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Isaac Newton
A nossa galáxia chama-se Via Láctea. É formada por 100 000 milhões de estrelas,
entre as quais há grandes quantidades de gases e poeiras. Tem, também, braços
em espiral e encontram-se em rotação em torno do seu centro. O Sol e o Sistema
Solar estão num dos braços. O astrónomo Edwin Hubble, em 1925, classificou as
galáxias quanto à forma como as estrelas se dispõem umas em relação às outras
(em espiral, elípticas, sem forma definida ou irregular). A nossa galáxia tem a forma
de espiral.
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Distâncias no Universo
1 UA → 150 milhões de km
1 a.l. = 63240 UA
1 pc = 206265 UA
1 pc = 3,26 a.l.
É no seio destas nebulosas que se pode dar o nascimento de estrelas. Para tal, é
necessário que a atracção gravitacional entre os átomos ou moléculas do gás
suplante a pressão do gás, que tende a afastá-los. Por esta razão, numa zona de
formação de estrelas é preciso:
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por um lado, que a densidade não seja demasiado baixa, de forma a que as
partículas possam "comunicar" gravitacionalmente de forma significativa,
por outro lado é necessário que a temperatura seja reduzida de forma a que a
pressão também seja pequena.
Forma-se uma grande nuvem de gás, muito maior do que o nosso sistema solar,
chamada nebulosa solar onde a pressão é suficientemente baixa para que a
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atracção gravitacional domine. À medida que a nuvem se vai contraindo, a
temperatura dos gases que a constituem aumenta, assim como a pressão. O
desenlace deste processo depende da massa da nuvem em contracção. Para uma
estrela típica, com uma massa da ordem da massa do Sol, a contracção continua
até que o seu interior atinge milhões de Kelvin (K) e têm início as reacções
termonucleares: – a transformação de hidrogénio em hélio por via da fusão nuclear.
Estas reacções libertam uma quantidade tal de energia que a pressão no interior da
estrela aumenta o suficiente para travar a contracção gravitacional e a estrela
atinge um equilíbrio hidrostático, que manterá ao longo de muitos milhões de anos
(10 mil milhões de anos para uma estrela com a massa do nosso Sol) até esgotar o
seu combustível nuclear: – o hidrogénio.
No Sol, assim como noutros sistemas solares, a nuvem inicial teria algum
movimento de rotação em torno do seu centro, resultado do balanço global dos
movimentos desordenados das partículas. A lei do momento angular deve ser
aplicada (exemplo da patinadora que abre e depois fecha os braços). As partículas
a rodar suficientemente longe do eixo de rotação escapam ao colapso gravitacional
na protoestrela, formando uma nuvem achatada perpendicular ao eixo de rotação.
É neste “disco” de partículas em órbitas aproximadamente circulares que se
formaram os planetas.
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As simulações computacionais baseadas nas teorias de que dispomos mostram
que, em circunstâncias semelhantes aquelas que deram origem ao nosso sistema
solar, da periferia da nebulosa solar resultaria um sistema solar semelhante ao
nosso. Os seus traços gerais mais evidentes são um primeiro grupo de planetas
rochosos, relativamente pequenos, chamados planetas terrestres ou interiores dos
quais fazem parte: Mercúrio, Vénus, a Terra e Marte. Separados destes pela
cintura de asteróides estão os planetas exteriores, gigantes gasosos, também
conhecidos como planetas jovianos: Júpiter, Saturno, Urano, Neptuno e Plutão (na
verdade Plutão não é um gigante gasoso, mas pela posição da sua órbita no
sistema solar é agrupado neste 2º grupo de planetas.
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Graus de liberdade dos planetas
Translação
Quanto maior for a massa de um corpo, maior será a força de atracção que exerce
sobre outros corpos.
No sistema solar, o Sol é de longe o corpo mais massivo e por esta razão produz o
principal campo gravítico. Por a sua influência ser tão predominante, a dinâmica de
referência que observamos no sistema solar é o movimento de planetas, asteróides
e cometas a orbitar em torno do Sol, o que corresponde ao problema de dois
corpos em interacção gravítica.
A solução deste problema, conseguida por Isaac Newton, resultou na dedução das
leis de Kepler, que tinham sido obtidas empiricamente.
A maior parte dos planetas tem excentricidade muito baixa, sendo as suas órbitas
quase circulares. É por esta razão que muitas vezes pensamos no Sol como
estando no centro da órbita, embora na verdade esteja num dos focos.
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Rotação e precessão
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No caso da Terra, este movimento quase imperceptível à escala de tempo da vida
humana, é revelado pela “variação” ao longo do tempo da estrela polar que o eixo
de rotação da Terra “toca”.
Existem casos curiosos: Vénus e Plutão rodam ao contrário e Urano roda deitado.
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Na posição 1 estamos a 21 Dezembro, no solstício de Inverno, e nesta data o
hemisfério Norte tem o dia de menor exposição solar e o hemisfério Sul o seu dia
mais longo. Inverno: recebe os raios solares com uma maior inclinação média
relativamente à superfície da Terra.
Atenção deve ser dada pois o dia pode alterar devido a existência do ano bissexto.
Nesta dinâmica as regiões do equador não têm ao longo do ano grande alteração
na intercepção da radiação solar, pelo que não existem as tradicionais estações do
ano.
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Na Grécia antiga apareceram as primeiras tentativas para, fazendo uso da grande
quantidade de observações registadas ao longo dos anos, criar um modelo
geométrico que permitisse não só descrever o real movimento dos planetas de uma
forma mais precisa, como também dar capacidade de previsão sobre a sua posição
futura. Este esforço culmina com o modelo de Ptolomeu [Cláudio Ptolomeu (87-
151)], que é em muitos sentidos a primeira teoria científica.
Muito mais tarde, no princípio do séc. XVI, Nicolau Copérnico (1473 – 1543) fez a
proposta de um modelo parecido com o ptolemaico nos seus métodos mas com o
Sol no centro do sistema solar. O modelo copernicano teve o mérito de ter trazido
uma nova hipótese, ainda que polémica, para discussão nos círculos de
astrónomos.
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A Física Newtoniana não nasceu do nada, ela foi fortemente influenciada pelos
trabalhos de Galileu sobre a queda dos corpos no plano inclinado e pelas três leis
de Kepler, as quais descrevem o movimento dos planetas.
“Galileu mostra o plano inclinado aos estudantes”. Museu Zoológico “La Specola”, Florença
Velocidade e aceleração
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Na figura a velocidade média aproxima-se do declive da recta tangente no ponto x,
pois a recta secante, que une os pontos f(x) e f(x+∆x), tende para a recta tangente
quando ∆x se aproxima de 0.
Força
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Qualitativamente falando, a força é aquilo que temos de aplicar ao objecto para
alterar a velocidade com que este se move. Galileu já tinha feito esta descoberta ao
deixar cair esferas ao longo do plano inclinado, onde podia aplicar forças diferentes
na direcção do movimento das esferas, variando a inclinação do plano.
Leis de Newton
1ª lei de Newton: Um corpo livre, sobre o qual não actua nenhuma força, executa
um movimento uniforme e rectilíneo, isto é, com velocidade constante. O repouso é
considerado como um movimento com velocidade nula, e portanto é um estado
possível para um corpo livre. Exemplos: a “nega do cavalo” ou a travagem
“abrupta” de um autocarro.
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3ª lei de Newton: As forças de interacção entre dois corpos são iguais em
magnitude e direcção e com sentido oposto. È chamado de principio de acção e
reacção.
Newton dispunha ainda das leis de Kepler e da ideia de que a física que “vale” na
Terra também vale para o Céu. O movimento de um projéctil à superfície da Terra e
o movimento da Lua em torno da Terra têm a mesma origem e seguem as mesmas
leis.
Esta ideia implica que as órbitas elípticas keplerianas dos planetas em torno do Sol
têm que verificar também as três leis da dinâmica. Assim, a força que o Sol exerce
no planeta deve ser directamente proporcional ao produto das massas e
inversamente proporcional ao quadrado da distância, onde G é uma constante
chamada: de constante de gravitação universal.
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A força de atracção universal é responsável pelo movimento da Lua em torno da
Terra. É como se a Lua estivesse presa a um fio inextensível que ligasse os dois
corpos.
São forças de atracção que mantêm a Terra e outros planetas a girar em torno do
Sol.
ISAAC NEWTON , baseado nos trabalhos de KEPLER e GALILEU ao verificar que:
quanto menor for a distância entre dois corpos maior será a força de
atracção entre eles,
M 1M 2
F =G
d2
em que F é a força de atracção gravitacional (N), M1 a massa do corpo 1 (kg), M2 a
massa do corpo 2 (kg), d a distância entre os corpos 1 e 2 (m) e G a constante
gravitacional (N.m2.kg-2).
No final do século XVIII, Sir Henry Cavendish, físico inglês, determinou
experimentalmente o valor da constante gravitacional, como sendo
G = 6.672×10-11 N.m2.kg-2
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A partir dos dados:
massa da Terra é aproximadamente 6.0×1024 kg
massa da Lua é aproximadamente 7.4×1022 kg
distância entre o centro da Terra e centro da Lua é aproximadamente
4.0×108 m
pode-se calcular a força de atracção entre a Terra e a Lua: 1.85×1020 N.
O que se pode concluir?
Se em qualquer momento esta força deixasse de actuar, a Lua passaria a ter um
movimento no espaço numa direcção rectilínea tangente à sua orbita. Lembre o
funcionamento de uma funda. De facto foi o que aconteceu quando Davi usou uma
funda para atingir Golias.
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Descrever o movimento é achar a função r(t). A sua segunda derivada (em ordem
ao tempo) corresponde a uma aceleração que, multiplicada pela massa, é igual em
cada instante à força de interacção gravítica.
Newton foi o primeiro a pôr desta maneira o problema, que ele próprio resolveu,
encontrando outras soluções para o problema de dois corpos, para além das
elipses keplerianas. Descobriu que todas as órbitas do problema de dois corpos em
interacção gravítica são secções cónicas: podem ser elipses, as únicas que são
curvas fechadas, parábolas ou hipérboles.
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Lembre o caso do canhão de Newton e imagine que agora se lança desde a
superfície da Terra um projéctil na vertical e de baixo para cima. Este atinge uma
certa altura, e volta a cair. Quanto maior for a velocidade que lhe imprimirmos, e
portanto a energia cinética com que inicia o seu movimento, maior será a altura
máxima que este vai atingir. Se aumentamos a força que imprimimos ao projéctil de
modo a que este atinja alturas muito grandes, cada vez a atracção gravítica da
Terra é mais fraca e se faz sentir menos, e é mais fácil o projéctil chegar um pouco
mais longe, ou mais difícil a força gravítica travar o seu movimento ascendente. Por
causa deste efeito, para valores superiores a um valor crítico chamado velocidade
de escape, a velocidade inicial do projéctil é suficiente para que este continue a
afastar-se sempre da Terra.
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satélite. Já sabemos que as soluções foram encontradas pelo próprio Newton, e
incluem as órbitas elípticas descritas pelas leis de Kepler, entre outras. Mas, se o
campo gravitacional produzido pelo Sol é suficientemente predominante para que
possamos desprezar a interacção mútua dos planetas sem afectar muito os
resultados, para obter soluções muito precisas é necessário em muitos casos
considerar a influência dos planetas de maior massa, como Júpiter. Assim, um
problema de gravitação é muitas vezes posto como um problema a mais de dois
corpos.
Para problemas como este, que são pequenas perturbações de problemas com
soluções conhecidas, desenvolveram-se técnicas que nos permitem chegar a
soluções aproximadas, mas com uma precisão em princípio arbitrariamente grande,
desde que tenhamos capacidade para calcular os passos necessários para atingir
uma certa precisão. O conjunto destes métodos, que ainda hoje continuam a
desenvolver-se, chama-se teoria das perturbações, e é com base nele que é
possível obter a partir das leis de Newton resultados relevantes para a dinâmica do
sistema solar.
O cometa Halley
Em 1705, o astrónomo inglês Edmund Halley usou a lei da gravitação para achar
as órbitas de cometas, às quais as leis de Kepler não fazem referência, mas que
têm que corresponder também a soluções do problema de dois corpos, uma vez
que a lei de gravitação de Newton se aplica a todos os corpos. Analisando essas
soluções, Halley identificou os cometas observados em 1531, 1607 e 1682 como
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pontos de uma mesma órbita elíptica de grande excentricidade em torno do Sol,
ligeiramente perturbada pela presença dos outros planetas, e que passa próximo
da Terra de 76 em 76 anos. Com base neste cálculo, Halley previu que o cometa
voltaria a passar próximo da Terra em 1758.
Terra
Movimento de translação
A Terra demora 365,256 dias a completar uma volta ao Sol. É este movimento,
combinado com a inclinação do seu eixo que dá origem às estações do ano.
A Terra demora 23,9345 horas a fazer uma rotação em torno do seu eixo que tem
uma inclinação de 23,45º com o plano da elíptica. É este o movimento responsável
pela passagem dos dias e das noites.
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das noites não é prova de que a Terra roda, uma vez que o movimento é relativo e
seria igualmente plausível admitir que é o Sol e toda a esfera celeste que giram.
Podemos no entanto provar que é a Terra que gira sobre si mesma fazendo a
experiência do pêndulo de Foucault.
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com uma periodicidade de 26.000 anos. Foi detectado pela primeira vez há mais de
2000 anos, no séc. II A.C., por Hiparco. Neste movimento, a orientação do eixo da
Terra relativamente à esfera celeste muda, o que faz mudar também as referências
para o Norte e Sul geográficos na esfera celeste, os pólos celestes norte e sul. Por
exemplo, no tempo dos descobrimentos a estrela polar (Polaris) encontrava-se 3º
desviada do verdadeiro pólo norte celeste. Esta discrepância tinha que ser levada
em conta em quaisquer cálculos de navegação. Hoje em dia, Polaris tem uma
discrepância de apenas 1º e por essa razão é que nos habituámos a confiar na
referência "estrela polar" como indicadora do pólo norte. Daqui a uns milhares de
anos a estrela polar deixará de ser a Polaris e passará a ser Vega ou Thuban..
A precessão acontece porque a Terra roda sobre si mesma. Por um lado, isso
levou a que, devido a efeitos centrífugos, o nosso planeta não seja perfeitamente
esférico mas ligeiramente achatado nos pólos (o diâmetro equatorial é cerca de 43
km maior que o diâmetro de pólo a pólo).
Por outro, pela sua obliquidade, as forças gravitacionais que o Sol ou a Lua
exercem sobre a Terra, mais intensas sobre a parte mais próxima do que sobre a
mais afastada da deformação equatorial, tendem a “endireitar” o eixo de rotação.
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O efeito destas forças, no entanto, não é o de endireitar o eixo de rotação mas sim
o de o fazer “precessar”, o mesmo efeito que todos já observámos num pião. Tal
como um pião sujeito ao peso não cai enquanto se mantêm a rodar, também a
rotação da Terra sob a acção quer do Sol quer da Lua mantém a sua obliquidade,
enquanto “precessa” em torno da direcção perpendicular ao plano da sua órbita.
De forma a compreendermos a sua história química e geológica, que por sua vez
permitiram uma história biológica, é útil olharmos para a abundância média de
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elementos no Universo e percebermos o papel que tiveram na evolução do nosso
planeta.
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Entretanto, com o aparecimento de vida no nosso planeta a composição da
atmosfera mudou radicalmente. Com os primeiros organismos vivos a
transformarem energia solar em energia química, através da fotossíntese, um
processo que consome CO2 e água e liberta O2, as quantidades de dióxido de
carbono na atmosfera diminuíram significativamente, aumentando as quantidades
de oxigénio. De início, o oxigénio libertado terá reagido com outras substâncias e
formado óxidos. No entanto, com a proliferação de vida, a quantidade de oxigénio
continuou a aumentar, tendo começado, a partir de uma certa altura, a ser
depositado livre na renovada atmosfera terrestre.
Uma das razões pela qual o campo magnético da Terra é tão importante, para além
de ter ajudado os navegadores portugueses a não perderem o norte, é porque
serve de escudo ao vento solar que fustiga a Terra, e todo o sistema solar. Se a
Terra não possuísse campo magnético, seria constantemente bombardeada por
estas partículas, o que poderia ter consequências nefastas para a vida. No entanto,
uma partícula com carga eléctrica que encontre um campo magnético sofre uma
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força que a desvia da sua direcção inicial. Assim sendo, o campo serve de
protecção a essas rajadas.
Lua
A Terra só tem uma lua, que terá ficado presa ao campo gravítico terrestre após
uma colisão, nos primeiros tempos do sistema solar.
A Lua é o único satélite da Terra e todos sabemos que nos mostra sempre a
mesma face. Isto acontece porque o seu período de rotação é igual ao seu período
de translação. Diz-se que tem uma rotação síncrona. Este fenómeno é muito geral
no sistema solar e é provocado pelas forças de maré que a Terra exerce na Lua,
favorecendo esta configuração.
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