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Resumão

O que são as Relações Internacionais ? Qual é o


seu objeto de estudo ?

A disciplina Relações Internacionais, como objeto


de conhecimento, possui contornos de difícil definição . Seu caráter abstrato
exige cautela .

A disciplina é jovem , seu nascimento deu-se logo


após a 1ª Guerra Mundial. A Guerra constitui uma razão fundamental para o
seu nascimento. Assim , em função da enorme capacidade bélica decorrente
das conquistas tecnológicas do capitalismo oligopolista e do alcance geográfico
mundial da Guerra , percebeu-se a necessidade de se promover o conhecimento
da realidade das RI´s , particularmente dos mecanismos que engendram as
guerras.

Pecequilo – Capítulo I = As Relações Internacionais : o campo de estudo e de


atuação profissional :

“As RI´s nascem da necessidade especifica das


sociedades em pensar as realidades externas que as afetam, passando a
interferir no encaminhamento destes processos de forma a administra-los.

Define-se como objeto de estudo das RI´s , os


atores , acontecimentos e fenômenos que existem e interagem no Sistema
Internacional , além das fronteiras domésticas das sociedades.”

O estudo das RI´s visa a análise especifica do


internacional, de suas formações e interações sociais, fornecendo uma estrutura
coesa e clara do pensamento. Estudo das Relações Sociais que se processam
no âmbito internacional envolvendo seus fenômenos, acontecimentos e agentes
particulares.
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Se as Ciências Sociais (Ciência Política ,


Sociologia e Antropologia) , tem por objeto a análise das sociedades . A
disciplina das RI´S investigará a dimensão internacional das Ciências Sociais .

O caráter das RI´s é multidisciplinar , pois é


formada por outras disciplinas orientadas em torno de diversos eixos temáticos
das Ciências Sociais, destacando-se como principais na visão de Pecequilo : a
Ciência Política , a Economia , a História e o Direito.

Ainda que existam áreas temáticas específicas das


RI´e matérias dentro dela , como a própria Introdução e Teoria das RI´s .

Além das citadas por Pecequilo , podem


contribuir para ampliar o âmbito multidisciplinar das RI´S , as disciplinas de
Geopolítica , Antropologia e Filosofia.

A identidade da nossa área de estudos é múltipla ,


trazendo-se com isso fatores positivos e negativos :

FATORES NEGATIVOS : As RI´s serão naturalmente , dada a sua formação


e objeto de estudo é uma DISCIPLINA FRAGMENTADA , COMPOSTA
POR OUTRAS MATÉRIAS. Tal fragmentação , caso não seja bem
equilibrada e bem construída pode levar à deficiências de conteúdo,
privilegiando excessivamente alguns tópicos em detrimento de outros.

A solução apresentada por Pecequilo para


superação deste aspecto negativo de disciplina fragmentada , seria a
estruturação do curso de Relações Internacionais à partir das Ciências Sociais
e seus eixos temáticos mencionados (Ciência Política , Economia , História e
Direito). Segundo Pecequilo a divisão de matérias leva a uma certa
dificuldade para composição de um corpo único de análise e acusações de que
a disciplina é apenas uma colcha de retalhos sem um real caráter científico ou
um aprofundamento dos estudos.
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De acordo com esta visão as RI´s não seriam um


disciplina em si , mas apenas uma coletânea diversificada de preocupações
associadas ao internacional, sendo percebidas como um acessório ou apêndice
das demais matérias.

Pecequilo por fim ressalta que as Relações


Internacionais , assim como todas demais Ciências Sociais serão acusadas de
excessivamente generalizantes e subjetivas , não possuindo a mesma precisão
das Ciências Exatas e Biológicas. Muitas vezes a atuação na área exigirá um
esforço para afirmar que a disciplina de Relações Internacionais possui uma
identidade própria , já que alguns , aproveitando-se do caráter fragmentário ,
insistem em atuar sem conhecimento adequado , pautando-se em seus
“achismos”.

FATORES POSITIVOS : Uma forma de rever a questão do caráter


fragmentário da disciplina é transformar tal aspecto em vantagem , já que
segundo Pecequilo “...permite compreender o objeto de estudo segundo
diferentes prismas de forma abrangente. O conhecimento será construído á
partir de uma base ampla e sustentada por diversas dimensões , que indicará a
existência de um olhar particular do profissional da área :

O OLHAR VOLTADO PARA O INTERNACIONAL , PARA O MUNDO


EXTERNO EM PARTICULAR.

Pecequilo :Em face de um problema a disciplina confere uma visão


multifacetada, pois o profissional da área internacional irá interpretar ,
estudar, investigar e analisar o problema que será compreendido em todo o
seu âmbito , não focando exclusivamente em um só direção.

As RI´s possuirão uma perspectiva de


desenvolvimento constante em virtude do seu caráter multidisciplinar , sempre
sendo atualizada e revisitada , diante das necessidades de ampliação do
conhecimento.
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A fonte de crescimento e dinamismo da área será


tripla: primeiro nascerá da modernização e da adaptação das disciplinas que a
formam, beneficiando-se dos progressos obtidos , por exemplo na Ciência
Política , na História ; Segundo , haverá uma constante reavaliação disciplinar
dentro do próprio campo das RI´s , por fim , a mudança e o debate serão
naturais e impulsionados à partir da realidade internacional , sempre em
constante transformação.

As RI´s terão sua riqueza associada à mistura do


qualitativo e do quantitativo , da interpretação e do concreto , permitindo uma
percepção mais profunda da realidade. Ainda em termos positivos é preciso
destacar a variedade de caminhos de pesquisa, análise e atuação que estarão
disponíveis dentro desta área múltipla. A especialização dentro de um
determinado tópico será algo natural. Desta forma , a visão que nasce
abrangente do internacional , pode sofrer recortes, direcionando-se à objetos e
campos do conhecimento específicos.

Os valores humanos e a realidade social sempre


em constante mutação estão permeando a dinâmica das Relações
Internacionais.

Desta forma é necessário vislumbrar a realidade e


os fenômenos que esta disciplina busca conhecer . Inicialmente destacam-se
como objeto os seguintes fenômenos: Paz , Guerra , armas nucleares e
desarmamento , imperialismo e nacionalismo , as relações assimétricas entre
sociedades ricas e sociedades pobres , preservação do meio ambiente, combate
ao terrorismo internacional , ao narcotráfico , defesa dos direitos humanos ,
influência das instituições religiosas, organizações internacionais , processos de
integração regional , formação e fragmentação dos Estados , comércio e ação
das corporações multinacionais , raça e gênero em todo o mundo ,
desenvolvimento e tecnologia em todo o mundo , desenvolvimento e
transferência de tecnologia e globalização.

Os fenômenos anteriormente apresentados


denotam o seu caráter amplo e o quanto dizem respeito a diversos segmentos
da vida em sociedade , relativos tanto a situações de cooperação e de conflito.
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Qualquer um dos temas, acima citados, pode ser


objeto de análise sob a ótica das Relações Internacionais.

A realidade das RI´s é fundamentalmente


constituída das relações entre Estados , seus conflitos e interesses
respectivos. Já que os Estados estabelecem entre si , relações diplomáticas,
militares e estratégicas.

Estado que exerce poder sobre determinado


espaço territorial , população que o ocupa. Atuando de forma legítima, pois o
povo outorga o poder , e em nome dele esse poder é exercido.

Contudo existem situações em que não


necessariamente estaremos diante de uma Nação constituída em um
determinado espaço físico.

Diversos são os exemplos em que Povos possuem


uma identidade própria cultural , étnica , lingüística , mantendo sua tradição
histórica , onde se auto-determinam Estado Independente, mantendo suas
raízes , conceitos e costumes. Como exemplo podem ser citados os curdos .

Pecequilo – Capítulo II :

1) Sistema Internacional
2) Dimensão/Consistência
3) Estrutura
4) Atores Internacionais
5) Estados/Tratado de Westphalia de 1648
6) Estado/Território/População e Governo
7) Princípio de Territorialidade
8) Regime / Partidos Políticos/ Grupos de Interesses/Opinião Pública

1) Sistema Internacional – Interação entre os Estados. Formando esse sistema de


dimensão global. Um sistema é um conjunto de relações entre atores com certo
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grau de interdependência entre si e submetidos a um certo modo de regulação.


Os Estados são os principais atores em virtude de construção história. Estados
– Forma de Organização Política predominante.

Pecequilo : Segundo Marcel Merle : “ O Sistema Internacional é o meio onde


se processam as relações entre os diferentes atores que compõem e fazem parte
das interações sociais que se processam na esfera do internacional ,
envolvendo seus atores acontecimentos e fenômenos. É o palco , o cenário , o
ambiente no qual se desenrolam as RI´s. Além disso , o SI pode ser
caracterizado pela sua contraposição ao Sistema Doméstico. Destacando-se
como sua característica essencial a ANARQUIA.

Williams Gonçalves: A idéia de Anarquia é o elemento que unifica todas as


diferentes concepções da realidade das RI´s .

Anarquia nesse contexto significa inexistência de


autoridade central com legitimidade para criar leis e poder fazer com que
mesmas sejam cumpridas.

Em virtude dessa ausência de algo como um


Governo Mundial que centralize as decisões , relações e interações
internacionais assumem uma importância fundamental para o conhecimento da
realidade internacional.
No SI a ordem nasce das relações que se
estabelecerão entre os atores e a sua dinâmica predominando a lógica da
competição e da sobrevivência , do choque de interesses.

Tais choques levarão a um cenário de perfil


incerto que dependendo do contexto , da época e dos atores envolvidos oscilará
entre 2 eixos básicos : COOPERAÇÃO E CONFLITO.

O poder será o definidor das RI´s. Entretanto , ao


longo dos anos essa imagem original das RI´s , como essencialmente levando à
guerra , sofrerá alterações predominando a hipótese da cooperação.

Guilhon : Uma ordem internacional é um sistema de relações entre Estados


que são relevantes para a sobrevivência uns dos outros, seja em termos
econômicos , políticos , sociais e eventualmente militares.
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Apesar de anárquica a ordem internacional tende à estabilidade e nela cada


Estado tende a respeitar as hierarquias, os interesses vitais , os interesses
adquiridos , as alianças e sobretudo o território dos demais Estados.

Uma ordem internacional costuma ser definida de acordo com critérios


históricos , incluindo o período que envolve a interação de um grupo de países
que se tornam relevantes uns para os outros , as hierarquias e alianças entre
estados e os fatores que levaram à guerra sistêmica que pós fim aquela ordem.

Exemplos de ordem internacional mais conhecidos :

Mundo Helênico formado por duas coalizões de Cidades-Estado em torno de


Atenas e de Esparta que terminou com a Guerra do Peloponeso.

A Pax Romana formada sob a hegemonia do Império Romano que sofreu um


longo processo de deterioração por via de invasões bárbaras e guerras
regionais.

O Mundo Europeu organizado em torno de um conjunto de grandes potências


que mantinham o equilíbrio entre si e impunham a ordem sobre o conjunto do
sistema que terminou com as 2 guerras mundiais sucessivas em 1914 e em
1939.

Em um Império ou sistema hegemônico existe um ator relevante para o


sistema.

Nos sistemas polarizados, a ordem é organizada em torno de 2 atores com


capacidade de ação sistêmica que polarizam entre si.

Nos sistemas em equilíbrio a ordem é garantida pela existência de mais de dois


atores com relevância sistêmica.

2) Dimensão Global/ Consistência : À partir do Século XV – Estados e suas


colônias , estas se tornam independentes.

Pecequilo : O SI pode ser definido como global e fechado. Havendo a


definição destes parâmetros por meio de um desenvolvimento histórico , ao
longo dos anos. O SI é um sistema fechado , pois o globo terrestre constitui o
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seu limite físico , no momento que as RI´s passaram abarcar todo o planeta ,
não havendo mais espaços a conquistar. Diferentemente do contexto histórico
do período das expansões marítimas européias , séculos XV a XVII – Portugal,
Espanha e Holanda para as Américas e Oriente.

Assim o SI abrange globalmente todas as relações e fluxos entre os atores e


seus intercâmbios.

A Guerra do Ópio em 1840, no domínio de Hong Kong pelo Reino Unido.

Hong Kong sempre foi um excelente entreposto de mercadorias e significava


uma porta de entrada para o mercado chinês, condição que prevalece ainda
hoje. Suas águas profundas permitem que os portos recebam navios de grande
porte sem problemas. Por tudo isso, era uma região cobiçada pela Inglaterra,
a potência mundial da época, sempre disposta a invadir novos territórios.
Dizia-se que o Sol nunca se punha no Império Britânico. Os ingleses
exploravam e incentivavam largamente o consumo de ópio pelos chineses, uma
droga narcótica, extraída da papoula que, embora fizesse parte da tradição
cultural dos chineses, causa dependência física e psíquica. Mercadores
ingleses vendiam o ópio por toda a China litorânea, em troca dos famosos taéis
de prata, uma espécie de xícara usada como moeda de alto valor. Com boa
parte da população viciada, os ingleses estavam recebendo de mão beijada toda
a prata da China. Quando o imperador se deu conta disso, resolveu proibir o
consumo de ópio, enforcando muitos traficantes e fechando as casas de ópio,
espécie de clubes, onde as pessoas se encontravam para consumir o narcótico.

A apreensão de 20 mil caixas de ópio deu aos


britânicos o pretexto que precisavam para obter no Parlamento a autorização
para atacar. A alegação inglesa, que consta em muitos livros de história
britânicos, foi a de que os chineses haviam tomado e destruído propriedade dos
súditos da rainha. Mas a versão chinesa assegura que as caixas de ópio foram
apreendidas de traficantes chineses e apenas depois do fato consumado os
britânicos teriam forjado a compra das caixas. A rainha Vitória, ao aprovar o
ataque, declara: "Somos contra o consumo do ópio, mas não podemos permitir
que chineses destruam propriedades britânicas". A Marinha chinesa, composta
basicamente por pequenos juncos, não tinha a menor chance contra a poderosa
British Royal Navy. O resultado foi um massacre. Para piorar os portugueses
aproveitaram o fato de a China estar enfraquecida pela derrota e se apossaram
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de Macau, localizada a cerca de 70 quilômetros de Hong Kong. A possessão


só foi devolvida aos chineses em 1997, mas possui grande autonomia. O
sistema capitalista não foi tocado, já que Hong Kong é altamente rentável
assim como está. A China estabeleceu que, durante os próximos 50 anos, a
região continua no sistema democrático, com livre circulação de dólares, tendo
o inglês como segunda língua oficial e outras coisas inimagináveis no restante
do país.

E com relação à outra Nação que foi


descolonizada citamos como exemplo Angola que em 1975 , se tornou
independente de Portugal.

3) Estrutura / Heterogênea / Estados diferentes e Estados semelhantes numa


mesma estrutura política . A diferença entre eles é a capacidade de poder.
“Colonizar é o fardo do homem branco” . Estados Semelhantes – Waltz-
Realismo : Estados semelhantes são organizados de acordo com a mesma
estrutura política, o que mudam são as capacidades de poder:
Pólos de atração para entendermos o comportamento dos Estados , temos que
olhar para os países que possuem influência/presença direta sobre o outro.

Bipolar : Ex : Guerra Fria EUA x União Soviética, mundo Bipolar , onde era
possível vislumbrar a influência americana nos países capitalistas – Ex. Brasil
e a influência soviética nos países comunistas – Ex: China.

Multipolar : ONGs , FMI , Governança do Sistema Internacional , Banco


Mundial.

Unipolar - Questiona-se se existe apenas uma superpotência mundial (EUA)


China poderá começar a ser objeto de questionamento na ordem internacional
implementada pelos EUA.

Pecequilo : Com relação à estrutura , o SI se organizará de uma forma bastante


específica. Sendo um sistema anárquico , sua origem não se estabelecerá por
meio de leis ou de um governo , mas à partir da mencionada interação entre os
agentes e fenômenos do meio. A hierarquia entre as forças existentes no
sistema e a sua própria evolução será definida por um permanente choque de
interesses entre os agentes , podendo-se identificar 3 tipos de ordem possível :

Unipolar : Na qual somente um poder se destaca comandando os demais .


Citando-se o Império Romano como exemplo.
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Bipolar : Com a existência de 2 polos principais : EUA e antiga URSS na


Guerra Fria de 1947 até 1989)

Multipolar : Quando existirá a divisão de poderes entre diferentes membros do


sistema, o Concerto Europeu de 1815 à 1914 , dividido entre França , Grã-
Bretanha , Prússia , Rússia e Império Austro-Húngaro.

4) Atores :

Segundo Pecequilo : No SI podemos identificar 2 tipos de atores , cujas ações e


interações , definirão o perfil e as transformações desse ambiente e que por ele
também serão afetados. Os atores Estatais e Não –Estatais. Os atores Estatais
referem-se aos Estados , enquanto os Não-Estatais subdividem-se em 2 grupos
distintos : As Organizações Internacionais Governamentais ou Inter-
Governamentais definidas pela sigla OIG e as Forças Transnacionais (FTs).

OS ESTADOS : Até o século XX , os Estados estiveram praticamente


sozinhos como atores internacionais no cenário mundial, depois agregando-se a
novos protagonistas.

Apesar destes outros atores terem adquirido projeção no cenário mundial ,


condicionando , em certos aspectos , a autonomia de ação dos Estados, estes
constituem ainda a forma sob qual se apresenta a política internacional e são os
seus atores principais.

O nascimento desta entidade política remete-se aos séculos XV e XVI


acompanhando o processo de decadência de Idade Média e suas formas
organizacionais iniciadas um pouco antes. A consolidação do chamado
ESTADO MODERNO , somente se dará nos séculos XVII e XVIII , com a
definição de seus principais pilares e características. (marco Westphalia e fim
da Guerra dos 30 anos) .

Pecequilo : Organizações Internacionais Governamentais ou


Intergovernamentais (OIGs) São agrupamentos políticos que tem nos Estados
seus membros fundadores e componentes , existindo a um tempo relativamente
curto em termos históricos , ganhando destaque e escala no século XX.

Função das OIGs : Surgiram da necessidade de encontrar soluções para


determinadas questões internacionais , além da diplomacia tradicional gerando
espaços permanentes para a discussão periódica destas questões , funcionando
como mediadoras. Promovem foros de debates e prestam serviços. Tentam
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estabelecer um ponto de apoio para os Estados menos desenvolvidos, barrando


seu avanço político e militar sobre os demais. Tem como principal objetivo
estender a unidade e igualdade jurídica entre os Estados para o campo das
relações concretas entre eles.

Em termos de características , as OIGs podem exercer diversas funções em


variados setores. Quanto ao campo de atuação, agem tanto regional quanto
globalmente. No que se refere às funções, temos dois tipos de OIGs :

PROPÓSITO ABRANGENTE : Cumprem diferentes funções em diferentes


áreas. Por exemplo : A ONU é uma organização de atuação global de propósito
abrangente, agindo em todo o mundo nos campos da economia, segurança ,
cultura, sociedade.

PROPÓSITO ÚNICO : São limitadas a objetivos específicos. Por exemplo: A


OMC (Organização Mundial de Comércio) também possui atuação global
como a ONU, mas um só propósito, a regulamentação das relações comerciais
internacionais. A OTAN( Organização do Tratado do Atlântico Norte) age na
área do Atlântico Norte com um só objetivo no setor da segurança , enquanto
que a U.E. (União Européia) é também limitada a uma localidade geográfica,
mas detém alvos diversificados da economia à política.

As OIGs possuem uma dinâmica interna própria e autonomia relativa, uma vez
que para sustentar a sua atuação , dependem basicamente de contribuições
espontâneas para a sua manutenção. A ambigüidade autonomia x dependência
é função da ação dos Estados e das forças sociais que as representam.

Além da questão financeira, o problema se refere essencialmente à vontade de


os Estados respeitarem ou não as regras da OIG da qual fazem parte , mesmo
que eventualmente isso possa significar abrir mão de parte de sua soberania.

Uma vez que permanecem soberanos dentro das OIGs e que podem apenas ser
punidos marginalmente por estes órgãos , também dependendo de sua
influência dentro deles os Estados tendem em situações específicas, a fazerem
uso da justificativa do interesse nacional para não seguirem as regras da OIG.
Alguns destes Estados acabam por desrespeitar as regras que eles mesmos
criaram em troca de benefícios e interesses imediatos, colocando em risco a
credibilidade, integridade e continuidade da própria OIG.

Ex: A Ação dos EUA na ONU entre 2002 e 2003 para iniciar e realizar a
Guerra no Iraque é um exemplo de como um Estado, alegando riscos a sua
soberania, desrespeita uma OIG.
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Não se pode negar o caráter positivo das OIGs , uma vez que elas contribuem
para a construção de uma nova ordem política internacional . Constituem um
importante foro mundial e cooperam no desenvolvimento , como é o caso da
ONU. Sendo um fator de aproximação e integração entre os Estados.

A ONU foi criada no pós 2ª Guerra , diferentemente da Liga das Nações , criou
um modelo de estrutura organizacional objetivo determinando os papéis de
cada órgão que a compõe. Dentre tais órgãos : Assembléia Geral , onde
participam democraticamente todos os Estados e o Conselho de Segurança,
restrito às potências mundiais : EUA , Rússia , China , França e Reino Unido.
Atuam com o objetivo de controle da paz mundial e da intervenção militar
quando necessário. Possuem poder de veto e são membros permanentes ,
acompanhados por 10 membros rotativos, eleitos por mandatos limitados.
Discute-se hoje a necessidade de reforma do CS uma vez que estaria
desatualizado, já que representa uma realidade de poder de mais de 50 anos
atrás. Novos poderes regionais a serem incluídos seriam : Alemanha , Japão,
Brasil , Índia e África do Sul

FORÇAS TRANSNACIONAIS (FTS) : São um tipo de atores internacionais


que se enquadra na categoria de atores não-estatais. São forças relativas à
sociedade civil , não ligadas aos Governos, ao setor púbico, podendo afetar
estes Estados tanto de maneira positiva , quanto negativa. Forças são
representativas de fluxos de natureza variada que ultrapassam as fronteiras do
Estado. Principais fluxos : comunicações , transportes, finanças e pessoas.

As FTs podem ser divididas em 4 categorias :

ONGS : São instituições de origem privada, não governamentais,


caracterizadas por seu caráter espontâneo, solidário e formado por indivíduos
de diversas nacionalidades.

Atuação : Dentro e fora dos Estados . Lidam com questões específicas de


interesse dentro de uma determinada sociedade, cujas demandas não tem sido
atendidas por este Estado ou pela necessidade de chamar a atenção para um
tópico particular. Ex : Temas ambientais , direitos humanos , feminismo.
Podem auxiliar e serem consultadas por OIGs. A internacionalização dos
grandes problemas contemporâneos foi responsável pelo seu crescimento.

Ex : Greenpeace , Anistia Internacional, Human Rights Watch , Fundação Mata


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Atlântica, Banco do Povo.

Não possuem condições de competir com os Estados e com as OIGs. As


ONGs podem depender de financiamentos públicos embora contrarie a sua
função privada. Tendem a suprir demandas públicas. Positivamente
funcionam como canais de cidadania e participação popular, criando
solidariedade e conscientização.

MULTINACIONAIS OU COMPANHIAS TRANSNACIONAIS : São


empresas que tem origem em um determinado Estado do Sistema
Internacional, mas cuja atuação ultrapassa as fronteiras destes Estados,
estabelecendo-se por todo o cenário. Ex : Coca-Cola, General Motors,
Volkswagen, Honda, Nestlé , Sony , LG , AMBEV(conglomerado brasileiro).

Identidade : A maioria das Multinacionais , considerando-se o país de origem,


será : Americana, Japonesa , e de países da União Européia : Alemanha ,
França e Grã-Bretanha.

Contexto de Globalização : Segundo Ramonet : As Multinacionais ao


funcionarem em um contexto de globalização crescente estão se utilizando ao
máximo da desregulamentação econômica para estabelecer suas presenças
globais. Suas receitas são maiores que o PIB de muitos países industrializados
e suas reservas são maiores do que as reservas de muitos bancos centrais
importantes.

Importante : Aumento do comércio entre CMNs muitas vezes escapa do


controle dos Estados , uma vez que é percebido apenas como “troca” de
diferentes filiais. Tal processo provoca distorções na balança comercial ,
diminuindo as receitas dos Estados em favor das multis.

As CMNs são atores cada vez mais poderosos no sistema internacional,


podendo atuar tanto de forma positiva quanto negativa. Considerando seu
status jurídico e influência no sistema, as CMNs apresentarão diversas facetas.
Ainda que atuem globalmente , deverão se submeter às regras dos países nos
quais estão instaladas e não de seu Estado de origem.

Não existe uma legislação “internacional” que dê conta do problema da CMN.


Assim , cada CMN estará submetida a certo padrão de comportamento e
funcionamento legal, definido pelo local de instalação. Cada CMN
representará uma unidade autônoma em si mesma, possuindo administração
própria, com capacidade de decisão relativamente independente da matriz. A
matriz será responsável pelo estabelecimento de metas gerais e parâmetros
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próprios de organização corporativa.

Como todas as empresas , as multi atuam visando lucro e se instalam em


diversos países buscando uma melhora de sua situação financeira e econômica.
Por tais razões procuram certamente os países e locais que mais lhes
favorecem, o que importa em inúmeras disputas entre Estados que desejam a
instalação de uma multi em seu território, oferecendo-se inúmeros atrativos
para estas companhias : isenção ou diminuição de impostos, baixo custo de
energia, água ou transporte, leis mais favoráveis à remessa de lucros, menos
constrangimentos ambientais. As vantagens oferecidas serão recuperadas à
medida que a firma realize investimentos no país reduzindo o nível de
desemprego e aumentando o mercado nacional.

A discussão em torno das vantagens e/ou desvantagens que as multinacionais


oferecem aos países nos quais se instalam é bastante ampla, assim como
também a avaliação do tipo de poder que elas exercem.

O argumento pró-CMN desenvolve-se sempre em torno da temática


econômico-tecnológica, supondo que a sua presença levará à disseminação do
progresso e vantagens para o país que recebe a corporação.

Por sua vez , a justificativa anti-CMN aponta que esta transferência de


tecnologia e aumento de investimentos é ilusória e que as multinacionais não
possuem qualquer interesse ou obrigação de dinamizar a economia das nações
mais pobres, buscando apenas o lucro. Sustenta-se que elas são formas
alternativas de dominação dos Estados mais poderosos sobre os mais fracos.
Sendo este um debate polarizado e de difícil solução.

As CMNs tanto podem funcionar como um fato positivo para a evolução das
economias dos países mais pobres, desde que as legislações destes Estados
demandem compromissos das multinacionais (situação cada vez mais rara na
competição que se estabeleceu para conseguir atrair novas empresas), como
fontes de impedimento ao seu desenvolvimento.

Neste sentido, elas apenas reforçariam as condições de vulnerabilidade


preexistentes, tornando estes países mais dependentes do capital e dos produtos
estrangeiros. O seu peso econômico poderia ter efeitos nocivos sobre a
autonomia do referido país também interferindo em seus processos políticos e
sociais internos visando a manutenção e ampliação de seus benefícios.

As multi amparadas por seu poder econômico constituem-se em lobbies


políticos de peso.. As demandas destes lobbies são , na maioria das vezes ,
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contrárias aos interesses dos Estados e sem qualquer preocupação com a


situação social dos países.

Ex : Companhias de cigarro americanas nos EUA , que são contrárias as novas


leis anti tabagistas , companhias farmacêuticas americanas e européias que
detém o controle de patentes e tentam barrar a evolução dos genéricos. No
Brasil exemplo das industrias automobilísticas que fazem pressão para a
redução dos impostos. O poder dos lobbies não é limitado a pressões sobre a
legislação, como se revelará em eleições, fornecendo-se financiamento das
companhias a partidos políticos e candidatos que se comprometam com suas
reivindicações.

Observação : Uma das saídas das CMNs para se defender da falta de


responsabilidade social é a criação de ONGs em seu nome, ou a doação de
recursos a ONGs diversas, demonstrando que possuem compromissos com os
Estados e as suas populações e não somente com seus lucros empresariais.
Algumas ações podem ser consideradas positivas , outras são mera fachada.

As CMNs têm participação ativa nos países em desenvolvimento com impactos


variados. Por um lado funcionam como fator dinamizador das economias em
suas matrizes, agregando novos recursos do Estado. Por outro lado , à medida
que se tornaram disseminadoras do progresso e da globalização, elas também
acabaram se autonomizando de seus Estados fundadores , detendo um grande
poder de influência política e econômica. Assim como seu poder financeiro
pode interferir nos processos políticos dos países menores, elas também atuam
nos Estados desenvolvidos, pressionando por leis e dando apoio a certos
segmentos e partidos políticos.

Ex: Bush 2000 foi acusado de ser representante do Big Business (petróleo,
armamento e energia) e Gore (“representante do povo”) posteriormente
descobriu-se que ambos estavam sendo financiados simultaneamente , mas
com diferentes orçamentos.

Gozam de autonomia e dependência dos Estados apesar de seu caráter privado,


pois embora as CMNs tenham interesses e procedimentos próprios, crescente
autonomia financeira , dependem no campo político das leis dos Estados.

A CMNs são um ator importante , e por que não , ascendente das Ris,
consistindo tanto como força de progresso , como regressão nos rumos da
economia mundial e dos Estados Individuais.
PARTIDOS POLITICOS : Dentro de um Estado, os partidos políticos serão
elementos de ação política organizada que terão como tarefa representar ,
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diante do Estado e dentro maquina estatal e governamental, os interesses da


sociedade civil. As eleições serão os momentos nos quais estes partidos
disputarão vagas no poder, mantendo-se como fóruns permanentes de
negociação e contato. Sua função é representativa e organizacional ,
possuindo a capacidade de influenciar nos processos de formação de políticas
e tomada de decisão de uma dada sociedade. Os partidos são mediadores entre
a sociedade e o poder público. Porém não somente os partidos agem
internamente aos Estados, devendo-se avaliar a influencia de outros atores , tais
grupos de interesse e a opinião pública nacional (e internacional) com os quais
os partidos têm ligação, mas que também possuem perfil de colocação de
demandas autônomo e que tem ganho espaço devido a revolução na tecnologia.

GRUPOS DIVERSOS DA SOCIEDADE CIVIL : Englobam desde a atividade


da Igreja Católica , até as de sindicatos, partidos políticos, chegando aos grupos
terroristas , máfia e crime internacional.

OPINIÃO PÚBLICA INTERNACIONAL : É ainda uma força incerta e


dispersa no SI, ainda que a sua influência tenha crescido em virtude do avanço
da tecnologia das comunicações.

Leonardo Pace : No âmbito internacional quem pode ser ator :

Estados , Organizações e Organismos Internacionais ( ONU , OMC , OEA,


OIT, OMS) , Blocos Econômicos ( União Européia, Mercosul , Nafta) Grupos
(G8) Multinacionais , Ongs , Grupos Terroristas, Personalidades (Líderes ,
presidentes).

Atores intergovernamentais : ONU atua como mediadora , mas não tem poder
de impor. Depende da boa vontade dos Estados. Fórum limitado.

Forças Transnacionais : Vários atores internacionais.

Organizações Não Governamentais : Tentam suprir as deficiências do Estado,


diante da fraqueza e da omissão deste , passam a exercer este papel : Oferecem
creches , medicamentos , defendem a ecologia , meio ambiente. São um
sintoma do enfraquecimento do Estado.

Ex: Argentina no período autoritário , as mães/avós da praça de maio As


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ONGs pressionam os governos para se abrir os arquivos.

ONGs comunicam o que ocorre no âmbito interno dos países para outras ONGs
no plano internacional. Efeito boomerangue . Parcerias positivas . Atuam em
países periféricos . ONGs – Países centrais mais poderosos. Greenpeace
criada na Holanda, Human Rights na Inglaterra e Cruz Vermelha na Suíça.

Embora atuem em interesses relevantes podem fazer valer os interesses dos


países mais fortes.

Precisam ser vistas com muito cuidado : Em alguns casos podem ser
verdadeiros cavalos de tróia. Por exemplo ONG que distribui preservativos e
incentiva ao planejamento familiar , pode ter outros interesses.

No Brasil – ONG Viva Rio , dizem que é midiática por conta de estar associada
à Rede Globo.

ONG pode ser suscetível às pressões de quem queira arcar com seus custos.
Em alguns momentos provocar contradições e sofre ingerência de políticas do
Estado.

Trabalho difícil pois pode sofrer toda a sorte de pressões se por outro lado
criticar o próprio governo.

Multinacionais : Até que ponto as fronteiras transcendem ? Empresa X Estado


até que ponto seriam descoladas do Estado ?

Grupos de sociedade diversos : Comunidades epistêmicas . Cientistas


preocupados com as mudanças climáticas. Movimento Social para troca de
informações no âmbito internacional , debates de questões relevantes.
Movimentos que transcendem as fronteiras do Estado.

Lealdade/Identidade , até que ponto ?

Apologia do Sangue / Nacionalismo : Hinos dos Estado em que o clamor


nacionalista coloca a vida disponível em nome do país.

União Européia – Passaporte Europeu : Não se abre mão da identidade


nacional – Cidadão Europeu e de seu país de origem.

Opinião Pública : Mídia vem ganhando caráter monopolista , podendo


comprometer a democracia. Monopólio da difusão da informação.
18

Questionável até que ponto estaria à serviço da democracia. TV árabe Al


Jahzeera X CNN guerra de imagens e de informação por exemplo.

Comunidade internacional : A idéia de que os países ocidentais são os bons


moços . Europa Ocidental , EUA , Canadá , Japão , Austrália.

Armas de destruição em massa : Iraque (não foram encontradas)

Enriquecimento de urânio : Irã (até que ponto estará objetivando fins bélicos?)

Opinião da Sociedade Civil dos Países mais ricos para defender a intervenção.
Situação abstrata , difícil de definir.

Por que os Estados seriam os atores principais no âmbito das RI´s :

Segundo Williams Gonçalves : Os realistas contemporâneos à partir do modelo


hobbesiano desenharam um mapa teórico cujos pontos determinam a seguinte
análise : Os Estado são os atores fundamentais das RI´s ; O comportamento dos
mesmos no meio internacional é determinado pela lógica de maximização do
poder; O espaço no interior do qual os Estados interagem é autônomo , isto é ,
a Política Externa dos Estados obedece à regras próprias que fazem com que
ela seja separada da Política Interna.

Pecequilo : Defende que os atores internacionais das RI´s , como os Estados ,


possuem recursos como “HARD POWER” (geografia, poder militar, recursos
naturais e força industrial) e “SOFT POWER” (desenvolvimento econômico,
conhecimento, tecnologia, ideologia e cultura).

Realismo : Choque interesses, guerras , divergências como base de formação


do Estado. O SI é formado por Estados Soberanos, existindo um equilíbrio de
poder, isto é , uma competição entre Estados Soberanos, levando ao
autocontrole (unipolar , bipolar, multipolar e unimultipolar)

A teoria realista defende que os homens são maus e perversos no Estado da


natureza , sendo incontroláveis e ambiciosos . Estão sempre buscando atender
os seus interesses individuais em detrimento do outro. Não considera a
existência de outros atores, apenas os Estados.

A teoria liberal reconhece a existência e a necessidade do ESTADO CIVIL ,


que se originou não porque a condição original do homem o leva à violência,
mas porque sua condição natural busca a cooperação e a confiança mútua e a
19

guerra é um obstáculo à isso.

5) Estado e Paz de Westphalia : Podemos estabelecer uma linha temporal de


sua evolução e consolidação: o Estado nasce no século XVII , com a assinatura
do Tratado de Westphalia em 1648 , quando são estabelecidos seus princípios
clássicos de SOBERANIA e AUTONOMIA dentro de um DETERMINADO
TERRITÓRIO. Até o século XX , os Estados se manterão praticamente
sozinhos como AGENTES INTERNACIONAIS(predomínio da dimensão
INTERESTATAL DA POLÍTICA INTERNACIONAL) agregando-se depois os
Atores NÃO –ESTATAIS. Na primeira metade do século as OIGs começaram
a ganhar importância que se firma no Pós 1945 , somando-se à aceleração e
aprofundamento das FTs. (a dimensão transnacional). Na entrada do século
XXI , algumas hipóteses sugerem que as OIGS e as FTs poderiam vir a
substituir os Estados , devendo-se examinar estes desenvolvimentos.

No século XVII a Europa começa a ordenar o


Sistema Internacional e com isso é desenvolvido o conceito de SOBERANIA
DOS ESTADOS. SOBERANIA = AUTONOMIA MÁXIMA DENTRO DO
SEU PRÓPRIO TERRITÓRIO. PODER DE AUTODETERMINAÇÃO. A
Paz de Westphalia em 1648- é frequentemente apontada como o marco da
diplomacia moderna , pois inaugurou o sistema internacional, ao acatar noções
e princípios tais como o de soberania estatal e o de Estado nação. Por essa
razão, costuma ser o capítulo inicial nos currículos dos estudos de Relações
Internacionais. –Estabeleceu o reconhecimento mútuo entre as SOBERANIAS
DOS ESTADOS. Autonomia dos Estados dentro do seu território e projetada
no âmbito externo com o reconhecimento de outros Estados.

A Paz de Westphalia (1648) foi uma das primeiras


tentativas em estabelecer um equilíbrio em uma sociedade internacional
anárquica.
Isto é, a ordem é estabelecida pelas relações
entre os Estados, inexistindo um poder superior às instâncias governamentais
dos Estados, para impor uma determinada conduta. Nesta ausência, os próprios
Estados se organizam e fazem valer a conduta dos outros Estados a favor de
seus interesses através do direito positivo.

As guerras posteriores ao acordo não mais


20

tiveram como causa principal a religião, mas giravam em torno de questões de


Estado. Isto permitiu que potências católicas e protestantes pudessem se aliar,
provocando grandes inflexões no alinhamento dos países europeus.

6) ESTADO/TERRITÓRIO/POPULAÇÃO/GOVERNO :

Pecequilo : Especificamente o ESTADO fundamenta-se em 3 aspectos


materiais:

TERRITÓRIO , POPULAÇÃO E GOVERNO (que também são definidos por


alguns autores como a idéia da totalidade nacional territorial).

a) TERRITÓRIO : Refere-se ao espaço geográfico de cada Estado ,


delimitado por fronteiras reconhecidas por outros Estados e dentro
do qual esta unidade política individual possui SOBERANIA E
AUTONOMIA POLÍTICA.

b) POPULAÇÃO : Refere-se ao quadro de habitantes de um


determinado Estado , aglutinada em torno de uma identidade
comum , promovendo-se a sua unidade política , cultural, nacional e
lingüística . Alguns Estados são formados por um único povo (uma
única nação , nacionalidade).

Contudo normalmente estas unidades políticas


serão formadas por povos de diversas nacionalidades não constituindo um
todo homogêneo.

Caldeirões multiculturais: No caso do Brasil , chamado de “Melting Pot” – a


população é formada por povos vindos da Europa (portugueses , italianos ,
alemães, franceses), Ásia(japoneses ) e África , somando-se aos indígenas que
já ocupavam o território antes da descoberta.

E no caso dos EUA, temos o chamado “Salad Bowl” , onde temos Estados
Americanos com a presença da imigração.

Citamos como exemplo o Estado de New York ,


(que recebeu muitos imigrantes – vide Ellis Island) E ainda a presença nos
demais Estados Americanos de mexicanos , cubanos , porto-riquenhos e
descendentes dos índios americanos.
21

Pecequilo : Tais povos integraram-se para formar um todo comum , havendo à


despeito destas diferenças uma unidade cultural e lingüística nacional brasileira
e americana.

Todavia nem sempre esta integração é pacífica , podendo gerar guerras como
no caso da ex-Iugoslávia e da antiga URSS , visando a autonomia de cada
nacionalidade e seu auto-governo.

c) GOVERNO : Pecequilo : Resultado de uma centralização progressiva de


todas as autoridades , antes dispersas no território estatal , organizando o
comando político e desenvolvendo uma administração pública. O Governo
deterá o monopólio da força legítima comandando os fluxos internos de sua
sociedade, sendo por ela aceito legal e legitimamente normalizando-se as
relações domésticas. No caso esta aceitação passa tanto por um elemento ,
quanto por uma definição legal(jurídica) dos limites e funções do Estado e de
seus cidadãos.

Existem hoje duas formas principais de república:

1) República presidencialista ou presidencialismo - Nesta forma de governo o


presidente, escolhido pelo voto para um mandato regular, acumula as
funções de Chefe de Estado e chefe de governo. Nesse sistema, para levar a
cabo seu plano de governo, o presidente deve barganhar com o Legislativo
caso não possua maioria;

2) República parlamentarista ou parlamentarismo - Neste caso o presidente


apenas responde à chefia de Estado, estando a chefia de governo atribuída a
um representante escolhido de forma indireta pelo Legislativo,
normalmente chamado "premier", "primeiro-ministro" ou ainda "chanceler"
(na Alemanha).

3) Uma monarquia é um regime de governo em que o chefe de Estado é o


monarca. O poder é transmitido ao longo da linha sucessória. Há os
princípios básicos de hereditariedade e vitaliciedade. Pode haver algumas
22

exceções, como no caso do Vaticano e da Polônia nos séculos XVII e


XVIII, o chefe de Estado é eleito, mas ambos são considerados monarquias.

O regime monárquico desenvolveu-se como uma


extensão lógica da liderança absoluta de chefes tribais primitivos. Muitos dos
primeiros monarcas, tais como os do Egito antigo, reivindicavam que
governaram por direito divino.

Enquanto nas repúblicas a soberania nacional é


confiada ao presidente da república, nas monarquias a soberania popular é
confiada ao monarca. De acordo com os defensores da monarquia, o monarca é
quem melhor desempenha o cargo de chefe de Estado, por ter sido preparado
para ele, por não pertencer a nenhum partido político e por não depender de
campanhas eleitorais e nem de financiamento eleitoral.

Numa monarquia parlamentarista, o monarca


exerce a chefia de Estado, cujos poderes são apenas protocolares e suas
funções de moderador político são determinados pela Constituição, onde tem
como função resolver impasses políticos, proteger a Constituição e os súditos
de projetos-de-leis que contradizem as leis vigentes ou não fazia parte dos
planos de governos defendidos em campanhas eleitorais. A chefia de governo é
exercida por um primeiro-ministro, este é nomeado pelo monarca e é aprovado
pelos parlamentares após a apresentação do seu gabinete ministerial e do seu
plano de governo, podendo ser derrubado pelo Parlamento por meio de uma
moção de censura.

Ex: França República Parlamentar –Presidente é o Chefe de Estado (âmbito


externo) e o 1º Ministro é o Chefe de Governo (âmbito interno)

Ex: Brasil – República Presidencialista – O Presidente da República exerce as


2 funções – Chefe de Governo e Chefe de Estado. O Ministro das Relações
Exteriores é nomeado por ele.

Ex: Inglaterra – Monarquia Parlamentarista – O 1º Ministro ocupa as 2 funções


e ao final a Rainha chancela as questões relativas ao Estado. A rainha tem
uma função meramente representativa e diplomática, não possuindo qualquer
gênero de poder executivo.
23

SOBERANIA : Pecequilo : Soberania Estatal : A soberania é um conceito


invariável e reconhecido do ponto de vista do Direito Internacional,
estabelecendo uma igualdade concreto entre os Estados que a detém.
Independentemente de suas características físicas , sociais , culturais ,
econômicas ou políticas. Todos os Estados serão igualmente soberanos do
ponto de vista jurídico.
Soberania Interna : Capacidade de exercer controle sobre o seu território. Mas
nem sempre isso ocorre. Ex: FARC´s – Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia . É difícil dizer que o Estado exerce seu poder na totalidade do seu
território.
Soberania Externa : Autonomia/Capacidade de um Estado/País empreender
ações internacionais de acordo com os seus interesses.
Soberania Política do Brasil : Questiona-se até que ponto o Brasil teria
capacidade para ter autonomia econômica plena , já que sofre influência do
FMI.
Crescimento X Desenvolvimento
Crescimento : Expansão , milagre econômico fictício (arrocho salarial e
empréstimos – Juros aumentaram , bem como a dívida externa). Aumento da
desigualdade sem implicar no desenvolvimento.
Desenvolvimento : Países com maiores índices de desenvolvimento , são os
países que deterão maior capacidade de ação.
Discurso do FMI visando o desenvolvimento, mas até que ponto esse auxílio
implicará em imposição de condições ?
Soberania Jurídica : Todos os Estados são soberanos. O Estado é uma
instituição , sendo algo abstrato, onde dependerá de como irá exercer o seu
poder.
Soberania de Fato : Soberania prática ,o que em termos de poder isso não
muda. Alguns Estados falidos não possuem capacidade prática para exercer.
Estabelecimento da Paz ("Peace-making")
É o processo destinado à obtenção de acordos que extinguam a confrontação e
possibilitem a solução das motivações que originaram o conflito.
Normalmente, é desencadeado por intermédio da diplomacia, mediação,
negociação e outras formas de acordo político.
24

Manutenção da Paz ("Peace-keeping")


Constitui-se no emprego de pessoal militar, policial e civil para auxiliar na
implementação de acordos de cessação de hostilidades celebrados entre as
partes em litígio. Os seus princípios básicos são: o consentimento das partes, a
imparcialidade, o uso mínimo da força limitado à auto-defesa, e o caráter
voluntário da participação dos Estados-Membros.
Ex : Intervenção no Haiti pelo Brasil, com autorização do Governo em conflito,
para manutenção da Paz.
Imposição da Paz ("Peace-enforcement")
São medidas desencadeadas por intermédio do emprego de forças militares que
se destinam a restaurar a paz ou estabelecer condições específicas em uma área
de conflito ou tensão, onde as partes envolvidas (ou uma delas) não consentem
com a intervenção e estejam engajadas em confrontação bélica. O emprego da
força é respaldado pelo prescrito no Capítulo VII da Carta da ONU e se fará
contra a facção ou facções que insistam na violação da paz.
As medidas de "imposição da paz" poderão implicar no desencadeamento de
operações de combate para a consecução de seus objetivos.
7) Princípio da Territorialidade : Pecequilo : Dentro do espaço físico onde o
Estado se estabelece , ele detém total poder de mando sobre a sua população,
tendo completa autonomia para realizar seus interesses com base em seu
interesse nacional, estabelecido por meio de um cálculo racional que avalia os
custos e benefícios de cada ação. Nenhum outro Estado ou entidade , dada a
Soberania definida , poderá interferir nestes fluxos internos. Ou seja , existe
um reconhecimento do poder estatal como soberano e supremo dentro de suas
fronteiras afirmando-se o Princípio da Territorialidade.

8) Dimensão Doméstica/Regime : Pecequilo : No que se refere à organização


doméstica do poder e de seu exercício , devemos levar em consideração como
elementos desta diferença aspectos relativos à formação e condução do
Governo em termos de sua constituição e do regime político. A atuação dos
partidos políticos e o peso da sociedade civil , seus grupos de interesse e da
opinião pública nacional e internacional. Cada Estado possuirá o seu regime ,
forma e sistema de governo. Montesquieu e os federalistas avançavam na
definição da estrutura interna dos Estados , compostos de 3 poderes , separados
25

e interdependentes : Executivo , Legislativo e o Judiciário (responsáveis pelo


comando do Governo , a legislação e a justiça , respectivamente).
Independentemente da força que assumirá o Governo , cada Estado possuirá
suas regras internas próprias , uma Constituição Nacional que determinará as
suas características domésticas e a organização e função dos 3 poderes. Tal
Constituição regerá o país em sua totalidade e , dentro deste conjunto geral de
procedimentos legais e legítimos , definirá a questão da competência no campo
das relações internacionais.
No caso da CRFB de 1988 do Brasil , os responsáveis pelas questões
internacionais são o executivo , o Presidente da República e o Ministério das
Relações Exteriores subordinado à Presidência.
Alguns sistemas democráticos , além disso definirão em suas Constituições leis
e mecanismos de participação para os partidos políticos e a sociedade civil ,
influenciarem nos processos decisórios , somados à processos de cobrança e
verificação do poder público (accountability).
Considerando-se as Relações Internacionais de uma nação , serão as políticas e
estratégias elaboradas determinadas pelo Estado ou pelo Governo ? No caso,
normalmente nos referimos à Política e à Estratégia como Políticas de Estado,
ou seja , Políticas que são elaboradas à partir de uma visão abrangente do que é
o interesse nacional, nascidas de uma burocracia especializada e estável, não
sujeitas a alterações bruscas de governo. Haveria , assim , uma certa
continuidade no campo das Políticas internacionais que não seria observada na
dimensão doméstica que seria mais diretamente afetada por disputas partidárias
e eleitorais.
A Política Externa de Estado difere da Política de
Governo , uma vez que o interesse nacional é PERMANENTE. Dois atores
fundamentais exercem a Política Externa de Estado são os Diplomatas e os
Militares que são funcionários do Estado. O Governo possui um caráter político
vinculado à eleição.
Ex : Política Externa do Estado – A CRFB 1988 prevê a Integração da América
Latina , o Governo que não incrementar estará se divorciando da CRFB.
MEIO INTERNACIONAL: Pecequilo : Aponta quais os fatores que regem o
funcionamento do Sistema Global. São eventos , fatos e acontecimentos que se
processam no SI e que podem ser gerados pelas ações dos atores com
conseqüências esperadas e inesperadas, ou independer de suas ações.
26

Cinco fatores ou forças podem ser destacados como importantes no quadro da


RI´s : Natural , Demográfico, Econômico , Tecnológico e Ideológico.
Fatores naturais e demográficos inserem-se na esfera do “Hard Power” ,
enquanto os demais inserem-se no âmbito do “Soft Power”.
Todos estes fatores são gerados por ações humanas com exceção dos fatores
naturais.
As sociedades terão cada vez mais a capacidade de interferir e modificar suas
condições materiais de existência por meio das forças suaves.

Fator Natural : Elemento pré-determinado. O meio geográfico é uma condição


necessária e permanente da vida material da sociedade. Ele é normalmente
aceito como um fator que exerce tanto influência sobe a formação a índole
nacional , quanto sobre as RI´s . Este fator está ligado ao Hard Power. Os
recursos naturais são elementos de poder tradicional, referem-se à posse e à
capacidade de utilização das matérias primas e bens de uma determinada
sociedade.

Dentre esses recursos ; minerais , metais , pedras preciosas, o petróleo , gás


natural, os produtos agrícolas. Todos estes recursos são, ao mesmo tempo, um
ativo para o país que os possui, como bens para a conquista e exploração por
parte dos demais. Neste sentido , muitas guerras entre os Estados, e mesmo
entre as populações dentro de uma mesma nação, podem ser motivadas pelo
desejo de dominar estes recursos.
Condicionantes naturais e geográficos continuam responsáveis pela definição
de parâmetros para o comportamento e ação dos Estados, tanto impondo
constrangimentos, como gerando possibilidades.
Brucan : É inegável que o meio geográfico seja o fundo sobre o qual se
desenrola a vida internacional . Não obstante , ainda que as dimensões de
nosso planeta tenham continuado constantes ao longo de milhões de anos e que
a geografia dos continentes e dos oceanos não tenha se modificado há
gerações, as relações entre Estados e Sistemas de Estados podem mudar
radicalmente no espaço temporal de somente uma geração. Na medida que o
ator principal na esfera internacional segue sendo o Estado-nação, cuja
existência está ligada a um território definido, a situação, o espaço e a distância
seguirão sendo variáveis importantes nas RI´s e sua influência combinada
27

desempenhará um papel importante na formulação política e da estratégia dos


Estados.

Fator Natural : Recursos Naturais que o país tem à sua disposição . Dependem
da administração e da capacidade de controlar seus recursos. Recurso mais
estratégico é o petróleo. Quais são os países? Iraque, Kwait , Emirados
Árabes, Venezuela.
O que acontecerá com esses países quando o petróleo acabar ?
Noruega tem petróleo , mas está otimizando seu uso , criou um fundo com a
renda do petróleo sabendo que o recurso vai acabar. Está investindo em
pesquisas , pois quer manter a qualidade de vida. Diferentemente da Venezuela
– Chavez está gastando petróleo, para aumentar a sua influência no exterior.
Por falta de investimentos a produção do petróleo na Venezuela caiu 27%
desde 1997 , mas no mesmo período o preço do barril quadruplicou , o que
permitiu que Chavez gastasse 25 bilhões , contudo essa política de Chavez é
difícil de ser sustentada pois houve uma queda do preço do barril em 30%,
gerando uma instabilidade.
A Venezuela é o quinto maior exportador de petróleo, mas a concentração da
receita do produto está nas mãos do Estado, distribuída por critérios políticos o
que privou o país de criar oportunidades , mecanismos de mercado e
instituições para diversificar a sua economia. Chavez está repetindo o padrão
histórico de desperdício colossal de receita petrolífera, sem investir na infra-
estrutura ou na criação de empregos.
Sendo a Venezuela um exemplo de mal versação de recurso natural . Enquanto
que a Noruega é um exemplo a ser seguido, pois está projetando as suas
preocupações para o futuro.
Com relação aos países árabes não se sabe se os mesmos estão fazendo alguma
política de prevenção contra a escassez de petróleo.

BRASIL possui água : Posição estratégica – Bacia Amazônica, Reservas


subterrâneas , Aqüíferos Subterrâneos. Como administrar esse recurso
imprescindível ? Começam os debates. Poder de exercer controle.
PAÍSES AFRICANOS – Diamantes e Petróleo. Contudo as guerras civis e
armas são fonte de instabilidade.
28

FATOR DEMOGRÁFICO : Pecequilo : Densidade populacional elemento


indispensável das condições materiais da existência da sociedade, estando
relacionado ao hard power. Relaciona-se com o estudo dos impactos
populacionais nas RI´s, tanto no que diz respeito à quantidade da população de
um determinado Estado, suas condições sociopolíticas e econômicas, como ao
seu movimento dentro e fora das fronteiras internas. Especificamente, tais
elementos referem-se à questão do crescimento e o controle populacional e ao
tema das imigrações.
Diversos riscos e dilemas estão associados a explosão demográfica e ás
crises internas dos países, advogando-se as práticas de controle populacional
para a melhoria das condições de vida e intervenções humanitárias. Porém a
questão do controle populacional traz efeitos ambíguos. Positivamente ,
observa-se uma elevação no padrão de vida das populações e uma maior
estabilidade interna. Em termos negativos existe a contrapartida do excesso de
controle que levou, em alguns países como o Japão, França e Itália , à falta de
interesse e incentivo para ter filhos, provocando relativo despovoamento. Esta
situação á longo prazo gera a diminuição da população ativa e pressões sobre o
sistema previdenciário uma vez que não existe renovação na massa
trabalhadora,mas apenas um aumento constante de gastos devido ao
envelhecimento da população. A falta de mão de obra , neste sentido , é um
dos fatores que impulsiona as migrações , que , além disso, também serão
motivadas por aspectos adicionais.
Guerras , processos de perseguição religiosa ou política , expulsão de
populações , desemprego, injustiça , estão dentre as raízes dos movimentos
migratórios. A razão é a busca de melhores condições de vida . A questão dos
refugiados e exilados são razões que levam alguém a migrar.
Temos observado o deslocamento de populações de continentes mais
empobrecidos , como América Latina e África , em direção à centros de poder
econômico na Europa Ocidental e EUA , em busca de melhores oportunidades
e condições de vida. As migrações são incentivadas pelo despovoamento e
envelhecimento relativo de alguns destes países, nos quais tem faltado mão de
obra tanto qualificada , quanto para serviços de baixa remuneração e
especialização.

Hoje as oportunidades de ascensão sociais são menores, os salários mais baixos


e as diferenças culturais exacerbadas , tanto em termos lingüísticos , quanto em
29

termos religiosos , como resultado choques são constantes levando ao


crescimento da xenofobia.
População :
Brasil 180.000.000 milhões de habitantes – País Baleia – população Recurso de
Poder – Samuel Pinheiro : “Brasil na Terra dos Gigantes”
População capacitada , potencialmente. Paradoxo : População com
desigualdade social, péssima distribuição de renda.
Europa : População envelheceu , algumas cidades na Itália estão sendo
abandonadas.
Problemas com a previdência social , pois precisam de mais mão de obra para
sustentar as pessoas.
Incentivos à Imigração. Os nórdicos precisam de pessoas para incrementar.
Não se sentem estimulados a progredir, pois seus níveis de salário com ou sem
conhecimento não diferem muito.
Xenofobia gera dificuldade de integração. Na França problemas com
mulçumanos , argelinos.

FATOR TECNOLÓGICO : Análise das forças associadas ao “soft power”. Tais


forças estarão relacionadas á dimensões de poder cada vez mais presentes e
relevantes no sistema , sendo vistas como até mais importantes do que os
recursos tradicionais anteriormente examinados. Tais forças combinadas , em
especial , fatores técnicos e econômicos consistem em dados fundamentais de
exercício e projeção de poder. Estes recursos poderão ser utilizados para a
transformação e administração das condicionantes naturais e demográficas
descritas , melhorando a posição relativa das nações que os detém. Assim a
evolução técnica permite , não somente dominar os recursos disponíveis de
uma sociedade aumentando o potencial de utilização de seus recursos de poder,
como os Estados por meio de força militar , econômica e política. Atuam em
conjunto reforçando-se mutuamente.
30

Os países líderes na economia poderão projetar-se mais facilmente no sistema ,


e caso se agreguem a este poder com influencia política , tornam-se potências.
A ausência de tecnologia de um país dificilmente o colocará como poder no
sistema. E caso tenha tecnologia , se a sua capacitação declinar nesta área ele
tende a perder posições. Aplica-se neste sentido a lógica do
“CONHECIMENTO É PODER”.
Novas invenções aumento da produtividade e competitividade.
Desenvolvimento das comunicações diminuição de distancias . Possibilidade
de nova Revolução Industrial , biotecnologica e genética.
Distribuição imediata de informações. Meios de comunicação instrumento
político ideológico.
Para as RI´s fatores como aceleração das informações e a possibilidade de
trocas comerciais e políticas são essenciais, havendo um aprofundamento cada
vez mais da transnacionalização. Contatos , comércio , negociações, todos eles
foram facilitados por meio das inovações científicas.
Século XX , avanço tecnológico militar , dada a situação de confrontação
global entre as potências que disputavam a hegemonia global. Tecnologia
nuclear que permitiu a criação de armas de destruição em massa , e por outro
lado permitiu o microondas , avanços na biologia e na química .Tecnologias
sensíveis ou duais pois tanto podem servir a fins bélicos quanto civis.
A internet pilar do da revolução das informações.
Fator tecnológico não caminha em separado do fator econômico, nunca
podemos nos esquecer que a tecnologia não constitui elemento autônomo e
auto suficiente , ela é uma decorrência direta do nível de desenvolvimento
sócio-econômico.

FATOR ECONÔMICO : Relaciona-se diretamente ás forças da tecnologia. Os


Estados que possuíam a capacidade de se inovar tecnicamente com maior
velocidade e eficiência foram aqueles que tiveram condições efetivas de buscar
uma posição mais avançada no SI. Revolução Científica é um divisor de
31

águas no estudo das RI´s. Forças produtivas como elemento determinante do


desenvolvimento social e os impactos deste no cenário mundial.
Somados o fator técnico e econômico são portanto, importantes referenciais de
poder e pressão no cenário mundial , tendo como resultados diversos processos
de transformação com impactos globais.
Todas as áreas conjugadas levarão a uma constante alteração na situação global
do sistema , como a uma reavaliação dos fatores de produção e sua relação
especificamente o capital , a mão de obra , utilização dos recurso naturais e
ação das CMNs.
FATOR IDEOLÓGICO : As ideologias são elaboradas pelo homem à partir de
suas percepções do mundo concreto diante de acontecimentos e contextos
específicos visando a sua explicação e certos objetivos. Tais objetivos variam
desde a união nacional e o estabelecimento de uma identidade até a justificativa
de uma guerra ou da busca pela paz. Dependendo de suas percepções de
acordo com esta análise , os agentes tenderão a se comportar de diferentes
maneiras : Ideologias autoritárias conduzirão à guerra , enquanto povos que
valorizam a paz buscarão a sua disseminação. A ideologia é um elemento
indispensável para entender as interações globais e para explicar a motivação
dos agentes , permitindo perceber os reais motivos que se escondem por trás de
atitudes aparentemente altruístas.
Examinando todos estes fatores do ideológico ao natural , do demográfico ao
técnico e econômico , fica claro que existe um alta interdependência entre
todas estas forças, não sendo possível explicar um acontecimento ou fenômeno
internacional à partir de um prisma único. Mesmo que um fator pareça
determinar os traços principais de um fator especifico , ele não constitui um
fim em si mesmo, mas representa a convergência e a interseção de uma série de
outros elementos.
Como indica Brucan existem 3 camadas que estruturam e dinamizam as RI´s :

1) Elementos básicos , naturais materiais : meio geográfico , aumento da


população e produção de bens , sendo esta última a determinante pela
Revolução Cientifico Tecnológica ao ponto de transformar e modelar as
outras duas a cada um dos traços do ambiente em que se desenvolvem as RI
´s .
32

2) Forças sociais , especialmente classes e nações , com sua consciência


ideológica e impulsos psicológicos , assim como as reações que as
impulsionam a atuar no cenário internacional.
3) Fatores de contingência , particularmente econômicos , políticos e militares
que dão valor aos elementos básicos naturais materiais e condicionam à
intensidade das tendências e reações sócio emocionais.

Para auxiliar na compreensão destes fatores e na dinâmica dos agentes e do SI


é preciso de uma estrutura de pensamento organizada, avaliando e indicando
quais as teorias que nos ajudam a refletir sobre estes problemas dentro do
quadro da disciplina das RI´s.

GUERRA FRIA/ TRANSIÇÃO -PÓS GUERRA FRIA

Capítulo II
Guilhon : Durante a II Guerra , a Alemanha ocupou praticamente toda a
Europa destituindo as potências européias de qualquer relevância sistêmica.
Com a sua derrota ao final da guerra , o principal palco das RI´s tornou-se um
vácuo de poder, ficando a Europa dividida entre a aliança anglo-americana e os
soviéticos.
As antigas colônias ficaram desamparadas por suas metrópoles durante a
guerra , tornando-se palco de movimentos de independência que passaram a
disputar o apoio dos EUA e da URSS. Outras foram tomadas durante a guerra
pelo Japão , cuja derrota também deixou um vazio naquela região, onde as
únicas potências relevantes passaram a ser os EUA e URSS.
Desde a I Guerra começou um processo de esfacelamento de antigas potencias
imperiais que mantinham o equilíbrio entre si- Impedindo o surgimento de uma
potência hegemônica- e cujos impérios desapareceram durante a II Guerra :
Alemanha , Áustria , Turquia , Itália e Japão.
Fatores conjunturais de desencadeamento da Guerra Fria : Os vencedores da II
Guerra adotaram políticas inconsistentes nelas mesmas e incompatíveis com os
objetivos assumidos.
33

Por um lado , desde que se vislumbrou o final da guerra procederam a divisão


do mundo em zonas de influencia, destinadas a manter o equilíbrio entre as
principais potências e a prolongar a grande aliança vencedora no pós-guerra.
Por outro lado , os EUA lideraram a criação de um sistema institucional ,
baseado em princípios universais e abstratos destinado a manter uma ordem
internacional supostamente fundada no Direito e não na força . E a URSS ao
mesmo tempo em que participava , embora limitadamente , desse sistema ,
adotava por outro lado uma retórica igualmente universalista, baseada nos
princípios da revolução mundial socialista.
Como conseqüência as orientações de política externa das principais potências
eram um misto de ações contemporizadoras e de acomodação com ações
defensivas e dissuasórias que eram percebidas pelos interlocutores como
agressivas e expansionistas .
Embora sem capacidade unilateral de ação sistêmica os Estados Europeus , as
antigas colônias e os movimentos de emancipação empregaram a sua
capacidade de chantagem para pressionar as potencias rivais a intervirem, ou
procuravam envolvê-las em conflitos nos quais as grandes potências não
tinham interesse vital. Por sua vez os Governos das potências dominantes não
controlavam integralmente as lideranças locais, que nem sempre respeitavam
as políticas de contemporização com as zonas de influência da potência rival .

A Europa devastada pela Guerra e insustentável economicamente era vista


como uma presa fácil para movimentos revolucionários de esquerda cujo
prestigio e audiência eleitoral cresceram consideravelmente durante a
resistência ao nazismo e com a participação soviética e comunista na guerra.
Inversamente uma Europa reconstruída econômica e politacamente era temida
como fator de isolamento da URSS e dissolução de sua recém conquistada
zona de influência . Em decorrência , americanos e soviéticos adotaram em
relação à Europa políticas inaceitáveis pela potência rival.
Capítulo III
Política Simétrica Adotada pelas 2 superpotências durante a Guerra Fria :
A Política de mútua contenção consistiu na adoção , por ambas as
superpotências, de objetivos e simétricos.Tanto os EUA como a URSS
mantiveram, durante todo o período, como objetivo primordial,acima de todos
os demais, o de conter o avanço do adversário , isto não quer dizer que não
buscassem em determinados momentos enfraquecer o adversário ou obter
34

avanços para o seu próprio campo , mas sim que o enfraquecimento do


adversário ou o eventual avanço dos aliados só seria buscado se contribuísse
além disso para conter o avanço do rival. Um enfraquecimento da URSS que
implicasse em um futuro avanço territorial , político ou militar, tinha de ser
evitado pelos EUA. Um eventual avanço do socialismo no mundo que
implicasse em uma reação ocidental tendendo a proporcionar ao lado
americano , um avanço político ou ideológico ou sobretudo militar também
deveria ser evitado pela URSS.

Automatismos decorrentes da polarização na Guerra Fria :


O principal fator de auto-regulação da Guerra Fria foi a multidimensionalidade
da polarização, que proporcionava uma definição automática do bem e do mal
e mais importante de estabilidade e paz por decorrência de ameaças à paz e à
estabilidade.
Qualquer ocorrência na órbita econômica , política , ideológica ou militar podia
ser fator de estabilidade desde que concorresse para manter dentro de seus
limites a zona de influência do adversário e por conseguinte conter seu avanço.
Qualquer ocorrência por outro lado que implicasse em avanço ou risco de
avanço do adversário no âmbito econômico , político , ideológico ou militar
constituía uma ameaça à estabilidade e à paz internacional.
Daí decorriam os seguintes automatismos :
Solução sistêmica dos conflitos- Uma vez surgida uma ameaça à estabilidade ,
cada um dos pólos assumia posição de um lado e do outro do conflito ,
garantindo sua limitação e prevenindo contra uma eventual generalização em
guerra sistêmica.
Alinhamento automático- Cada ator internacional alinhava-se com a potência
dominante no seu campo reduzindo o risco de eventuais mudanças de campo
que alterassem o equilíbrio do sistema.
Previsibilidade- A solução sistêmica dos conflitos e o alinhamento automático
conferiam previsibilidade ao sistema diante do surgimento de ameaças : Uma
vez manifestado um conflito definido como portador de um risco para a
estabilidade de um dos campos, era previsível a intervenção da potência
atingida, o que por sua vez, tornava previsível a intervenção da potência rival.
Resposta Realista do Fim Pacífico da Guerra Fria :
35

No fim da II Guerra a URSS era a única potência capaz de rivalizar


globalmente com os EUA e as circunstancias se encaminhavam para uma
polarização entre ambos. Mas estava longe de existir uma igualdade
econômica , política ou militar entre os dois campos. O que demoveu a elite
americana de um projeto hegemônico que implicasse a submissão da URSS foi
o custo de uma guerra e não há dúvida sobre a eventual vitória. Mas a política
de contenção americana permaneceu rigorosamente dentro do dilema da
segurança, pois a contenção de qualquer avanço soviético significaria a estrita
manutenção do equilíbrio assimétrico entre as duas super potências , isto é , da
superioridade americana em todos os campos.
Quanto à URSS, encontrava-se em uma situação com relação aos EUA
semelhante à de Esparta com relação à Atenas. A URSS adotou uma política
de contenção que lhe permitia evitar uma guerra para a qual não possuía os
recursos de poder necessários, pois a superioridade americana seria
esmagadora e na qual por conseqüência sua segurança estaria ameaçada. Mas
a manutenção do equilíbrio assimétrico proporcionou aos EUA tempo para
tornarem invencíveis , enquanto para a URSS significou apenas o aumento de
sua vulnerabilidade.
Resposta Liberal para o Fim Pacífico da Guerra Fria :
A resposta liberal como vimos à respeito da corrida armamentista iniciada por
Reagan supostamente com o objetivo de levar a URSS á falência , consiste em
avaliar acertos e erros na adoção de objetivos , políticas, princípios e fins nas
RI´s .
Assim sendo, incluem-se nessa categoria variantes que atribuem a derrota
soviética a fatores que compreendem desde a sua superioridade dos princípios
democráticos , dos valores cristãos ou da economia mercado, até erros na
adoção ou execução de politicas externa ou de defesa , passando por equívocos
nas políticas setoriais, como a agricultura de alimentos na URSS.
São exemplos de erros desse tipo, desvios da política de mútua contenção
praticados por ambos os lados, como as intervenções em Cuba , Vietnam ,
Afeganistão, que se revelaram irrelevantes para os interesses vitais de ambos os
lados, mas tiveram implicações internas e externas devastadoras, que a URSS,
devido a sua maior rigidez política, não soube ou não pode corrigir, enquanto a
democracia americana teria proporcionado inverso.
36

Principais características da Transição Pós-Guerra Fria :

Despolarização – O desmoronamento do Império Soviético pós fim à


polarização, mas não criou uma nova polarização, nem como se apregoou uma
nova ordem internacional inteiramente baseada na igualdade entre as nações e
em princípios universais , mas sim uma situação despolarizada. Não existe
mais uma potencia ou conjunto de potencias que constitua um pólo oposto aos
EUA em matéria de organização de mercado , de sistema político , de liderança
ou de objetivos militares.
Definição ad hoc da estabilidade e ameaça à Paz- Com o fim da polarização ,
deixou de existir uma definição sistêmica da estabilidade , isto é, tudo o que
contribuía para manter a polarização e a definição da estabilidade e da Paz ,
passou a depender de construções ad hoc, cada caso passou a ser um caso.
Fim do Alinhamento Automático – Com o fim do automatismo , da definição
de estabilidade e de ameaça à paz , os alinhamentos deixaram de ser
automáticos e em cada situação de conflito internacional formam-se coalizões
ad hoc , de geometria variável. As coalizões formadas no inicio de um conflito
não são necessariamente as mesmas que se mantém no fim. As que se formam
em torno de 2 situações exemplares de um mesmo tipo de conflito não são
necessariamente as mesmas.
Fim da auto-regulação e da previsibilidade : Com os fim de todos estes
automatismos as RI´s perderam a sua característica essencial de auto-
regulação. Já não se produzem automaticamente fatores de reequilibrio em
resposta à desequilíbrios provocados no sistema. Conflitos que afetam a
estabilidade e põem em risco a paz internacional não automaticamente
limitados pela intervenção das superpotências , podendo perpetuar-se ou
mesmo agravar seus efeitos desestabilizadores. Com isto , as RI´s perderam o
essencial de sua previsibilidade.
Fim da política externa reativa : Os Estados já não podem como na Guerra
Fria, limitar-se a reagir às orientações das superpotências , com o objetivo de
não contrariar seus objetivos e salvaguardar os seus próprios de forma
compatível com os da superpotência , com a qual mantinham alinhamento. Os
limites da autonomia se ampliaram , mais os custos de cada escolha tornaram-
se menos previsíveis.
Capítulo IV :
37

O cenário mundial contemporâneo : os atores , as questões , os novos processos


e configuração emergente do poder mundial.
Em que sentido a transição do Pós Guerra Fria pode ser tida como
despolarizada ?
Não existe mais uma potência ou conjunto de potências que constitua um pólo
oposto aos EUA em matéria de organização de mercado, de sistema político, de
liderança ou de objetivos militares . As potências capazes de rivalizar com os
EUA no plano econômico não constituem um pólo oposto à superpotência , em
qualquer sentido da palavra, nem em termos políticos e militares, nem em
termos comerciais, nem em termos de organização da economia, ou em termos
ideológicos ou de valores.
Por que na transição do Pós-guerra existiria uma dissociação hegemônica ?
Por um lado , a perda da supremacia econômica absoluta restringe a capacidade
dos EUA para tornarem a liderança política e militar em hegemonia . Por outro
lado, as potências capazes de rivalizar , com a superpotência americana em
termos comerciais e financeiros não parecem dispostas a pagar os custos da
liderança política e da capacidade de decisão militar que uma disputa pela
hegemonia global poderia implicar. Portanto , ao contrario de uma associação
entre a supremacia política , militar e econômica , que são as bases da
hegemonia, temos uma dissociação entre essas dimensões. Os dois gigantes
econômicos são anões políticos e o gigante político não é capaz de pagar suas
próprias guerras.
Como se pode caracterizar o fenômeno de transnacionalização ?
A transnacionalização é a propriedade que tem certos fenômenos de projetar
seus efeitos através das fronteiras nacionais. Trata-se de um fenômeno
permanente na historia do mundo civilizado, que se acelerou e tomou
dimensões globais nas últimas décadas. A existência de fenômenos e
processos transnacionais não é nova. O que é novo e que lhe dá um caráter
global e a torna um dos traços dominantes da atual transição , é a sua
aceleração e generalização. Ambas de devem a dois processos recentes e que se
intensificaram na ultima década :
1) O desenvolvimento vertiginoso de tecnologias cada vez mais sofisticadas
nas diversas áreas de comunicação;
2) A redução inversamente proporcional de custos destas mesmas tecnologias.
Isto permite a mobilidade instantânea ou quase instantânea de informações,
idéias , pessoas , sentimentos , dinheiro , mercadorias...
38

Colegiado de potencias : Um colegiado de potencias seria o SI cuja


estabilidade seria mantida por um conjunto reduzido de potencias com
prerrogativas equivalentes. Nessa hipótese um grupo de potencias manteria o
equilíbrio respeitando suas respectivas áreas de influencia . Por outro lado, o
colegiado de potencias descartaria o isolacionismo. A manutenção do
equilíbrio entre as potencias seria perfeitamente compatível com o alto grau de
interdependência econômica e , portanto com a manutenção da globalização do
processo produtivo e dos fluxos financeiros.

Hegemonia Dissociada : Nesta hipótese a ordem internacional seria


caracterizada pela permanência da liderança política dos EUA , por sua
supremacia militar, mas não por uma supremacia inconteste no plano
econômico. As demais potências se disporiam, nas três dimensões do comercio,
política e da defesa em diversos graus de cooperação, rivalidade e
confrontação com os EUA e entre si, tornando-se o G7 e não o CS da ONU
como parâmetro , esse grupo estará brevemente sujeito à efeitos de gangorra.
A França , a Itália e a Inglaterra estão em franco descenso , enquanto está a
China está em ascensão inconteste, e não faltam candidatos , tais como o
Brasil, a Índia e a Austrália . Esse segundo pelotão poderia teoricamente
submeter-se a hegemonia americana, apóia-la em sua função de liderança
global, mas constituindo ao mesmo tempo, um poder de contenção e equilíbrio,
ou dar lugar a uma nova polarização..
Quais são os novos atores e as novas questões da agenda global ?
Os novos atores são os novos Estados , fruto do desmembramento do Império
Soviético e de Estados do Terceiro Mundo , que se expandiram indevidamente
prevalecendo-se dos impasses da Guerra Fria. São também novas entidades
paraestatais de poder, tais como o crime organizado internacional, alguns tipos
de movimentos guerrilheiros e terroristas, movimentos étnico nacionalistas ,
algumas ONGs radicais, adeptas da ação direta. São ainda as ONGs ,
multinacionais , empresariais ou não.
Globalização
Concepção benigna : Na visão neo-liberal a globalização tem origem na
perfectibilidade humana e por sua vez para ela contribui de maneira decisiva.
Ela deriva por um lado do aperfeiçoamento cientifico e tecnológico, na medida
em que decorre da capacidade de efetuar todos os principais processos da
economia à distancia de forma instantânea. A produção , a distribuição , os
fluxos de investimentos, a oferta e a demanda na medida em que se processam
39

a distância e por assim dizer instantaneamente ganha uma dimensão global que
os torna mais transparentes , afastando a opacidade dos mercados territoriais. A
Globalização seria assim o reino da perfeição do mercado , da realização de
todas as potencialidades do mercado.
Concepção maligna : A globalização é neste caso definida pelos seus
resultados e imediatamente negativos, tais como , a necessidade de reconversão
dos parques industriais, deslocados pela nova competição internacional, e
conseqüente desemprego; A mudança rápida dos fluxos de investimentos ; a
desregulamentação, com a conseqüente diminuição da margem de manobra de
setores monopolistas e dos seguimentos da força de trabalho com vantagens
corporativas estabelecidas; o recuo do Estado , do setor produtivo e da maioria
do setor de infra estrutura com a conseqüente perda de uma poderosa coalizão
de interesses que sobrevivem na dependência do gasto público .
Hegemonia polarizada: O mundo em que vivemos na maior parte do século
XX foi o mudno bipolarizado ou mais precisamente de hegemonia polarizada.
Dois protagonistas exerceram entre o final dos anos 40 e o inicio dos anos 80
uma hegemonia completa sobre pólos opostos, no conjunto das dimensões que
importam para descrever a ordem mundial.
Assim uma polaridade basicamente política ou estratégica , entre os EUA e a
URSS dividia os Estados em economias opostas, formas opostas de
organização da sociedade, ideologias e valores opostos e excludentes.
Transição despolarizada : Longe de redundar em “monopolaridade” ou
“multipolaridade”, a transição pela qual estamos passando resultou na
sobrevivência de apenas uma superpotência com recursos globais de liderança
política e supremacia militar dos EUA , mas em relação á qual não se
constituiu nenhum outro polo rival . Não obstante a liderança política
americana e sua supremacia militar global, a superpotência já não detém a
primazia de competitividade, mas a compartilha com um grupo de países ; Sem
a sua cooperação nem mesmo a sua supremacia militar poderia ser exercida em
caráter permanente. Isto afasta de imediato a hipótese de uma hegemonia
global.
Tão pouco o fim da Guerra Fria resultou na criação de um novo pólo oposto
aos americanos, processo que se não pode ser afastado a longo prazo , ainda
não se encontra delineado no horizonte visível . Por outro lado ainda as
potências capazes de rivalizar com os EUA no plano econômico não
constituem um pólo oposto à superpotência em qualquer sentido da palavra,
nem em termos políticos e militares, nem em termos comerciais , nem em
termos de organização da economia, ou em termos ideológicos ou de valores.
40

Isto é , todos os candidatos à rivais dos EUA simultaneamente rivalizam ,


cooperam e se confrontam limitadamente com a superpotência e entre si, mas
rigorosamente não constitui um pólo oposto em nenhuma das dimensões que se
definem a cooperação e o conflito nas RI´s.
Transição com Hegemonia Dissociada : A hegemonia dissociada , o segundo
traço definidor da atual transição, correspondem dois aspectos implícitos no
quadro acima. Por um lado a perda da supremacia econômica absoluta
restringe a capacidade dos EUA para tornar sua liderança política e militar em
hegemonia. Ao mesmo tempo a persistência da liderança política e militar dos
EUA limita , em função dos compromissos globais que ela implica, sua
autonomia doméstica para recuperar a competitividade econômica. Por outro
lado ainda , as potências capazes de rivalizar com a superpotência americana
em termos comerciais e financeiros não parecem dispostas a pagar os custos da
liderança política e da capacidade de decisão militar que uma disputa pela
hegemonia global poderia implicar.
Transnacionalização : O terceiro aspecto é a Transnacionalização , fenômeno
permanente na historia do mundo civilizado , mas que se acelerou e tomou
dimensões globais nas ultimas décadas . A Transnacionalização , é a
propriedade que tem certos fenômenos de projetar seus efeitos através das
fronteiras nacionais. Sua generalização e aceleração vertiginosas, que a tornam
instantânea , para todos os efeitos práticos , golpeiam profundamente as
prerrogativas dos Estados Nacionais como atores exclusivos das RI´s e
resultam em uma nova vulnerabilidade dos Estados.

Globalização /DIMENSÕES FUNDAMENTAIS :


A existência de fenômenos e processos transnacionais não é nova. O que é
novo e que lhe dá um caráter global e a torna um dos traços dominantes da
atual transição , é a sua aceleração e generalização. Ambas de devem a dois
processos recentes e que se intensificaram na ultima década :
O desenvolvimento vertiginoso de tecnologias cada vez mais sofisticadas nas
diversas áreas de comunicação;
A redução inversamente proporcional de custos destas mesmas tecnologias.
Isto permite a mobilidade instantânea ou quase instantânea de informações ,
idéias , pessoas , sentimentos , dinheiro , mercadorias...
A globalização resulta da transnacionalização numa era de mobilidade
instantânea de conhecimentos, pessoas e capital . E consiste na
41

desterritorialização de processos que desde sua formação , o Estado-Nação


conseguirá domar, submetendo-os a sua autoridade territorial. Nesse sentido ,
a globalização compreende duas dimensões : A dos processos de formação de
opinião publica , de organização de interesses e circulação de idéias , e a dos
processos básicos de funcionamento da economia : globalização do processo
produtivo, da criação e difusão de tecnologias, da oferta e da demanda, dos
fluxos de investimento e de comercio.
EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO SOBRE O PAPEL DO ESTADO
NACIONAL:
O Estado Nacional foi a chave que abriu historicamente o caminho para o
capitalismo, com a criação do mercado, mediante o estabelecimento de espaços
territoriais submetidos a autoridades impessoais e regras homogêneas, fruto do
desmantelamento , das autoridades difusas e superpostas da Idade Média e dos
privilégios e isenções da nobreza , por isso , o Estado Nacional convive mal
com um capitalismo globalizado. Convive mal com um mercado
desterritorializado , sobre cujas regras ele não pode legislar. Convive mal com
investidores anônimos e difusos que podem ter mais poder sobre a paridade de
sua moeda do que o próprio Estado. Convive mal com a sua própria capacidade
decrescente para editar políticas eficazes, para provocar inovações
tecnológicas, para conservar investimentos cada vez mais voláteis , para
influenciar mais escolhas microeconômicas.
CLASSIFICAÇÃO DOS ESTADOS E O SISTEMA INTERNACIONAL –
Pós Guerra Fria

Pecequilo :

Superpotências ou potências mundias : As superpotências ou potências


mundiais são aqueles países que detém simultaneamente o controle das duas
dimensões de poder : “HARD POWER” (geografia, poder militar, recursos
naturais e força industrial) e “SOFT POWER” (desenvolvimento econômico,
conhecimento, tecnologia, ideologia e cultura). Dotados destes recursos e
condições, as potências mundiais terão como fundamento de sua ação o avanço
de seus interesses e comando do sistema, projetando poder globalmente.
Atualmente os EUA são o país que exerce este papel de hegemonia, uma vez
que possui tanto o poder da força física quanto o da racionalidade que sustenta
o exercício de liderança , tendo assumido a posição de “superpotência
restante” depois do encerramento da Guerra Fria em 1989.
42

Potências Regionais :

- Nível I : Países com projeção de poder limitada à escala regional, mas que
ainda combinam com certa eficiência os recursos “hard” e “soft”. Possuem
uma certa hegemonia residual,mas não ameaçam a liderança mundial
exercida pelos EUA. Ex : França , Alemanha , Japão e Rússia. Detém
elevado nível de autonomia, muitas concentrando mais no campo
econômico do que o campo militar

- Nível II: Líderes Regionais : Referem-se a países de projeção em escala


regional, contudo sem o mesmo potencial de desenvolvimento do nível I .
Na maioria das vezes estes países foram as antigas colônias subordinadas
às potências do nível I. Caracterizam-se por uma apresentarem uma mescla
de desenvolvimento e subdesenvolvimento e por uma grande diversidade
de recursos e problemas. Os Líderes Regionais são os países pivôs, centrais
em sua linha de influência. Ex : Brasil , China , México , Nigéria e Índia.
Seu poderio depende da combinação de “hard e soft power”, somadas a
estabilidade interna e à de sua região. Algumas classificações também os
denominam de grandes países periféricos , potências médias , baleias,
continentais ou países emergentes. Eles se equilibram entre o poder diante
dos pequenos e a dependência relativa dos grandes no sistema
internacional, tentando administrar suas capacidades para minimizar esta
condição e alcançar uma maior autonomia.

Observação : Definir quem é mais ou menos poderoso depende muito do tipo


de recurso de poder que está sendo mais valorizado. Raramente observamos
uma hierarquia de poder que coloca a China acima do Japão apesar da arma
nuclear, optando-se por priorizar o poder econômico japonês em detrimento do
poder estratégico chinês.

Local : Estados que desempenham seus papéis de forma limitada apenas


tentando preservar sua existência política e territorial mantendo a sua
soberania. São países relativamente fracos que somente conseguem atuar no
sistema de maneira condicionada aos demais países com mais força, aliando-se
para obter vantagens políticas e econômicas. Ex : Equador , Chile , Portugal ,
Bangladesh.

Critica ao modelo da Pecequilo : O fato dela misturar superpotências e com


potencias mundiais.
43

A União Européia em termos políticos pode ser tida como potencia estratégica,
já que França é o carro-chefe. Reino Unido aposta muito mais em questões
econômicas do que políticas em virtude da sua localização , apoio aos EUA e
seus interesses.

Japão não poderia ser visto apenas e tão somente sob o aspecto econômico já
que detém tecnologia sofisticada . Poderia ter um exercito , já poderia ser uma
potencia militar.

Questiona o fato da China não encontrar-se como sendo uma potencia regional.
Questiona a importância do México como potencia regional já que depende dos
EUA por força do Nafta.
Venezuela é um líder regional por força do petróleo .

Classificação de Barry Buzan e Ole Waever:

Para Buzan & Wæver a situação existente durante a Guerra Fria (2


superpotências mais 3 grandes potências) foi transformada na direção de
uma clara diferença de capacidades :

Estados Unidos (superpotência), como superpotência , pois segundo a


classificação de Buzan , seria um país capaz de projetar seu poder em nível
mundial em qualquer continente . Pode atuar simultaneamente em mais de
uma região. E em diferentes regiões do Globo. Os EUA possuem bases
militares espalhadas na Europa , na África , na América do Sul. Se desloca
com qualidade para qualquer região

União Européia, Japão, China e Rússia (grandes potências) : Podem


atuar apenas em regiões adjacentes ou próximas .

União Européia : Dona de uma política externa sui generis , França ,


Alemanha e Reino Unido.

Japão/China: Apenas podem atuar na periferia , Coréia , Afeganistão e o


Japão na China e a China no próprio Japão.

Rússia: Não é uma potência que ascendeu , ao contrario , decresceu em


termos de inf

Classificação de 1+ 4 : Estados Unidos (superpotência) + União


Européia, Japão, China e Rússia (grandes potências).
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A isto se somou uma relevância crescente dos complexos regionais de


segurança e das potências regionais, tais como Índia, Brasil, África do Sul ,
Austrália e outras. Influencia apenas em suas regiões.

Potências locais : objeto de ação de outros países . Ex. Bolívia

Classificação de Joseph Nye

De acordo com Joseph Nye, o poder nesta era da informação global se


assemelharia a um jogo de xadrez tridimensional.

Na parte superior do tabuleiro, encontra-se o poder militar. Ali, a


superioridade estadunidense é indisputável e o poder unipolar.

No tabuleiro médio aparece o poder econômico, que apresenta-se


claramente multipolar pois os Estados Unidos competem com outros
atores significativos entre os quais sobressaem a União Européia e o
Japão.

Finalmente, no tabuleiro inferior, poder disperso encontramos uma


complexa rede transnacional não governamental. Esta última incluiria os
mais diversos atores: desde banqueiros que mobilizam vultosas quantias
- maiores do que a soma dos orçamentos destinados a diversos países -,
até terroristas e traficantes de armamentos, passando pelos “hackers”
que dedicam-se a difundir o caos nos computadores de todo o mundo.

Nesse nível, obviamente, não se pode falar de unipolaridade,


multipolaridade ou hegemonia, pois o poder se encontra atomizado.

Ainda segundo Joseph Nye, em um jogo tridimensional é impossível


centrar unicamente a atenção no tabuleiro superior, pois isto levaria a
perder de vista os jogos que se desenvolvem nos outros dois tabuleiros,
bem como as conexões verticais e a capilaridade que se estabelecem nos
três níveis.

Nye, em artigo escrito na revista The Economist, analisa a essência do poder


dos Estados Unidos, na atualidade. Militarmente, é a única nação de
alcance global em nível de armamento nuclear e forças convencionais, e
45

seus gastos, nessa matéria, são maiores que os dos próximos oito grandes
países do planeta combinados. Economicamente, representa 31% do
Produto Bruto Mundial, ao mesmo tempo em que sua presença cultural faz-
se sentir “em todos os rincões da Terra”.

Classificação de DUPAS

META JOGO

Este novo século colocou em pleno vigor uma nova lógica global.

Ela introduz imensos desafios na prática da política mundial e tem


características bem mais complexas que as que vigoravam ao final da
Guerra-Fria. Usando uma competente metáfora de Ulrich Beck, chamemos
essa nova realidade de meta-jogo.

Entendo aqui o termo meta no sentido do que transcende os padrões


anteriores. Esse novo sistema introduz múltiplos paradoxos e muita
imprevisibilidade, pois as regras não são mais relativamente estáveis;
modificam-se no curso da partida, confundindo categorias, cenários e
dramas.
Na pós-globalização, os Estados perdem a posição de poder mais relevante
da ação coletiva; suas fronteiras são desprezadas e eles não conseguem mais
regular as regras da ação política.
O Estado-nação e o Estado-do-bem-estar-social deixam de imperar.
Com a liberalização das fronteiras surgem papéis e regras desconhecidas,
bem como novas contradições e conflitos. Tal como num jogo de damas em
que os movimentos passam a ocorrer com a liberdade inusitada das peças do
xadrez, os atores mais poderosos saltam sobre os outros e mudam de direção
sem aviso prévio, inventando eles mesmos seus novos papéis.

Alguns exemplos: a Espanha decide julgar um ex-presidente chileno por


crime contra a humanidade; os EUA inventam o conceito de guerra
preventiva e invadem o Iraque à revelia da ONU, torturando prisioneiros;
uma corporação transnacional tenta controlar sozinha o genoma da espécie
humana; presidentes de empresas globais, dependentes de softwares
desenvolvidos na Índia, tentam evitar que ela se envolva em guerra contra o
Paquistão ou que um governante à esquerda assuma o poder, etc.
Há alguns aspectos positivos. O antigo jogo nacional-internacional era
46

dominado por regras de direito internacional que partiam do pressuposto


de que os Estados poderiam fazer o que quisessem com os seus cidadãos
dentro de suas fronteiras. Essas regras tendem a ser contestadas.

O paradigma da soberania é posto em xeque, abrindo mais espaço para


intervenções humanitárias internacionais; a imunidade diplomática
parece mais relativa. Mas, quem decide hoje as regras a aplicar? A
possibilidade de ação dos jogadores, especialmente dos mais fortes,
depende em grande parte de sua autodefinição e de suas novas
concepções sobre a política. Nesse novo contexto, o nacionalismo pode
tornar-se extremamente custoso, impedindo que se descubram novas
estratégias e recursos de poder.

A primeira condição para desobstruir essa visão é aceitar o fato de que


estamos definitivamente inseridos numa nova – e muitas vezes perversa -
realidade global. Ela implica na assunção de uma perspectiva
cosmopolita do cidadão e das instituições públicas e privadas que passam
a integrar, queiram ou não, a lógica global.

É essa atitude realista que maximiza as possibilidades de ação dos


jogadores do meta-jogo. Revertendo o princípio marxista, essa nova
essência é que determinará a consciência do futuro espaço de ação.

A globalização contemporânea é uma força normativa que impõe


diretrizes e políticas. Se elas conduzem a crises graves ou becos sem
saída – a Argentina é caso exemplar – o país que assuma sozinho o risco
de ter se comportado como lhe foi exigido. O sistema internacional, cujo
sucesso dos seus atuais países ricos foi muitas vezes erguido infringindo
sistematicamente essas normas, lava suas mãos. Através de instrumentos
como o investiment-grade, decide-se quem se comportou de acordo ou
não com as expectativas. Os primeiros estão incluídos no jogo; os outros
serão excluídos e sofrerão as duras sanções do fluxo de investimentos.

Podemos agrupar os atores do novo jogo global em três áreas principais:


capital, sociedade civil e Estado. Nos anos mais recentes, os grupos
terroristas adquiriram o status de novos atores mundiais, disputando com os
Estados o monopólio da violência.
Os Estados nacionais vêem-se pressionados em duas frentes. Exige-se um
Estado minimalista, onde a autonomia se reduz a opções restritas à
aplicação das normas neoliberais. De outro lado, desregula-se os mercados,
47

privatiza-se os serviços e assiste-se a uma progressiva deterioração do


quadro social, o que – paradoxalmente – requer um Estado forte e um
aparato regulador muito eficiente, até para ter o poder de impor à sociedade
civil condições penosas como as indexações das tarifas superiores ao
aumento dos salários, consideradas necessárias à remuneração adequada dos
capitais.
Os Estados, especialmente os grandes países da periferia, são obrigados a
baixar cada vez mais os custos dos seus fatores de produção para atrair
partes das cadeias produtivas das grandes corporações transnacionais; é a
chamada estratégia de especialização, fortemente competitiva e predadora,
que estimula um rebaixamento geral dos custos gerais da mão-de-obra e
uma guerra de isenções tributárias. Dessa maneira a China está tomando do
México boa parte dos empregos das maquiladoras, conseguidos a duras
penas após a adesão ao Nafta. Para tentar competir, o México terá que
reduzir ainda mais seus custos, provocando novas quedas em outros países,
e assim por diante. Como essas nações acrescentam baixo valor tecnológico
à sua produção local, ao se integrarem nas cadeias globais acabam gastando
com suas importações mais do que conseguem ao exportar; e não são
capazes de obter os benefícios sociais do aumento do fluxo de comércio,
como foi o caso do México. Paga-se, pois, por esta estratégia, um alto preço
com a redução progressiva de margens de ação, erosão da soberania
nacional e das condições de governabilidade.
O conceito tradicional de poder do Estado era ligado ao controle do
território, da população e dos seus recursos. Já as grandes corporações e
o fluxo de capitais – núcleos da economia global – circulam livremente
pelo espaço mundial, o que lhes permite maximizar seu poder diante dos
Estados estimulando a competição e jogando-os uns contra os outros
simplesmente exercendo a opção-saída: “não invisto mais, vou para
outro país”. Não importa mais o controle territorial e sim o livre acesso
ao mercado e à mão-de-obra barata; todos os fatores de produção
transitam livremente - e disso as corporações tiram seu benefício - exceto
a mão-de-obra, eterna prisioneira dos seus contornos territoriais. Nestas
condições, resta pouco do fundamento territorial e nacional da autoridade
econômica. Os salários reais caem em função do aumento da oferta
global; aí está o efeito China. Participar das cadeias produtivas não é
mais uma opção, passa a ser uma obrigação imposta pela lógica global.
Ficar fora delas é ainda pior.

Essa ação dos atores econômicos globais não pode ser classificada nem
de ilegal nem de ilegítima. Ela opera nos interstícios de um sistema não
regulado, num âmbito metalegal, tomando o espaço digital e exercendo
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crescente influência sobre as decisões e reformas do Estado, fazendo-as


coincidir com as prioridades do mercado global, tanto nas normas em
relação ao trabalho quanto nos processos de arbitragem internacional. As
antigas soberanias agora são partilhadas entre Estados e atores
econômicos. Estes últimos usam sempre a opção-saída como arma,
conduzindo muitos Estados a se aproximarem cada vez mais dos
interesses do regime neoliberal. Com isso as empresas transnacionais
passam a tomar decisões quase políticas. Governos e opinião pública vão
se transformando em espectadores e a legitimação democrática se
enfraquece. Não há clara definição de responsabilidades nem sistema
legal, político ou social que as aprove ou legitime.

Quanto à sociedade civil, de um lado seu poder se limitou pelo


enfraquecimento contínuo dos movimentos sindicais, incapazes de
viabilizarem-se no suporte ao crescente volume de trabalho informal e de
desemprego, acarretados especialmente pelos processos intensos de
terceirização e de automação. Apesar disso, com os enormes espaços
vazios deixados pelo Estado, essa sociedade civil foi incorporando à vida
pública uma infinidade de associações civis autônomas e uma visão
midiática para as atividades sociais, econômicas e políticas de grupos
particulares que passaram a reivindicar o caráter público de seus
interesses, exigindo reconhecimento, regulação e salvaguardas das suas
instituições. Nesse novo espaço público estão principalmente o que se
convencionou chamar de organizações não-governamentais (ONGs), mas
também um novo associativismo a partir de bairros, moradores, e
iniciativas culturais, ambientais e de lazer de caráter local; pequenas
associações profissionais e de solidariedade com distintos segmentos
sociais; associações de reivindicação ou defesa de direitos enfocando
gênero, cor, credo etc. Esses novos atores introduzem mudanças
substanciais na cultura política, já que em tese não mais aspiram sua
incorporação ao Estado e defendem um novo padrão de ação coletiva
ligado a critérios territoriais e temáticos. A ação das ONGs e dos
movimentos sociais, embora tenha avançado bastante, no entanto, ainda
fica sem saber a quem reivindicar e como influir na alteração mais ampla
do processo global e nacional, que conduz a progressivas assimetrias,
aumento da pobreza e concentração de renda e poder.

É preciso ressaltar um ator muito especial dentro da nova lógica


econômica global, que ainda está fora do jogo e pode assumir um papel
fundamental no equilíbrio futuro do poder: o consumidor, o gigante
adormecido, que – como bem lembra Beck - poderia transformar seu ato
de compra em um voto (ou veto) sobre o papel político dos grandes
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grupos em escala mundial – em temas tão vitais como automação e


desemprego, poluição ambiental e tecnologias perigosas - lutando com
suas próprias armas: o dinheiro, a recusa de comprar. Mas para que isso
não seja mera utopia, muito se há que fazer em escala transnacional.
Enquanto vários países estiverem disputando a qualquer preço esses
investimentos e jogando desarticuladamente – uns contra os outros -
essas ações da sociedade civil meramente levarão as grandes empresas a
brandirem sua ameaça fatal: a opção-saída.

Na intensa e cambiante geometria variável vigorante no novo jogo, o


aliado de hoje pode ser o inimigo de amanhã. É o caso típico das alianças
Sul-Sul como o G-20, acordos temporários Brasil-Índia-África do Sul ou
suporte de ONGs internacionais a resistências contra sementes
transgênicas. Ainda assim, há blocos de interesse que definem conflitos
básicos. Um deles dispõe corporações multinacionais contra movimentos
sociais.

As grandes corporações – com seu imenso poder - definem a direção dos


vetores tecnológicos, a distribuição mundial da produção e os produtos a
serem considerados objetos de desejo. Com todo esse poder, elas estão
continuamente expostas às críticas quanto às conseqüências que a
sociedade lhes possa atribuir: degradação ambiental, riscos da utilização
da biogenética, toxidez dos alimentos, desemprego e crescimento da
informalidade, propaganda enganosa, etc. A eficácia e a legitimidade dos
movimentos sociais repousará sobre sua credibilidade a longo prazo no
papel de testemunhas de fatos e reveladores das verdades que as grandes
corporações tentarem esconder.

Como parece evidente, é fundamental Como parece evidente, é


fundamental redefinir o Estado e o campo da política como instrumentos
para reequilibrar e domar as forças em jogo.

GLOBALIZAÇÃO –

CONTROVÉRSIAS ACERCA DO MARCO HISTÓRICO

1) As Grandes Navegações (séculos XV e XVI);


2) 1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (século XVIII e XIX);
3) Pós- 2ª Guerra Mundial (anos 40-50);
4) 3ª Revolução Industrial ;
5) Fim da Guerra Fria ;
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Globalização Americanização Transformações ideológicas


Povo incorpora alguns simbolos

Palestinos que comemoraram o 11 de setembro usavam tenis


americanos...

Diferentes faces da Globalização

Financeira : Fluxos , trocas envolvendo moeda , capital , dinheiro ,


virtual , volátil, facilidade de migrar.

Cultural : Até que ponto o maior intercambio , várias culturas ou


somente a estadunidense ?

Política – Governança – tentativa de regrar para tentar estabilizar –


Alguns esforços foram feitos , mas o caos ainda impera. As tentativas
persistem.

Globalização Econômica – expansão do capitalismo não é um fenômeno


novo.

Fenômenos sociais- grupos sociais/ movimentos transnacionais –


Certos grupos não concordam com os efeitos negativos da globalização

Fórum Econômico Social – Contraponto ao encontro de Davos na Suiça

Presidente Lula , tentativa de se colocar como ponte entre os dois


movimentos.

Periodo histórico – Termos Globalização – Controversias de quando


nasceu :

Poderia ter seu começo nas grandes navegações , os portugueses seriam


os precursores.

Idéia de que ao iniciar a expansão ( Unificação dos Estados Nacionais)


maior integração entre os povos África , Ásia, América Latina.

Mundo de forma monolitica.


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