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Higiene e Segurança

Informática para a Saúde


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Ruído
EST, 2007/2008
Filipe Carreiro, Eng. Fernando Miranda, Eng.

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Ruído

Do ponto de vista fisiológico, o ruído será todo o


fenómeno acústico que produz uma sensação auditiva
desagradável ou incomodativa.

Do ponto de vista físico, o ruído poderá definir-se como


toda a vibração mecânica estatisticamente aleatória de um meio
elástico.

O ruído constitui uma causa de incómodo para o trabalho,


um obstáculo às comunicações verbais e sonoras, podendo
provocar fadiga geral e, em casos extremos, trauma auditivo e
alterações fisiológicas extra-auditivas.

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Ruído
Características do Ruído
As características principais do ruído são:

- o nível de pressão sonora (Lp) ou nível sonoro;


- a frequência (no caso dos sons puros) ou a composição ou
espectro (no caso dos sons complexos).

A pressão sonora (p) é a intensidade das vibrações


sonoras ou das variações de pressão que lhes estão associadas e
exprime-se em Newton por metro quadrado (N.m-2) ou pascal
(Pa).

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Ruído
A medição da pressão sonora numa escala linear é
impraticável, pois compreende cerca de um milhão de unidades.

O limiar da audibilidade a 1000 Hz é provocado por


uma pressão de 20 µ pascal (µPa), enquanto que o limiar da
dor ocorre a uma pressão de 200 Pa.

Além disso, o ouvido responde logaritmicamente aos


estímulos.

As medições dos parâmetros acústicos são feitas numa


escala logarítmica expressa em decibéis (dB).

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Ruído
O decibel é, por definição, o logaritmo da razão entre o
valor medido e um valor de referência padronizado (20 µPa) e
corresponde praticamente à mais pequena variação da pressão
sonora que um ouvido humano normal pode distinguir nas
condições normais de audição.

O nível de pressão sonora (Lp), em decibéis, é dado pela


expressão seguinte:

Em que:
p - é o valor eficaz da pressão sonora, em pascal;
p0 - é o valor eficaz da pressão sonora de referência (20 µPa).

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Ruído

A maior parte dos ruídos, principalmente os industriais,


não são sons puros, mas sim ruídos complexos.

Para se ter uma noção exacta da composição do ruído é


necessário determinar o nível sonoro para cada frequência.

Este tipo de análise chama-se análise espectral ou análise


por frequência e costuma ser representada graficamente num
sistema de eixos onde as frequências se situam no eixo das
abcissas e os níveis sonoros no eixo das ordenadas.

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Ruído

A escala de frequências é usualmente dividida em três


grandes grupos:

- infra-sons (frequências abaixo dos 20 Hz);


- gama de frequências audível (frequências entre os 20 e os 20 000 Hz);
- ultra-sons (frequências acima dos 20 000 Hz).

A gama audível está dividida em 10 grupos de frequências


designados por oitavas.

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Ruído

A designação de cada oitava corresponde à sua frequência


central (fc), que é o dobro da frequência central da oitava
antecedente e a média geométrica das frequências limite.

Exemplo: para fc=500 Hz; fL=707 Hz e fl=354 Hz


fL - frequência limite superior
fl - frequência limite inferior

Na mesma oitava, a frequência limite superior é dupla da


frequência limite inferior.
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Ruído
Anatomia e Fisiologia da Audição

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Ruído
Anatomia e Fisiologia da Audição

Do ponto de vista funcional, o ouvido externo e o ouvido


médio estão associados com vista à recepção dos sons e
transformação de energia acústica em energia mecânica.

O ouvido interno transforma esta energia mecânica numa


série de impulsos nervosos que vão representar os fenómenos
acústicos.

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Ruído
Audibilidade
Em virtude da estrutura do nosso aparelho auditivo e das
características do sistema nervoso relacionadas com a audição,
reagimos de modo diverso aos sons de diferentes frequências,
não obstante um mesmo nível de pressão sonora.

Na prática, para que um aparelho de medição do ruído se


comporte como o ouvido é necessário introduzir-lhe um filtro.

Existem vários tipos de filtros normalizados que


correspondem, de uma forma não linear, às diferentes
frequências, designando-se por filtros de ponderação.

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Ruído

O filtro de ponderação A é o que traduz a resposta do


ouvido humano.

Na avaliação da exposição dos trabalhadores aos riscos


devidos ao ruído, as medições devem ser feitas utilizando os
filtros de ponderação A e C.

Os valores das medições feitas com o filtro de ponderação


A são seguidos pela designação decibel A, dB(A).

Os valores das medições feitas com o filtro de ponderação


C são seguidos pela designação decibel C, dB(C).

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Ruído
Tipos de Ruído
Segundo a dependência do tempo, o ruído pode classificar-
se em dois tipos:

- ruído estacionário ou uniforme: ruído com flutuações de nível


de pressão sonora mínimas durante o período de observação.

- ruído não estacionário: ruído com um nível de pressão sonora


variando significativamente durante o período de observação.

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Ruído
O ruído não estacionário pode ser subdividido em três
tipos:

- ruído flutuante: ruído com um nível de pressão sonora que varia


continuamente e numa extensão apreciável durante o período de
observação.
Exemplo: fábrica de fiação.

- ruído intermitente: ruído com um nível de pressão sonora que


desce abruptamente para o nível de ruído de fundo várias vezes,
durante o período de observação, mantendo-se constante
durante um tempo de, aproximadamente, um segundo ou
superior).
Exemplos: trabalho de rebarbagem e outros trabalhos em oficinas
mecânicas.
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Ruído
- ruído impulsivo: ruído consistindo em um ou mais impulsos
violentos de energia com uma duração igual ou inferior a um
segundo e separados por mais de 0,2 segundos.
Exemplos: operações de martelagem e rebitagem ou um tiro de
pistola.

O ruído impulsivo pode, por sua vez, classificar-se em


dois tipos:

- impulso isolado de energia;


- impulso quase estável (consiste numa série de impulsos de
amplitude comparável com intervalos menores do que 0,2
segundos entre os impulsos individuais).
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Ruído
Nível Sonoro Contínuo Equivalente
O conceito de dose tem uma importância fundamental,
para a definição do risco de trauma auditivo.

A partir de um determinado nível de ruído, o efeito


deletério do mesmo depende do produto do nível sonoro pelo
tempo de exposição.

O cálculo simplificado deste produto só é válido se o ruído


for estável e contínuo durante o tempo em questão.

Na generalidade dos casos, o nível sonoro varia com o


tempo.

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Ruído

O nível sonoro contínuo equivalente representa um


nível sonoro constante que, se estivesse presente durante todo o
tempo de exposição, produziria os mesmos efeitos, em termos
de energia, que o nível variável.

LAeq,T representa o nível sonoro contínuo equivalente


ponderado A de um ruído num intervalo de tempo T, expresso
em dB(A).

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Ruído
Medição do Ruído
Existem várias razões pelas quais se procede à medição do
ruído, sendo as mais frequentes:

- determinar se os níveis sonoros são susceptíveis de provocar


dano auditivo ou deterioração de ambiente;
- determinar a radiação sonora de um equipamento;
- obter dados para diagnóstico (por exemplo: planos para a
redução de ruído)

Estas medições obedecem a legislação e normas que


indicam o modo de as efectuar e o tipo de aparelhagem a
utilizar.

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Ruído

O aparelho que geralmente se


utiliza na medição do nível de ruído é
o sonómetro.

De acordo com a legislação em


vigor, os sonómetros devem dispor
das características temporais
necessárias em função do tipo de
ruído a medir e das ponderações em
frequência A e C e preferencialmente
serem da classe 1.

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Ruído

Nas medições de campo são


também utilizados os dosímetros.

Os dosímetros são aparelhos


de bolso que, em casos de exposição
a ruído muito variável, permitem
uma aplicação pessoal e respectiva
determinação da dose de ruído a que
foi exposto.

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Ruído
Consequências do Ruído
Os efeitos nocivos do ruído sobre o organismo podem ser
divididos em fisiológicos e psicológicos.

Os efeitos fisiológicos podem ser:


- lesões do sistema auditivo e consequente surdez;
- cansaço geral;
- dores de cabeça;
- perda do equilíbrio;
- alterações do sono;
- distúrbios gastrointestinais;
- alterações cardiovasculares;
- diminuição da memória de retenção.
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Ruído
Os efeitos psicológicos podem ser:
- irritabilidade;
- mau humor;
- apatia;
- agravamentos de estados de depressão e ansiedade.

Em certos tipos de actividades o ruído poderá influenciar


de forma negativa a produtividade e a qualidade do produto.

A irritabilidade e a fadiga geral que o ruído pode provocar


são factores directamente ligados à ocorrência de acidentes de
trabalho.

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Ruído
Controlo do Ruído

Um programa de controlo do ruído poderá admitir:

- Medidas Organizacionais (têm em vista a redução dos níveis


de ruído ou do tempo de exposição);

- Medidas Construtivas (actuação sobre a fonte produtora de


ruído e ou actuação sobre as vias de propagação);

- Medidas de Protecção individual (actuação sobre o


trabalhador).

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Ruído

Exemplos de medidas organizacionais:

- planificação da produção, com eliminação dos postos mais


ruidosos;
- rotação periódica do pessoal exposto;
- realização das tarefas mais ruidosas quando haja menos
trabalhadores expostos;
- separação das actividades ruidosas por diferentes espaços;
- adopção de políticas de aquisição de equipamentos em que o
factor nível de ruído seja considerado.

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Ruído
Exemplos de medidas construtivas:

- substituição de operações de rebitagem por operações de


soldadura;
- substituição de engrenagens metálicas por engrenagens
plásticas;
- lubrificação dos equipamentos;
- encapsulamento das fontes de ruído;
- utilização de suportes ou apoios antivibráteis;
- utilização de painéis anti-ruído construídos por materiais
isolantes e revestidos por materiais absorventes;
- tratamento acústico das superfícies dos tectos, paredes e
pavimentos.
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Ruído
Protecção Individual
Quando o nível sonoro a que o trabalhador está exposto
ultrapassa os valores legalmente admissíveis e não for viável,
quer técnica quer economicamente, aplicar qualquer das
medidas anteriormente descritas, será necessário recorrer a
medidas de protecção individual.

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Ruído
O Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro define:

- Exposição pessoal diária ao ruído (LEX,8h): nível


sonoro contínuo equivalente, ponderado A, calculado para um
período normal de trabalho diário de oito horas, que abrange
todos os ruídos presentes no local de trabalho, incluindo o ruído
impulsivo, expresso em dB(A).

- Exposição pessoal diária efectiva (LEX,8h,efect):


exposição pessoal diária ao ruído tendo em conta a atenuação
proporcionada pelos protectores auditivos, expressa em dB(A).

- Nível de pressão sonora de pico (LCpico): valor


máximo da pressão sonora instantânea, ponderado C, expresso
em dB(C).
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Ruído
O mesmo Decreto-Lei estabelece como:

- valores de acção inferiores:


LEX,8h= 80 dB(A)
LCpico=135 dB(C), equivalente a 112 Pa

- valores de acção superiores:


LEX,8h= 85 dB(A)
LCpico=137 dB(C), equivalente a 140 Pa

- valores limite de exposição:


LEX,8h= 87 dB(A)
LCpico=140 dB(C), equivalente a 200 Pa
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Ruído
Para a aplicação dos valores de acção, na determinação da
exposição do trabalhador ao ruído não são tidos em conta os
efeitos decorrentes da utilização de protectores auditivos.

Para a aplicação dos valores limite de exposição, na


determinação da exposição efectiva do trabalhador ao ruído é
tida em conta a atenuação do ruído proporcionada pelos
protectores auditivos.

Sempre que o nível de exposição ao ruído ultrapasse um


dos valores de acção inferiores o empregador deve:
- colocar à disposição dos trabalhadores protectores
auditivos individuais;
- assegurar a realização de exames audiométricos de dois
em dois anos.
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Ruído
Sempre que o nível de exposição ao ruído iguale ou
ultrapasse os valores de acção superiores o empregador deve:

- assegurar a utilização pelos trabalhadores de protectores


auditivos individuais;
- sinalizar a obrigatoriedade da utilização de protectores
auditivos individuais, de acordo com a legislação de sinalização
de segurança em vigor;
- avaliar os riscos de exposição ao ruído com uma
periodicidade mínima anual;
- assegurar a realização de exames audiométricos anuais.

Recomenda-se a consulta do Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro


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Bibliografia

 Manual de Higiene e Segurança no


Trabalho, Alberto Sérgio Miguel, Porto
Editora, 2006

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