

1 3. A interação entre
1. A vida, os 3 os dados
acontecimentos anteriores...

2
2. A luz da fé
VI/ JESUS CATEQUISTA

1. Tem sempre presente a realidade do povo. Está


inserido e capta, analisa, confronta... Envolve-se e se
compromete, mesmo no momento de explicações,
ensinamentos... E chega ao coração das pessoas...

2. Recorre aos conhecimentos bíblicos que tem e que


povo conhece, também, com as normas
religiosas de sua época.
Mas, sobretudo, com o que sabe ser da Vontade do
Pai e com o que percebe das necessidades do povo.

3. Age, de modo coerente e generoso, mesmo que algo seja


contra a sua vontade humana e leva o povo a mudar...
Há dois exemplos que são paradigmáticos:
• O encontro com a Samaritana
• O encontro com os discípulos de Emaús...
1. Aproximar. Criar empatia, confiança, relacionar-
se, colocando em primazia a pessoa, valorizando-a,
perguntar, ouvir, deixar falar, insistir, provocar.
Estabelecer relacionamento profundo...
2. Detectar a realidade. Dialogar sobre a realidade,
ouvir a versão que a pessoa tem, questionar,
procurar esclarecimentos...

3. Iluminar com a Palavra de Deus. Jesus apresenta pistas


de como a pessoa perceber à luz da Palavra o que está nos
acontecimentos. Ensina, mas com unção, amor, vibração
4. Provocar clima de oração. “Senhor-me dá-me
desta água viva!”, reza a Samaritana. “Fica
conosco, Senhor, pois a tarde está avançada!”,
rezam os discípulos de Emaús.
5. Celebrar juntos. Partilhar a vida, a Palavra, a
prece, a refeição. Eucaristia. É na Partilha que o
Senhor se manifesta...
6. Conversão. Ao longo do processo houve
constante interacção entre a Palavra e a vida.
Reconhece-se que algo está mudado, é novo. Sente-
se o coração arder e vontade de agir...
7. Agir. A Samaritana vai ao povo falar de Jesus. Os
discípulos voltam a Jerusalém. É a dimensão
missionária da fé. É a fé que age em forma de amor.
VII/ MISSÃO DO CATEQUISTA

É incompreensível sem a comunidade.

O CATEQUISTA É UM VOCACIONADO
(CHAMADO) PELO ESPÍRITO SANTO,

* Na Igreja,
* Para exercer na Igreja,
* Para realizar a missão da Igreja no mundo
1. A IGREJA EXISTE PARA UMA MISSÃO:
• Missão provém do latim
MITERE – enviar, MISSIO = ENVIO.
Trata-se do ENVIO de alguém, por uma autoridade,
para uma tarefa a ser exercida em nome dela.

JESUS congrega seu povo na fé;


orienta-o pela Palavra e fortalece-o de modo
privilegiado com seu próprio Corpo e Sangue;
Sangue
com ele presta o culto verdadeiro e definitivo ao Pai e
a este povo confia uma missão:
missão

“Ide, fazei discípulos... Batizai-os...


Ensinai tudo o que vos ensinei...”,
B) Igreja e Missão:
A MISSÃO primeira e principal da Igreja é
EVANGELIZAR:

“Ide, fazei discípulos..., sem medo algum, pois eu estarei


convosco até a consumação dos séculos....” Mt 28, 16-20

EVANGELIZAR é passar adiante da Boa Notícia


(Eu-Angelón):
DEUS é nosso PAI-MÃE, nos ama, nos dá o seu
filho único para a salvação e nos confia a tarefa de
construir neste mundo o seu Reino.
C) A catequese
É parte do processo evangelizador da Igreja.

Ela cuida especialmente da iniciação na fé, na


esperança e na caridade:
1. De quem quer optar por Jesus
2. Ou de quem já optou e necessita de maior
experiência com Ele, maior conhecimento dele, da
sua mensagem e da sua missão.
2. MINISTÉRIO DO
CATEQUISTA
O catequista exerce o MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO dos fieis na fé, na esperança e na
caridade
MINISTÉRIO = Munis stare; “Estar a serviço”
e Minor,
Minor em condição de menor ou servidor
Ele não é um professor de religião, de doutrina...
Mas um iniciador no ministério da fé

Para que cada fiel possa acolher consciente,


esclarecida, generosa e coerentemente o Senhor,
a sua palavra e a sua missão.
O CATEQUISTA EXERCE SUA MISSÃO
1. Em nome do senhor e da sua Igreja

2. Com qualidade de testemunho de vida, de


inserção na comunidade eclesial, de
conhecimento da palavra de Deus e dos
processos pedagógicos da educação na fé.

3. Inserindo os seus catequizandos na


comunidade eclesial.

4. Possibilitando-lhes forte experiência de Deus,


experiência eclesial e experiência de missão.
VIII/ A AÇÃO ESPECÍFICA DA CATEQUESE
A) Muito mais que ser uma aula de catecismo ou de
doutrina a catequese cuida do processo da
Interacção Fé e Vida. Quem acha que ensinando a
doutrina cumpre a missão da catequese, engana-se
profundamente.
B) Tratando-se de crianças, adolescentes e jovens, é
preciso aprender e muito bem como lidar com eles,
pois são questionadores, críticos, exigentes. Se para
crianças não pode haver catequista ignorante,
prepotente, ingênuo, inseguro, sem vivência... É
evidente, com o jovem menos ainda. E não basta
cursinhos, conferências, palestras. É preciso que os
catequizandos realizem a interação.
IX/ ALGUNS “PECADOS”

• reduzir a catequese
à infância e à adolescência,

2. identificar catequese com catecismo e


com preparação aos Sacramentos...

3. dar a impressão de que para a missão de


catequista não é preciso haver pessoas
preparadas, bastando a boa vontade, e
algumas receitinhas de técnicas de
dinâmicas, animação, cantoria...
Momento de partilha

c) Conversa livre sobre o tema exposto

e) Quais os pontos mais importantes a serem


relembrados

c) Complementações a partir do diálogo no


grupo

You might also like