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Albert Einstein

Em seus primeiros anos de estudo, Albert Einstein demonstrou tamanhas


dificuldades que seus professores chegaram a aventar que sofresse de retardo
mental. Quando cursava a escola secundária, praticamente só demostrava interesse
pela matemática. Seu baixo rendimento nas demais disciplinas o obrigou, na
verdade, a sair da escola. Seus pais então o levaram à Suíça, para estudar. Ali,
ao concluir o curso (ao que consta, auxiliado pelas notas de um amigo), tentou
se tornar professor. Tudo o que conseguiu, porém, foi tornar-se funcionário do
Escritório de Patentes da cidade de Berna, em 1901. Nesse ano ele também se
naturaliza suíço.
Quatro anos mais tarde, entretanto, Einstein publicou nada menos que cinco
trabalhos científicos no Anuário Alemão de física. Um deles oferecia uma
explicação para o efeito fotoelétrico.. Nesse fenômeno, a luz, ao incidir sobre
certos metais, provoca emissão de elétrons. Quanto maior é a intensidade da luz,
maior é a quantidade de elétrons liberados. A energia dessas partículas, porém,
não aumenta, e esse fato permanecia inexplicável pelas teorias então
disponíveis. Einstein conseguiu elucidar esse problema aplicando a teoria
quântica de Planck. Isso abriria o caminho que mais tarde levaria ao
desenvolvimento da Física quântica.
Em outro dos cinco trabalhos de 1905, Einstein oferecia uma explicação
matemática do movimento browniano. Essa análise também serviria, mais tarde
para permitir os primeiros cálculos confiáveis dos tamanhos dos átomos.
Num terceiro trabalho, abordou a velocidade da luz, que se revelara, em
experimentos, surpreendentemente constante, independendo do movimento da fonte
luminosa. Einstein admitiu de fato, essa velocidade independia tanto da fonte
quanto do observador. Admitiu também que a luz tinha características quânticas.
Essa concepção encerrava a velha disputa sobre a natureza da luz. Ele também
suprimiu a necessidade do conceito de éter ao advogar que no universo não existem
nem movimento absoluto nem repouso absoluto, mas que movimento e repouso
são sempre relativos. Essa idéia o levaria à formulação da teoria da Relatividade
Restrita.
Essas novas concepções mudaram rapidamente a visão de universo que se
tinha desde Newton. Um dos aspectos mais notáveis dessa mudança é que afetava
as próprias idéias de espaço e de tempo, que deixavam de ser considerados
entidades absolutas. Na teoria da Relatividade Restrita, Einstein determinou a
relação existente entre massa e energia, expressando-a na igualdade E = m . c2
(onde M é a energia, m a massa e c a velocidade da luz). Massa e energia passam a
ser vistas como aspectos diferentes que as leis de conservação da massa (de
Lavoisier) e de conservação da energia (de Helmholtz). Foi com essa teoria que
se pôde explicar de onde provinha a energia liberada pelos elementos radiativos.
Ela se faz à custa de uma diminuta perda de massa do núcleo atômico. Apesar
desses trabalhos revolucionários, Einstein, já então doutorado, só obteria um cargo
de professor universitário quatro anos depois. Em 1913, retornou à Alemanha para
trabalhar na sociedade científica Kaiser Guilherme, em Berlim. Trabalhou então na
ampliação da teoria da Relatividade para casos mais gerais, conseguindo por fim
nela englobar a própria teoria da gravitação de Newton. A nova Teoria da
Relatividade Geral, de 1916, permitia, mais do que qualquer outra teoria até então
formulada, explicar o maior número possível de fenômenos do universo,
possibilitando inclusive prever fenômenos ainda não observados. Um destes é o
desvio que a luz sofreria por ação da gravidade. Um eclipse solar ocorrido alguns
anos depois, em 1919, serviria para confirmar o desvio teoricamente previsto da luz
de algumas estrelas. (As medições foram efetuadas em Sobral, Ceará.) Tais
evidências levaram Einstein a ser indicado como concorrente ao Prêmio Nobel de
Física, mas as objeções surgidas no meio científico ainda eram tão grandes que ele
receberia o prêmio de 1921 apenas pelo trabalho sobre o efeito fotoelétrico.
Em 1930, Einstein visitou os Estados Unidos para proferir palestras, mas
preferiu ali permanecer, já que o nazismo iniciava sua ascensão na Alemanha. Em
1940, naturalizou-se norte-americano.
Durante a Segunda Guerra Mundial, diante da possibilidade de que a
Alemanha construísse uma bomba atômica, foi convencido a escrever uma carta ao
presidente Franklin Roosevelt explicando ser necessário criar um programa de
pesquisas para adiantar-se àquela ameaça. Seis anos depois disso, em 1945, a
primeira bomba atômica era detonada em teste num deserto dos Estados Unidos.
Com a derrota da Alemanha na guerra, a nova arma não chegou a ser utilizada
na Europa, mas foi no Japão, que ainda permanecia no conflito.
Mais tarde, Einstein passou a trabalhar para o estabelecimento de acordos
internacionais que afastassem a possibilidade de guerras atômicas, mas seus
esforços tiveram pouco resultado. O acúmulo de artefatos bélicos nucleares
continuou a crescer, e só na década de 1980 se iniciaria o desmonte de parte desse
arsenal.
Ponto de vista Cabeça grande, cabelos desgrenhados, roupas amarfanhadas e
um inabalável bom humor. Esta é a imagem difundida daquele que, com certeza, foi
uma figura carismática e o maior gênio do nosso tempo. Imagine que a foto famosa,
transformada em pôster popularizado no mundo inteiro, ajudou a fixar.
Albert Einstein, os longos cabelos brancos eriçados, os olhos brilhantes,
mostra a língua para o mundo que nunca mais foi o mesmo depois dele.
Queiramos ou não, entendamos ou não, vivemos no universo pôr ele
decodificado quando, no início do século, definiu a teoria da relatividade. Séculos
se passaram até que a concepção geocêntrica de Aristóteles fosse trocada pelo
universo heliocêntrico de Copérnico, Kepler e Galileu que, por sua vez, foi
modificado e quantificado pelo universo mecânico de Newton, até que Einstein, no
amanhecer deste século poente, o substituísse pôr sua equação a um tempo
magnifica e assustadora. Formulou uma teoria que o levou próximo à descoberta do
mistério da Criação e, paradoxalmente, também o aproximou de Deus, não da
divindade reverenciada pelas religiões organizadas, mas de Deus como uma
metáfora para o incompreensível, o inexplicável.
Um dos obstáculos à melhor compreensão de Einstein, além da complexidade
de seu pensamento, é o fato de ter sido o primeiro cientista a viver sob os refletores
da mídia, transformado que foi em uma espécie de superstar da ciência. Outro
paradoxo entre os muitos que emolduram a biografia deste homem raro. No
capítulo a ele dedicado em Gigantes da Física (Jorge Zahar Editor, 1998) Richard
Brennan lembra que as teorias de Einstein tornaram-se os primeiros assuntos
científicos que os meios de comunicação de massa, emergentes nos anos 30,
tentaram popularizar. " Mas como até as mais simples explicações das teorias
pareciam à imprensa contrárias ao bom senso e de difícil entendimento, a atenção
se voltou para o próprio homem. Os refletores da mídia criaram uma espécie de
caricatura, que se transformou na imagem popular de um cientista moderno ".
Filho de Judeus Alemães, Albert Einstein nasceu em Ulm, na Alemanha, no dia 14
de março de 1879, e morreu na madrugada de 18 de abril de 1955 no Princeton
Hospital, nos Estados Unidos. Seu testamenteiro e grande amigo, Otto Nathan,
durante quase 35 anos impediu o acesso de pesquisadores aos arquivos, documentos
e anotações pessoais de Einstein. Neste trabalho de ocultação foi auxiliado pela leal
secretária do cientista Helen Dukas, que com ele trabalhou durante 27 anos, e
colecionou até mesmo os rascunhos e notas que Einstein atirava na cesta de lixo.
Devotos, ambos lutaram para preservar a imagem quase canônica de Einstein
que foi projetada - e, de certa forma também montada - pela mídia ao longo dos
anos. Na melhor das intenções, Otto e Helen prestaram um desserviço tanto à
verdade e à ciência como à própria memória do amigo, ocultando parte de sua
humanidade.
Pouco antes de Otto Nathan morrer, em 1987, uma ação judicial tirou os
Arquivos Einstein de suas mãos e abriu-os aos pesquisadores. São milhares de
documentos, uma pequena parcela do material, principalmente a correspondência
de Einstein com a Segunda mulher, Elsa, e com os filhos, ainda continua
interditada. As a parte tornada visível oferece material tão farto que, certamente,
com o tempo, tornará públicas novas e surpreendentes revelações.
Denis Brian mergulhou nesses arquivos e, com pertinácia de repórter linha de
frente, foi atrás de pessoas que conviveram com Einstein, cientistas, amigos,
discípulos. A abertura dos arquivos e a circunstância de a maioria dos envolvidos
mais diretamente já estarem mortos romperam as barreiras do silêncio obsequiso, e
desta pesquisa resultou uma biografia reveladora e inteira sobre o Einstein
"terreno".
No prefácio de Einstein, a Ciência da Vida, Brian cita a evidência irrefutável
da existência de uma filha ilegítima que o cientista jamais reconheceu. "Descobri
que a vida de Einstein é repleta de triunfos e de trágicas ironias. O cientista cuja
mente o levou aos pontos mais distantes do espaço tinha um filho esquizofrênico
que não conseguia atravessar a rua sozinho. O pacifista, que literalmente não
mataria uma mosca, foi obrigado a exigir a fabricação de uma bomba devastadora.
O humanista que demonstrava carinho e interesse pelos filhos dos outros
negligenciava os próprios e mantinha em segredo a existência de sua primeira filha,
ilegítima. O amante da solidão vivia invariavelmente rodeado de mulheres, caçado
pela imprensa e assediado pelas multidões. E o democrata dedicado era
constantemente acusado de comunista ou inocente útil a eles."

Biografia gentilmente cedida por Emerson Candido (ecandido@sti.com.br)

www.sti.com.br

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