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DIREITO PENAL III – (4.

° ano diurno)
Prof. João Paulo Martinelli

RUFIANISMO

Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou
fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º - Se ocorre qualquer das hipóteses do § 1º do art. 227:

Pena - reclusão, de três a seis anos, além da multa.

§ 2º - Se há emprego de violência ou grave ameaça:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da multa e sem prejuízo da pena correspondente à
violência.

1) Tipicidade objetiva:

O tipo incrimina duas condutas: a) a participação do agente nos lucros, como


verdadeiro sócio da prostituta; b) ser mantido, completa ou parcialmente, pela prostituta.
Em relação aos crimes de favorecimento da prostituição e mediação para servir a
lascívia de outrem, há algumas diferenças. Nestes crimes, a intenção de lucro é forma
qualificada. No rufianismo, há a efetiva participação nos lucros, diretamente pelos
serviços da prostituta.

“Sendo elemento do crime de rufianismo que a participação nos lucros da prostituta seja direta,
como está na lei, o recebimento de aluguel e lucro de bebidas não integra o crime, porque não pode ser
tido como participação direta” (TJPR – AC – Rel. Munhoz Gonçalves – RT 560/353).

“Não é necessário que a iniciativa parta do agente para a configuração do delito de rufianismo.
Ele existe ainda que haja oferecimento espontâneo da prostituta” (TJSP – AC – Rel. Vasconcelos Leme –
RT 277/126).

O crime é habitual, portanto, participações esporádicas não configuram o crime de


rufianismo.

“Rufianismo. Pressupõe habitual e direta participação nos ganhos ou habitual sustento, total ou
parcial, do agente, pela prostituta” (TJRS – AC 698158342 – Rel. José Antonio Boschi).

“É possível a prisão em flagrante por crime habitual, quando a cafetina é presa conduzindo suas
‘garotas’ aos locais de ‘programa’, mormente quando no auto de prisão em flagrante confessa receber
certa importância em dinheiro diariamente pelos ‘trabalhos’ das meninas” (TJMS – HC – Rel. Nildo de
Carvalho – RT 726/711).

Na segunda conduta incriminada, não basta o agente ser sustentado pela


prostituta. Os recursos utilizados por ela devem ser provenientes da prostituição.
2) Tipicidade subjetiva:

Segundo Noronha, o elemento psicológico consiste na vontade consciente e livre


de receber proventos do meretrício, participando, por conseguinte, de seus lucros ou
fazendo-se sustentar com ele, total ou parcialmente.

3) Rufianismo e mediação para servir a lascívia de outrem:

“O rufianismo não pode concorrer com a mediação para satisfazer a lascívia de


outrem, quando a ação é dirigida contra a mesma pessoa. Se a prostituição já existe como
forma profissional de saciar a lascívia alheia e indeterminada, será possível o
favorecimento à continuidade de um estado preexistente, mas nunca o induzimento
particular e determinado” (TJRJ).

4) Formas qualificadas:

a) Situações do art. 227, § 1.°.


b) Uso de violência ou grave ameaça:

“A qualificadora prevista no § 2.° do art. 230 do CP só é de ser reconhecida quando o agente,


mediante violência ou grave ameaça, se faz sustentar pela amásia, mediante recursos hauridos por esta no
mercado sexual” (TJSP – AC – Rel. Adriano Marrey – RT 475/280).

“Réu que, habitualmente, e mediante violência ou grave ameaça, tirava proveito da prostituição
da vítima – Participação direta nos lucros desta – Inteligência do art. 230, § 2.°, do CP – “Configura o
delito de rufianismo fazer-se alguém sustentar, no todo ou em parte, pela vítima, participando,
habitualmente, mediante violência e grave ameaça, do lucro auferido por ela da prostituição” (TJSP – AC
– Rel. Dalmo Nogueira – RT 515/349).

TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS

Art. 231. Promover, intermediar ou facilitar a entrada, no território nacional, de pessoa que
venha exercer a prostituição ou a saída de pessoa para exercê-la no estrangeiro:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

§ 1º - Se ocorre qualquer das hipóteses do § 1º do art. 227:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.

§ 2o Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a pena é de reclusão, de 5 (cinco) a 12


(doze) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

TRÁFICO INTERNO DE PESSOAS

Art. 231-A. Promover, intermediar ou facilitar, no território nacional, o recrutamento, o


transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento da pessoa que venha exercer a
prostituição:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

Parágrafo único. Aplica-se ao crime de que trata este artigo o disposto nos §§ 1 o e 2o do art. 231
deste Decreto-Lei.

São duas situações de tráfico de pessoas com a finalidade de promover a


prostituição: internamente e externamente. Não importa se há intenção de lucro por parte
do agente. Se houver a intenção, aumentará a gravidade do injusto e influenciará na
aplicação da pena.
Essa ampliação do tipo penal foi resultado do 12.° Período de Sessões da
Comissão das Nações Unidas de Prevenção ao Crime, onde várias estatísticas foram
levantadas (retiradas do curso de Fernando Capez):

a) É a terceira atividade ilícita mais rentável do mundo (depois do tráfico de drogas e de armas);
b) Cerca de 700.000 mulheres e 1.000.000 de crianças são traficadas por ano;
c) 92% das vítimas são destinadas à exploração sexual;
d) De cada 100 humanos traficados, 24 contraíram alguma DST, 3 contraíram HIV, 15 mulheres
ficaram grávidas, 26 sofreram agressões físicas, 19 sofreram agressões sexuais.

São três as condutas incriminadas: promover (dar causa, organizar, realizar),


intermediar (intervir, estar entre as partes) e facilitar (tornar mais fácil). Todas as
condutas referem-se à entrada ou saída da vítima do território nacional ou o seu
deslocamento em território nacional.
Para o tráfico interno, há as seguintes modalidades: a) recrutamento (seleção,
separação); b) transporte (conduzir de um local a outro); c) transferência (mudança de
local, anteriormente ao transporte); d) alojamento (abrigo); e) acolhimento (recebimento
da pessoa no local).
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Quanto ao sujeito passivo, pode ser
homem ou mulher, maior de 18 anos ou menor de 18 e maior de 14 anos (forma
qualificada). Se a vítima é menor de 14 anos, incorre a forma qualificada por violência
presumida.
A consumação ocorre com a efetiva entrada ou saída da vítima do território
nacional com o objetivo de prostituir-se, ou a facilitação, intermediação ou promoção da
prostituição em território nacional. Não há necessidade do exercício da prostituição. Se a
vítima efetivamente se prostituir, há exaurimento do crime.
Há a presunção de violência e as formas qualificadas como no estupro e no
atentado violento ao pudor (resultado com lesão corporal grave ou morte da vítima).
QUESTÕES:

(OAB-127) Aquele que, publicamente, zomba de alguém em virtude


de sua função religiosa como padre:
(A) comete crime de ultraje a culto, previsto no Código Penal entre os crimes contra o
sentimento religioso.
(B) não comete crime algum, pois o fato é atípico e não está previsto no Código Penal.
(C) comete crime de injúria qualificada por ofensa a credo religioso, previsto no Código
Penal entre os crimes contra a honra.
(D) comete crime de vilipêndio a ministro religioso, previsto entre os crimes contra a
liberdade religiosa.

(OAB-127) Considere o seguinte crime: “Art. 205. Exercer atividade, de que está
impedido por decisão administrativa”.
(A) Trata-se de crime de mera conduta.
(B) Trata-se de crime de forma vinculada.
(C) Não se trata de crime próprio.
(D) Não é crime comissivo.

(OAB-126) NÃO se insere no rol das causas de extinção de punibilidade:


(A) prescrição, decadência ou perempção.
(B) perdão judicial, nos casos admitidos em lei.
(C) anistia, graça ou indulto.
(D) casamento do agente com a vítima em crime que dependa de sua representação.

(OAB-126) Recente reforma procedida pela Lei 11.106, de 28.03.05, realizou alterações
no Código Penal. Assinale a alternativa que corresponde a alterações por ela efetuadas.
(A) Substituiu a palavra “vítima” por “ofendida” no crime qualificado de atentado ao
pudor mediante fraude.
(B) Eliminou o crime de adultério, mas manteve o crime de sedução.
(C) Suprimiu da redação do tipo do crime de atentado ao pudor mediante fraude a palavra
“honesta”, mas manteve o vocábulo “mulher”.
(D) Suprimiu da redação do tipo do crime de posse sexual mediante fraude a palavra
“honesta”, mas manteve o vocábulo “mulher”.

(OAB-122) João Ribeiro constrangeu Maria Lima, utilizando-se de faca, a praticar sexo
oral com ele. Tal conduta tipifica o crime de
(A) atentado violento ao pudor.
(B) atentado ao pudor mediante fraude.
(C) estupro.
(D) assédio sexual.
(OAB-121) Uma das modalidades de aborto legal é o chamado "aborto no caso de
gravidez resultante de estupro". Assim, nesta hipótese, não se pune o aborto praticado por
médico se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Indique outra modalidade de
aborto legal.
(A) Aborto necessário, em que não se pune o praticado por médico se não há outro meio
de salvar a vida da gestante.
(B) Aborto sentimental, em que não se pune o praticado pela própria mãe sob a influência
do estado puerperal.
(C) Aborto consentido, em que não se pune o praticado por médico se há consentimento
da mãe e se a criança é indesejada.
(D) Aborto humanitário, em que a própria mãe não é punida por praticá-lo, sob influência
do estado puerperal, durante o parto ou logo após.

(OAB-121) A ação penal de iniciativa privada subsidiária da ação penal pública é cabível
se
(A) o crime for cometido mediante violência.
(B) o crime for cometido por mais de uma pessoa.
(C) a vítima for membro do Ministério Público.
(D) o Ministério Público não oferecer denúncia no prazo legal.

(OAB-118) "A", silvícola de dezenove anos de idade, vive em Brasília, onde freqüenta
escola de ensino médio e aí praticou crime de estupro. O silvícola:

(A) deverá ser considerado inimputável por desenvolvimento mental incompleto.


(B) é inimputável.
(C) é imputável.
(D) é semi-imputável.

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