You are on page 1of 7

Patícia Franco Trajano

Estudante de Direito (5.º ano)


São Paulo/SP
patfranco@gogo.com.br

BREVES CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE ALGUNS NOTÁVEIS PENSADORES

1. MAQUIAVEL

Viveu na época histórica conhecida por Renascimento (fins


do séc. XV até meados do séc. XVI), quando tem fim o grande período de trevas (Idade
Média) e tem início o período de grandes descobertas, avanços científicos, produções
artísticas e idéias inovadoras.

Republicano de coração, tudo o que ele queria era ver a Itália


como estado unificado, livre da divisão em principados, e a ela servir com toda a sua
dedicação e fervor.

Quando da retomada do poder pelos MÉDICIS (família de


banqueiros), MAQUIAVEL perdeu algo de mais precioso em sua vida, seu cargo público,
sendo, ainda, banido de sua cidade, Florença.

Foi aí que, tomado de melancolia e solidão, MAQUIAVEL


começou a escrever. Surge um pequeno livro "Dos Principados", estudo de sua essência,
espécies, modos de conservação, aquisição e perda. É dedicado ao novo príncipe, JULIANO
DE MÉDICIS, e depois, com a morte deste, a LOURENÇO DE MÉDICIS, como forma de recuperar
algum prestígio. Nesta altura, já com 43 anos, MAQUIAVEL implora a que a família MÉDICIS o
aceite, empregando-o, como diz, "nem que fosse para rolar uma pedra". Para mais
impressionar a LOURENÇO, o título do livro é mudado para "O Príncipe".

Se não pela república, ao menos pelo absolutismo a Itália


teria que ser unificada. Descreveu em seu livro tudo sobre os principados, como obtê-los e
como conservá-los não importando como seria isto feito, quantos teriam que para isso
morrer. Para ele “os fins justificam os meios”, se para conservar o poder era necessário
utilizar a força, tal seria feito.

2. HOBBES

Para HOBBES, os indivíduos são seres egoístas que buscam


sempre a favorecer a si e aos seus, onde um é o lobo para o outro num eterno jogo de
poder. Nessa constante guerra natural, eles entram em sociedade apenas quando da ameaça
à conservação da vida, por meio de um acordo artificial, um pacto chamado Social.

O Estado, na figura de um rei absolutista e soberano, entra


como fonte conciliadora, promotora da paz e fiscalizadora do Pacto Social. Este Estado
soberano não deve satisfações a ninguém senão a Deus, e deve ser por todos obedecido.

HOBBES diz, ainda, que para que o rei consiga direcionar a


vontade de seus súditos, todos os poderes devem ser concentrados em suas mãos, inclusive
o Religioso, uma vez que não poderia haver contradições entre as leis do Estado e as da
Igreja. Não se exigia necessariamente a crença, mas sim a total obediência.

3. BOSSUET

Para BOSSUET, tudo o que ocorria tinha uma explicação nas


sagradas escrituras, então, para justificar o poder do rei, criou a Teoria do Direito Divino
dizendo que tal poder era incontestável pois era provido por Deus, e os reis, mesmo os
“coléricos e injustos”, deveriam ser obedecidos pois eram ministros do Senhor na Terra.

BOSSUET via na monarquia absolutista algo de paternal, tendo


o rei como uma espécie de pai de todos, como a única figura capaz de governar e regular
um conjunto deformado por tanta diversidade de temperamentos e de serem insociáveis.

4. JOHN LOCKE

Para LOCKE, o poder só poderia ser legitimado se tivesse o


consentimento dos governados. No entendimento dele, nem a força, nem a tradição poderia
fazê-lo.
Era um defensor da liberdade e da tolerância religiosa e via o
Estado de uma forma liberal, ou seja, o Estado legítimo não deveria intervir senão para
proteger seus membros e preservar-lhes a propriedade. Tinha o poder de estabelecer e fazer
cumprir a lei, para que os indivíduos não precisassem lutar uns contra os outros.

Em sua concepção, o poder soberano não é o Estado, e, sim, a


vontade do povo.

5. MONTESQUIEU

Na visão de MONTESQUIEU, a figura do Estado era de extrema


importância pois, segundo ele, o povo não poderia governar-se uma vez que age por
impulso.

Defendia, muito embora não tivesse uma forma de governo


ideal, uma monarquia moderável, tendo um rei ajudado por um legislativo, formado este
por um grupo de lordes.

Dizia, ainda, que o governo ideal era aquele que melhor


conviesse com o Estado Geral, ou seja, com a soma de fatores do tipo: leis, costumes,
clima... afinal, diferentes climas pressupõem diferentes modos de viver e, assim sendo,
necessitam de diferentes modos de governo.

MONTESQUIEU só era contra o despotismo, pois neste apenas


um governa, sem leis, regras ou princípios, gerando a violência.

Para ele tudo era permitido, desde que estivesse segundo as


leis, que são, a seu ver, as relações necessárias derivadas da natureza das coisas.

6. ROUSSEOU

Para ROUSSEOU, o Estado representa o poder do corpo político,


soberania, a qual se confunde com a vontade geral. É, em relação a seus membros, senhor
de todos os bens destes por meio do Pacto Social, servindo como base para todos os
direitos.
O Estado deveria ser dirigido por um soberano, constituído
pelo Pacto Social, que representaria a incorporação do povo na votação das leis.

A seu ver, governo não se confunde com soberano, sendo,


então, o grupo de homens particulares que executam as leis.

ROUSSEOU desejava que a lei viesse acima do homem, como


expressão da vontade geral onde a obrigação social não se pudesse basear na força, não
existindo, assim, lei do mais forte.

Dizia, ainda, que a transformação do homem natural em


cidadão deu-se através de um processo de desnaturalização, sendo, então, necessária a
busca da igualdade e liberdade que imperava anteriormente a tal processo.

O homem não poderia ver-se como indivíduo apenas, mas,


sim, como parte do todo.

Quanto às formas de governo, sua predileta era a aristocracia


eletiva, onde o “sábio” governaria a multidão em proveito dela própria.

7. SIYÉS

Grande pensador de idéias liberais iluministas, muito embora


seus ideais fossem tão volúveis quanto era o tamanho de sua ambição.

Contribuiu muito para a Revolução Francesa, no seu início,


unindo-se ao Terceiro Estado, no seu final, à NAPOLEÃO.

Dizia ser o Terceiro Estado a realidade nacional, pois tinha


tudo para ser uma nação completa, porém nada era, afinal pertencia à ordem comum e
estava sujeito às leis comuns. Queria ser algo, queria ser representado por deputados seus.

Para ele, não poderia existir a vontade geral enquanto a


sociedade admitisse sua divisão em ordens.
8. BURKE

Para BURKE, o Estado era visto como algo natural, uma vez
que não existe igualdade, pois a sociedade é necessariamente dividida em classes
diferentes, onde uma precisa dominar a outra.

Defendia a monarquia hereditária dizendo ser esta uma


tradição, um hábito que vinha de longínquo passado, como uma forma feliz de imitação da
natureza.

BURKE nos deixou uma frase, a meu ver, de extrema


importância: “A questão não é saber se tendes o direito de tornar infeliz o vosso povo mas
se não é vosso interesse torná-lo feliz”.

9. FICHTE

FICHTE era um extremado patriota, ninguém falava da


Alemanha com tamanha grandeza e orgulho. Dizia ele serem os germânicos, o único povo
que poderia proclamar-se puro.

Seu sonho era a unidade alemã, a falta da independência


impossibilitava a intervenção no curso da própria história.

Para ele a razão de Estado dispensa razões, o libertar a Pátria


de invasões estrangeiras justificava qualquer meio. Ensinamento este vindo de MAQUIAVEL.

Em sua visão, o Estado era o único que poderia por em


prática o seu plano de educação, afinal, seria necessário o uso da coercibilidade deste no
tocante aos resistentes e, ainda, havia a necessidade de abastado investimento. Dizia que o
lucro do Estado seria imenso, gerações criadas no amor à coletividade, no labor, na
disciplina moral, ...

10. TOQUEVILLE
Para TOQUEVILLE, o Estado, na sua forma democrática, era
uma necessidade para que fosse resguardada a igualdade entre os indivíduos.

Atribuía a democracia e a igualdade por ela gerada a um


processo divino, sendo que lutar contra ela era lutar contra Deus. Nesta forma de governo
havia menor brilhantismo mas em compensação trazia melhores condições sociais.

Dizia, ainda, que a democracia não era uma só para todas as


nações, ela tinha que ser reformulada e adequada às condições de cada Estado.

TOQUEVILLE fazia advertência quanto à necessidade de um


obstáculo para limitar a liberdade democrática evitando assim o individualismo que
poderia levar à anarquia e ao despotismo.

11. MARX, ENGELS e LENIN

Como apaixonado marxista que era, LENIN possui a mesma


visão de Estado que a tinham MARX e ENGELS.

Para eles, o Estado não existiu sempre, nasceu como produto


da cisão de classes em certa fase do desenvolvimento econômico da sociedade. O Estado é
o instrumento de domínio, a máquina de opressão de uma classe por outra.

Segundo a teoria Marxista, o proletariado deveria utilizar o


Estado numa fase de sua ditadura, até que a sociedade fosse organizada de maneira tal que
sua existência não tivesse mais razão de ser.

12. HITLER

Na visão de HITLER, o Estado não era um fim, era


simplesmente um instrumento, um aparelho administrativo, uma organização técnica a
serviço de um fim, era o continente de um conteúdo: “a unidade racial baseada na
comunidade de sangue”.
Este instrumento teria como finalidades básicas, velar para
que cessasse absolutamente qualquer mestiçagem, conquistar e assegurar o espaço da raça
ariana.

A seu ver, o Estado deveria estar fundado sobre a mística e o


princípio do chefe, do condutor, sendo então antiliberal, anti-igualitário, antiparlamentar ...
numa sociedade extremamente hierarquizada, onde a solução estava na junção do
socialismo e do nacionalismo no chamado Nacional-Socialismo.

You might also like