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Reflexão individual:

O Supervisor Real… O Supervisor Ideal…


O Professor como Supervisor; significados, práticas e desafios.

1. Noção de Supervisão.
• Processo em que um professor orienta outro professor no seu
desenvolvimento humano e profissional1.
• Processo educativo onde o supervisor terá como tarefa ajudar o
supervisionado a encontrar dentro de si, algo pré-existente que foi
sendo acumulado dentro do departamento do conhecimento e que
tem que ser drenado para fora da sua cápsula. Sugere que
alguém mais experiente possa lançar um novo olhar ao trabalho
do outro2.
• Elevar o padrão dos serviços prestados à sociedade, para
proporcionar melhores níveis de desempenho dos professores,
visando a eficácia da aplicação dos programas escolares.
• Trabalho com seres humanos, envolvendo habilidades altamente
complexas e relações humanas, para elevar ao mais alto nível
possível, a qualidade do serviço prestado3.

2. Definição de supervisão.
Vários autores ao longo do tempo, formularam conceitos e definições de
Supervisão. Segundo vários dicionários, as referências são: dirigir,
orientar, inspeccionar. O supervisor é aquele que revisa, aquele que lê.
Se levássemos estes termos à “letra”, entraríamos num acto de
autoritarismo, que provocaria no supervisionado um medo relativamente
ao processo.
Segundo Baez, podem-se resumir as características da
Supervisão tradicional e moderna:

Supervisão tradicional Supervisão moderna

Fiscalização, inspecção, controlo, Controlo mais educação


policiamento

Aponta erros, aplica sanções, faz críticas Age com vista a diagnóstico e busca,
destrutivas juntamente com os supervisionados à
solução dos problemas

Eventual e sem planificação Sistemática e planificada

Imposta e autoritária Aceite como necessária pelos


supervisionados
Posto de prestígio a cargo de uma só pessoa Função exercida em equipa

Centralizada no supervisor Cooperativa e essencialmente realizada com


o trabalho colectivo

Actua de modo igual para todos Adaptada às diferenças individuais

Não dá oportunidade de desenvolvimento Promover o desenvolvimento individual e


individual nem profissional aos profissional dos supervisionados
supervisionados

Actua com visitas e entrevistas Actua com várias actividades

Podemos definir a supervisão relacionando-a com as práticas que lhe


estão subjacentes e a partir dessas práticas, definir cenários:
Podem-se definir vários cenários de supervisão, e não entrando
numa descrição exaustiva, cito alguns4:
• O cenário da imitação artesanal; que consiste em
colocar os professores a praticar com o modelo do
“Mestre” (Magister Dixit).
• O cenário da aprendizagem pela descoberta guiada;
que consiste na substituição da imitação do “Mestre” pelo
conhecimento analítico dos modelos de ensino.
• O cenário behaviorista; que consiste em integrar-se na
comunidade educativa, mantendo um clima envolvente
sobre os conteúdos a ensinar, a gestão do programa e do
espaço sala de aula.
• O cenário clínico; que consiste num ciclo de observação
em que o professor fosse o elemento dinâmico e o
supervisor despenhasse o papel de o ajudar a analisar e
repensar o seu próprio ensino.
• Cenário psico-pedagógico (Stones 1984); que consiste
em ensinar os professores a ensinar, apoiando-se num
corpo de conhecimentos derivados da psicologia do
desenvolvimento e da aprendizagem comum a dois
mundos:
a. A relação ensino/aprendizagem entre o
supervisor e o professor.
b. A relação ensino/aprendizagem entre professor
e alunos.
• Cenário de aprendizagem e desenvolvimento: que
consiste em que todos os cenários se interpenetram,
tendo em consideração que o professor é um ser em
desenvolvimento com um futuro de possibilidades e um
passado de experiências, o supervisor deve facilitar a
aprendizagem através de: demonstração, reflexão,
apresentação e análise de modelos, análise de conceitos,
exploração de atitudes e sentimentos, jogos de simulação,
problemas a resolver, tarefas a executar.
• Cenário da prática reflexiva: que consiste em propor
uma epistemologia da prática que tenha como referencial
as competências que se encontram subjacentes à prática
dos bons profissionais, comportando uma forte
componente de reflexão a partir de situações práticas
reais.
3. O Supervisor ideal.
O supervisor ideal não existe, nesta minha imodesta afirmação, contudo,
existem características que se podem aproximar desse idealismo e que
se forem postas em prática permitirão desenvolver um modelo de
supervisão aceite pelas partes envolvidas neste processo.
Sendo a supervisão um processo educativo e contínuo, esta tem de ter
em conta que deve: ampliar conhecimentos científicos, requerer
habilidade no trato com as pessoas, desenvolver-se como processo
democrático e cooperativo, ser planificada com objectivos definidos,
fundamentar-se em programas e normas segundo metodologias
padronizadas, ser essencialmente preventiva, considerar as diferenças
individuais dos supervisionados, ser objectiva para corrigir erros.
O supervisor deve ter atitudes de: disposição para guiar, orientar e
apoiar, lealdade para com as suas convicções, bem como em relação à
comunidade, à instituição e aos supervisionados.
O supervisor deve ter habilidades de: planear, organizar e dirigir
acções, observar, analisar e interpretar o trabalho dos supervisionados,
persuadir os supervisionados e dirigentes a desempenhar as suas
atribuições, praticar boas relações humanas, considerando que os seres
humanos reagem diferentemente, superar os seus conflitos e aceitar-se a
si mesmo,
O supervisor deve ter conhecimentos de: da comunidade onde actua,
da organização (legislação, regulamentos, programas etc…), métodos,
técnicas, procedimentos de trabalho e possíveis distorções,
personalidade dos supervisionados, métodos de controlo e avaliação dos
serviços, princípios e métodos de supervisão.
O supervisor deve agir através de : instrução, utilizando explicações,
demonstrações e práticas, correcção de falhas, evitando atitudes que
representem indecisão, compaixão ou protecção, comprovativos de
trabalho, mediante investigação pessoal directa ou indirecta, de relatórios
orais e escritos, do uso de registos, de comprovativos de medidas
adoptadas para resolver problemas, da prevenção e correcção de
problemas identificados, determinando a origem e causas prováveis,
indicando as possíveis soluções e aplicando os métodos recomendáveis.
O supervisor deve ter qualidades de: desenvolver a observação,
compreender as atitudes e comportamentos, descobrir os recursos
latentes em cada um, cultivar a arte de ouvir, nutrir bons sentimentos para
com os demais, ter profundo conhecimento do ser humano.
Resumindo as qualidades, estas devem ser as de: capacidade técnica,
experiência no campo que supervisiona, capacidade de observação e
objectividade de acções, iniciativa, boas relações humanas, capacidade
de ensinar, respeito pelos princípios éticos.
Em termos práticos, o supervisor deve: conhecer perfeitamente o seu
trabalho, ter mais habilidade para dirigir do que capacidade para mandar,
saber planificar e solicitar os trabalhos com antecedência, manter-se a
par do trabalho de cada supervisionado, apreciar e reconhecer qualquer
esforço extraordinário e elogiar sempre que oportuno, permitir aos
supervisionados explicar o seu ponto de vista, promover a prevenção dos
problemas, adoptar critérios objectivos na interpretação dos
regulamentos, atender as queixas e insatisfações e discuti-las, aceitar
sugestões. E mais haveria, mas não cabem num trabalho deste tipo.
4. A auto-avaliação do supervisor.
A planificação inicial terá de ser ponto de partida para a avaliação da
supervisão. Terá de verificar o que não se realizou e analisar as possíveis
causas. Cada item da planificação deve ser verificado objectivamente
afim de verificar se contribuiu para a melhoria do desempenho do
supervisionado, e caso contrário, onde e porque falhou. Os relatórios
intermédios devem ser comparados de modo a constatar melhorias,
mudanças ou deficiências para se necessário reformular. Devem ser
relacionados os objectivos determinados e os alcançados. As falhas
encontradas devem servir de referência para o próprio desenvolvimento
profissional como supervisor e colmata-las no futuro para o
desenvolvimento qualitativo da organização.

Carlos Alberto Maricoto Silva


Novembro de 2008

Referências bibliográficas.
Alarcão, Isabel; Tavares, José; Supervisão da prática pedagógica;
Edições Almedina; 2ª Edição; 2003.
Fernandes, Beatriz: A supervisão, o supervisor e os supervisionados;
Trabalho apresentado no II congresso da SPAGESP 2004; São Paulo.
Caseiro, Maria dos Anjos: Supervisão pedagógica; acção de formação
Funchal 2007; Instituto Superior de Ciências Educativas.
1
Vieira (1993 ), Sá Chaves ( 2001, 2002 ), Oliveira Formosinho ( 1997, 2002 ).
2
Isaura Manso Neto ( 1999 ).
3
Ministério da Saúde do Brasil ( sem data determinada ).
4
Maria dos Anjos Caseiro (2007)

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