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DIREITO AGRÁRIO

Contratos Agrários

- lei 4504/64 – fala de uma forma abrangente


- lei 11443/07 – esta lei modificou alguns tópicos, porém permanece sem
regulamento, desta forma utiliza-se o decreto 59566/66.
- Regulamento: Decreto 59566/66 – discrimina assuntos relativos a contratos
agrários.

• Imóvel Rural? 2 teorias:

1ª Destinação – lei 8629/93 (regulamenta a CF) – Majoritária – se o imóvel tiver


uma destinação voltada para o campo, ainda que esteja localizado na zona
urbana, será considerado como imóvel rural.
2ª Localização – lei 5172/66 CTN. Se tiver localizado na zona rural, o imóvel será
rural, o mesmo ocorre com a zona urbana.

• Zona Urbana – lei 5172/66 art. 32 (CTN).

- definida em lei municipal


- constituídos ou mantidos pelo poder público

- com pelo menos 2 melhoramentos contidos nos seguintes incisos do § 1º:

Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana
tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por
acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.

§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal;
observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois)
dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - abastecimento de água;
III - sistema de esgotos sanitários;
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição
domiciliar;
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três)
quilômetros do imóvel considerado.
§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana,
constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à
indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo
anterior.
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1 – Características do contrato agrário:

I – Admite prova exclusivamente testemunhal qualquer que seja o valor. O juiz


firma o seu convencimento somente ouvindo as testemunhas.
Em relação ao CPC o art. 401 impõe restrições:
Art. 401. A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não exceda o
décuplo do maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em que foram celebrados.

II – Proíbem renúncia de direitos pela parte hipossuficiente. Ex: uma cláusula


contratual onde a parte renuncia as benfeitorias, não tem valor.

III – Liberdade de forma – o contrato pode ser verbal ou escrito.

IV – Fixa cláusulas obrigatórias que devem constar no conrato.

2 – Contratos nominados e inominados:

- Nominados ou típicos – possuem denominação legal. Ex: Arrendamento,


Parceria Rural.
- Inominados ou atípicos – a lei não denomina, é uma criação. Ex: Fica, Roçado.

a) Arrendamento:

• tempo determinado ou indeterminado;


• uso e gozo;
• parcial ou total;
• preço em pecúnia limitado por lei – 15% do valor cadastral do imóvel,
este é o valor máximo do aluguel.
• Riscos por conta do arrendatário;
• Correspondente à locação.

É um aluguel de imóvel rural, este valor é limitado por lei onde uma pessoa se
obriga a entregar a outra por tempo determinado ou indeterminado, uma parte ou
a totalidade da terra rural, para uso e gozo e por conta do arrendatário.

b) Parceria Rural:

• prazo determinado ou indeterminado;


• total ou parcial;
• uso específico – o uso é monitorado, pois trata-se de uma parceria.
• Mediante partilha % da produção ou percentual da produção;
• Riscos compartilhados.

Tabela de Partilha de acordo com a nova lei de 2007:


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% P/ P/ Outorgado
Outorgante
Terra nua 20% 80%
Terra preparada 25% 75%
Terra preparada 30% 70%
+ Moradia
(...) 75% 25%

- Art. 6º - Parceria e Arrendamento no mesmo imóvel


- Art. 12 – indicações que devem constar nos contratos:
I – assinatura, data etc.
II – nome, endereço etc.
III – Arrendador ou Parceiro outorgante:
• se for Pessoa Jurídica (Estatuto, CNPJ, Registro etc.)
• se for Pessoa Física (RG, CPF, Estado Civil etc.)

IV – Arrendatário ou Parceiro Outorgado.


• Pessoa Física ou Conjunto Familiar
Obs: Pessoa Jurídica não pode ser Arrendatário ou Parceiro outorgado, tendo em
vista que este pólo é mais fraco (hipossuficiente), a pessoa jurídica somente pode
figurar no pólo forte – Arrendador e Parceiro Outorgante.

V – Descrição
VI – Prazo etc.

3 – Cláusulas obrigatórias – para assegurar a conservação dos recursos


naturais.

Art. 13:
I – proibição de renúncia dos direitos e vantagens pelo Arrendatário ou Parceiro
Outorgado (em regra é a parte hipossuficiente).
II – Observância das seguintes normas para conservação dos recursos naturais:

a) Prazos mínimos:
* Arrendamento – 3 anos para culturas temporárias e/ou Pecuária de pequeno e
médio porte.
- 5 anos para culturas permanentes e/ou Pecuária de grande
porte.
- 7 anos para exploração florestal.

* Parceria – 3 anos para qualquer tipo de exploração de acordo com a lei. No


entanto a jurisprudência diz que devem ser observados os mesmos prazos do
arrendamento.
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b) Observância da legislação Ambiental.

c) Observância das normas técnicas recomendadas para as atividades. Ex:


Campos = cana São José de Ubá = tomate.
VII – Normas de proteção econômica e social
a) Concordância com solicitação de crédito – a lei obriga ao Arrendador a
concordar com a solicitação de crédito, posto que se o Arrendatário não pagar o
Arrendador paga.

b) Proibições:
* prestar serviço gratuito pela parte mais fraca (Arrendatário e Parceiro
Outorgado).
* exclusividade de vendas – vende para quem quiser.
* obrigatoriedade do beneficiamento – é facultado colocar a mercadoria na
máquina do patrão ou não.
* Aquisições dos gêneros.
* Pagamento em vales.

4 – Preço do Aluguel no Arrendamento

- Arrendamento Total – 15% do valor cadastral do imóvel.


- Arrendamento Parcial – 30% do valor cadastral do imóvel.

área Valor cadastral p/ ha Valor cadastral total Preço máximo 15% Preço contratado
400ha 2.000,00 R$ 800.000,00 R$ 120.000,00 R$ 120.000,00
300ha 1.000,00 R$ 300.000,00 R$ 45.000,00 R$ 30.000,00
500ha 2.000,00 R$ 1.000.000,00 R$ 150.000,00 R$ 220.000,00

Prorrogação do contrato

1 – Prorrogação legal – se não entrar um consenso, deve-se entrar com uma


ação:

a) Força maior – queda da ponte; mudança de clima, ocorrendo um desses o


arrendatário tem o direito de prorrogar o contrato, levando-se em consideração o
critério da razoabilidade.

b) Colheitas pendentes – quando o produto não está no ponto de maturação, ou


seja, ponto de colheita.

2 – Prorrogação convencional - se colher em 10/10 e o contrato vai até 10/12, o


Arrendatário poderá fazer uma cultura rápida, mesmo que ultrapasse o prazo de
vencimento. Neste caso, o Arrendatário deverá convencionar previamente com o
proprietário o tempo necessário que ele precisa para colher.
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3 – Preferência do Arrendatário na Renovação – o Arrendatário possui o direito


de preferência, todavia, se ele já paga o máximo do aluguel ele não pode sair, vai
renovar a vida inteira, salvo se o proprietário pedir o imóvel para uso próprio.

Art. 3º - até 6 meses antes do vencimento do contrato, o proprietário deve notificar


o Arrendatário. Se não notificar, ou notificar fora do prazo, o contrato se renova
automaticamente.

Caso o arrendatário pague um valor inferior ao limite máximo, o arrendador


deverá notificá-lo acerca da proposta feita por outro interessado, após a
notificação feita no prazo legal, o Arrendatário tem 30 dias para se manifestar,
concordar em cobrir a oferta ou desistir (pode ser expressa ou tácita, silêncio em
30 dias).

- Solicitado para uso próprio – se o dono quiser o imóvel para uso próprio, ele
tem que notificar o arrendatário até 6 meses antes do término do contrato, se isto
não ocorrer, o contrato se renova automaticamente.

- O proprietário notifica o arrendatário para sair do imóvel com a alegação de


que deseja para uso próprio, e depois coloca um terceiro para explorar a
terra, neste caso, o Arrendatário não poderá entrar com uma ação para
reaver o imóvel, mas sim entrar com uma ação por perdas e danos.

Extinção

1 – término do prazo – quando ninguém deseja renovar.

2 – Confusão – é o instituto jurídico onde o arrendatário e proprietário se


confunde sobre a mesma pessoa. Ex: Aquisição da gleba arrendada pelo
arrendatário. Isto é, o arrendatário adquire o imóvel, se tornando proprietário.

3 – Distrato – é bilateral, consensual.


Rescisão – é judicial, geralmente é por ato unilateral.

4 – Resolução ou extinção do direito do Arrendador – o novo proprietário deve


respeitar o prazo para extinguir o contrato, mas não é obrigado a renová-lo.

a) Evicção – é a perda de um bem em decorrência de uma sentença transitada


em julgado.

b) Penhora / Alienação

c) Revogação da doação por ingratidão

d) Extinção do usufruto quando o usufrutuário for o arrendador – O


usufrutuário, desde que possua poderes, poderá arrendar a terra objeto de
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usufruto, criando uma nova relação sobre o imóvel. Se o usufruto for extinto, o
arrendamento por sua vez também será extinto é a regra geral, o proprietário
assume a propriedade tendo que respeitar o arrendatário até o término do prazo.

Exceção – quando o nu-proprietário emite sua ciência no contrato de


arrendamento, ou quando o nu-proprietário atua como procurador do usufrutuário
para celebrar o contrato de arrendamento.

5 – Força maior / causas climáticas – qualquer causa que implique ou torne


inútil a exploração: força maior ou causas climáticas extinguem o contrato.

6 – Sentença judicial irrecorrível – diz respeito aos vícios do contrato. Se


somente uma cláusula estiver viciada, a mesma deverá ser anulada, deve-se
observar se dá para aproveitar o contrato, se não puder o contrato todo será
anulado.

7 – Perda do imóvel rural – perda física. Ex:inundação, terremoto.

8 – Desapropriação – total extingue o contrato. Se for parcial, há possibilidade da


continuação na área remanescente, com ajustamento de preço.

9 – Morte do Arrendatário – o contrato se extingue quando o contrato foi feito


somente em nome do arrendatário. Agora se foi feito em nome do arrendatário +
conjunto familiar, e dentro desse conjunto alguém tenha capacidade para
assumir a posição de arrendatário o contrato se prorroga.

- Pessoa Física – o contrato é extinto.


- Pessoa física + conjunto familiar – se alguém tiver capacidade pata tocar o
empreendimento o contrato não será extinto, se não houver ninguém o contrato é
extinto.

Casos de despejo do arrendatário

1 – término do prazo – quando não há interesse em renovar.

2 – Subarrendamento não autorizada – tem que ter autorização expressa do


arrendador. Se subarrendar sem autorização, o arrendador entra com uma ação
de despejo contra o arrendatário, para desvincular-se do contrato, e uma ação de
reintegração de posse contra o subarrendatário.

3 – Falta de pagamento do aluguel – porém se o arrendatário purgar a mora


com custas, correção e honorários no prazo de contestação ele renova.

4 – Dano causado à gleba ou às colheitas;


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5 – Mudança de destinação;

6 – Abandono total ou parcial das lavouras;

Preferência do Arrendatário na Aquisição do imóvel Arrendado

- Art. 45 e 47 – tem um prazo decadencial de 6 meses, a partir do registro da


escritura de compra e venda no cartório de registro de imóveis, para depositar o
equivalente em dinheiro e entrar com a ação.

10/01...........................................10/03.......................................................10/09
↓ ↓ ↓
(lavrada a escritura de compra e venda) (registro) (prazo decadencial 6 meses)

O Arrendatário tem até 10/09 para depositar o dinheiro em juízo e entrar


com a anulação de contrato de compra e venda de imóvel c/c adjudicação
compulsória.
Esta ação exige a formação do litisconsórcio passivo necessário
Quando o arrendatário ocupa apenas uma parte do imóvel, o proprietário
não é obrigado a vender apenas esta parte. O direito de preferência do
arrendatário só pode ser exercido em face da totalidade do imóvel.
Enquanto não houver o registro o prazo decadencial não começa a correr.
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Princípios e Definições

Art 1º O arrendamento e a parceria são contratos agrários que a lei reconhece, para o fim de
posse ou uso temporário da terra, entre o proprietário, quem detenha a posse ou tenha a livre
administração de um imóvel rural, e aquêle que nela exerça qualquer atividade agrícola, pecuária,
agro-industrial, extrativa ou mista (art. 92 da Lei nº 4.504 de 30 de novembro de 1964 - Estatuto da
Terra - e art. 13 da Lei nº 4.947 de 6 de abril de 1966).

Art 2º Todos os contratos agrários reger-se-ão pelas normas do presente Regulamento, as


quais serão de obrigatória aplicação em todo o território nacional e irrenunciáveis os direitos e
vantagens nelas instituídos (art.13, inciso IV da Lei nº 4.947-66).

Parágrafo único. Qualquer estipulação contratual que contrarie as normas estabelecidas neste
artigo, será nula de pleno direito e de nenhum efeito.

Art 3º Arrendamento rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra,
por tempo determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural, parte ou partes do mesmo, incluindo,
ou não, outros bens, benfeitorias e ou facilidades, com o objetivo de nêle ser exercida atividade de
exploração agrícola, pecuária, agro-industrial, extrativa ou mista, mediante, certa retribuiç ão ou
aluguel , observados os limites percentuais da Lei.

§ 1º Subarrendamento é o contrato pelo qual o Arrendatário transfere a outrem, no todo ou em


parte, os direitos e obrigações do seu contrato de arrendamento.

§ 2º Chama-se Arrendador o que cede o imóvel rural ou o aluga; e Arrendatário a pessoa ou


conjunto familiar, representado pelo seu chefe que o recebe ou toma por aluguel.

§ 3º O Arrendatário outorgante de subarrendamento será, para todos os efeitos, classificado


como arrendador.

Art 4º Parceria rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por
te mpo determinado ou não, o uso especifico de imóvel rural, de parte ou partes do mesmo,
incluindo, ou não, benfeitorias, outros bens e ou facilidades, com o objetivo de nêle ser exercida
atividade de exploração agrícola, pecuária, agro-industrial, extrativa vegetal ou mista; e ou lhe
entrega animais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias primas de origem
animal, mediante partilha de riscos do caso fortuito e da fôrça maior do empreendimento rural, e
dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites
percentuais da lei (artigo 96, VI do Estatuto da Terra).

Parágrafo único. para os fins dêste Regulamento denomina-se parceiro outorgante, o


cedente, proprietário ou não, que entrega os bens; e parceiro-outorgado, a pessoa ou o conjunto
familiar, representado pelo seu chefe, que os recebe para os fins próprios das modalidades de
parcerias definidas no art. 5º.

Art 5º Dá-se a parceria:

I - agrícola, quando o objeto da cessão fôr o uso de imóvel rural, de parte ou partes do
mesmo, com o objetivo de nêle ser exercida a atividade de produção vegetal;

II - pecuária, quando o objetivo da cessão forem animais para cria, recria, invernagem ou
engorda;
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III - agro-industrial, quando o objeto da sessão fôr o uso do imóvel rural, de parte ou partes do
mesmo, ou maquinaria e implementos, com o objetivo de ser exercida atividade de transformação
de produto agrícola, pecuário ou florestal;

IV - extrativa, quando o objeto da cessão fôr o uso de imóvel rural, de parte ou partes do
mesmo, e ou animais de qualquer espécie, com o objetivo de ser exercida atividade extrativa de
produto agrícola, animal ou florestal;

V - mista, quando o objeto da cessão abranger mais de uma das modalidades de parceria
definidas nos incisos anteriores.

Art 6º Ocorrendo entre as mesmas partes e num mesmo imóvel rural avenças de
arrendamento e de parceria, serão celebrados contratos distintos, cada qual regendo-se pelas
normas especificas estabelecidas no Estatuto da Terra, na Lei nº 4.947-66 e neste Regulamento.

Parágrafo único. Reger-se-ão pelas normas do presente Regulamento, os direitos e


obrigações dos atuais meeiros, terceiros quartistas, parcentistas ou de qualquer outro tipo de
parceiro-outorgado, cujo contrato estipule, no todo ou em parte, a partilha em frutos, produtos ou
no seu equivalente em dinheiro.

Art 7º Para os efeitos dêste Regulamento entende-se por exploração direta, aquela em que o
beneficiário da exploração assume riscos do empreendimento, custeando despesas necessárias.

§ 1º Denomina-se Cultivador Direto aquêle que exerce atividade de exploração na forma


dêste artigo.

§ 2º Os arrendatários serão sempre admitidos como cultivadores diretos.

Art 8º Para os fins do disposto no art. 13, inciso V, da Lei nº 4.947-66, entende-se por cultivo
direto e pessoal, a exploração direta na qual o proprietário, ou arrendatário ou o parceiro, e seu
conjunto familiar, residindo no imóvel e vivendo em mútua dependência, utilizam assalariados em
número que não ultrapassa o número de membros ativos daquele conjunto.

Parágrafo único. Denomina-se cultivador direto e pessoal aquêle que exerce atividade de
exploração na forma dêste artigo.

Art 9º Sem a apresentação do certificado de cadastro, a partir de 1 de janeiro de 1967,os


proprietários, usufrutuários, usuários ou possuidores de imóvel rural, sob pena de nulidade, não
poderão celebrar os contratos agrários disciplinados por êste Regulamento (art. 22, § 1º, da Lei
número 4.947-66).

Art 10. Caberá ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária - IBRA, em todo o território nacional,
a organização e manutenção do registro cadastral e do contrôle dos contratos agrários, em
obediência ao disposto na alínea " c " do inciso III, do artigo 46 do Estatuto da Terra, e de sua
regulamentação no Decreto 55.891, de 31-3-65, como também art. 13 da Lei 4.947, 6-4-66.

CAPÍTULO II

DOS CONTRATOS: ESSÊNCIAIS E FUNDAMENTOS

SEçãO I - DOS CONTRATOS AGRáRIOS


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Art 11. Os contratos de arrendamento e de parceria poderão ser escritos ou verbais. Nos
contratos verbais presume-se como ajustadas as cláusulas obrigatórias estabelecidas no art. 13
dêste Regulamento.

§ 1º O arrendador ou o parceiro-outorgante deverá encontrar-se na posse do imóvel rural e


dos bens, a qualquer título que lhes dê o direito de exploração e de destinação aos fins contratuais.

§ 2º Cada parte contratante poderá exigir da outra a celebração do ajuste por escrito,
correndo as despesas pelo modo que convencionarem.

Art 12. Os contratos escritos deverão conter as seguintes indicações:

I - Lugar e data da assinatura do contrato;

II - Nome completo e endereço dos contratantes;

III - Características do arrendador ou do parceiro-outorgante (espécie, capital registrado e


data da constituição, se pessoa jurídica, e, tipo e número de registro do documento de identidade,
nacionalidade e estado civil, se pessoa física e sua qualidade (proprietário, usufrutuário, usuário ou
possuidor);

IV - característica do arrendatário ou do parceiro-outorgado (pessoa física ou conjunto


família);

V - objeto do contrato (arrendamento ou parceria), tipo de atividade de exploração e


destinação do imóvel ou dos bens;
VI - Identificação do imóvel e número do seu registro no Cadastro de imóveis rurais do IBRA
(constante do Recibo de Entrega da Declaração, do Certificado de Cadastro e do Recibo do
Imposto Territorial Rural).

VII - Descrição da gleba (localização no imóvel, limites e confrontações e área em hectares e


fração), enumeração das benfeitorias (inclusive edificações e instalações), dos equipamentos
especiais, dos veículos, máquinas, implementos e animais de trabalho e, ainda, dos demais bens e
ou facilidades com que concorre o arrendador ou o parceiro-outorgante;

VIII - Prazo de duração, preço do arrendamento ou condições de partilha dos frutos, produtos
ou lucros havidos, com expressa menção dos modos, formas e épocas dêsse pagamento ou
partilha;

IX - Cláusulas obrigatórias com as condições enumeradas no art. 13 do presente


Regulamento, nos arts. 93 a 96 do Estatuto da Terra e no art. 13 da Lei 4.947-66;

X - fôro do contrato;

XI - assinatura dos contratantes ou de pessoa a seu rôgo e de 4 (quatro) testemunhas


idôneas, se analfabetos ou não poderem assinar.

Parágrafo único. As partes poderão ajustar outras estipulações que julguem convenientes aos
seus interêsses, desde que não infrinjam o Estatuto da Terra, a Lei nº 4.947-66 e o presente
Regulamento.

Art 13. Nos contratos agrários, qualquer que seja a sua forma, contarão obrigatoriamente,
clausulas q ue assegurem a conservação dos recursos naturais e a proteção social e econômica
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dos arrenda t ários e dos parceiros-outorgados a saber (Art. 13, incisos III e V da Lei nº 4.947-
66);

I - Proibição de renúncia dos direitos ou vantagens estabelecidas em Leis ou Regulamentos,


por parte dos arredentários e parceiros-outorgados (art.13, inciso IV da Lei número 4.947-66);

II - Observância das seguintes normas, visando a conservação dos recursos naturais:

a) prazos mínimos, na forma da alínea " b ", do inciso XI, do art. 95 e da alínea " b ", do inciso
V, do art. 96 do Estatuto da Terra:

- de 3 (três), anos nos casos de arrendamento em que ocorra atividade de exploração de


lavoura temporária e ou de pecuária de pequeno e médio porte; ou em todos os casos de parceria;

- de 5 (cinco), anos nos casos de arrendamento em que ocorra atividade de exploração de


lavoura permanente e ou de pecuária de grande porte para cria, recria, engorda ou extração de
matérias primas de origem animal;

- de 7 (sete), anos nos casos em que ocorra atividade de exploração florestal;

b) observância, quando couberem, das normas estabelecidas pela Lei número 4.771, de 15
de setembro de 1965, Código Florestal, e de seu Regulamento constante do Decreto 58.016 de 18
de março de 1966;

c) observância de práticas agrícolas admitidas para os vários tipos de exportação intensiva e


extensiva para as diversas zonas típicas do país, fixados nos Decretos número 55.891, de 31 de
março de 1965 e 56.792 de 26 de agôsto de 1965.

III - Fixação, em quantia certa, do preço do arrendamento, a ser pago em dinheiro ou no seu
equivalente em frutos ou produtos, na forma do art. 95, inciso XII, do Estatuto da Terra e do art. 17
dêste Regulamento, e das condições de partilha dos frutos, produtos ou lucros havidos na parceria,
conforme preceitua o art.96 do Estatuto da Terra e o art. 39 dêste Regulamento.

IV - Bases para as renovações convencionadas seguido o disposto no artigo 95, incisos IV e V


do Estatuto da Terra e art. 22 dêste Regulamento.

V - Causas de extinção e rescisão, de acôrdo com o determinado nos artigos 26 a 34 dêste


Regulamento;

VI - Direito e formas de indenização quanto às benfeitorias realizadas, ajustadas no contrato


de arrendamento; e, direitos e obrigações quanto às benfeitorias realizadas, com consentimento do
parceiro-outorgante, e quanto aos danos substanciais causados pelo parceiro-outorgado por
práticas predatórias na área de exploração ou nas benfeitorias, instalações e equipamentos
especiais, veículos, máquinas, implementos ou ferramentas a êle cedidos (art. 95, inciso XI, letra "
c " e art.96, inciso V, letra " e " do Estatuto da Terra);

VII - observância das seguintes normas, visando à proteção social e econômica dos
arrendatários e parceiros-outorgados (art.13, inciso V, da Lei nº 4.974-66):

a) concordância do arrendador ou do parceiro-outorgante, à solicitação de crédito rural feita


pelos arrendatários ou parceiros-outorgados (artigo 13, inciso V da Lei nº 4.947-66);

b) cumprimento das proibições fixadas no art. 93 do Estatuto da Terra, a saber:


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- prestação do serviço gratuito pelo arrendatário ou parceiro-outorgado;

- exclusividade da venda dos frutos ou produtos ao arrendador ou ao parceiro-outorgante;

- obrigatoriedade do beneficiamento da produção em estabelecimento determinado pelo


arrendador ou pelo parceiro-outorgante:

- obrigatoriedade da aquisição de gêneros e utilidades em armazéns ou barrações


determinados pelo arrendador ou pelo parceiro-outorgante;

- aceitação pelo parceiro-outorgado, do pagamento de sua parte em ordens, vales, borós, ou


qualquer outra forma regional substitutiva da moeda;

c) direito e oportunidade de dispor dos frutos ou produtos repartidos da seguinte forma


(art.96,inciso V, letra " f " do Estatuto da Terra):

- nenhuma das partes poderá dispor dos frutos ou dos frutos ou produtos havidos antes de
efetuada a partilha, devendo o parceiro-outorgado avisar o parceiro-outorgante, com a necessária
antecedência, da data em que iniciará a colheita ou repartição dos produtos pecuários;

- ao parceiro-outorgado será garantido o direito de dispor livremente dos frutos e produtos que
lhe cabem por fôrça do contrato;

- em nenhum caso será dado em pagamento ao credor do cedente ou do parceiro-outorgado,


o produto da parceria, antes de efetuada a partilha.

Art 14. Os contratos agrários, qualquer que seja o seu valor e sua forma poderão ser provados
por testemunhas (artigo 92, § 8º, do Estatuto da Terra).

Art 15. A alienação do imóvel rural ou a instituição de ônus reais sôbre êle, não interrompe os
contratos agrários, ficando o adquirente ou o beneficiário, sub-rogado nos direitos e obrigações do
alienante ou do instituidor do ônus (art.92, § 5º do Estatuto da Terra).

SEÇÃO II

Do Arrendamento e suas Modalidades

Art 16. A renda anual dos contratos de arrendamento será ajustada pelas partes contratantes,
tendo como limite o estabelecido no art. 95, inciso XII, do Estatuto da Terra.

§ 1º Poderão os contratos ser anualmente corrigidos a partir da data da assinatura, na parte


que se refere ao valor da terra, de acôrdo com o índice de correção monetária fornecida pelo
Conselho Nacional de Economia e divulgado pelo IBRA (art. 92, § 2º do Estatuto da Terra).

§ 2º Nos casos em que ocorrer exploração de produtos com preço oficialmente fixado, a
relação entre os preços reajustados e os iniciais, não poderá ultrapassar a relação entre o nôvo
preço fixado para os produtos e o respectivo preço na época do contrato (art. 92, § 2º do Estatuto
da Terra).

Art 17. Para cálculo dos preços de arrendamento em cada imóvel rural, observar-se-ão, com
base no inciso XII do art. 95 do Estatuto da Terra os critérios fixados nos parágrafos seguintes:
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§ 1º Nos casos de arrendamento da área total do imóvel rural, a um ou mais arrendatários, a


soma dos preços de arrendamento não pode ser superior a 15% (quinze por cento) do valor da
terra nua, fornecido na Declaração de Propriedade de imóvel rural e aceito para o Cadastro de
Imóveis Rurais do IBRA, constante do recibo de pagamento do impôsto territorial rural (ITR)

§ 2º Nos casos de arrendamento parcial a um ou mais arrendatários, a soma dos preços de


aluguel não poderá exceder a 30% (trinta por cento) do valor das áreas arrendadas, avaliado êsse
com base no valor do hectare declarado e aceito, para o Cadastro de imóveis rurais do IBRA.

§ 3º Para a área não arrendada, admite-se um preço potencial de arrendamento, que será de
15% (quinze por cento) do valor mínimo por hectare estabelecido na Instrução Especial do IBRA,
aprovada pelo Ministro do Planejamento, na forma prevista no parágrafo 3º do art. 14 do Decreto nº
55.891, de 31 de março de 1965.

§ 4º O preço potencial de arrendamento da área não arrendada, mais a soma dos preços de
arrendamento da áreas arrendadas, não poderá exceder o preço máximo de arrendamento da área
total do imóvel, estipulado no parágrafo 1º dêste artigo.

§ 5º O preço de arrendamento da benfeitorias que entrarem na composição do contrato, não


poderá exceder a 15% (quinze por cento) do valor das mesmas benfeitorias, expresso na
Declaração de Propriedade do Imóvel Rural.

Art 18. O preço do arrendamento só pode ser ajustado em quantia fixa de dinheiro, mas o seu
pagamento pode ser ajustado que se faça em dinheiro ou em quantidade de frutos cujo preço
corrente no mercado local, nunca inferior ao preço mínimo oficial, equivalha ao do aluguel, à época
da liquidação.

Parágrafo único. É vedado ajustar como preço de arrendamento quantidade fixa de frutos ou
produtos, ou seu equivalente em dinheiro.

Art 19. Nos contratos em que o pagamento do preço do arrendamento deva ser realizado em
frutos ou produtos agrícolas, fica assegurado ao arrendatário o direito de pagar em moeda
corrente, caso o arrendador exija que a equivalência seja calculada com base em preços inferiores
aos vigentes na região, à época dêsse pagamento, ou fique comprovada qualquer outra
modalidade de simulação ou fraude por parte do arrendador (art. 92, § 7º do Estatuto da Terra).

Art 20. Ao arrendador que financiar o arrendatário por inexistência ou impossibilidade de


financiamento pelos órgãos oficiais de credito, e facultado o direito de, vencida a obrigação, exigir a
venda dos frutos até o limite da divida acrescida dos juros legais devidos, observados os preços do
mercado local (art. 93, parágrafo único, do Estatuto da Terra).

Art 21. Presume-se contratado pelo prazo mínimo de 3 (três) anos, o arrendamento por tempo
indeterminado (art. 95, II do Estatuto da Terra).

§ 1º Os prazos de arrendamento terminarão sempre depois de ultimada a colheita, inclusive a


de plantas forrageiras cultiváveis, após a parição dos rebanhos ou depois da safra de animais de
abate. Em caso de retardamento da colheita por motivo de fôrça maior êsses prazos ficarão
automaticamente prorrogados até o final da colheita (art. 95, I, do Estatuto da Terra).

§ 2º Entende-se por safra de animais de abate, o período oficialmente determinado para a


matança, ou o adotado pelos usos e costumes da região.
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§ 3º O arrendamento que, no curso do contrato, pretender iniciar nova cultura cujos frutos não
possam ser colhidos antes de terminado o prazo contratual, deverá ajustar, previamente, com o
arrendador, a forma de pagamento do uso da terra por êsse prazo excedente (art. 15 do Estatuto
da Terra.)

Art 22. Em igualdade de condições com terceiros, o arrendatário terá preferência à renovação
do arrendamento, devendo o arrendador até 6 (seis) meses antes do vencimento do contrato,
notificá-lo das propostas recebidas, instruindo a respectiva notificação com cópia autêntica das
mesmas (art. 95, IV do Estatuto da Terra).

§ 1º Na ausência de notificação, o contrato considera-se automàticamente renovado, salvo se


o arrendatário, nos 30 (trinta) dias seguintes ao do término do prazo para a notificação manifestar
sua desistência ou formular nova proposta (art. 95, IV, do Estatuto da Terra).

§ 2º Os direitos assegurados neste artigo, não prevalecerão se, até o prazo 6 (seis meses
antes do vencimento do contrato, o arrendador por via de notificação, declarar sua intenção de
retomar o imóvel para explorá-lo diretamente, ou para cultivo direto e pessoal, na forma dos artigos
7º e 8º dêste Regulamento, ou através de descendente seu (art. 95, V, do Estatuto da Terra).

§ 3º As notificações, desistência ou proposta, deverão ser feitas por carta através do Cartório
de Registro de Títulos e documentos da comarca da situação do imóvel, ou por requerimento
judicial.

§ 4º A insinceridade do arrendador eu poderá ser provada por qualquer meio em direito


permitido, importará na obrigação de responder pelas perdas e danos causados ao arrendatário.

Art 23. Se por sucessão causa mortis o imóvel rural fôr partilhado entre vários herdeiros,
qualquer dêles poderá exercer o direito de retomada, de sua parte, com obediência aos preceitos
dêste Decreto; todavia é assegurado ao arrendatário o direito à renovação do contrato, quanto às
partes dos herdeiros não interessados na retomada.

Art 24. As benfeitorias que forem realizadas no imóvel rural objeto de arrendamento, podem
ser voluptuárias úteis e necessárias, assim conceituadas:

I - voluptuárias, as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do imóvel
rural, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor;

II - úteis, as que aumentam ou facilitam o uso do imóvel rural; e

III - necessárias, as que tem por fim conservar o imóvel rural ou evitar que se deteriore e as
que decorram do cumprimento das normas estabelecidas neste Regulamento para a conservação
de recursos naturais.

Parágrafo único. Havendo dúvida sôbre a finalidade da benfeitoria, e quanto à sua


classificação prevalecerá o que fôr ajustado pelos contratantes.

Art 25. O arrendatário, no término do contrato, terá direito á indenização das benfeitorias
necessárias e úteis. Quanto às voluptuárias, somente será indenizado se sua construção fôr
expressamente autorizada pelo arrendador (art. 95, VIII, do Estatuto da Terra e 516 do Cód. Civil).

§ 1º Enquanto o arrendatário não fôr indenizado das benfeitorias necessárias e úteis, poderá
reter o imóvel em seu poder, no uso e gôzo das vantagens por êle oferecidas, nos têrmos do
contrato de arrendamento (arts. 95, VIII do Estatuto da Terra e 516 do Código Civil).
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§ 2º Quando as benfeitorias necessárias ou úteis forem feitas às expensas do arrendador


dando lugar a aumento nos rendimentos da gleba, terá êle direito a uma elevação proporcional da
renda, e não serão indenizáveis ao fim do contrato, salvo estipulação em contrário.

Art 26. O arrendamento se extingue:

I - Pelo término do prazo do contrato e do de sua renovação;

II - Pela retomada;

III - Pela aquisição da gleba arrendada, pelo arrendatário;

IV - Pelo distrato ou rescisão do contrato;

V - Pela resolução ou extinção do direito do arrendador;

VI - Por motivo de fôr maior, que impossibilite a execução do contrato;

VII - Por sentença judicial irrecorrível;

VIII - Pela perda do imóvel rural;

IX - Pela desapropriação, parcial ou total, do imóvel rural;

X - por qualquer outra causa prevista em lei.

Parágrafo único. Nos casos em que o arrendatário é o conjunto familiar, a morte do seu chefe
não é causa de extinção do contrato, havendo naquele conjunto outra pessoa devidamente
qualificada que prossiga na execução do mesmo.

Art 27. O inadimplemento das obrigações assumidas por qualquer das partes, e a
inobservância de cláusula asseguradora dos recursos naturais, prevista no art. 13, inciso II, letra
"c", dêste Regulamento, dará lugar facultativamente à rescisão do contrato, ficando a parte
inadimplente obrigada a ressarcir a oura das perdas e danos causados (art. 92, § 6º do Estatuto da
Terra).

Art 28. Quando se verificar a resolução ou extinção do direito do arrendador sôbre o imóvel
rural, fica garantido ao arrendatário a permanecer nêle até o término dos trabalhos que forem
necessários à colheita.

Art 29. Na ocorrência de fôrça maior, da qual resulte a perda total do objeto do contrato, êste
se terá por extinto, não respondendo qualquer dos contratantes, por perdas e danos.

Art 30. No caso de desapropriação parcial do imóvel rural, fica assegurado ao arrendatário o
direito à redução proporcional da renda ou o de rescindir o contrato.

Art 31. É vedado ao arrendatário ceder o contrato de arrendamento, subarrendar ou


emprestar total ou parcialmente o imóvel rural, sem prévio e expresso consentimento do
arrrendador (art. 95, VI, do Estatuto da Terra).

Parágrafo único. Resolvido ou findo o contrato, extingue de pleno direito o subarrendamento,


salvo disposição convencional ou legal em contrário.
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Art 32. Só será concedido o despejo nos seguintes casos:

I - Término do prazo contratual ou de sua renovação;

II - Se o arrendatário subarrendar, ceder ou emprestar o imóvel rural, no todo ou em parte,


sem o prévio e expresso consentimento do arrendador;

III - Se o arrendatário não pagar o aluguel ou renda no prazo convencionado;

IV - Dano causado à gleba arrendada ou ás colheitas, provado o dolo ou culpa do


arrendatário;

V - se o arrendatário mudar a destinação do imóvel rural;

VI - Abandono total ou parcial do cultivo;

VII - Inobservância das normas obrigatórias fixadas no art. 13 dêste Regulamento;

VIII - Nos casos de pedido de retomada, permitidos e previstos em lei e neste regulamento,
comprovada em Juízo a sinceridade do pedido;

IX - se o arrendatário infringir obrigado legal, ou cometer infração grave de obrigação


contratual.

Parágrafo único. No caso do inciso III, poderá o arrendatário devedor evitar a rescisão do
contrato e o conseqüente despejo, requerendo no prazo da contestação da ação de despejo, seja-
lhe admitido o pagamento do aluguel ou renda e encargos devidos, as custas do processo e os
honorários do advogado do arrendador, fixados de plano pelo Juiz. O pagamento deverá ser
realizado no prazo que o Juiz determinar, não excedente de 30 (trinta) dias, contados da data da
entrega em cartório do mandado de citação devidamente cumprido, procedendo-se a depósito, em
caso de recusa.

Art 33. O arrendador e o arrendatário poderão ajustar por acôrdo mútuo, a substituição da
área arrendada por outra equivalente, localizada no mesmo imóvel rural, respeitada as demais
cláusulas e condições do contrato e os direitos do arrendatário (art. 95, VII do Estatuto da Terra).

SEÇÃO III

Da Parceria e suas Modalidades

Art 34. Aplicam-se à parceria, em qualquer de suas espécies previstas no art. 5º dêste
Regulamento, as normas da seção II, dêste Capítulo, no que couber, bem como as regras do
contrato de sociedade, no que não estiver regulado pelo Estatuto da Terra.

Art 35. Na partilha dos frutos da parceria, a cota do parceiro-outorgante não poderá ser
superior a (art. 96, VI, do Estatuto da Terra).

I - 10% (dez por cento) quando concorrer apenas com a terra nua;

II - 20% (vinte por cento) quando concorrer com a terra preparada e moradia;
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III - 30% (trinta por cento) caso concorra com o conjunto básico de benfeitorias, constituído
especialmente de casa de moradia, galpões, banheiro para gado, cêrcas, valas ou currais,
conforme o caso;

IV - 50% (cinqüenta por cento), caso concorra com a terra preparada e o conjunto básico de
benfeitorias enumeradas no inciso III, e mais o fornecimento de máquinas e implementos agrícolas,
para atender aos tratos culturais, bem como as sementes e animais de tração e, no caso de
parceria pecuária, com animais de cria em proporção superior a 50% (cinqüenta por cento) do
número total de cabeças objeto da parceria;

V - 75% (setenta e cinco por cento), nas zonas de pecuária ultra-extensiva, em que forem os
animais de cria em proporção superior a 25% (vinte e cinto por cento) do rebanho onde se adotem
a meação do leite e a comissão mínima de 5% (cinco por cento) por animal vendido.

§ 1º O parceiro-outorgante poderá sempre cobrar do parceiro-outorgado, pelo seu preço de


custo, o valor dos fertilizantes e inseticidas fornecidos no percentual que corresponder à
participação dêsse, em qualquer das modalidades previstas nas alíneas dêste artigo (art. 96, VI, "f"
do Estatuto da Terra).

§ 2º Nos casos não previstos nos incisos acima, a cota adicional do parceiro-outorgante será
fixada com base em percentagem máxima de 10" (dez por cento) do valor das benfeitorias ou dos
bens postos à disposição do parceiro-outorgado (art. 96, VI, "g", do Estatuto da Terra).

§ 3º Não valerão as avenças de participação que contrariarem os percentuais fixados neste


artigo, podendo o parceiro prejudicado reclamar em Juízo contra isso e efetuar a consignação
judicial da cota que, ajustada aos limites permitidos neste artigo, fôr devida ao outro parceiro,
correndo por conta dêste todos os riscos, despesas, custas e honorários advocatícios.

Art 36. Na ocorrência de fôrça maior, da qual resulte a perda total do objeto do contato, êste
se terá por rescindido, não respondendo qualquer dos contratantes, por perdas e danos. Todavia,
se ocorrer perda parcial, repartir-se-ão os prejuízos havidos, na proporção estabelecida para cada
contratante.

Art 37. As parcerias sem prazo convencionado pelas partes, presumem-se contratadas por 3
anos (art. 96, I, do Estatuto da Terra).

SEÇÃO IV

Do Uso Temporário da Terra e suas Limitações

Art 38. A exploração da terra, nas formas e tipos regulamentados por êste Decreto, somente é
considerada como adequada a permitir ao arrendatário e ao parceiro-outorgado gozar dos
benefícios aqui estabelecidos, quando fôr realizada de maneira:

I - eficiente, quando satisfizer as seguintes condições, especificadas no art. 25 do Decreto nº


55.891, de 1965 e as contidas nos parágrafos daquele artigo:

a) que a área utilizada nas várias explotações represente porcentagem igual ou superior a
50% (cinqüenta por cento) de sua área agricultável, equiparando-se, para êsse fim, as áreas
cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificias e as áreas ocupadas com benfeitorias;

b) que obtenha rendimento médio, nas várias atividades de explotação, igual ou superior aos
mínimos fixados em tabela própria, periódicamente.
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II - Direta e pessoal, nos têrmos do art. 8º dêste Regulamento estendido o conceito ao


parceiro-outorgado;

III - correta , quando atender às seguintes disposições estaduais no mencionado art. 25 do


Decreto número 55.891, de 1965:

a) adote práticas conservacionistas e empregue no mínimo, a tecnologia de uso corrente nas


zonas em que se situe;

b) mantenha as condições de administração e as formas de exploração social estabelecidas


como mínimas para cada região.

Art 39. Quando o uso ou posse temporária da terra fôr exercido por qualquer outra
modalidade contratual, diversa dos contratos de Arrendamento e Parceria, serão observadas pelo
proprietário do imóvel as mesmas regras aplicáveis à arrendatários e parceiros, e, em especial a
condição estabelecida no art. 38 supra.

CAPÍTULO III

Dos Direitos e dos Deveres

SEÇÃO I

Dos Arrendadores e dos Arrendatários

Art 40. O arrendador é obrigado:

I - a entregar ao arrendatário o imóvel rural objeto do contrato, na data estabelecida ou


segundo os usos e costumes da região;

II - a garantir ao arrendatário o uso e gôzo do imóvel arrendado, durante todo o prazo do


contrato (artigo 92, § 1º do Estatuto da Terra);

III - a fazer no imóvel, durante a vigência do contrato, as obras e reparos necessários;

IV - a pagar as taxas, impostos, fôros e tôda e qualquer contribuição que incida ou venha
incidir sôbre o imóvel rural arrendado, se de outro modo não houver convencionado.

Art 41.O arrendatário é obrigado:

I - a pagar pontualmente o preço do arrendamento, pelo modo, nos prazos e locais ajustados;

II - a usar o imóvel rural, conforme o convencionado, ou presumido, e a tratá-lo com o mesmo


cuidado como se fôsse seu, não podendo mudar sua destinação contratual;

III - a levar ao conhecimento do arrendador, imediatamente, qualquer ameaça ou ato de


turbação ou esbulho que, contra a sua posse vier a sofrer, e ainda, de qualquer fato do qual resulte
a necessidade da execução de obras e reparos indispensáveis à garantia do uso do imóvel rural;

IV - a fazer no imóvel, durante a vigência do contrato, as benfeitorias úteis e necessárias,


salvo convenção em contrário;
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V - a devolver o imóvel, ao término do contrato, tal como o recebeu com seus acessórios;
salvo as deteriorações naturais ao uso regular. O arrendatário será responsável por qualquer
prejuízo resultante do uso predatório, culposo ou doloso, quer em relação à área cultivada, quer
em relação às benfeitorias, equipamentos, máquinas, instrumentos de trabalho e quaisquer outros
bens a ele cedidos pelo arrendador.

Art 42. O arrendador poderá se opor a cortes ou podas, se danosos aos fins florestais ou
agrícolas a que se destina a gleba objeto do contrato.

Art 43. Não constando do contrato de arrendamento a forma de restituição de animais de cria,
de corte ou de trabalho, entregues ao arrendatário, êste se obriga a, rescindir o contrato, restituí-
los em igual número, espécie, qualidade e quantidade (art. 95, IX, do Estatuto da Terra).

Art 44. O arrendatário que sal, extinto ou rescindido o contrato permitirá ao que entra, a
prática dos atos necessários à realização dos trabalhos preparatórios para o ano seguinte. Da
mesma forma, o que entra permitirá ao que sai, todos os meios indispensáveis à ultimação da
colheita, de acôrdo com os usos e costumes do lugar.

Art 45. Fica assegurado a arrendatário o direito de preempção na aquisição do imóvel rural
arrendado. Manifestada a vontade do proprietário de alienar o imóvel, deverá notificar o
arrendatário para, no prazo, de 30 (trinta) dias, contado da notificação, exercer o seu direito (art.
92, § 3º do Estatuto da Terra).

Art 46. Se o imóvel rural em venda, estiver sendo explorado por mais de um arrendatário, o
direito de preempção só poderá ser exercido para aquisição total da área.

§ 1º O proprietário de imóvel rural arrendado não está obrigado a vender parcela ou parcelas
arrendadas, se estas não abrangerem a totalidade da área.

§ 2º Nos casos dêste artigo, fica assegurado a qualquer dos arrendatários, se os outros não
usarem do direito de preempção, adquirir para si o imóvel.

Art 47. O arrendatário a quem não se notificar a venda, poderá depositando o preço, haver
para si o imóvel arrendado, se o requerer no prazo de 6 (seis) meses, a contar da transcrição da
escritura de compra e venda no Registro Geral de Imóveis local, resolvendo-se em perdas e danos
o descumprimento da obrigação (art. 92, § 4º, do Estatuto da Terra).

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