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Senhor,
posto que o Capitão-mor desta
Vossa frota, e assim os outros
capitães escrevam a Vossa Alteza a
notícia do achamento desta Vossa
terra nova, que se agora nesta
navegação achou, não deixarei de
também dar disso minha conta a
Vossa Alteza, assim como eu
melhor puder, ainda que -- para o
Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes
cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos,
e suas setas. Vinham todos rijamente em direção
ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que
pousassem os arcos. E eles os depuseram. Mas
não pôde deles haver fala nem entendimento que
aproveitasse, por o mar quebrar na costa.
Somente arremessou-lhe um barrete vermelho e
uma carapuça de linho que levava na cabeça, e
um sombreiro preto. E um deles lhe arremessou
um sombreiro de penas de ave, compridas, com
uma copazinha de penas vermelhas e pardas,
como de papagaio. E outro lhe deu um ramal
grande de continhas brancas, miúdas que querem
parecer de aljôfar, as quais peças creio que o
Capitão manda a Vossa Alteza.
GÂNDAVO, Pero de Magalhães – 1) Tratado da Terra do Brasil (circa 1570);
2) História da Província de Santa Cruz (1576), Belo Horizonte, Ed. Itatiaia,
1980.
Trecho: CAPÍTULO
V: DAS PLANTAS, MANTIMENTOS
E FRUITAS QUE HA NESTA PROVINCIA
PRINCIPAIS AUTORES:
José de Anchieta (1534-1597)
Manuel de Nóbrega (1517-1570)
José de ANCHIETA
(Tenerife, 1534 – Espírito Santo/BR, 1597)
• padre da Companhia de Jesus, fundada em 1534 por
Inácio de Loyola (1491-1556, canonizado em 1622). Os
jesuítas tinham por característica a abnegação, a
disciplina e a diplomacia no trato com os nativos.
• Chega ao Brasil em 1553.
•Segundo Bosi (1997)
• sua produção dramatúrgica (Autos) tem caráter
catequizante, sendo que sua produção poética revela
“poemas que valem em si mesmos como estruturas
literárias” (p. 19).
• caracterizam sua poética o tom de esperança, a
alegria, o amor divino.
TEMA
Contra-Reforma[1]
Companhia de Jesus
A Companhia de Jesus (também conhecida como Jesuítas), uma congregação religiosa
fundada pelo espanhol Inácio de Loiola (futuro Santo Inácio de Loiola), teve a sua "regra" ("a
obediência a Deus por intermédio dos seus superiores" aprovada pelo Papa Paulo III em 1540. Esta
"regra" jesuíta associada ao fato do superior geral da congregação, escolhido através de eleição,
depender diretamente da Santa Sé, tornava a Companhia de Jesus como uma espécie de exército
religioso ao serviço do Papa.
Detentores de uma forte preparação intelectual, os Jesuítas tiveram uma grande influência quer junto
dos reis quer junto da população em geral. Ao longo dos séculos XVI e XVII praticamente possuíram o
monopólio do ensino de nível secundário. Além do papel no ensino, os Jesuítas também tiveram um
importantíssimo papel na evangelização das populações naturais das terras descobertas por
portugueses e espanhóis e na reconversão dos países protestantes. No caso português, alguns dos
Jesuítas que mais se destacaram no processo evangelizador foram S. Francisco Xavier na Índia, e os
padres Manuel da Nóbrega e Antônio Vieira no Brasil.
Antítese
Consiste na oposição de dois ou mais termos ou de
duas expressões na mesma frase ou no mesmo
parágrafo, expressando contrastes em construções
geralmente simétricas.
Repetições e Paralelismo
Construções poéticas em que versos distintos
mantêm certas semelhanças de construção.
CULTISMO: é também
conhecido como “culteranismo”
ou “gongorismo” e designa um
processo construtivo que
excede nas utilizações das
figuras de linguagem, causando
um rebuscamento formal, uma
excessiva ornamentação
estilística ou um preciosismo.
Normalmente, os textos cultistas
são extravagantes, herméticos.
CONCEPTISMO: deriva de “conceito”, idéia. Portanto,
esse termo indica um jogo de idéias. Esse processo construtivo
também é conhecido como “quevedismo”, por causa de escritor
espanhol Quevedo. Resulta, finalmente, numa elaboração
racional, numa retórica aprimorada, através de um jogo de
conceitos. Quando analisamos um raciocínio, devemos perceber
se ele foi estruturado em bases verdadeiras, um silogismo, ou se
em bases falsas ou metafóricas, um sofisma.
Gregório de Matos Guerra
* Exemplos de paralelismos.
POESIA SATÍRICA
Soneto Soneto
Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que o perdeu
Negócio, ambição, usura.
(...)
E que justiça a resguarda?... Bastarda.
É grátis distribuída?... Vendida.
Que tem, que a todos assusta?...
Injusta.
À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece:
Cai na cama, e o mal cresce,
Baixou, subiu, morreu.
(...)
A Câmara não acode?... Não pode.
Pois não tem todo o poder?... Não quer.
É que o Governo a convence?... Não vence.
•BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1997.
•MAIA, João Domingues. Literatura: textos e técnicas. São Paulo: Ática, 1995.
•PROENÇA FILHO, Domício. Estilos de Época na Literatura. São Paulo: Ática, 1995.