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A potência excepcional do Gayatri Mantra

Sri Sathya Sai Baba

O homem hoje dissipa a sua vida completamente preocupado com os assuntos mundanos. Devido ao
apego ao corpo, ele se esquece da sua Natureza Verdadeira, fica imerso nos assuntos mundanos e
envolve-se na miséria. Ele considera o corpo como permanente e faz dos confortos físicos a sua meta na
vida. Essas são as coisas que todo indivíduo experimenta na sua vida diária.

Personificações do Amor!

Se uma pessoa se aproxima de um indivíduo e lhe


pergunta: “Quem é você?”. Dado à sua identificação
com o corpo, ele dá o seu nome em resposta.
Em resposta a perguntas adicionais, ele se apresenta como
médico, agricultor ou estudante, e outros mais. Quando o
questionamento continua, ele se identifica
com sua nacionalidade – como americano, indiano ou
paquistanês, e assim por diante. Quando se examinam
essas respostas profundamente, nota-se que nenhuma
delas corresponde à verdade. Ele obteve o seu nome
dos seus pais. Ele não lhe pertencia quando nasceu.
A sua identificação com uma ou outra das profissões
não é verdade porque ele não é a profissão.

Corpo, Jiva e Átman

Qual é, então, a verdade a respeito dele? “Eu sou o Átman. Esse é o meu verdadeiro Ser”. Essa é a
verdade. Mas as pessoas se identificam com os seus nomes, profissões e nacionalidades e não baseiam
as suas vidas no Átman. Nenhum motorista se identifica com o seu carro. Da mesma maneira, o corpo é
um carro e o Átman é o condutor. Esquecendo-se da sua verdadeira função, o indivíduo está se
identificando com o corpo, que é somente um veículo.

Essa verdade é ressaltada com ênfase pelo Gayatri Mantra.


Dehabudhyath dasoham
"No contexto do corpo, sou um instrumento, um servente".
Jivabudhyath thadamsah
"No contexto do Jiva, a alma individual, sou a centelha de That (o Divino)".
Atmabudhyath thvameva-aham
"Em termos do Átman, eu sou Tu".

Quando um indivíduo se observa do ponto de vista átmico, ele é idêntico ao Divino: “Eu sou Tu e Tu és
eu”.

A mansão de três andares

Assim sendo, todo homem tem três aspectos. A nossa própria vida é como uma mansão com três
andares. O estágio de brahmacharya (celibato) é o fundamento dessa mansão. Depois desse, o estágio
do grihastha (casado – chefe de família) é o primeiro andar. Depois tem-se o vanaprastha (afastamento
da vida de chefe de família), estágio como segundo andar. Finalmente, existe o estágio do renunciante
(sanyása), que constitui o terceiro andar. Desse modo, brahmacharya é a base para os outros três
estágios da vida. A segurança e a garantia dos outros três andares dependa da firmeza do alicerce (isto
é, de brahmacharya). Portanto, brahmacharya é o fundamento básico.

Porém, infelizmente esse fato importante tem sido esquecido pelas pessoas. Elas sentem-se felizes
olhando a super-estrutura. Mas o edifício inteiro pode ruir a qualquer momento se os alicerces forem
fracos. Você deve se preocupar com as suas raízes. O fundamento invisível é a base da mansão
visível. As raízes invisíveis são a base da árvore visível. Da mesma maneira, a força vital invisível
(prána) é a base do corpo visível. O prána não tem nenhuma forma, enquanto o corpo tem uma forma.
Existe, porém, o princípio átmico, que confere todas as potências à força vital (prána). Devido ao poder
conferido pelo Átman, a força vital pode ativar o corpo. O corpo é inerentemente inerte. Ele é constituído
por diferentes tipos de substâncias materiais.

As três potências no Homem

No Gayatri Mantra, a primeira linha é: “Om bhur-bhuvah-swaha”. Se presume que esse mantra se
refere aos três mundos: a Terra, o mundo intermediário e o Céu (ou Swarga, a terra dos deuses). Bhur
se refere ao corpo. Esse é composto de cinco elementos (pancha bhutas). Esses cinco elementos
constituem a Natureza (Prakriti). Existe uma relação íntima entre o corpo e a Natureza. Os mesmos cinco
elementos que estão na Natureza também estão no corpo. Bhuvah é a força vital que anima o corpo
(prána-shaktí). Mesmo que a força vital exista, sem jñána (consciência) o corpo não tem utilidade. Com
base nessa explicação, os Vedas declararam:

Prajñánam Brahma
"A Consciência Integrada Constante é Brahman".

Devido à presença do Prajñána, a força vital pode animar o corpo. O corpo representa a matéria inerte. A
força vital opera no corpo como uma vibração. Essa vibração deriva do poder de Prajñána, que encontra
expressão na radiação.

Portanto, o corpo, a força vital e o Prajñána estão todos no Homem. O Cosmos inteiro está presente, em
miniatura, no Homem. Por causa desses três constituintes, somos capazes de ver o Cosmos e vivenciar
muitas outras coisas. Toda potência está dentro de nós. O externo é um reflexo do Ser Interno.

Conclui-se disso que a verdadeira humanidade (mánavathvan) é a própria Divindade (Daivathvam). Por
isso, os Vedas declaram que o Divino aparece na forma humana. Todo ser humano é inerentemente
Divino, mas, devido ao seu apego ao corpo, ele se considera um mero homem.

Como esse corpo humano é animado pela força vital? De onde proveio essa força vital? É do Átman-
Shaktí (o poder do Ser – Self). Fazendo uso desse poder do Ser, a força vital realiza todas as atividades.

Tríplice aspecto do Gáyatrí

Quem é Gayatri? Gayatri não é uma deusa.

Gayatri chandassam mata


"Gayatri é a mãe dos Vedas".
Gayantham trayathe iti Gayatri
"Gayatri é aquilo que redime o cantor do mantra".

Gayatri está presente onde o mantra é entoado.

Gayatri, entretanto, tem três nomes: Gayatri, Sávitri e Saraswatí. Essas três estão presentes em cada
indivíduo. Gáyatrí representa os sentidos. É quem controla os sentidos. Sávitri controla a força vital
(prána). Muitos bharatiyas (indianos) estão familiarizados com a história de Sávitri, que trouxe de volta à
vida o seu marido morto, Sathyaván. Sávitri quer dizer Verdade. Saraswatí é a deidade que preside o
dom da palavra (vák). As três representam pureza de pensamento, palavra e ação (thrikarana
suddhi). Embora Gayatri tenha três nomes, todos os três estão presentes em cada um de nós como: os
sentidos (Gayatri), o poder da palavra (Saraswatí) e a força vital (Sávitri).

Diz-se que Gayatri tem cinco faces e, portanto, se chama panchamukhi. Existe no mundo alguém com
cinco faces? Não. No Ramayana, Rávana é descrito como tendo dez cabeças. Se realmente ele tivesse
dez cabeças, como poderia ele se deitar na cama ou mover-se de um lado a outro? Esse não é o
significado interno dessa descrição. Diz-se que ele tinha dez cabeças porque ele dominava os quatros
Vedas e os seis Shástras. De maneira semelhante, Gayatri é descrita como tendo cinco faces. As cinco
faces são: “Om” (o Pranava) é a primeira face. O princípio do Pranava representa as oito diferentes
formas de riqueza (ashta-aiswarya). A segunda face é “bhur bhuvah swaha”. A terceira é: “thath savitur
varenyam”. A quarta é: “bhargo devasya dhimahi”. “Dhiyo yo nah prachodayaath” é a quinta face.
Quando o Gayatri Mantra é entendido dessa maneira, será notado que todos os cinco aspectos do Gayatri
estão dentro de cada um de nós.
O poder do Gayatri Mantra

O Gayatri Mantra tem os três elementos que figuram na adoração de


Deus: descrição, meditação e oração. As primeiras nove palavras
do mantra representam os atributos do Divino: “Om bhur-bhuva-
swaha thath savitur varenyam bhargo devasya”. “Dhimahi” pertence
à meditação (dhyána). “Dhiyo yo nah prachodayaath” é a oração
ao Senhor. O mantra é, conseqüentemente, a oração a Deus
para conferir todos os poderes e talentos.

Sarvaroganivárini Gáyatrí
"Gayatri é quem cura todas as doenças".
Sarvaduhkha parivárini Gáyatrí
"Gayatri repele toda a miséria".
Sarvaváncha phalasri Gáyatrí
"Gayatri é quem satisfaz todos os desejos".

Gayatri é quem doa tudo o que é benéfico. Se o mantra é cantado, vários poderes se manifestarão no
indivíduo.

Por conseguinte, o Gayatri Mantra não deveria ser tratado com pouco caso. No nosso processo de
respiração, o som do Gayatri é parte integral dele. O som é uma lembrança da nossa verdadeira forma.
No processo da respiração temos a inalação e a exalação. No Yoga-Shástra, a inalação é chamada de
púraka e a exalação é denominada rechaka. Manter o ar respirado é chamado kúmbhaka. Quando o ar é
inalado, o som produzido é So-o-o. Quando ele é exalado, o som é Ham-m-m. So-Ham... So-Ham...(1).
So é That (Isso). Ham é “eu”. “Eu sou That (Isso)”. “Eu sou divino”. Cada ato de respiração proclama
isso. Os Vedas declararam a mesma coisa nos pronunciamentos:

That thwan asi


"Isso tu és".
Aham Brahmaasmi
"Sou Brahman".
Ayam Atma Brahma
"Este Átman é Brahman".

Não imagine que Deus é algo distante de você. Ele está dentro de você. Você é Deus. As pessoas
querem ver Deus. Sathyam jñánam anantham Brahma, dizem as Escrituras. A Verdade é Deus. A
Sabedoria é Deus. Ambos estão presentes em toda a parte. Elas transcendem as categorias do tempo e
do espaço. A Verdade é aquilo válido em todos os tempos: passado, presente e futuro. Essa
verdade é Gayatri.

Gayatri é, assim, o residente interno do coração (hridaya). Hridaya contém a palavra daya, que quer
dizer compaixão. Existe a compaixão em cada coração. Mas em que proporção ela é demonstrada na vida
real? Bem pouco. Durante todo o tempo, somente a raiva, a inveja, o orgulho e o ódio são manifestados.
Essas más qualidades não são naturais ao ser humano. Elas são opostas à natureza humana.

Foi declarado que quem se baseia somente na mente é um demônio. Quem se baseia no corpo é um
animal. Quem segue o Átman (o Ser) está dotado divinamente. Quem confia no corpo, na mente e no
Átman é um ser humano. A humanidade é a combinação de corpo, mente e Átman. O Homem deveria se
esforçar por ascender ao Divino e não descer à natureza demoníaca ou animal.

O dever dos pais

Doravante, os pais deveriam ensinar aos filhos histórias com conteúdo moral. Todos sabem em que
condição caótica o mundo de hoje se encontra. A desordem e a violência correm desenfreadas por toda a
parte. A paz e a segurança não se encontram em parte alguma. Onde pode-se encontrar a Paz? Ela está
dentro de nós. A segurança também está dentro de nós. Como pode a insegurança ser removida e a
segurança assegurada? Através do abandono dos desejos. Na linguagem dos bharatiyas (indianos)
de outrora, este foi denominado vairágya (abandono, renúncia aos apegos). Isso não quer dizer
abandonar a casa e a família. Como estudante, aferre-se aos seus estudos. Como profissional,
mantenha-se fiel aos deveres da sua profissão. Não se entreguem a excessos de tipo algum.

Na prática do Gayatri Mantra, o indivíduo deveria compreender que tudo está dentro do indivíduo e de tal
modo desenvolver a confiança no Ser. O Homem hoje é sacudido violentamente com dificuldades
porque ele não tem confiança no Ser. O aspirante na senda espiritual está destinado a
enfrentar as dificuldades causadas pelos seis inimigos: a luxúria, a raiva, a cobiça, a paixão, o
orgulho e a inveja. Ele tem que superá-los.

Apelo aos estudantes

Estudantes! Numa ocasião auspiciosa como esta, vocês deveriam considerar como poderiam levar uma
vida ideal. Pela fé em Deus, vocês têm que santificar o corpo. Sem o corpo, vocês não podem
experienciar a mente e o intelecto. Para alcançar os seus ideais, o corpo é um instrumento. Ele deveria
ser mantido em condições adequadas. O corpo é um instrumento. Porém, quem utiliza o instrumento é o
Ser. Todos os órgãos dos sentidos funcionam por causa do Átman. O Átman é a testemunha de tudo. Ele
também é conhecido como Consciência. A Consciência deriva a sua sanção do Divino. Ela é parte do
Divino.

Todo ser humano é uma centelha do Divino, como declarado na Gita. O ser humano é basicamente
divino, mas tende a se esquecer da sua origem divina. O Gayatri Mantra é suficiente para proteger a
pessoa que canta, porque o Gayatri personifica todas as potências divinas. É um requisito
fundamental para os jovens, porque lhes assegura um futuro brilhante e favorável. Os jovens
estudantes são os cidadãos e os líderes de amanhã. Portanto, eles deveriam desenvolver
pensamentos puros e nobres. Os pais também deveriam alimentar tal desenvolvimento.

A proximidade de Deus

A Cerimônia do Upanayanam foi concluída. O Gayatri Mantra foi dado a vocês. Vocês estão usando o
cordão sagrado com três fios atados a um nó. Os três fios representam Brahmá, Vishnu e Maheswara
(Shiva). Eles também representam o passado, o presente e o futuro. Upanayana quer dizer
proximidade de Deus. A proximidade de Deus permitirá que se livrem das suas más qualidades
e que adquiram as virtudes.

Estudantes! Os Vedas enfatizaram três deveres: honrar a mãe como Deus, o pai como Deus e o
mestre como Deus. Tenham em mente esse preceito. A gratidão aos pais é o seu dever primordial.
Essa é a lição ensinada por Sri Rama.

Amem os seus pais e lembrem-se de Deus. Quando vocês contentam aos seus pais e os fazem
felizes, as suas vidas inteiras estão repletas de felicidades.

Cantem o Gayatri tão seguidamente quanto possível. Se vocês cantam enquanto no chuveiro, o
seu banho será santificado. Da mesma maneira, cantem-no antes das refeições. O alimento
torna-se, então, uma oferenda ao Divino. Desenvolvam uma sincera e profunda devoção a Deus.

(1) Sai Baba demonstrou como isso ocorre enquanto inalava e exalava o ar. (Nota do Tradutor)
Discurso proferido em 23 de agosto de 1995 em Prashanti Nilayam, Índia.

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