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Mulheres camponesas
rompendo o silêncio
e lutando pela não violência
2 Rompendo o silêncio e lutando pela não violência
Publicação do
Movimento de Mulheres Camponesas - MMC Brasil
Janeiro de 2004
Elaboração:
Sirlei Antoninha Kroth Gaspareto
Justina Inês Cima
Zenaide Collet
Vanderléia L. P. Daron
Desenhos:
Márcia Aliprandini
Diagramação:
MDA Comunicação
Apoio Financeiro:
SPM/PR - Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
da Presidência da República
Impressão:
Gráfica Coringa
Amigas e companheiras
O Movimento de Mulheres Camponesas – MMC está apre-
sentando a cartilha Mulheres camponesas rompendo o si-
lêncio e lutando pela não violência. Este material tem o
objetivo de contribuir nos grupos de base do MMC e outras
organizações no debate das raízes da violência praticada contra
as mulheres.
Entendemos que para superar a violência é necessário com-
preender suas causas, romper com o silêncio e nos organizar-
mos para combatê-la de forma coletiva buscando construir uma
nova sociedade com igualdade de direitos.
A cartilha esta organizada em três encontros:
1º Encontro: A sociedade capitalista e patriarcal
aprofunda a violência
2º Encontro: A violência é uma construção social
3º Encontro: O sonho do ser humano viver bem e
feliz é possível
É importante que as dirigentes convidem todas as mulhe-
res da comunidade, prepararem com antecedência os encon-
tros a partir da realidade de cada grupo de base, organizem um
local bem acolhedor e providenciem os materiais e símbolos.
Desejamos um bom estudo e com isto estaremos
fortalecendo a luta em defesa da vida, todos os dias!
4 Rompendo o silêncio e lutando pela não violência
Movimento de Mulheres Camponesas 5
Pirâmide
Musica Angolana Pirâmide
A terra dos homens pensada em pirâmide
Os poucos de cima esmagam a base
Os poucos de cima esmagam a base
Ó povo dos pobres,
povo dominado que fazes aí
Com ar tão parado.
O mundo dos homens
tem que ser mudado
levanta-te povo
Não fiques parado.
8 Rompendo o silêncio e lutando pela não violência
Para conversar:
1. O que você pensa sobre a seguinte afirmação: “a violência
é conseqüência desta sociedade patriarcal e capitalista”?
2. Como nós agimos diante da violência?
3. O que queremos para nós e nossas filhas?
Leitora 1: Nós vimos nas outras reuniões que não é bem as-
sim. O individualismo é mais uma forma de violência que
escraviza o homem e a mulher. Queremos ser respeitadas
individualmente e coletivamente. Paulo Freire dizia: “Ninguém
se educa sozinho, ninguém educa ninguém, a gente se educa
em comunidade”. Portanto, para as mulheres e nossas famíli-
as viverem bem, precisamos ter organização. Quanto mais
nós nos organizarmos, maior será nossa força para conquis-
tar uma vida melhor.
Leitora 2: Talvez seja por isso que é tão difícil falar sobre o
tema da violência de forma madura, séria, com espírito de
solidariedade e de perceber o quanto é doloroso para quem
está com o problema.
Leitora 1: E para falar da violência que está acontecendo com
a gente, é mais difícil ainda porque a cultura que herdamos
de sermos a “rainha do lar”, esteio da casa e de que se estamos
vivendo algum tipo de violência é porque somos culpadas.
Mas o grande causador de tudo isto é o modelo de sociedade
que estamos vivendo. Muitas vezes as situações de violência
em casa é provocada pelas injustiças. Por exemplo: Na venda
dos produtos o preço baixo e falta as coisas em casa, para as
filhas e filhos, daí o pai desanima, bebe, briga em casa com a
mulher, com os filhos e o relacionamento fica muito difícil. As
pessoas não se sentem bem, destrói o diálogo, rompe com a
amizade, machuca o coração da mulher, das crianças, jovens
enfim de todos em casa.
Leitora 2: Então na maioria das vezes nos calamos e muitas
vezes fazemos de conta que não percebemos. Por isso, uma
das primeiras medidas para superar a violência é conse-
guir perceber e começar falar sobre isso, pois o silêncio
é cúmplice da violência. É claro que não podemos fazer isto
com qualquer pessoa, mas é muito importante ter alguém
para partilhar e quem sabe para ajudar pensar formas de aos
poucos ir mudando esta situação.
Leitora 1: Neste sentido, nosso grupo de base precisa estudar, e
pensar para enfrentar este grande problema que é a violência
praticada contra a mulher. Com certeza é uma grande luta.
Leitora 2: Nós já vimos que violência é crime. A causa, a raiz
da violência está na sociedade capitalista e patriarcal.
Movimento de Mulheres Camponesas 21
Para conversar:
1. Que atitudes podemos tomar para enfrentar a violência?
2. Que proposta podemos sugerir para o MMC avançar na
luta contra a violência?
Endereço:
Secretaria Nacional do
Movimento de Mulheres Camponesas
Fone/Fax: (54) 312 9683
E-mail: secretaria@mmcbrasil.com.br
Rua dos Andradas, 2832 - Bairro Boqueirão
99010–035 Passo Fundo/RS
Mulher
(Autor desconhecido)
Mulher
1. Mulher agricultora
Letra e música: Antonio Gringo
3. Entrei na luta
Letra e música: MMA/SC
5. Axé
Irá chegar um novo dia, um novo céu,
uma nova terra, um novo mar.
E neste dia os oprimidos numa só voz
a liberdade irão cantar.
6. Mulher rendeira
Olê mulher rendeira,
olê mulher renda
Se a mulher ficar em casa,
nunca vai se libertar
As mulheres do nordeste
Criam fama de valente
Mesmo as semi-analfabetas
No trabalho é competente
Por justiça e liberdade, brigam até com o presidente
7. Apelo de mulher
Não sou escrava, nem sou objeto
Para fazer de mim o que bem quer
Não tenho dono, não sou propriedade
Eu quero liberdade, me deixa ser mulher!