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1.

Caravaggio – Supper at Emmaeus (1598)

2. Escolhi essa imagem, primeiramente, por preencher o pré-


requisito de datar de, no máximo, o século XVIII. Outro motivo
foi que a achei um bom exemplo da arte barroca vista do ponto
de vista dualista.

3. Usarei o método de Heinrich Wölfflin para falar dessa obra.


Wölfflin era um formalista que dava pouca importância para o
simbolismo. Tinha um método dualista de classificar as obras,
baseado em contraposições como o plano X profundidade,
forma fechada X forma aberta, clareza absoluta X clareza
relativa. Apesar de ser um método com suas falhas (assim
como todos os outros métodos apresentados), acho que resume
de maneira bastante satisfatória a arte do período do quadro
que escolhi.

4. O quadro acima apresenta um grande contraste entre claro e


escuro. Tanto a sombra quanto a claridade são bem marcadas
em todos os elementos. Ele apresenta, também, uma
perspectiva bastante complicada comparada à arte clássica. O
homem que se dispõe sentado à frente da mesa obrigou o
pintor a criar pelo menos mais dois pontos de fuga, enquanto se
esse elemento não estivesse presente, o ponto de fuga central
tão utilizado na arte renascentista teria sido suficiente. Outra
característica importante de ser observada é de que a forma do
quadro é aberta, ou seja, ela não se limita às margens impostas
pela tela, enquanto que as pinturas renascentistas são,
geralmente, perfeitamente emolduradas e fechadas.

5. Gosto muito das pinturas barrocas por apresentarem uma


grande dramaticidade, pelas expressões dos rostos e corpos,
pela iluminação e por extravasar a tela. Acho esse método um
pouco pobre, pois nem chega a mencionar outra coisa muito
interessante desse quadro, que é a maneira como Jesus é
retratado, bem alimentado, de ricas bochechas, sem barba,
limpo, sendo servido. A parte formal é apenas o meio pelo qual
o pensamento barroco era expresso, mas não deixa, também,
de caracterizá-lo bem o suficiente.

6. Ico Tattoo – Carpa e lótus em manga fechada

7. Escolhi essa imagem pois é um universo próximo a mim, sobre


o qual posso falar com bastante fluidez visto que trabalho com
isso, é contemporâneo a mim.
8. Para falar sobre essa obra, escolhi a metodologia de Erwin
Panofsky. Panofsky é um simbolista que utiliza uma leitura
iconológica em três passos. O primeiro passo é a leitura pré-
iconológica, onde percebemos o tema primário da obra. O
segundo passo é a leitura iconográfica, que seria a associação a
idéias e conceitos. O terceiro e último passo é a leitura
iconológica, onde analisamos o conteúdo propriamente dito, o
significado cultural e relevamos, também, o contexto no qual a
obra foi realizada.

9. No primeiro passo de análise da imagem acima, o pré-


iconológico, percebemos que se trata de um peixe vermelho,
laranja e amarelo, que pula da água. Ao lado encontra-se uma
flor roxa e azul que está se despetalando.

No segundo passo percebemos que se trata de um tema


recorrente na tatuagem oriental tradicional. O método
tradicional de aplicar essa imagem à pele se chama Tebori, que
consiste em uma haste de bambu com agulhas amarradas
firmemente à ponta. A tinta resultante de carvão vegetal e a
haste de bambu são completamente artesanais e vêm de uma
tradição de séculos no Japão. As imagens são retiradas de
aquarelas japonesas, pinturas em blocos de madeira, etc. No
caso acima, temos uma carpa e uma flor-de-lótus, imagens
muito tradicionais na cultura japonesa. Essa técnica pode ser
comparada a um ritual, é muito demorada e tem um grande
valor.

No terceiro passo da nossa análise, percebemos que essa


tatuagem não foi feita da maneira tradicional. Ela é
praticamente uma releitura da tradição oriental, feita com
máquina elétrica, agulhas soldadas e tinta industrializada,
dispensando muito menos tempo, mas criando uma nova
tradição ocidental de tatuagens orientais. É mantido o
significado da imagem, que continua tendo como referência
aquarelas japonesas e os próprios teboris; mas foi adicionado,
além do estilo do artista, o significado que ela possa ter para a
pessoa que foi tatuada.

10. Acho que esse método foi bastante satisfatório para classificar a
imagem, mas pecou no momento em que não discute temas
importantes de observação nos dias atuais; estaria esse tema
perdendo seu significado por não seguir a tradição, estaria ele,
ao invés de tradicional, se tornando piegas, estaria a estilização
sendo utilizada em demasia? Mas essas discussões
definitivamente necessitariam a utilização de outra
metodologia.

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