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ESCOLA SECUNDÁRIA JOSÉ GOMES FERREIRA

MOÇÃO
(aprovada por 108 votos a favor e 1 abstenção)

Exmª Senhora Ministra da Educação,

Com Conhecimento a:
Presidência da República
Governo da República
Procuradoria Geral da República
Grupos Parlamentares
DRELVT
Conselho Executivo da ESJGF
Associação de Pais e Encarregados de Educação da ESJG
Plataforma Sindical
Órgãos de Comunicação Social

Na sequência de todo o trabalho desenvolvido pelos Professores da Escola


Secundária José Gomes Ferreira, em Lisboa, para tentar implementar o actual Modelo
de Avaliação do Pessoal Docente, previsto no Estatuto da Carreira Docente (DL nº15/2007)
e regulamentado pelo Decreto Regulamentar n.º 2/2008, consideram estes, em Reunião
Geral de Professores no dia 12 de Novembro de 2008, que o citado Modelo:

1. se tem revelado inexequível e impraticável segundo critérios de rigor, imparcialidade


e justiça, pelos quais se tem sempre pautado a nossa Escola;
2. não tem em conta a complexidade da profissão docente, que não é redutível a um
modelo burocrático, de grelhas e fichas pré-formatadas, numa perspectiva
desmesuradamente quantitativa e redutora da verdadeira avaliação de desempenho
dos docentes;
3. implica um enorme acréscimo de trabalho burocrático para os docentes, correndo-se
o risco de o processo de ensino-aprendizagem ficar relegado para um plano
secundário;
4. possui um elevado grau de subjectividade em muitos dos itens constantes das
fichas;
5. não cumpre as finalidades formativa e reguladora, decorrentes de um processo de
avaliação do desempenho profissional;
6. é injusto e incorrecto, ao condicionar a avaliação dos professores ao progresso dos
resultados escolares dos seus alunos, contrariando as recomendações da própria
Conselho Científico da Avaliação de Desempenho;
7. não é consequente com o previsto na legislação em vigor, quanto à decisão da
avaliação final do aluno, a qual é da competência do Conselho de Turma, sob
proposta do(s) professor(es) de cada área curricular disciplinar e não disiciplinar;
8. faz perigar a manutenção do bom trabalho pedagógico pelo qual se pautou sempre a
nossa escola, levando ao desalento e, inclusivamente, à saída prematura de um
número considerável de bons e experientes profissionais, que sempre foram uma
referência para outros professores, alunos e encarregados de educação.

Por último, acresce a estes considerandos o facto de o próprio Conselho Científico para
a Avaliação de Professores (CCAP), nomeado pelo ME através do Decreto Regulamentar n.º
4/2008, de 5 de Fevereiro, alertar, num relatório datado de 2008, para «[…] o risco de a
avaliação se constituir num acto irrelevante para o desenvolvimento profissional dos
docentes, sem impacto na melhoria das aprendizagens dos alunos, que conviria evitar
desde o início […]». Refere ainda que: «Esse risco poderá advir da burocratização
excessiva, da emergência ou reforço de conflitualidades desnecessárias e do desvio das
finalidades formativas e reguladoras que um processo de avaliação do desempenho
profissional deve conter. Poderá, ainda, resultar da adopção ou imposição de instrumentos
de registo ou de procedimentos pré-concebidos, sem que os interessados tenham recebido
a informação necessária ou sido devidamente envolvidos num processo de participação
[…]».

Face ao exposto, e para devolver à nossa Escola as condições propícias ao bom trabalho
pedagógico, os professores da Escola Secundária José Gomes Ferreira, em Lisboa:
1. decidem suspender todas as tarefas inerentes à implementação do mesmo
enquanto aguardam resposta da tutela aos documentos já enviados ao ME
(dos Conselhos Pedagógicos de finais do ano lectivo passado e de 22/10/08,
da Comissão de Coordenação da Avaliação de Desempenho da Escola de
10/11/08 e abaixo-assinado de 84 professores da Escola de 6/11/08) e a
esta moção também, disponibilizando-se para reflectir, nas estruturas
intermédias, sobre alternativas justa e exequíveis ao actual modelo de
avaliação.
2. propõem a suspensão do actual modelo de avaliação do desempenho do
pessoal docente.

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