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NOTÍCIAS DE ALVERCA

08 ENTREVISTA OUTUBRO 2008

Ana Simões, presidente do conselho executivo da Gago Coutinho

A “arquitecta” da fusão das secundárias


Assim que a Direcção Regional de Educação de Lisboa (DREL) comunicou,
já no final do ano lectivo transacto, que a Escola Infante D. Pedro iria fechar
para se fundir com a Gago Coutinho, Ana Simões tratou de perceber como
aglutinar dois universos tão diferentes. Pediu apoios à tutela para alargar
cinco salas de aula e criar três monoblocos pré-fabricados no recinto exte-
rior – “que até têm ar condicionado!” Passada a fase da tormenta, a respon-
sável prepara-se para saborear (alguma) bonança

“N
otícias de Alverca”: Como decor- tão diversas traz mais-valias?
reu o início do ano lectivo, tendo AS: Eu não vejo isso pelas diferenças, aliás con-
em conta o acréscimo significativo fesso que não noto muito essas diferenças dentro
de alunos e professores nesta escola? da escola. Há alunos que querem ter bons resulta-
Ana Simões: Penso que está a decorrer bastante dos e fazem por isso, independentemente de serem
bem. Apesar da nossa população escolar ter au- desta escola ou de outra qualquer; portanto há
mentado, os alunos estão a ter um comportamento jovens com objectivos muito bem definidos, seja
bastante satisfatório e os novos alunos estão a in- qual for a escola que frequentem.
tegrar-se bem. Aliás, as próprias relações de “NA”: Já que fala em alunos com objectivos
amizade que já existiam entre os alunos de ambas bem definidos, terá sido essa a chave do sucesso
as escolas permitiram esta conciliação. Da parte das quatro finalistas (duas da Gago Coutinho e
dos professores, penso que as coisas também estão outras tantas da Infante D. Pedro) que rece-
a decorrer normalmente. Aquilo que mais nos pre- beram recentemente o Prémio de Mérito (im-
ocupa actualmente tem a ver com o pessoal não plementado a nível nacional), por terem sido as
docente, pois a DREL ainda não nos deu o número melhores dos seus cursos?
de funcionárias com que a escola irá ficar e as pes- AS: Exactamente. Significa que os alunos dis-
soas têm bastante receio de nem todas ficarem – tinguem-se em todas as áreas e em todos os cursos
aliás, à partida já sabemos que será assim. Nós tecnológicos; e esses alunos, independentemente
vamos fazendo reuniões de distribuição de serviço, do curso que frequentam, têm objectivos bem
mas não sabemos se no futuro poderemos contar definidos e pretendem atingir o sucesso.
com aquele número de pessoas. “NA”: Como explica, no caso das escolas de
“NA”: Mas essas pessoas estão actualmente Alverca, terem sido quatro mulheres a receber
todas ao serviço? este prémio?
AS: Sim, estão todas ao serviço. Quanto ao resto, AS: Bem, as mulheres neste momento não se dis-
está a ser um arranque normal de ano lectivo, ape- tinguem apenas ao nível do Prémio de Mérito do
sar de leccionarmos muito mais cursos do que no secundário… Hoje em dia há áreas de estudo que
passado. no passado eram de grande exclusividade mas-
“NA”: Falava-se na questão de se fundirem culina, onde agora encontramos também mulheres
duas populações escolares bastante dife- com classificações bastante elevadas e com objec-
rentes… tivos bem definidos, como na área da investigação
AS: Com culturas diferentes… por exemplo.
“NA”: Como tem decorrido a “aculturação”?
AS: Penso que as pessoas partiram do princípio de
que realmente haviam culturas muito distintas.
“O 12.º ano
Mas nos últimos tempos o que se fez, por todo o institucionalizou-se”
país, foi passar de uma cultura “licealizante” para
uma cultura de novas oportunidades; e as escolas, “NA”: Encontra muitos “caloiros” do 10.º ano
quer a Infante D. Pedro, quer a Gago Coutinho, que já trazem objectivos bem definidos?
quer outra escola qualquer, aderiram unanime- AS: Sim. Alunas e alunos. E apesar de haver a
mente à “cultura” das novas oportunidades. Ou ideia de que isso não se passa nos cursos profis-
seja, nós continuamos a trabalhar muito para os re- sionais, devo dizer que temos alunos nesses cur-
sultados académicos, mas as escolas tendem a ser sos também com objectivos muito bem definidos.
cada vez mais uniformes, apesar de procurarem “NA”: Mas o que é que aconteceu a esses alunos
manter uma certa identidade com os cursos que para não terem seguido o ensino regular? É
leccionam. uma questão de inadaptação?
“NA”: Esta escola, por exemplo, foi sempre AS: A maior parte deles procuram uma compo-
mais virada para os cursos tecnológicos, para nente prática que não existe no ensino regular.
as ciências… “NA”: Porque querem começar a trabalhar
AS: Sim, para cursos técnicos. Mas reparem que mais cedo?
há cerca de dois ou três anos, quando a Infante D. AS: Há alunos que querem começar a trabalhar
Pedro procurou o caminho das novas oportu- mais cedo, mas isso também acontece nos cursos
nidades, criou cursos que não chocavam com os regulares. Ou seja, há alunos que, hoje em dia, de-
da Gago Coutinho. Portanto, sempre houve aqui vido às dificuldades económicas das famílias,
uma política de não choque, de não cruzamento de estão a fazer um grande esforço e trabalham, por
cursos, de forma a abranger toda a população de exemplo, por turnos.
Alverca e a dar resposta às necessidades do mer- “NA”: Essas pessoas têm que idades?
cado. AS: Têm 17, 18 anos… Por um lado procuram al-
“NA”: E esta junção de populações escolares guma independência económica, mas, por outro,

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