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Introdução
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naturais, especialmente nas empobrecidas nações, que buscam alcançar a
prosperidade ocidental, pouco ajudaram os povos a conviver com seus
desastres naturais. Os gastos militares e a pompa da chamada civilização
ocidental tornaram esses povos mais vulneráveis.
Contra esse cenário de destruição e desolação, quais são os desafios do
Poder Aéreo no mundo moderno e numa guerra moderna? Vamos explorar então
dez áreas chave, onde mitos devem ser explorados e os desafios tratados.
Essas dez áreas desafiantes foram escolhidas para estimular o debate, e não
apenas para expor as virtudes do Poder Aéreo. Através desses dez mitos ou
desafios, tornar-se-á evidente que um tema comum emergirá,
independentemente da tarefa a ser cumprida, a de como o der aéreo fará a
diferença do modo como combateremos numa guerra.
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perdidas na guerra aérea e terrestre. O Poder Aéreo teve participação
importante em muitas áreas, desde a defesa da Grã Bretanha durante a
batalha da Inglaterra até a Campanha de Bombardeios, mas ele não pode dizer
que fez tudo isso sozinho. Os ataques atômicos contra Hiroshima e Nagasaki
podem ter levantado a possibilidade da supremacia do Poder Aéreo, como meio
final de uma guerra, embora a maioria dos cenários da Guerra Fria tenham
incluído todas as armas de guerra disponíveis.
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tudo sozinho contra os “generais de cadeira” que defendiam a idéia que a
inserção de forças terrestres seria fundamental para o sucesso. Na realidade
a operação realizada pelas forças aéreas aliadas, foi uma operação conjunta
com as marinhas e os exércitos, cada uma dando sua contribuição específica,
embora a participação do Poder Aéreo tenha sido dominante e o centro das
operações conjuntas.
Apesar das esperanças dos otimistas, o emprego do Poder Aéreo nas
operações das forças aliadas, era apenas uma parte de toda a campanha. A
análise dos grandes e dos
pequenos conflitos mostra que
o Poder Aéreo foi
freqüentemente decisivo e
ocasionalmente dominante (pelo
menos em partes da campanha),
mas ele nunca foi sozinho o
único responsável pela vitória
final. Isso quer dizer, o Poder
Aéreo tem feito grande
diferença na conduta da
guerra, quando empregado de
modo adequado. O Poder Aéreo pode ou não participar da decisão diretamente,
mas sua utilização caracterizará pesadamente o processo decisório do
processo político-militar.
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processo de enfrentamento militar específico é projetado para assegurar que
este é o lugar ideal e correto pra envio das tropas. O Poder Aéreo pode ser a
arma para ser utilizada como a primeira escolha política, mas poucas, ou talvez
nenhum conflito político ou militar, pode ser resolvido apenas com sua
utilização. Demonstrações de força ou de apoio político podem ser
demonstradas num desfile aéreo, mas muitas das missões de paz, demandam
agora o emprego de força terrestre. Do mesmo modo, o Poder Aéreo é apenas
de utilidade limitada, e empregado em situações que requerem auxílio às
autoridades civis locais, como por exemplo, a Irlanda do Norte.
Capacidade de ataques cirúrgicos foi por muito tempo o Santo Gral dos
entusiastas do Poder Aéreo. Ele tornou-se quase uma realidade, de uma forma
limitada, nos dias de controle colonial do Iraque. Pequenas esquadrilhas,
operando em ambiente amigo (em termos de fogo hostil, pelo menos), lançariam
pequenas bombas a menos de 100 pés das residências dos civis, sem causar
vítimas. Isso era razoável contra inimigos relativamente não-sofisticados, mas
não funcionaria em grandes batalhas entre nações. Durante a 2ª Guerra
Mundial, a tecnologia disponível não era suficientemente avançada tanto em
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termos das bombas em si como na precisão de lançamento, particularmente
quando, por falta de escolta, os ataques passaram a ser realizados à noite. Os
planos da USAAF, cujos objetivos principais eram os ataques aos pontos
nevrálgicos da economia alemã, eram baseados numa precisão nunca alcançada.
Apenas no final da Guerra do Vietnã é que esses fatos se modificaram, com a
introdução de bombas guiadas.
As percepções dos eventos da Guerra do Golfo, acentuados pelas lentes
da mídia mundial, obrigou aos planejadores das operações aéreas no Kosovo a
não terem outra escolha se não utilizarem bombas de precisão. A realidade,
entretanto, é outra, pois apenas 8% dos mísseis
e bombas utilizadas na Guerra do Golfo foram
de precisão e guiadas. Elas, entretanto,
capturaram a imaginação da imprensa e do
público, possivelmente porque esse armamento e
seus resultados pareceram ser politicamente
mais corretos do que as imagens dos tapetes de
bombas lançados pelos B-52 no Vietnã. Durante
as operações aéreas no Kosovo, cerca de 35%
das 23 mil bombas e mísseis lançados eram do
tipo de precisão. O aumento da precisão dos
sistemas de lançamento necessitará também, de
melhoria dos equipamentos (avionics). A pressão
por precisão absoluta é, entretanto, inegável, e
falta pouco para chegarmos aos dias em que as bombas convencionais serão
armas de último recurso. Na realidade, a pressão sobre os chefes militares e
membros das forças armadas de todos os níveis, é algo considerável. Durante
as operações aéreas no Kosovo, ameaças de investigação por crimes de guerra
foram feitas com respeito a conduta de bombardeios.
Existe então, uma presunção de exatidão e precisão. Na realidade,
guerras como a do Kosovo, estão aumentando a expectativa dos líderes
políticos, militares, da imprensa e do povo em geral, de que “toda vítima é um
engano cometido, e os números de vítimas é uma falha”. Mas precisão nunca
pode ser definida ou absoluta. Falhas mecânicas ou elétricas ocorrem ou os
equipamentos são vulneráveis a contra-medidas. A maioria das armas tem sua
precisão medida em termos de um diâmetro, com centro no alvo, no qual 50%
de seus tiros caem ali. Nenhuma bomba de precisão evita radicalmente os
danos colaterais ou as vítimas. Cerca de 1200 civis foram mortos na Sérvia,
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durante as operações aéreas no Kosovo, e as vidas de muitos outros
influenciaram de sobremodo os bombardeios das pontes sobre o Danúbio.
Resta, porém, a seguinte conclusão: as armas modernas são muito mais
efetivas do que as antigas, a precisão aumentou em muito e o sonho do
Comando de Bombardeiros da RAF e da 8ª Força Aérea do Exército dos
Estados Unidos, tornou-se algo próximo à realidade.
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de aeronaves tanque, teve que realizar enorme esforço para poder apoiar suas
aeronaves em ação. Idem aconteceu quando do transporte dos helicópteros
Apache americanos da Alemanha para a Albânia, exigindo mais de 500 missões
dos cargueiros C-17. O Transporte Aéreo foi utilizado até o seu limite máximo,
de modo a poder levar os suprimentos necessários ao teatro de operações e a
suas vizinhanças. Essa capacidade incluiu, freqüentemente, o envio de forças
aero-móveis ou especiais.
A Supressão das Defesas Aéreas Inimigas (SEAD) e a Guerra Eletrônica
(EW) são funções igualmente vitais, mas raramente disponíveis em quantidade
suficiente. Igualmente, o salvamento de tripulantes abatidos é algo agora
esperado e enfatizado, pelos
políticos e líderes militares,
mas os recursos requeridos
para tais missões, não deve
ser subestimado. A utilização
de aeronaves com tecnologia
stealth, reduzirá a
dependência da SEAD e da
EW, mas a realidade das operações das forças de coalisão foi tal que, a
confiança nesses recursos permanecerá como sendo um fator principal a ser
considerado no planejamento.
Se o Poder Aéreo que fazer a diferença num conflito futuro, o apoio
aéreo aproximado deve ter a mesma atenção que é dada a unidades de caça e
de combate, pois de outro modo, uma guerra expedicionária sem meios de
projetar o poder, será apenas um sonho.
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que, ou se tem superioridade aérea ou renuncia-se à luta. Esses argumentos são
apoiados por aqueles que tem interesse nos grandes contratos de venda de
caças, e apenas servem para criar mais debate sobre o assunto.
A realidade tanto no Kosovo quanto no conflito do Golfo (que ainda não
acabou) é que o controle do ar tem que ser conquistado, vencido e mantido a
todo custo. No Iraque, a condução das operações terrestres, nas primeiras 100
horas da ofensiva, teria sido bem diferente, se a força aérea da coalisão
tivesse encontrado um inimigo. No Kosovo, o Departamento de Defesa dos
Estados Unidos relatou que
85% dos Mig 29 sérvios e 35%
dos caças Mig 21, foram
destruídos. Os que restaram,
foram dispersos e protegidos,
mas restando ainda uma
potencial capacidade militar.
Se essas aeronaves tivessem
sido capaz de atuar, as operações aéreas sobre a Sérvia, teriam sido muito
mais perigosas, um importante fator quando a coesão aliada era o centro de
gravidade, e sua perda levaria a um desenlace desagradável. Resumindo, ter o
controle do ar faz uma diferença considerável na condução de uma campanha
militar. Sua perda é algo irreparável.
Importância do C2 / C4I
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empregadas em cada alvo novo detectado, e assim, os canais de vigilância e
comunicações permitem que níveis mais elevados de comando estejam
inteirados da situação tática. Essa situação pode ser desejada em algumas
circunstâncias, mas muitos decisores participando do processo ao mesmo
tempo, representa uma involução do denominado negócio militar.
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