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Aluna Nº 66014
Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
A sociologia positivista
• Defende a procura de leis sociais (à semelhança das leis do mundo natural) a partir de um
método indutivo-quantitativo, e advoga uma separação absoluta entre a Ciência e a Moral, isto é,
entre os factos e os valores (Lapassade, Lourau, 1973).
• Para a ciência positivista é possível conhecer objectivamente a realidade social, uma vez que
existem critérios universais do conhecimento e da verdade. Estuda situações objectivas, que são
definidas como problemas em razão de características que lhe são próprias. Daí a necessidade de
se conhecerem as suas causas e de se chegar à elaboração das leis que regem o fenómeno.
Posição relativista
• Não existe nenhum critério universal para o conhecimento e para a verdade. Todos os critérios
utilizados serão sempre internos ao sistema cogniscente e, como tal, serão relativos e não
universais.
• A definição é sempre relativa, será antes de mais um rótulo colocado a determinadas situações, e
não uma característica inerente à situação em si mesma.
Assim, o que importa estudar é a definição subjectiva dos problemas sociais.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
definições socialmente estabelecidas. Encara as pessoas como objectos e não como sujeitos que
constroem a realidade social.
Kurt Lewin defendia que uma boa teoria é sempre prática, e a prática empírica é sempre indispensável
ao desenvolvimento teórico. A separação entre os dois domínios é um falso problema.
Sociologia de Intervenção – é a questão da aplicabilidade da sociologia e doutras ciências sociais.
A Sociologia de Intervenção não é uma especialidade ou ramo sociológico, mas sim um modo de ver o
trabalho do cientista social que, em vez de isolar assepticamente o investigador do seu objecto de
estudo, o desafia a ser “contaminado” por este, o leva intervir activamente na realidade que estuda e a
não separar os papéis de investigador e de cidadão. A investigação social deve ser utilizada para
melhorar a sociedade, segundo princípios humanista de solidariedade de libertação.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
Rosenquist defende que é impossível chegar a uma definição objectiva do que é patológico a única
forma de se estudarem os problemas sociais é passando ao lado do que constitui a sua condição
problemática e aceitar o julgamento social como um dado.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
Confundiu-se desorganização social com mudança social, o que desde já deixa por explicar porque
é que nem todas as mudanças originam desorganização, e implica que se prove que a situação
anterior era de desorganização.
É um conceito fortemente sujeito aos julgamentos de valor do investigador, tal como o conceito de
patologia. Por um lado, tende-se a considerar desorganização numa perspectiva negativa, como se
todas as situações de desorganização sejam por essência “más”.
Aplicou-se o conceito de desorganização social a situações que não são de desorganização, mas
que, pelo contrário, traduzem outros tipos de organização, de que é um exemplo típico do que se
passa nos bairros de lata.
O sistema social pode acolher em si focos de desorganização ou a existência de comportamentos
desviados sem que tal comprometa o seu funcionamento, desde que outros objectivos do sistema
estejam a ser alcançados, contrabalançando as influências destabilizadoras que possam existir.
No seguimento da crítica anterior, ao constatarmos a existência de diferentes formas de
organização social, não podemos inferir que tal situação seja desastrosa para a sociedade, podendo
pelo contrário ser indispensável para a manutenção da coesão social.
Outra crítica também importante é que a perspectiva da desorganização social utiliza frequentemente
explicações circulares para os problemas de desorganização (Aggleton 1991) ou seja o mesmo facto é
considerado indicador e causa de desorganização social (exp. desemprego).
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2. É aprendido pela interacção com outros indivíduos num processo de comunicação;
3. A aprendizagem mais importante é feita em grupos primários;
4. A aprendizagem envolve, por um lado, as técnicas necessárias ao crime e, por outro lado, os
motivos, as racionalizações e as atitudes a ele ligadas;
5. Os motivos e os impulsos são aprendidos segundo a definição favorável ou desfavorável aos
códigos legais;
6. Um indivíduo torna-se delinquente pela razão de encontrar um excesso de definições favoráveis
à violação da lei em detrimento das definições desfavoráveis à violação da lei;
7. A associação diferencial varia em termos de frequência, duração, proximidade e intensidade;
8. O processo de aprendizagem dos comportamentos criminosos e não criminosos integra todos os
aspectos normalmente envolvidos em qualquer tipo de aprendizagem;
9. As necessidades e os valores gerais (segurança, riqueza material) que são reflectidos pelo
comportamento criminoso não explicam este mesmo comportamento, uma vez que outros
comportamentos não criminosos também os reflectem.
Os sociólogos da corrente do comportamento desviado consideraram que as teorias da anomia e da
associação diferencial se completavam, e desenvolveram tentativas de síntese das duas teorias.
Albert Cohen (1968) – na sua teoria da sub cultura delinquente – sustentou que os jovens da classe
trabalhadora enfrentavam uma situação de anomia no sistema escolar, pensado segundo os valores da
classe média. Na a escola eram ensinados os valores mas eram vedados os meios legítimos para os
poderem atingir. Em resultado, os jovens uniam-se e formavam uma cultura própria que violava os
códigos legais. As novas normas eram socializadas através do processo da associação diferencial.
Richard Cloward e Lloyd Ohlin (1966) – teoria da oportunidade – sustentam que não basta
considerarmos a estrutura de oportunidades legítimas na génese do comportamento delinquente; é
igualmente essencial ter em conta a estrutura de oportunidades ilegítimas. Não é só uma questão de
ausência de oportunidades legais, mas também da presença de oportunidades ilegais.
A perspectiva do comportamento desviado entende que os problemas sociais reflectem, de forma mais
ou menos directa, violações das expectativas normativas da sociedade, sendo que todo o
comportamento que viola essas expectativas é um comportamento desviado. A solução para os
problemas de comportamento desviado deverá passar pela ressocialização dos indivíduos e pela
mudança da estrutura social de oportunidades, para que sejam aumentadas as oportunidades legítimas e
diminuídas as oportunidade ilegítimas.
1.2.2.1 – Labeling:
Na descrição da teoria de labeling ou teoria da rotulagem os nomes importantes foram Georg Herbert
Mead, Blumer e Goffman.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
Mead – (concebeu a formação do Ego como o resultado das interacções sociais com Outros
Significativos) Os indivíduos aprendem a ver-se como objectos sociais e comportam-se de acordo com
esta percepção. As pessoas interagem fundamentalmente através de símbolos (sons, imagens) e os seus
significados emergem da interacção social. O comportamento irá depender do entendimento que
fizerem desses símbolos, num processo de reajustamento continuado.
Herbert Blumer – desenvolveu a ideia de que os significados não são dados, mas requerem uma
interpretação activa por parte dos actores sociais envolvidos.
Erving Goffman – introduziu o conceito de identidade social, para se referir às qualidades pessoais
que permanecem constantes em diferentes situações. Defendeu ainda que a identidade social pode ser
consolidada pelas reacções dos outros ao comportamento dos indivíduos. Se as reacções forem
negativas, as pessoas podem ser forçadas a aceitar uma spoiled identity, processo que Goffman define
como de estigmatização.
Embora os autores acima referidos terem sido fundamentais para a teoria do labeling, os nomes
pioneiros da perspectiva propriamente dita são Edwin Lemert e Howard Becker.
Edwin Lemert – defendeu a teoria de que o desvio é definido pelas reacções sociais e introduziu os
conceitos de desvio primário e desvio secundário. Esta distinção de conceitos baseia-se noutra
distinção que Lemert estabeleceu entre comportamento desviado e papel social desviado. O desvio
primário comporta causas biológicas e sociais.
Mas a causalidade dos papéis sociais desviados, ou desvio secundário, reside na interacção social entre
o indivíduo que é definido como desviado e a sociedade onde se insere. A reacção social ao desvio
primário está assim na origem do desvio secundário.
Segundo Lemert a Sequência de interacção que leva ao desvio secundário pode esquematizada da
seguinte forma:
1. Ocorrência do desvio primário;
2. Sanções Sociais;
3. Recorrência do desvio primário;
4. Sanções sociais mais pesadas e maior rejeição social;
5. Continuação do desvio, agora com possível hostilidade e ressentimento por parte do indivíduo
desviado para com aqueles que o sancionam;
6. O coeficiente de tolerância chega a um ponto crítico, que se reflecte nas acções formais de
estigmatização do indivíduo levadas a cabo pela comunidade;
7. Fortalecimento do comportamento desviado como reacção à estigmatização e às sanções;
8. Aceitação do estatuto de desviado por parte do indivíduo estigmatizado e consequentes
ajustamentos com base no novo papel social.
Esta perspectiva é reforçada por Howard Becker ao introduzir o conceito de labeling, que deu o nome
a esta corrente, e o conceito de carreira desviante.
Becker defendeu que o comportamento desviado é aquele que a sociedade define como desviado.
Para que alguém seja rotulado de desviado é necessário percorrer uma série de fases sequenciais, num
processo de interacção dinâmico, a que Becker apelidou de carreira desviante.
O que a perspectiva do labeling constatou é que nem todos os que violam as normas são rotulados de
desviados, o que nos leva a considerar que, em última instância, todo este processo traduz uma certa
equação do poder na sociedade: quem define as regras, que aplica os rótulos, quem é rotulado.
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A crítica à corrente labeling é que por um lado, afirmar que o desvio é originado antes de mais pela
formulação das regras que são violadas e pelas reacções a esta violação das normas, soa como uma
desculpabilização e desresponsabilização dos comportamentos em vez de uma explicação dos mesmos.
Por outro lado, para posições politicas mais à esquerda, a corrente do labeling ficou aquém do que
podia ter ido na critica social ao concentrar-se unicamente no processo de criação e imposição dos
rótulos sociais, sem ter ligado este processo com as desigualdades na estrutura social.
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Para John Kitsuse e Malcolm Spector a questão deverá ser colocada antes de mais, saber porque é que
algumas situações são consideradas problemas sociais e outras não, tentando explicar o surgimento do
próprio rótulo de problema social. Só através da problematização sociológica será possível chegar a
uma teoria social dos problemas sociais.
A condição objectiva do problema social é, portanto, posta de lado pela perspectiva construtivista pois
esta não é essencial para a existência de um problema social.
É a definição subjectiva do problema social que se revela essencial para a existência do mesmo e como
tal só esta deve ser investigada pelos sociólogos. (violência conjugal, trabalho infantil) situações que
só se converteram em problemas sociais quando se estabeleceu com sucesso um movimento de
reivindicação que definia estas situações como problemas e onde os mass media tiveram uma enorme
importância.
Um problema social só se constitui em razão de todo um processo de reivindicação e reacção social.
Importa identificar quem define uma dada situação, real ou virtual, como problema social; quais as
razões que apresenta, quem reage a esta pretensão e que tipo de dinâmica se estabelece entre as duas
partes.
Somente após o estudo empírico do processo de definição de cada problema social é que podem ser
elaboradas possíveis soluções para o mesmo. Ao contrário das correntes que abordámos anteriormente,
a perspectiva construtivista não apresenta soluções a priori para os problemas sociais.
Ou estudamos a delinquência juvenil, investigando aspectos como as causas do comportamento
desviado pelos jovens, a evolução dos casos de delinquência;
Ou a sua distribuição pelos estratos socio-económicos;
Ou então estudamos o problema social da delinquência juvenil, ou seja, como é que a sociedade veio a
reconhecer este fenómeno como problema social, e neste caso não é essencial que se saibam as causas
do comportamento desviado em questão.
SÍNTESE: Sumário das sete perspectivas de abordagem dos problemas sociais. Aspectos chave:
Perspectiva Definição de Problema Social Elemento Central
Patologia Social Violação de expectativas morais Pessoas
Falha no funcionamento das regras
Desorganização Social Regras sociais
sociais
Situação incompatível com os valores de
Conflito de Valores Valores e Interesses
um grupo social
Comportamento Desviado Violação de expectativas normativas Papéis sociais
Resultado da reacção social a alegada
Labeling Reacções sociais
violação de normas ou expectativas
Resultado da exploração da classe
Perspectiva Radical Relações de classes sociais
trabalhadora
Processo pelo qual grupos sociais
Construtivismo Social reivindicam que uma dada situação é um Processo de reivindicação
problema social
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Estado Protector
Desagregação da sociedade feudal
Concentração da capacidade de obrigar pelo poder Maior consenso na vontade de obedecer por parte da
político sociedade civil
Estado Protector
Objectivos:
• Produzir segurança
• Reduzir a incerteza
Fins dominantes do Estado:
• Segurança
• Justiça
Características dominantes do aparelho de Estado:
• Pequena dimensão
• Organização relativamente difusa
• Pilotagem centralizada
Para garantir a eficiência do Estado Protector, o príncipe recorreu a dois tipos de pessoas:
Políticos profissionais e semi-profissionais que pertenciam a grupo de clérigos, literatos
humanistas, nobreza cristã, gentries inglesa e os juristas.
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Aos funcionários profissionais que pouco a pouco foram aumentando na Europa em função da
progressivamente maior complexidade dos problemas que ao Estado competia resolver. A
Administração financeira, da técnica guerreira e da actividade jurídica com um
profissionalismo especializado, deu origem ao predomínio do absolutismo do príncipe em que
os funcionários profissionais auxiliaram e foram indispensáveis para vencer o poder feudal.
Estado Providência
Objectivos:
• Produzir segurança
• Reduzir a incerteza
• Promover a regulação e a orientação socio-económica
Fins dominantes do Estado:
• Segurança
• Justiça
• Bem-estar
Características dominantes do aparelho de Estado:
• Dimensão progressivamente maior
• Organização progressivamente mais complexa
• Pilotagem progressivamente mais profissionalizada
2.2.1 – Génese:
Com a expansão europeia e a consequente diversificação de mercados e acumulação de capitais, a
burguesia consolidou-se como classe social e intensificou-se com a Revolução Industrial emergindo
uma nova ordem económica internacional.
A ordem política foi alterada, apresentando traços com a centralização do Poder real e o consequente
enfraquecimento da velha aristocracia apoiada na ascensão da burguesia.
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Surgiram diversas doutrinas económicas e sociais, como o mercantilismo, a fisiocracia e todo um
corpo filosófico que procurou limitar o despotismo do príncipe que criou condições para a revolução
francesa.
Para os adeptos da perspectiva liberal, os problemas sociais e económicos resultam de uma acção
desastrada do Estado que, na mira de os resolver, intervém em demasia nos mecanismo de regulação
do mercado.
O liberalismo deve ser compreendido no seu sentido mais global (como uma) doutrina baseada na
denúncia de um papel demasiado activo do Estado e na valorização das virtudes reguladoras do
mercado (Rosanvallon).
Expansão Centralização do
(séculos XV e XVI)
(implica diversificação •Mercantilismo poder real
de mercados;
acumulação de capital)
•Fisiocracia
• Movimentos de
Industrialização reacção aos excessos Guerras religiosas
(séculos XVII)
do Príncipe que
culminam na
Revolução francesa
Nova ordem Consolidação da
económica nova ordem política
(consolidação da (o Estado-Nação ao serviço
burguesia) da economia subsidiada)
Liberalismo
2.2.2 – As Teses:
Defensores do liberalismo positivista clássico – Adam Smith, Jeremias Bentham, Burke, Humbold
Defensores do liberalismo utópico – Paine e Godwin
Defensores do neoliberalismo – Robert Nozick ou John Rawls.
Em todos estes autores encontramos uma forte crítica à excessiva dimensão do Estado, variando, no
entanto, nos critérios definidores das suas funções e na definição do seu campo de actuação. É o caso
mais recente, da corrente neoliberal, que deve ser entendida como um crítica, da crítica à economia de
mercado.
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De acordo com a teoria das internalidades de Rosanvallon a acção do Estado tem efeitos imprevistos
(internalidades) que pervertem as intenções de justiça e de promoção do Bem-Estar das suas políticas.
Por exemplo o ciclo vicioso das despesas públicas apresentado por Rosanvallon:
• O crescimento das necessidades dos cidadãos (económicas, sociais, de segurança, etc.) implica
uma pressão sobre o Estado no sentido de as colmatar (aumento da procura de Estado).
• O aumento da procura de Estado, obriga este a concentrar recursos e articulá-los para dar
resposta às necessidades (aumento da oferta de Estado).
• Para que a oferta de Estado cresça, este é obrigado a fazer mais despesas públicas.
• O aumento das despesas públicas determina um aumento dos impostos para lhes fazer face.
• O aumento da carga fiscal sobrecarrega os cidadãos o que, naturalmente, lhes aumenta as
necessidades e a procura de Estado, e assim sucessivamente.
No que respeita aos problemas sociais e económicos, o pensamento liberal tem evoluído, ainda que
partilhe de uma ideia comum: o mercado é melhor regulador que o Estado e, por consequência, os
problemas socio-económicos devem ser atacados predominantemente pela sociedade civil.
A posição liberal face aos problemas socio-económicos pode resumir-se em dois aspectos:
• A maior parte dos problemas sociais e económicos resultam de uma excessiva intervenção do
Estado.
• A resolução dos problemas sociais e económicos deveria ser deixada aos mecanismos (naturais)
de auto-regulação do mercado.
2.2.3 – As limitações:
Os críticos à perspectiva liberal apontam-lhes as seguintes limitações:
• Os limites da acção do Estado são em regra insuficientemente operacionalizados
• Os efeitos imprevistos do funcionamento do mercado que condicionam fortemente a emergência
e o agravamento dos problemas socio-económicos não são convenientemente equacionados.
Suzanne de Brunhoff faz referência à contradição entre a apregoada liberalização de pessoas, bens,
serviços e capitais – tese central da corrente liberal – e a realidade observada no terreno muitas vezes
proteccionistas.
Segundo esta autora um cenário de guerra económica implica, por parte dos decisores políticos, uma
atitude de nacionalismo económico. As funções económicas e sociais do Estado procuram atingir dois
objectivos:
• Reforçar a frente de combate económica, apostando em políticas de obtenção de encomendas no
estrangeiro e em estratégias de financiamento e de proteccionismo dos sectores sociais mais
fortes, como os segmentos que apostam no desenvolvimento tecnológico e nas exportações;
• Ajudar a tratar dos feridos da guerra económica (pobres e novos pobres, jovens, mulheres,
idosos, imigrantes e desempregados de regiões industriais sinistradas).
Neste cenário, o reforço da frente de combate é normalmente mais forte que a ajuda ao tratamento dos
feridos da guerra económica, criando-se um ambiente tendente a retirar os direitos sociais e
económicos aos cidadãos.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
2.3.2 – As teses:
O pensamento de Marx relativamente ao papel do Estado não é idêntico ao longo da sua obra:
Desde uma posição idealista defendida na Gazeta Renana, em 1843, em que descrevia a
possibilidade da existência de uma associação de homens verdadeiramente livre num estado
idealizado, concebido, com base no modelo hegeliano, como uma incarnação da razão.
Passando pela afirmação de que o Estado era uma expressão da alienação humana semelhante à
religião, ao direito e à moralidade, um biombo que esconde as verdadeiras lutas inter-classes,
assumindo-se como instrumento da classe dominante (ideologia alemã) uma mera comissão de
gestão dos assuntos da burguesia (Manifesto).
Até à afirmação de que poderia desempenhar, apesar de todas as críticas, algum papel positivo em
favor das classes oprimidas (A guerra civil em França), ou mesmo que poderia ser, quando em
situação de ditadura do proletariado, instrumento de mudança para a sociedade comunista. (Crítica
do Programa de Gotha).
Apesar da aparente ambivalência, parece ser constante o reconhecimento do importante papel que cabe
ao Estado como instrumento da classe dominante (burguesia ou proletariado) nas funções de regulação
e orientação da sociedade global.
Na perspectiva marxista os problemas económicos e sociais são resultantes da situação de exploração
de uma classe em benefício de outro, de uma permanente luta de classes, poderemos entender as duas
estratégias defendidas por esta corrente, consoante detenha ou não o controle do Estado:
Quando o Estado não é controlado pela classe trabalhadora
Às organizações desta classe cabe fazer pressão, para que o poder político lhe faça concessões, no
sentido de prevenir e atenuar os problemas sociais; assim deve ter atenção a conquista do poder pela
classe trabalhadora.
Quando o Estado é controlado pela classe trabalhadora,
Deve centralizar a definição de rumos e a articulação de meios para fazer face aos problemas sociais
e económicos; neste sentido, deve-lhe competir um papel dominante no planeamento e organização
da economia e da protecção social.
2.3.3 – As limitações:
Críticas à perspectiva marxista
• Do ponto de vista doutrinário, ao privilegiar a luta de classes como instrumento de intervenção, o
marxismo provocou danos elevados na coesão social, lançando as classes sociais umas contra as
outras, gastando consideráveis energias sociais necessárias ao crescimento económico e ao
desenvolvimento social, em nome da igualdade e em detrimento da liberdade.
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• Do ponto de vista político, as que o acusam de falta de eficácia e de eficiência uma vez que, nos
países em que foram aplicadas as concepções marxistas os resultados obtidos foram muito
inferiores aos previstos (ineficácia), e os avanços conseguidos foram-no frequentemente a custos
económicos e sociais muito elevados (ineficiência), uma vez que exigiram uma máquina estatal
excessivamente pesada.
2.4.1 – Os fundamentos:
Os fundamentos da intervenção do Estado relativamente aos problemas sociais e económicos podem
encontrar-se na constatação de efeitos imprevistos (positivos ou negativos) do funcionamento do
mercado a que Pigou chamou externalidades.
Esta teoria servia de suporte para legitimar a intervenção do Estado no próprio interior da lógica
liberal, criando paradoxalmente uma fonte inesgotável de motivos de extensão do estado-regulador.
Os princípios defendidos por este autor, aplicados para combater a crise de 1929 pelo presidente
Roosevelt na política do New Deal, basearam-se numa vigorosa intervenção estatal através de
investimentos públicos que criaram muitos empregos. Ao fazê-lo aumentaram o poder de compra
provocando um acréscimo na procura, revitalizou a economia e consequentemente reduziu os
problemas sociais e económicos.
3. O terceiro pilar: o relatório Beveridge
No Reino Unido o intervencionismo estatal pode-se situar no reinado de Isabel I, século XVI,
com a Lei dos pobres, obrigava as paróquias a dar trabalho como medida de protecção.
É em plena segunda guerra mundial com o relatório Beveridge lançam-se as bases recentes dos
sistemas de segurança social de acordo com quatro princípios:
O princípio da universalidade (de população-alvo) segundo o qual a protecção social seria devida
a toda a população, qualquer que fosse a sua situação face ao emprego ou ao rendimento;
O princípio da unicidade (de inputs do sistema), pelo qual uma única quotização cobriria todos os
riscos de privação de rendimentos;
O princípio da uniformidade (de outputs do sistema), que preconizava a uniformidade das
prestações, independentemente do rendimento dos beneficiários;
O princípio da centralização (organizacional), que obrigava à criação de um sistema único de
protecção social (saúde e segurança social) para todo o país.
O relatório Beveridge constituiu um avanço pois contemplara as mulheres domésticas, crianças e
outros inactivos relativamente às medidas de Bismarck.
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O excessivo custo social das medidas implementadas, e a sua ineficácia conduziram a uma reacção por
parte dos sociais-democracias no sentido de adaptar o modelo de Estado Providência aos novos
desafios, pelo que surgiram novas proposta políticas.
2.5 – Em Portugal:
2.5.1 – A perspectiva intervencionista na evolução constitucional:
Evolução doutrinária quanto ao entendimento das funções económicas e sociais do Estado.
Constituição Características
Constituição de 1822 • Pretende criar instituições liberais e democráticas.
• Não passou de um projecto pois o seu suporte social era débil
(burguesia mercantil), os inimigos, muitos e, a secessão do
Brasil, uma questão urgente, que remeteu a organização das
FESE para segundo plano
Carta Constitucional de 1826 • Sendo conservadora mantém as FESE numa perspectiva
liberal
Constituição de 1838 • Mantém a concepção de uma monarquia liberal assente na
aliança do Rei com a burguesia (Jorge Miranda)
Constituição de 1911 • Não altera a perspectiva liberal das funções do Estado,
condimentando-as de laicismo, anti-clericalismo e
municipalismo.
• Dá grande realce à política de Educação.
Constituição de 1933 • Corporativista, apresenta uma cariz muito mais
intervencionista, pretendendo ser a pedra de toque em que as
FESE são sensivelmente maiores e mais complexas.
• Explicita princípios de protecção à família, incumbências
económicas do Estado, organização de interesses sociais, da
empresa e do direito do trabalho
Constituição de 1976 • É influenciada pelas doutrinas marxistas e do Estado-
Providência.
• Consolida medidas socializantes das FESE
• Identifica três sectores de propriedade (público, cooperativo e
privado)
• Consagra direitos liberdades e garantias democráticos
• Explicita princípios de protecção aos cidadãos e aos
trabalhadores em particular, em diversos domínios das FESE:
Educação, Saúde, Segurança Social, Habitação, Trabalho, etc.
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de assistência (em que ao Estado competia uma função supletiva em relação à intervenção da
sociedade civil);
A constituição de 1976 foi também intervencionista, mas fortemente influenciada pela perspectiva
marxista quanto ao controlo da economia, social e política. O modelo beveridgeano foi consagrado
através da criação de um sistema de segurança social, serviço nacional de saúde, sistema educativo,
e ainda em cooperação com a sociedade civil e foi perdendo o cunho marxista, nas sucessivas
revisões constitucionais, aproximando-se de outros países da Europa ocidental
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Contaminação – presença de concentrações elevadas de uma dada substância no ambiente, que
se situam acima dos níveis de fundo. Originados por causas naturais (erupções vulcânicas);
Poluição – é de introdução antropogénica directa ou indirecta de substâncias ou energia que
prejudicam os organismos vivos. Descargas residuais que podem ser físicos (sólidos
suspensos), químicos (metais pesados) biológicos (micro organismos patogénicos).
Disponibilidade de água:
Na Europa o consumo irá manter-se mas prevê-se um aumento nos outros países nomeadamente
devido ao aumento do desenvolvimento económico e crescimento da população (Africa, América
Latina, China Sul e Sudoeste da Ásia).
O aumento do consumo da água de 1990 para 2050 é projectado por um factor de 2,12 relativamente
ao uso doméstico e 2,37 para uso industrial, 1,06 para uso agrícola. Estes valores resultam da
combinação do aumento da pressão demográfica com a melhoria na eficácia no consumo.
A quantidade de água disponível tem tendência a aumentar de 6 a 12% devido ao aumento de
temperatura terrestre que ocasiona a fusão da água nas calotes polares. No entanto, existem problemas
graves de escassez nalguma zonas que podem ter implicações na saúde e no bem-estar populacional,
desenvolvimento da agricultura e protecção dos ecossistemas dependentes de recursos aquáticos.
A disponibilidade de água poderá ainda ocasionar conflitos entre países onde rios e outros cursos de
água atravessam fronteiras de diferentes países. Esses conflitos poderão ser evitados se a distribuição
da água for discutida em conjunto. Este facto requer uma metodologia integrada por um conjunto de
factores como, análise por bacia hidrográfica, regulamentação legal, regras administrativas,
mecanismos financeiros, monitorização e controle (exp Portugal e Espanha).
A pressão que homem exerce pode conduzir à redução da quantidade. Podendo ser afectada pela sobre-
exploração de aquíferos e/ou pelo desvio de cursos de água originando a diminuição do seu caudal.
Uma das soluções passa pela dessalinização e pela reutilização da água.
Qualidade da água:
Põe-se em causa a qualidade quando ocorrem fenómenos de eutrofização, ou seja, quando há descargas
pontuais ou difusas de elevadas concentrações de contaminantes e quando ocorre intrusão salina. Deste
modo os impactes negativos na qualidade da água, originam problemas de saúde pública e prejudicam
os ecossistemas, podendo pôr em causa a capacidade de auto-regeneração dos sistemas aquáticos.
Na Europa a implementação de normas regulamentadoras nos sistemas de tratamento de águas
residuais reduziram substancialmente as descargas de nutrientes e matéria orgânica. É previsível que a
quantidade de esgotos contaminados aumente e que as práticas de agricultura intensiva continuem com
a consequente utilização excessiva de fertilizantes, originando a eutrofização das zonas costeiras e
contaminação de aquíferos. Os aquíferos podem ser igualmente contaminados por intrusão salina
devido à exploração de águas subterrâneas ao longo da costa devido a exploração industrial, áreas
urbanas e turismo.
Torna-se necessário tomar uma série de medidas de modo a evitar problemas ambientais mais graves.
Essas medidas passam por aumentar o número de sistemas de tratamento de águas residuais e melhorar
os actualmente existentes e estabelecer redes de protecção das águas interiores superficiais, águas
costeiras e subterrâneas.
Efeito de estufa e alterações climáticas:
O balanço térmico ideal para a manutenção da vida na Terra é proporcionado principalmente pela
presença de vapor de água e dióxido de carbono (CO2) existente na atmosfera. Estes gases absorvem a
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radiação solar infravermelha, emitida pela superfície terrestre impedindo assim que a radiação seja
perdida para o espaço. Este fenómeno natural denomina-se efeito de estufa uma vez que permite
aquecer a superfície terrestre e promove a subida da temperatura da troposfera com consequente
aumento da evaporação e precipitação.
A libertação de CO2 resultante da conversão dos combustíveis fósseis tem sido responsável pela
amplificação do fenómeno nos últimos séculos, em conjunto com outros gases como o metano, os
óxidos de azoto, Cloro-Fluor Carbonetos e ozono troposférico.
Outras actividades humanas como a agricultura, a desflorestação, processos industriais e a deposição
de resíduos em aterros sanitários também contribuem para o efeito de estufa.
Alterações climáticas:
Embora exista uma relação clara entre o aumento da temperatura e emissão de alguns gases que
contribuem para o efeito de estufa, não é possível afirmar com certeza que se trata de uma relação
causa-efeito. No entanto, as mudanças climáticas globais que alguns modelos sugerem, provocarão
alterações no ciclo hidrológico, traduzindo-se por exemplo na fusão das calotes polares, com elevação
do nível dos oceanos e consequente submersão das zonas costeiras, ou modificação dos padrões de
precipitação, provocando inundações ou secas e consequentemente perturbações nos ecossistemas.
Dado que é previsível o crescimento económico estima-se que as concentrações médias globais dos
três gases que mais contribuem para o efeito de estufa se alterem.
Protocolo de Quioto:
O encontro mundial onde pela primeira vez se regulamentaram as emissões de gases com efeito de
estufa foi a III Conferência das Partes da Convenção – Quadro das Alterações Climáticas ocorrida em
Quioto em 1997. Onde vários países assinaram um protocolo no sentido da redução global de 5,2% em
relação aos níveis de 1990.
Permitiu ainda a implementação de mecanismos de mercado denominados “mecanismo de Quioto”, ou
seja o comércio de emissões entre países industrializados e cooperação para o desenvolvimento para a
implementação de mecanismo de tecnologias limpas. Estes mecanismos permitem o comércio de
emissões entre países industrializados. Esta medida permite, por exemplo, a possibilidade de um país
cumprir parte dos seus compromissos, financiando projectos de eficiência energética e / ou retenção de
gases que contribuem para o efeito estufa num outro país, podendo esse primeiro país não necessitar de
reduzir as suas emissões.
No entanto, este protocolo tem algumas limitações, como o facto de não incluir os países em
desenvolvimento que para já estão sem obrigações de redução ou limitação de crescimento de
emissões e de não terem sido criados mecanismos de punição para quem não cumprir o acordo.
O encontro em Buenos Aires 1998:
Plano de acção para 2000 dos quais se destacam (EEA, 1999)
• Os mecanismos de financiamento para apoiar os países em desenvolvimento relativamente aos
efeitos adversos das alterações climáticas, nomeadamente através de medidas de adaptação;
• O desenvolvimento e transferência de tecnologias para os países em desenvolvimento;
• As actividades implementadas conjuntamente;
• O programa de trabalhos dos Mecanismos de Quioto, com prioridade no desenvolvimento de
mecanismos de tecnologias limpas;
Outros encontros se tem seguido, mas os acordos deles resultantes, dado o seu cariz político não se têm
revelado muito eficientes.
22
Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
A estratégia eficiente para a minimização deste problema passa pela modificação da quantidade e tipo
de combustíveis fósseis.
Existem várias formas para modificar a utilização de combustíveis fósseis e que se baseiam em três
metodologias:
Substituição por um combustível fóssil com maior capacidade de retenção de calor e com baixos
teores de carbono e enxofre, reduzindo assim as emissões de gases que contribuem para o efeito de
estufa e para a acidificação (chuva ácida)
Utilização de energias alternativas (eólica, solar, geotérmica);
Melhorias na eficiência/conservação de energia, levando a reduções significativas no combustível
gasto.
A redução dos gases que mais contribuem para o efeito de estufa como o dióxido de carbono e o
metano vai igualmente contribuir para a redução de poluentes que ocasionam outros problemas
ambientais como a acidificação, a rarefacção da camada de ozono, bem como a contribuição de forma
generalizada para a melhoria da qualidade de ar.
Torna-se urgente tomar medidas minimizadoras dos impactes, nomeadamente:
Desenvolvimento de culturas resistentes à secura;
Aumento da eficiência dos usos da água;
Evitar a perda e/ou fragmentação de habitats, evitando assim a extinção de espécies;
Efectuar uma reflorestação.
Biodiversidade:
A tendência para a diversificação, é uma propriedade inerente à progressão ecológica e à evolução
biológica em geral.
A destruição massiva de espécies ao longo de milhões de anos foram resultado de fenómenos naturais.
No entanto, hoje o ritmo de desaparecimento de espécies é assustador e cuja responsabilidade se
atribui ao homem.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
O uso do fogo, da agricultura, da indústria aliado aos incêndios e chuvas ácidas conduziu ao
desaparecimento de muitas espécies florestais. Assim, cada alteração num ecossistema pode ter
repercussões mais ou menos directas sobre os vários ecossistemas com os quais se relaciona.
Diminuição da biodiversidade
Para além da destruição de habitats, a introdução de espécies exóticas vegetal ou animal podem
provocar desequilíbrio, a contaminação e a exploração excessiva de recursos podem conduzir ao
desaparecimento de espécies.
A contaminação mais frequente é a contaminação de origem química. Produtos como metais pesados,
fertilizantes ou pesticidas, pela sua toxicidade e bio acumulação, tornam-se letais para diversas
espécies de animais e plantas.
A colheita excessiva de plantas endémicas (farmacêuticas ou culinárias), recolha de corais, pesca de
arrasto etc. que muitas vezes fazem parte da economia dos países.
Existe legislação que regulamenta para cada época do ano, as espécies e o número de indivíduos de
cada espécie é legal capturar e comercializar. No entanto os interesses económicos das empresas
multinacionais que dominam este mercado são demasiados grandes para que estas se preocupem em
respeitá-la.
Para lutar contra esta situação, foi assinado em Washington (1973) o Convénio Internacional de
Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestre 8CITES) que incita a cada um dos 23 países a criar
legislação que proteja os seus recursos selvagens.
Biodiversidade aplicada:
A diversidade genética dos seres vivos, deve ser guardada, constituindo-se bancos de genes para
utilização futura. A biotecnologia e a engenharia genética podem contribuir para a criação de novos
organismos transgénicos, com capacidades até então inexistentes. Assim, poder-se-á aumentar a
eficiência de medicamentos naturais e descobrir novas substâncias terapêuticas, criar diferentes modos
de controlo biológico de pragas agrícolas e inventar novos produtos de interesse industrial, mais
baratos e menos tóxicos.
Protecção da biodiversidade:
A preservação da biodiversidade tem um grande impacte social.
Na Conferência do Rio em 1992, saíram resoluções importantes, entre elas, o Acordo Internacional
sobre a Biodiversidade em que os países envolvidos se comprometeram a realizar um inventário sobre
as espécies existentes nos seus territórios.
Sendo os países mais pobres aqueles que dispõe de uma maior diversidade ecológica, têm direito a
benefícios económicos pela transacção dos seus recursos biológicos com terceiros, no entanto os países
compradores, com poder económico, são os que têm em regra geral grandes empresas multinacionais
farmacêuticas, químicas ou agro-alimentares, preferindo tirar partido de um recurso de outrem do que
pagar direitos sobre eles. Neste caso, há que actuar, sendo obrigação da sociedade civil ou das ONGs
fazer valer os direitos e proteger este património genético.
Desertificação e desflorestação:
Introdução:
O homem como Ser racional que é, procura solucionar com proveito próprio os entraves que se
colocam à colonização da terra.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
A instalação de povoações obrigou ao derrube de árvores. A agricultura e o pastoreio exigiram novos e
mais férteis campos para cultivo e pastagens, que se roubaram à floresta.
Como consequência de tudo isto as áreas florestais foram diminuindo, os solos perdendo fertilidade, e
o homem teve de avançar floresta dentro procurando meios de subsistência.
Ainda hoje se verifica em muitos países do hemisfério Sul, onde a necessidade de encontrar meios de
sobrevivência leva as populações que lutam contra a fome à destruição maciça de árvores e países que
pactuam com esta destruição em busca de madeiras exóticas. Segundo a FAO (Food and Agriculture
Organization) das Nações Unidas na década de 80 foram destruídas 155 milhões de hectares de
floresta tropical o que é preocupante.
Floresta e biodiversidade:
Madagascar é um caso emblemático, onde a desflroestação tem assumido proporções devastadoras.
Onde outrora se viam encostas verdejantes com uma vegetação luxuriante, vemos hoje colinas
avermelhadas com solos frágeis, expostos à erosão.
Nesta ilha do Pacífico existiam há anos insectos, mamíferos e plantas únicos no mundo. A imensa
riqueza biológica estava outrora protegida por uma floresta tropical. Mas o estabelecimento de colonos
e a colonização francesa até à independência foi desastrosa, trazendo milhares de habitantes que nela
sobreviveram e se instalaram, tendo de cortar e queimar florestas.
Hoje os solos encontram-se esgotados e deixados à mercê de agentes climáticos e existe um deserto.
A autor regulação do planeta proposto nos anos 70, por Lovelock na Teoria Gaia, “até há pouco tempo,
as actividades humanas eram assimiladas pela bio esfera no entanto hoje já não se consegue fazer
frente ao CO2 existente na atmosfera, notando-se o seu aquecimento global”.
Medidas futuras:
Os impactes antropogénicos sobre a floresta são demasiado alarmantes para que não se tome qualquer
atitude. Muitas das soluções que se propõem são político-económicas, mas o problema tem
importância social e ética. Propor que os países do Norte, que têm climas temperados e solos de
melhor qualidade, produzam bens para vender aos países do Sul, a preços baixos, é uma hipótese que
não é fácil de aceitar por uns nem por outros.
Resíduos:
Introdução:
O aumento de resíduos nos últimos 50 anos tomou proporções alarmantes obrigando os indivíduos e os
governos a uma mudança de atitude para além de uma maior responsabilização na sua eliminação e
valorização.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
Na Conferência do Rio, 1992, os países desenvolvidos afirmaram ter intenção de reduzir a sua
produção de resíduos assim como o consumo de produtos com componentes tóxicos. Apostando na
redução, reutilização e reciclagem e verificou-se uma maior preocupação em legislar quanto à
qualidade como quantidade.
Resíduos Industriais:
Distinguem-se dos domésticos pela maior variação na sua composição e pelas quantidades produzidas.
Também pela a variação no seu carácter tóxico dependendo do ramo da indústria e existem alguns que
são classificados de perigosos com características de perigosidade para a saúde e/ou ambiente.
Verifica-se em Portugal uma distribuição heterogénea por distrito sendo a maior incidência no distrito
de Setúbal, devido à elevada concentração de indústrias químicas e à presença de centrais térmicas,
seguido de Aveiro com as indústrias químicas e pasta de papel e Castelo Branco com indústrias
extractivas.
O mais alarmante é o facto dos resíduos serem eliminados por descarga no solo e no subsolo
registando-se uma pequena percentagem de tratamento por incineração.
As indústrias são responsáveis pela produção de resíduos perigosos e emissão de produtos tóxicos
ocasionando contaminações de lençóis freáticos, águas superficiais, atmosfera e cadeiras tróficas,
emissão de gases tóxicos ou pela deposição no solo e no subsolo conducentes à destruição de muitos
ecossistemas.
Ao longo de anos, a eliminação de resíduos perigosos industriais transformou-se numa actividade
altamente técnica, controlada pelos poderes públicos.
O tratamento é feito por dois tipos físico-químicos e incineração. O primeiro é utilizado no tratamento
de resíduos constituídos por metais pesados e ácidos e o segundo destina-se a matérias orgânicas não
bio degradáveis.
Nas incineradoras é possível recuperar energia da combustão para produção de electricidade, mas a
emissão de dioxinas para a atmosfera leva as populações a contestarem a instalação de incineradoras
nos seus perímetros urbanos.
Algumas indústrias têm desenvolvido grandes esforços para a diminuição dos resíduos que produzem,
há alguns resíduos que não podem ser resolvidos no seu interior, sendo muitos destes produtos
recolhidos, armazenados e tratados por indústrias de recuperação. Assim os resíduos de uns podem
transformar-se na matéria-prima de outros.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
Medidas futuras:
É fundamental dar conhecimentos aos cidadãos, aos industriais, aos políticos sobre as consequências
ambientais das atitudes menos reflectidas ou mais oportunistas que cada um toma. É urgente informar
para que cada um seja responsabilizado preocupando-se em reduzir a quantidade de resíduos que
produz, reutilizar tanto quanto puder os “desperdícios” que causa e por último reciclar e valorizar os
bens que possui.
Principais instrumentos de política ambiental para se efectuar a transição ambiental que integre o
ambiente e os processos de decisão económica:
Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) – Procedimento administrativo que garante que, antes da
autorização de um projecto, os seus potenciais impactes significativos sobre o ambiente sejam
satisfatoriamente avaliados e tidos em consideração;
Avaliação Ambiental Estratégica – Procedimento que visa a aplicação da Avaliação de Impacte
Ambiental a politicas, planos e programas. Colmatar lacunas dos AIA evitando que as medidas de
protecção ambiental sejam sugeridas já numa fase tardia de planeamento;
Legislação Ambiental – Regulamentar e proteger por lei o ambiente. A eficiência depende da sua
implementação e fiscalização;
Gestão Ambiental e Auditorias Ambientais – Avaliação da qualidade ambiental de uma empresa
em todos os níveis da sua actividade, por exemplo, consumo de matérias primas, energéticos,
produção de resíduos e emissão de efluentes, qualidade do ambiente de trabalho, iniciativas para a
promoção da qualidade do ambiente. As Normas Internacionais ISSO 14000 visam a aplicação de
sistemas de gestão ambiental e de outros instrumentos relacionados. O regulamento europeu é o
EMAS incide sobre o sector industrial;
Análise do Ciclo de Vida de Produtos (ACV) – técnica de avaliação dos impactes ambientais
associados a um produto ou serviço (desde a extracção de matérias primas ou transformação de
recursos naturais, até à deposição final do produto);
Rótulos Ecológicos – atribuição de rótulos ecológicos a equipamentos que são submetidos a um
licenciamento perante a análise do ciclo de vida do produto, sendo necessário que as empresas
comprovem que na sua composição e fabrico foram seguidos determinados critérios tendo em
conta a preservação do ambiente;
Acordos voluntários – acordos com os governos de cada país no sentido de motivar o tecido
industrial a considerar critérios de natureza ambiental nos seus processos produtivos conduzindo à
implementação de medidas, tanto externas como internas às instalações, considerando a integração
de práticas ou equipamentos de redução da poluição;
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
Tecnologias limpas – processo de implementação de tecnologias menos poluidoras nas industrias
que tenham em conta a prevenção da poluição e não a utilização de técnicas de despoluição no
final da linha do processo produtivo convencional;
Subsídios – apoios para ajudar a incrementar àqueles que beneficiam as condições ambientais;
Taxas Ambientais – Processo que consiste na incorporação dos custos da poluição e outros custos
ambientais nos preços. Princípio do Poluidor Pagador. Existem três tipos de taxas: taxa por serviço
prestado, taxas de incentivo (redução nos impostos), taxas fiscais ambientais (geram receitas);
Comércio ambiental e implementação conjunta – Fixação total de uma quantidade de poluição
permitida sendo permitido o comércio de emissões entre diferentes países desde que o balanço total
seja mantido.
Saliente-se por último que a globalização do mercado económico coloca em particular um sério
desafio ao desenvolvimento sustentável, dado que privilegia as desigualdades nos níveis de
desenvolvimento e a falta de estruturas efectivas para a governação internacional.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
Em 2050 a população com mais de 60 anos representará 33%, mais do dobro, da proporção de jovens
com menos de 15 anos 15%.
4.2.2.4 – Evolução do número de indivíduos com 65 e mais anos no total da população mundial:
Existe uma tendência para o envelhecimento da população no Mundo. Sendo mais acentuada nos
países mais desenvolvidos no período entre 1950-2020.
4.3 – Migrações:
Desde sempre que o homem se tem movimentado de um local para o outro na busca de melhores
condições para a sua sobrevivência (melhores terras, melhor clima, melhores acessibilidades, etc…
Contudo foi a partir do século XVI que se deram os maiores movimentos.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
Enquanto os países mais desenvolvidos, evidenciam uma tendência para um decréscimo do seu
efectivo populacional, nos países menos desenvolvidos verifica-se uma situação inversa, ou seja, as
suas populações terão um peso cada vez maior no total mundial.
O diferente crescimento entre estas duas grandes regiões deve-se, sobretudo, à variação da
fecundidade. Para alterar esta situação, os estados podem servir-se das políticas demográficas ou da
população que melhor se adeqúem às características e necessidades dos seus países.
V. GLOBALIZAÇÃO ECONÓMICA:
5.1 - Introdução:
Principais conceitos usados na análise dos determinantes da globalização, moldura básica necessária
para a compreensão das relações entre globalização, desnacionalização e vulnerabilidade externa. O
argumento central é que o processo de globalização económica provoca relações mais complexas e
profundas de interdependência entre economias nacionais e, no caso de alguns países (Brasil, - e
toda a América Latina) essas relações levam à consolidação ou ao agravamento de uma situação de
vulnerabilidade externa.
A entrada “desqualificada” de abertura ao capital estrangeiro provoca uma desnacionalização
agravando a vulnerabilidade externa da economia. A entrada de empresas de capital estrangeiro (ECE),
transnacionais, por virem acompanhadas de extraordinárias fontes internas de poder e principalmente
de fontes externas de poder.
IED - O Investimento Externo Directo refere-se a todo o fluxo de capital estrangeiro destinado a uma
empresa (residente) sobre a qual o estrangeiro (não-residente) exerce controlo sobre a tomada de
decisão.
ECE – Empresas de Capital Estrangeiro – empresa matriz (não residente), da filial ou subsidiária
(residente) no país. É uma empresa internacional, multinacional, transnacional.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
2. A concorrência desenfreada nos mercados internacionais;
• Ou seja o acirramento/agitação da concorrência internacional. A competitividade
internacional na agenda da política económica dos países sugere que há uma rivalidade
cada vez maior no sistema económico mundial. Manifesta-se numa maior disputa por
transacções financeiras internacionais envolvendo um maior número de bancos e
instituições financeiras não bancárias. O maior banco de investimentos dos EUA é o
Merrill Lynch que ocupou o primeiro lugar na emissão internacional de títulos.
• Os investimentos em Bolsa com bases geográficas, são efectuados por investidores que
podem actuar por meio de instituições financeiras internacionais ou, então, directamente
nos mercados nos quais têm interesse. Estes centros de investimento, mercados
emergentes, situam-se em Singapura e Hong Kong, S. Paulo e Cidade do México e
Varsóvia e Budapeste na Europa.
3. A maior integração entre os sistemas económicos nacionais ou seja crescente integração dos
sistemas económicos nacionais.
• Este processo manifesta-se quando no caso da globalização financeira, uma proporção
crescente de activos financeiros emitidos por residentes está nas mãos de não-residentes e
vice-versa. Ou seja o indicador é o diferencial entre as taxas de crescimento das
transacções financeiras internacionais e nacionais.
• Participação de títulos estrangeiros na carteira dos fundos de pensões norte-americanas.
Durante o final do século XIX o contra movimento proteccionista atingiu as transacções internacionais
das mercadorias estratégicas, durante este período do nacionalismo liberal transformava-se um
liberalismo nacional, com os seus mercados apoiando-se no proteccionismo e no imperialismo na área
externa e no conservadorismo monopolista na área interna.
A especificidade da globalização económica no final do século XX consistiu na simultaneidade dos
processos de crescimento extraordinário dos fluxos internacionais, “acirramento” da concorrência no
sistema internacional e integração crescente entre os sistemas económicos nacionais.
Contudo, esse processo ocorre sem o contra movimento proteccionista, intervencionista e regulador,
que marcou, por exemplo, o final do século XIX. Essa especificidade é particularmente importante e
merece um nome específico: globalização.
2. Institucionais
• Envolve factores de ordem política e institucional vinculados à ascensão das ideias liberais
na década de 80, Tatcher e Reagan. O resultado dessa ascensão foi uma onda de
desregulamentação do sistema económico à escala global., no entanto na década de 70 a
pressão para uma maior liberdade forçou a ruptura do sistema de Bretton Woods que foi
acompanhada da instabilidade de taxas de juros e câmbios. Assim, a liberdade de escolha,
diante de opções políticas e ideológicas mais liberalizantes, parece ter desempenhado um
papel coadjuvante no processo de liberalização, tendo em vista a força avassaladora e a
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
gravidade da realidade económica, bem como a própria fragilidade e a incapacidade das
elites nacionais de definirem projectos alternativos de ajuste e desenvolvimento.
• Ao longo dos anos 80, os fundos mútuos, as companhias de seguros e os fundos de pensões
dos países desenvolvidos defrontaram-se com a instabilidade das taxas de juros e das taxas
de câmbios o resultado foi uma mudança de orientação na estratégia de diversificação dos
seus recursos, no sentido de uma maior dispersão geográfica.
3. Sistémicos
• Os factores são de ordem sistémica e estrutural. O ponto central reside em ver a
globalização económica como parte integrante de um movimento de acumulação à escala
global caracterizado pelas dificuldades de expansão da esfera produtiva das economias
capitalistas sólidas/maduras. A questão central refere-se ao menor potencial de crescimento
dos mercados domésticos dos países desenvolvidos, ricos em capital, isto é, trata-se do
problema clássico de realização do capital. Como resultado, há um deslocamento de
recursos da esfera produtiva para a esfera financeira e, portanto, um efeito de expansão dos
mercados de capitais domésticos e internacional.
No início dos anos 80, após o período de crise (estagnação e inflação) dos anos 70, a situação das
economias capitalistas “maduras” era particularmente difícil.
As economias capitalistas desenvolvidas defrontavam-se com quatro respostas básicas para sair da
crise de acumulação
1. Saída keynesiana
Com políticas fiscais expansionistas e défices públicos. A expansão dos investimentos públicos é uma
das principais formas de realizar essa saída da crise. Entretanto, essa saída tem retornos decrescentes
na medida em que os défices públicos recorrentes provocam o crescimento da dívida pública interna e
acabam mais tarde por gerar políticas monetárias restritivas.
2. Saída schumpeteriana
De indução do processo de destruição criadora, por meio do qual se promove uma nova onda de
inovações tecnológicas e organizacionais capaz de aumentar os gastos (consumo e investimento). No
entanto, do ponto de vista da procura interna pode ocorrer que esse processo provoque mais destruição
do que criação ou seja as inovações tecnológicas e organizacionais podem poupar a mão-de-obra e
acaba por reduzir a massa de salários na economia. Assim temos o conhecido “mecanismo do
acelerador” por meio do qual o maior crescimento da procura provoca aumento dos investimentos.
3. Distribuição do produto e riqueza
Ainda que essa resposta seja muito mais efectiva em economias atrasadas, com populações pobres e
enormes desigualdades, ela pode ter algum impacto nas economias desenvolvidas. O problema central
é de natureza política.
4. Mercado externo
Tentam transformar as exportações na “locomotiva” da economia nacional. Nesse sentido as
economias avançadas devem alcançar uma trajectória de crescente competitividade internacional, as
restrições pelo lado da procura externa são também cada vez maiores, considerando o lento
crescimento da economia mundial, as suas flutuações cíclicas e as ondas de proteccionismo.
O processo de globalização dos últimos anos tem servido para interromper e, eventualmente, reverter a
tendência da queda das taxas dos lucros nas economias capitalistas desenvolvidas entre o início dos
anos 70 e 80 – período de estagnação. O processo de globalização por meio da abertura e exploração
dos mercados externos – tem permitido uma recuperação das taxas de lucro.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
Na realidade, a saída preferencial usada pelas economias capitalistas desenvolvidas desde o início dos
anos 80 tem sido aquela que procura maior acesso aos mercados internacionais de bens, serviços e
capitais. Essa estratégia surge como reacção à insuficiência de procura interna nos países capitalistas
desenvolvidos, sendo activamente promovida por governos e empresas transnacionais. Portanto, a
insuficiência da procura colectiva nos países desenvolvidos constitui-se no mais importante e
determinante fenómeno da globalização económica deste final de século.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
• Deve-se esperar maior probabilidade de acordos formais ou informais quando há um grau
mais elevado de concentração do país de origem das ECE. Semelhantes heranças sócio-
culturais de executivos tendem a aproximá-los, aumentando a probabilidade de acordos e
de acção comum. A existência de Câmaras de Comércio como um espaço de discussão e
instrumento de pressão, mostra a importância da origem comum do capital estrangeiro.
7. Importância relativa do país receptor
• O poder das ECE num determinado país está inversamente relacionado com a importância
relativa do país receptor no cenário internacional. As ECE correm mais riscos quando estão
dispersas entre vários países do que quando se concentram em apenas alguns.
8. Dinâmica da inovação tecnológica
• As ECE caracterizam-se por um dinamismo tecnológico, pois maior tende a ser o poder de
intervenção económica das ECE num pais isoladamente.
9. Concentração do desenvolvimento tecnológico
• A intervenção dos proprietários de tecnologia é uma fonte de pressão, pois pode levar a
uma maior vulnerabilidade externa dos países na sua dimensão tecnológica como nas
relações internacionais. Pode-se chegar mesmo a uma situação de apartheid tecnológico,
eventualmente provocado por governos que fortaleçam o poder de intervenção/ acção das
ECE.
10. Política externa do governo do país de origem
• As ECE tendem a influenciar a política externa dos governos dos seus países de origem
para obter vantagens nos países receptores. Podendo variar da protecção diplomática às
operações militares.
11. Marco jurídico e institucional no sistema internacional
• As ECE podem apelar de forma directa ou indirecta para elementos externos de natureza
institucional podendo ampliar o seu poder. Estes elementos referem-se a princípios,
normas, procedimentos que se encontram nos acordos internacionais, nas organizações
multilaterais e nos procedimentos dos tribunais de arbitragem. É razão porque desde 1995
há uma forte resistência à criação do Acordo Multilateral de Investimentos (AMI) no
âmbito da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). O
objectivo central do AMI é definir um conjunto de direitos para as ECE e, por outro lado,
restringir o grau de manobra de governos na direcção da regulamentação dessas empresas.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
Vamo-nos afastando da época em que as identidades se definiam por essências a-históricas:
actualmente configuram-se no consumo, dependem daquilo que se possui, ou daquilo que se pode
chegar a possuir.
Nos séculos XIX e XX a formação de nações modernas permitiu transcender as visões “aldeãs” dos
camponeses, e ao mesmo tempo evitou que nos dissolvêssemos na vasta dispersão do mundo.
As culturas nacionais pareciam sistemas razoáveis para preservar, dentro da homogeneidade industrial,
certas diferenças e certo enraizamento territorial, que mais ou menos coincidiam com os espaços de
produção e circulação dos bens.
O valor simbólico de consumir “nosso” era sustentado por uma nacionalidade económica, a procura de
marcas estrangeiras era um recurso de prestígio se bem que por vezes era uma opção por qualidade.
No entanto hoje, os objectos perdem a relação de fidelidade com os territórios de origem. A cultura é
um processo de montagem multinacional, uma articulação flexível de partes, uma colagem de traços
que qualquer cidadão de qualquer país, religião e ideologia pode ler e utilizar.
O que diferencia a internacionalização da globalização é que no tempo de internacionalização das
culturas nacionais era possível não se estar satisfeito com o que se possuía e ir procurá-lo noutro lugar.
A internacionalização foi uma abertura das fronteiras geográficas de cada sociedade para incorporar
bens materiais e simbólicos das outras. A globalização supõe uma interacção funcional de actividades
económicas e culturais dispersas, bens e serviços gerados por um sistema com muitos centros, no qual
é mais importante a velocidade com que se percorres o mundo do que as posições geográficas a partir
das quais se está agir.
As manifestações culturais foram submetidas aos valores que dinamizam o mercado e a moda: o
consumo incessantemente renovado, a surpresa e o divertimento. As decisões políticas e económicas
são tomadas em função das seduções imediatistas do consumo, o livre comércio sem memória dos seus
erros, a importação desenfreada dos últimos modelos que nos faz cair, uma e outra vez, como se cada
uma fosse a primeira, nesse consumismo.
A maneira neoliberal de fazer a globalização consiste em reduzir empregos para reduzir custos,
competindo entre empresas transnacionais, cuja direcção tem origem a partir de um ponto
desconhecido, de modo que os interesses sindicais e nacionais quase não podem ser exercidos. A
consequência é que mais de 40% da população das sociedades em vias de desenvolvimento se encontra
privada de trabalho estável e de condições mínimas de segurança.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
como entidades que comportam o social e na reorganização das funções dos actores políticos
tradicionais.
A partir do século XVII, numa perspectiva funcionalista, o modelo de saúde acentua o aspecto curativo
das ciências da saúde, partindo da ideia que o equilíbrio no indivíduo saudável se pode romper quando
adoece, havendo então que reparar a avaria, papel que é confiado aos profissionais de saúde,
nomeadamente médicos e enfermeiros, cujo número passou a ser um indicador de qualidade de
cuidados de saúde.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
Segundo o modelo preventivo, prevenção da doença, o importante é evitar que indivíduo adoeça. Aqui
desempenham um papel importante o uso das vacinas, consumo de citrinos para prevenir o escorbuto e
deixar de fumar na prevenção do cancro do pulmão.
Nas últimas décadas do século XX acentuou-se o uso da expressão promoção de saúde, que traduz um
modelo mais alargado de saúde e que abrange atitudes, comportamentos e estilos de vida que se
traduzem no bem estar físico, psíquico e social do indivíduo, contribuindo para evitar a doença ou
outra condição que ponha em risco a vida do individuo.
Nos programas de promoção de saúde destaca-se a necessidade de considerar a população como um
todo. Os indicadores de saúde mais utilizados têm sido o número de médico e enfermeiros por 100.000
habitantes, a taxa de mortalidade geral, a taxa de mortalidade infantil e a esperança de vida.
Os indicadores mostram que o nível de saúde é maior nos países industrializados do que nos países em
vias de desenvolvimento. Uma das tendências que se tem verificado em todos os países é a da
crescente procura de serviços e cuidados de saúde o que faz com que os recursos, mesmo quando
crescem, pareçam sempre insuficientes.
Para além do problema da SIDA como doença infecciosa, esta doença tem desencadeado em todo o
mundo reacções de carácter emocional, levando a fenómenos de exclusão social dos indivíduos
infectados, uma verdadeira epidemia social como tem sido designada.
Resultante da força conjugada do aumento da esperança média de vida das populações e da redução
drástica do ciclo de vida do Conhecimento, a formação inicial perdeu peso relativo, circunscrevendo-
se à aprendizagem básica de conhecimentos, técnicas e atitudes, susceptíveis de virem alicerçar a
aprendizagem ao longo do resto do ciclo de vida. Em contrapartida regista-se o alargamento da
formação contínua.
Assim, a educação no mundo contemporâneo assume-se como um processo que acompanha o ciclo de
vida humano.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
Podemos tipificar essas novas necessidades educativas em dois grupos que mutuamente se interligam:
necessidades relacionadas com a adaptação ao processo de mudança e necessidades ligadas à gestão
dos conteúdos dessa mudança (2ª característica do mundo contemporâneo).
1. Aprender adaptar-se à mudança:
O adulto, o jovem e a criança têm necessidade de aprender estratégias adaptativas face ao choque
cultural provocado pelo acelerado ritmo de mudança.
A compressão do Tempo, acelerando o metabolismo social torna imperiosa a aprendizagem da
adaptação aos novos ritmos de vida através da racionalização de processos de decisão cada vez
mais rápidos. Isto implica aprender a dominar o medo ao desconhecido e a assumir o estatuto
de imigrante no tempo interiorizando que o novo, o diverso e o transitório não são maus em si,
são riscos que contêm ameaças mas também oportunidades de melhorar a qualidade de vida,
assim é importante aprender:
• Adaptar-se a novos instrumentos e a novos processos de trabalho para que deles possa
extrair um desempenho qualificado;
• A ser um consumidor crítico e não um mero objecto das estratégias de venda do sistema
massificador da sociedade de consumo;
• A adaptar-se rapidamente a novos lugares e ambientes sabendo deles tirar partido. Terá,
por exemplo, de aprender técnicas de reconhecimento, de observação e de integração a
novos ambientes.
Assim é cada vez mais imperativo que se ganhem novas competências comunicacionais de modo
a poder com maior rapidez e melhor qualidade estabelecer relações sociais nos níveis
interpessoal, grupal organizacional e institucional.
Quanto á relação com o saber o cidadão contemporâneo necessita de ter consciência que há
necessidade de reaprender pois o saber é degradável e a ignorância uma constante. O fenómeno
da planetarização, torna urgente o investimento na aprendizagem sobre a unidade e sobre a
diversidade da espécie humana, combatendo toda a espécie de etnocentrismos.
2. Aprender a gerir a mudança:
Há necessidades educativas às gerações contemporâneas, no sentido de aprenderem a gerir os
conteúdos da mudança como protagonistas activos da sua história e não como meros objectos da
colisão civilizacional em curso. Assim em necessário aprender:
• Tirar partido dos recursos e sistemas energéticos;
• Utilizar as novas tecnologias como instrumentos e não como fins em si, contrapondo à
dominante cultura do individualismo uma cultura da solidariedade;
• Produzir, distribuir e consumir bens e serviços, à escala mundial, tendo em vista a melhoria
da qualidade de vida;
• Lidar com a diversidade de modelos de organização social (família, escola e empresa);
• Orientar e controlar a sua vida de forma autónoma;
• Utilizar de maneira ética e crítica os media
• Aprender novas formas de se relacionar com o tempo e com as culturas vigentes em
presença.
Margaret Mead (1969) chama a atenção para que em virtude da mudança singular a que a sociedade
contemporânea está sujeita, o processo de socialização integrar três diferentes sentidos, por vezes
conflituais e que nos remete para o alargamento das necessidades educativas a todas as gerações tem
vindo a criar uma sobrecarga de exigências aos sistemas educativos contemporâneos:
1. Uma socialização de tipo tradicional, das gerações mais velhas com as mais novas;
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
2. Uma socialização semelhante à que os grupos migrantes sofrem.
3. Uma socialização de sentido inverso, das gerações mais novas para as mais velhas;
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
A variável estratégica, conferida à educação, na sociedade contemporânea foi a escolha de dois
indicadores de educação entre os quatro seleccionado para integrarem o índice de desenvolvimento
humano (IDH) do Plano da Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A análise pode ser efectuada de acordo com três conjuntos:
1. Numa perspectiva macro-sociológica, a questão da educação deve ser concebida como um
problema económico e político, tanto pela amplitude das necessidades e dos recursos envolvidos
como pelos efeitos globais do seu funcionamento;
2. Numa óptica meso-sociológica é indispensável entendê-la como um problema organizacional,
uma vez que a organização dos recursos tem efeitos imediatos na eficácia e na eficiência do
processo educativo;
3. Numa aproximação micro-sociológica interessa equacioná-la como um problema psico-social,
dado o processo educativo resultar fundamentalmente de relações inter-pessoais, estabelecidas
entre os diversos protagonistas envolvidos no processo.
7.2.2 – Os produtos:
A diferente situação em que os diversos sistemas de ensino se encontram relativamente aos recursos
disponíveis e às exigências a que têm de fazer face, naturalmente afecta os seus produtos, que se
traduzem na qualidade das qualificações produzidas pelo sistema e no número de pessoas qualificadas
nos vários níveis de ensino.
Qualidade das qualificações produzidas pelo sistema e no número de pessoas qualificadas nos vários
níveis de ensino.
Em termos mundiais, existe um baixo número de anos de estudos na população adulta para a
necessidade da sua formação complementar de forma a fazer face às novas exigências profissionais.
A partir de dados apresentados, pode-se extrair 3 conclusões:
A qualidade das qualificações produzidas pelos sistemas de ensino contemporâneo é ainda
insuficiente, quer porque a quantidade de conhecimentos passível de transmissão é baixa (dado
o pequeno número de anos de escolaridade), quer pelo número insuficiente de quadros
superiores globalmente produzidos;
O fosso da qualidade entre os sistemas de ensino dos países em desenvolvimento e dos países
industriais é ainda muito alto, com a agravante dos primeiros terem necessidades educativas
muito superiores às dos segundos;
O segmento feminino ainda é particularmente discriminado no acesso ao conhecimento.
Em síntese, observando os sistemas de ensino contemporâneo como indústrias, regista-se uma crise
global, resultante de uma insuficiente oferta de ensino perante uma crescente pressão de procura:
As necessidades do mercado aumentaram vertiginosamente tanto pelo aumento numérico dos
aprendentes, como pela diversidade das exigências feitas;
Os recursos materiais, humanos e ambientais, indispensáveis para fazer face ao acréscimo de
necessidades, são claramente insuficientes, sendo muitas vezes desviados para outros fins;
A falta de recursos é mais grave nos países menos desenvolvidos simultaneamente os mais
carecidos de investimentos em educação.
As assimetrias observadas reflectem-se nos produtos dos sistemas educativos, quer no que
respeita à sua qualidade quer no que concerne à quantidade, e são agravadas directamente pela
condição feminina e pelo nível de desenvolvimento.
Registam-se ainda em muitos países, baixos índices de escolaridade, baixo número de quadros
superiores, baixas taxas de alfabetização e baixas taxas de cobertura do ensino secundário e
terciário.
A educação assume-se como um problema sócio-politico por excelência, uma vez que a adequação dos
recursos às necessidades educativas tem efeitos evidentes na sociedade global.
7.3 – A educação como problema organizacional:
A eficácia no processo educativo
• Tem a ver com a convergência entre objectivos (resultados) previstos e alcançados;
A eficiência no processo educativo
• Relaciona os objectivos alcançados com os recursos afectados para os atingir.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
geridos. Os que exigem uma relação com o ambiente externo e os que têm a ver com a dinâmica
interna da escola.
7.6 – Em Síntese:
• A sociedade contemporânea confronta-se com novas necessidades educativas decorrentes de três
processos à escala planetária, que mutuamente se influenciam:
1. A aceleração da mudança;
2. A planetarização dos problemas sociais;
3. A alteração dos sistemas de poder;
• A aceleração da mudança fez emergir dois tipos de necessidades educativas, que reclamam
políticas de adaptação ao choque cultural provocado pela mudança e de condução do processo de
mudança, através da gestão dos seus conteúdos;
• A planetarização dos problemas sociais determinou novas necessidades que apelam para duas
estratégias educativas: educação para o desenvolvimento e educação para a solidariedade;
• A alteração dos sistemas de poder, por seu turno, chama a atenção para a necessidade de duas
outras estratégias educativas: educação para a autonomia e educação para a democracia;
• As novas necessidades educativas, afectam toda a população no seu conjunto, e não só os seus
segmentos infantil e juvenil. A generalização dos públicos-alvo, a universalização das
necessidades de formação inicial e o alargamento das necessidades de formação contínua,
implicaram um aumento de pressão sobre os sistemas educativos tradicionais;
• Os sistemas educativos convencionais, estão longe de conseguir garantir respostas, quantitativa e
qualitativamente adequadas, sendo indispensável introduzir reformas conducentes a criar uma
oferta correspondente à sobrecarga de exigências do lado da procura;
• Tal oferta, deverá obedecer a um perfil de diversidade, quer quanto às agências de educação,
empenhando as organizações públicas (administrações centrais, regionais e locais) e não
governamentais (ONGs), quer quanto às formas de resposta, diversificando as estratégias de
ensino e formação.
Neste contexto, a educação assume-se como um problema social complexo, que deve ser observado a
várias escalas de análise, cada uma das quais exige medidas de intervenção adequadas.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
8.1 – Racismo:
O conceito de racismo é uma construção recente. Foi com o impulso da ciência nos séculos XVIII e
IXX que se iniciou a discussão política em torno da raça devido ao desenvolvimento de várias teorias
de raça. “As teorias da raça” dividiam a espécie humana em categorias biológicas distintas e atribuíam
a cada uma delas uma posição específica numa hierarquia de capacidades culturais e de estádios de
civilização. Esta diferenciação entre raças superiores e raças inferiores e a legitimação da supremacia
das primeiras face a estas designa-se por racialismo.
A noção de raça servia também para racializar populações que atravessavam um processo de
construção de Estados Nacionais, foi assim que nasceu o projecto ideológico de construção de uma
nação alemã, unificada pela pertença ancestral a uma raça ariana, sustentado pela classificação
convergente de raça e nação, justificando assim a exclusão da raça judia.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
Foi com o horror nazi que a ideologia que legitimava a desigualdade entre os grupos ganhasse nova
importância após 1945. É só a partir da década de 60 que o conceito raça vai desaparecendo na Europa
e nos EUA. Ou seja a demonstração científica de que o conceito de raça é uma construção social sem
fundamentação biológica. Ao nível político, o conceito de raça tornou-se inaceitável para justificar a
supremacia de um povo face a outro.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
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A origem está no objectivo de mudar a ordem social, moral e cultural da sociedade após a época
gloriosa dos anos 30 e o fim da 2ª guerra mundial tinham dado lugar a crescentes desigualdades
sociais. A nova ordem económica influenciou as formas de interacção social e os valores traduzindo-se
no enfraquecimento das solidariedades, no aumento da competição entre os grupos e no reforço de
valores individualistas por oposição ao colectivo.
Assim o religioso tornou-se num refúgio para que as pessoas se sentissem protegidas e à construção de
novos projectos para a sociedade marcados pelo retorno ao religioso dando origem aos movimentos
fundamentalistas nas três religiões monoteístas. No entanto no mundo islâmico existe uma mais forte
base social de apoio ao fundamentalismo religioso.
A Europa Ocidental vê nos finais do século XX no fundamentalismo islâmico a grande ameaça do
futuro, sendo este o motor para sentimentos xenófobos contra as comunidades imigrantes muçulmanas
instaladas na Europa. Muitas vezes o reforço no fundamentalismo islâmico é uma reacção a essas
manifestações de rejeição., por exemplo em França a pertença de jovens aos princípios religiosos é
uma forma de proporcionar segurança e bem-estar.
Os conflitos que têm vindo a eclodir no fim do século XX revestem-se de um carácter multifacetado,
onde as manifestações de racismo e xenofobia, a intolerância étnica e os fundamentalismos religiosos
se apresentam conjugados com nacionalismos políticos, ou fortemente intrincados nas próprias
mudanças de ordem económica e social que atravessam as sociedades de todo o mundo.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
8.3 – Sexismo:
O sexismo define-se por preconceitos, estereótipos e discriminações baseadas no sexo da pessoa.
Relacionam-se papéis ou funções sociais identificados como específicos de homens e mulheres. Os
homens não choram é uma expressão que ilustra a mentalidade sexista ao negar aos homens
exprimirem emoções. As mulheres são as maiores vitimas pois desses esterótipos resultam
discriminação e uma posição de subordinação face aos homens.
A análise de desigualdade e da discriminação das mulheres face aos homens gira em torno de três
grandes temas: a natureza, a família e o trabalho.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
• A realização de cooperação internacional na solução de problemas internacionais de carácter
social, económico, cultural, humanitário
8.5 – Síntese:
Desde o século XVIII, que inaugurou o primado da razão, que o pensamento científico-social tem
influenciado fortemente a doutrina política. É, precisamente, a aplicação das teorias ou opiniões,
sejam elas do foro científico ou público, à vida política que as transforma em ideologias.
Vimos como o racismo se tornou uma ideologia legitimada pelas teses científicas dos teóricos da
raça do século XIX, na mesma medida em que o sexismo se enraizou nas teses essencialistas que
diferenciam os sexos e os aprisionam em atributos imutáveis relativos a uma natureza masculina e
a uma natureza feminina. Por outro lado, se a xenofobia, ao contrário do racismo, não constitui
uma ideologia, também ela é justificada mediante a defesa de um ideal de nações culturalmente
homogéneas, onde a diferença é diluída (quando não esmagada) tendo em vista a construção da
identidade nacional. Vimos como os fundamentalismos religiosos se alimentam das reacções
xenófobas de medo do estranho e se confundem com nacionalismos, onde a questão da etnicidade é
manipulada para mascarar projectos de sociedade discriminatórios.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
A diferença e a desigualdade que separam os seres humanos nas sociedades contemporâneas é o
resultado do projecto inacabado da Modernidade, que falhou na concretização do ideal de
Liberdade, Igualdade, Fraternidade. O grande dilema com que o mundo contemporâneo se defronta
é o da ciência não ter sabido resolver todos os problemas da Humanidade e, paradoxalmente, ter
contribuído para gerar novos problemas. Um exemplo incontestável é a concorrência do
Holocausto, efeito de um projecto político-ideológico legitimado por explicações científicas que
recorreram ao eugenismo e determinismo biológico do século XIX, colocando a ciência como
alicerce da ideologia e prática discriminatória.
Devido precisamente aos horrores do nazismo e para evitar a eclosão de conflitos de tão grande
barbaridade no futuro, desenvolvem-se, a partir de meados do século XX, os esforços da
diplomacia internacional no sentido de assegurar um standard mínimo de direitos, à luz da trilogia
herdada da Revolução Francesa. Tendo em mente este objectivo, os temas do racismo, xenofobia,
fundamentalismos e sexismo vão confluir na elaboração da Declaração Universal dos Direitos
Humanos.
O constante não cumprimento dos Direitos Humanos em muitos países subscritores da Declaração
Universal constitui um reflexo das relações contraditórias da Modernidade, que balança entre
particularismos e universalismo, que atravessam a história dos povos e que nem o progresso
científico nem a evolução do pensamento político souberam, ainda, ultrapassar.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
- Suicídio em Durkheim:
Na obra de Durkheim, publicada em 1897, explica o fenómeno com uma perspectiva sociológica
demonstrando que o suicídio ofende a consciência moral e considerando-o um fenómeno de patologia
social.
Durkheim define-o como toda a morte que resulta mediata ou imediatamente de um acto positivo ou
negativo, realizado pela própria vítima.
Com base em vários documentos provou que os católicos suicidam-se menos que os protestantes; estes
mais que os judeus e os casados mais que os celibatários, divorciados ou viúvos.
Há duas ordens de factores que podem explicar o suicídio segundo Darkheim são extra-sociais e
sociais.
Fenómenos extra-sociais, embora considere que estes não são determinantes:
1. Estados psicóticos identificando quatro tipos de suicídios vesânicos. Maníaco, melancólico,
obsessivo, impulsivo ou automático. A neurastenia predispõe ao suicídio.
2. Efeitos de raça e hereditariedade
3. Factores cósmicos: clima e temperatura.
4. Imitação por contágio.
O fenómeno pode ser social quando não se prendem com os factores de constituição organicopsíquica
dos indivíduos nem o meio físico:
1. Egoísta – motivado pelo excessivo isolamento do indivíduo face à sociedade, à família e à
religião;
2. Altruísta – quando a existência do indivíduo vale pouca coisa face à colectividade;
3. Anómico – ocorre por ocasião das grandes transformações sociais e em que há dificuldade de
integração.
9.5 – Em síntese:
A problemática do suicídio tem acompanhado a humanidade ao longo dos tempos desconhecendo-
se qualquer sociedade ou micro-cultura em que o fenómeno não tenha ocorrido.
As explicações encontradas são várias e complexas e a abordagem sociológica foi efectuada pela
primeira vez em 1897 por Durkheim.
As taxas de suicídio são particularmente importantes na velhice e na adolescência e são muito
variáveis de país para país.
No contexto europeu a Hungria apresenta a taxa de suicídio mais elevada e a Grécia a mais baixa.
Em Portugal, o fenómeno é preocupante no Alentejo e no Algarve.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
K = 0,694 – constante (% de mortes dividas a cirrose hepática, resultado da verificação de centenas de
milhar de autópsias).
A dependência do álcool pressupõe um primeiro contacto inicial entre o tóxico (o álcool da bebida
alcoólica) e o organismo vulnerável. O álcool etílico é o agente da doença, mas os factores são
individuais e do meio que condicionam o consumo excessivo, favorecendo a acção patogénica do
factor tóxico.
As causas são económicas e sócio culturais e a natureza do país viti-vinícola, preceitos religiosos,
hábitos, mitos, razões individuais de ordem fisiológica e psicológica e razões externas decorrentes de
exigências profissionais.
As consequências prendem-se com factores e índole social e económica associadas ao meio familiar,
suicídio, criminalidade, absentismo acidentes de viação e acidentes domésticos.
11.2 – Prostituição:
Acto sexual pago, hoje tem mais visibilidade pública do que no passado, mas tende a diminuir,
principalmente devido a uma maior liberdade sexual antes do casamento que faz com que os homens
não as procurem. A sociedade tenta desviar a juventude deste caminho.
Politica social:
A tendência é para a discriminação da prostituta, condenando os indivíduos que favoreçam ou
explorem a actividade sexual.
Em Portugal, a prostituição foi uma actividade legal até à sua abolição em 1962, devendo ser exercida
em bordéis sujeitos a fiscalização pelas autoridades policiais e sanitárias. As prostitutas deveriam ser
ainda submetidas periodicamente a inspecção médica.
A prostituição veio a ser descriminalizada a partir da entrada em vigor do novo Código Penal aprovado
em 1982.
A prostituição e a SIDA:
A Sida VIH pode ser maior devido a prostitutas toxicodependentes não usarem preservativo (só se
detecta quem tem após 3 a 6 meses após infecção). Havendo mesmo clientes que pagam mais caro para
poderem ter relações sem preservativo.
A prevenção da infecção pelo vírus passa por acções de informação e educação dirigidas a este grupo.
Com vista a prevenir a infecção pelo VIH tem havido quem defenda a necessidade de se voltar ao
estabelecimento de bordéis controlados e fiscalizados sanitariamente pelo Estado. Mas a Comissão de
Luta Contra a SIDA defende uma posição contrária, uma vez que estes lugares poderiam criar uma
segurança falsa, pois o vírus só é detectado após 3 ou 6 meses e uma prostituta já infectada poderia
continuar a sua actividade sem que a infecção fosse detectada pelo teste.
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
11.3 – Homossexualidade:
Aplica-se à uma orientação sexual de um homem ou mulher em relação a outra do mesmo sexo, não é
aceite socialmente e não está fácil ser aceite os direitos pelos quais lutam. O casamento e a adopção é o
mais controverso.
A homossexualidade é vista negativamente, quer como pecado, crime, doença mental levando a uma
forte estigmatização social.
Heterossexual (relações sexos diferentes)
As questões mais controversas dizem respeito ao casamento e à possibilidade de adoptarem crianças.
As causas da homossexualidade:
Biológicas (funcionamento de hormonas);
Psicológicas;
Sociais;
Culturais;
Comportamento apreendido
11.4 – Pornografia:
È todo o tipo de material concebido (fotografias, filmes, textos escritos ou gravados) para provocar
excitação sexual. Esse material pode ser constituído por fotografias, filmes, textos ou gravações áudio.
Diferenças entre:
Erotismo é uma forma de arte destinada a despertar, os sentimentos estéticos no indivíduo;
Pornografia se destina a despertar apenas a excitação sexual (é aquilo que é ofensa à moral
publica).
Ciberpornografia, através da Internet, levanta problemas devido ao facto das crianças e jovens terem
facilidade no seu acesso.
As teorias atrás referidas têm sido designadas por teorias clássicas do comportamento desviante.
Todas elas são centralizadas sobre o indivíduo, procurando determinar as suas características e
compreender a razão dos seus actos.
12.5 – Terrorismo:
Forma de violência física. O objectivo é combater o poder instituído, atingindo cidadãos inocentes. É
uma forma de luta radical praticada por cidadãos de um país contra o seu Estado ou o dos
Estrangeiros, podendo representar movimentos religiosos ou políticos.
O objectivo procurado pelos terroristas pode ser de dois tipos:
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Problemas Sociais Contemporâneos – Hermano Carmo
Instrumental – pretende chamar a atenção da opinião pública de um país ou da comunidade
internacional. A violência é menor, procuram tratar o melhores possível, as vítimas da
violência para obter aquilo que pretende e granjear simpatia para a sua causa.
Expressivo – é mais violento, traduzindo a frustração perante o poder instituído. Tem sido
praticada sobretudo por grupos extremistas religiosos.
Terrorismo é diferente de Guerrilha:
Guerrilha – designa a luta armada de grupos minoritários contra as forças armadas do Estado, com
o objectivo de restabelecer ou instaurar uma nova ordem. (actuam dentro de uma legitimidade)
Exemplo guerrilha comandado por Xanana em Timor que levou à independência…
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